quarta-feira, setembro 27, 2006

Bagatelas



«Vejam lá só...
Muito devagar, hão-de aparecer os fantasmas todos...e todos...todos...Yubelblat...a Avó... e Natália... tal como Nicolas Nicolaevitch que tinha tanta dificuldade em escolher... como Borodine... como toda a polícia secreta... e o "Instituto do Cérebro"... como os sapatos no Mont-Baron... tudo se há-de arrastar como fantasmas... hu!... huuu!... Há-de ser visto nos ermos... E nada lhes sucederá de melhor... Vão ser mais felizes, bem mais felizes ao vento... nas pregas da sombra... vluuuu... vluuu... a dançarem de roda... Já não quero ir a mais lado nenhum... Para a Irlanda... ou para a Rússia... vão navios cheios de fantasmas... Desconfio de fantasmas.... andam por todo o lado... Já não posso viajar... é perigoso dem mais... Quero ficar aqui para ver... ver tudo... Quero passar a fantasma aqui, no meu buraco... na minha toca... E fazer a todos!... Hu! Ru!... Que até vão morrer de medo... No tempo em que fui vivo, o que eles me chatearam... Mas há-de chegar a minha vez...»

- Louis-Ferdinand Céline, "Bagatelles pour un Massacre" (Trad. Aníbal Fernandes)

No próximo sábado, doravante dia dos "cadernos culturais" aqui na espelunca, o fantasma de Céline voltará para nos assombrar. Exactamente o quê, é surpresa.

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