terça-feira, dezembro 29, 2015

Radiografia dos Mercados - 2. Pararquias Celestiais





Aparece à cabeça do pelotão dos principais responsáveis pela mega-crise de 2008, segundo a Time...

«Apesar dos seus 68 anos, Angelo Mozilo tem um belo aspecto. Sempre bronzeado, apinocado, arvorando gravata e lenço, Mozilo foi durante muito tempo considerado um grande financeiro nos Estados Unidos. O Barron's, mensário da elite económica americana, colocou-o mesmo entre os trinta CEOs mais respeitados do mundo. Mozilo, um italo-americano, filho de um homem do talho, nascido no Bronx de Nova iorque, construiu a sua reputação ao longo dos anos.
Partindo do zero, criou, pouco a pouco, uma formidável rede de lojas que ofereciam aos seus clientes créditos hipotecários. A Countrywide Financial, a sua empresa, não é propriamente um banco. É uma sociedade destinada a encontrar investidores que montem empréstimos, que em seguida podem ser cedidos aos dois mamutes do mercado hipotecário americano, Fannie Mae e Freddie Mac (ambos garantem ou realizam metade dos créditos imobiliários dos Estados Unidos, ou seja, mais de 5 biliões de dólares).
Nascido para o negócio e com sorriso à prova de bala, Mozilo, para acelerar o ritmo dos seus negócios, acabou por encontrar um associado mais abonado, David Loeb, já falecido. Foi com ele que fundou, há 39 anos, a Countrywide. A Califórnia estava na altura em pleno boom imobiliário, pelo que, foi lá que instalou a sede, mais precisamemte em Calabasas, um subúrbio de Los Angeles. Seguir-se-á uma extraordinária aventura. Em poucos anos, a Countrywide vai esmagar uma série de sociedades que fazem o mesmo que ela (contam-se cinco ou seis mil nos Estados Unidos). Tornando-se número um incontestável, a Countrywide concebe na primeira década de 2000 um em cada seis empréstimos para habitação. A sua rede é a mais abrangente do país e emprega 60 mil pessoas, o suficiente para dar asas ao seu CEO, que não tem falta de ambição.
Aproveitando a baixa das taxas de juro mantida pela Reserva Federal, desejosa de manter a actividade após o choque do 11 de Setembro, Mozilo vai à procura de novas clientelas,. À época, o seu site na Internet é semelhante ao de uma ONG de defesa do direito à habitação para os mais desfavorecidos. É como se fosse o banqueiro dos pobres,. "Quero partilhar a minha sorte", dizia ele, "com todos os que a não tiveram". As minorias negras, hispânicas e asiáticas tinham encontrado em Mozilo o seu salvador. Ou pelo menos julgavam que sim, porque, para desenvolver o seu negócio a todo o custo, Mozilo não hesitou em correr riscos. E que riscos! Montou empréstimos para casais quase indigentes. É um pouco o significado da palavra subprime: as famílias abrangidas são consideradas como dando uma garantia inferior (sub) à que é fornecida por um cliente de primeira escolha (prime). Ao longo dos últimos anos, a Countrywide conservou as suas quotas de mercado jogando a fundo nos subprimes. Tornou-se o seu principal promotor e distribuidor número um. Para incitar os estabelecimentos a pegar nos seus empréstimos, Mozilo propunha taxas de juro superiores aos empréstimos imobiliários clássicos. esta diferença era em suma o prémio de risco, aparentemente aceitável. A manobra assentava na certeza de que o preço das casas ou dos apartamentos comprados não pararia de subir. Desta maneira, se um cliente tinha dificuldade em pagar as mensalidades, o banco não perdia nada em lhe atribuir um novo empréstimo com base no valor suplementar adquirido pela sua habitação. Em caso de dificuldades de reembolso, o cliente podia então contrair um novo empréstimo. É a técnica do "empréstimo recarregável", que a seu tempo, aliás, Nicolas Sarkozy, então ministro das Finanças, pensou implementar em França - felizmente renunciou à medida! Porque tudo corre bem enquanto o preço das casas sobe. Mas se desce, catrapum, cai tudo. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos. os preços do sector imobiliário começaram a cair e os devedores de empréstimos em dificuldades deixaram de poder "recarregar" os seus créditos. Deixaram de estar em condições de reembolsar o banco e o banco teve de penhorar os seus bens. O fenómeno foi agravado pelo facto de os empréstimos terem sido contraídos a taxas variáveis, pelo que a carga de reembolso cresceu quando as taxas começaram a aumentar.
A crise dos subprimes, fenómeno circunscrito aos Estados Unidos, tinha começado. Transformou-se num verdadeiro cataclismo social. Na Califórnia, só no decurso do primeiro semestre de 2008, eram penhoradas todos os dias 500 casas, No total, mais de 2 milhões (não existem estatísticas) de famílias terão sido obrigadas a abandonar as suas casas nos Estados Unidos. A crise apareceu no início de 2007 e não parou de piorar, estendendo-se a todo o mundo»
  - Patrick Bonazza, in "Les banquiers Ne Paient Pas L'Addition" (trad. Port. da Guerra e Paz)

Os Cartéis de Estupefaccientes podem argumentar que se limitam a seguir as leis do mercado: há procura, eles limitam-se a tratar da oferta. O consumidor abundante escolhe. Prova eloquente disso é que há heroinómanos, cocainómanos, haxizados, cannabióticos, etc. São os consumidores de produtos clássicos. Porque depois há cada vez mais produtos sintéticos, "reestruturados", combinados, etc. A rede que abastece é vasta e com múltiplas ramificações, subgrupos e afluentes. Os fornecedores não se limitam a acudir a uma necessidade: criam, alimentam e dilatam-na permanentemente. Em rigor, suscitam, promovem e manipulam um vício (termo um pouco cru para "fidelização do consumidor", queiram desculpar). Desde o Patrão-Mor do Cartel produtor até ao dealer de bairro há todo um processo onde acaba diluída a responsabilidade, porque, no fundo, prevalece e flui uma lógica cega, fria e estritamente matemática: a lógica pura e dura do lucro. A tal liberdade aos molhos serve para fonte inesgotável de alibi moral: o drogado é que delibera, a culpa é dele. O que é óptimo para o negócio: a vítima suicida-se, automutila-se, ou seja, a vítima é também o criminoso principal. Se tanto, o mercado (e quem lá opera) só lhe fornece a arma com que se  agride. Para o Estado o único delito grave a apontar a esses operadores será, quando muito, o de fuga ao fisco, mas não, seguramente,  o de genocídio ao ralenti ou atentado persistente  à saúde pública (isso transportar-nos-ia a digressões complexas e problemáticas, donde, às tantas, não escapariam ilesos os mass-media, as indústrias de entretenimento em barda e outras sulfatagens que tais).
Estou a fazer uma analogia sarcástica entre a Droga e o Crédito bancário (e seus derivados e salsicharias)? Pois estou. E o problema é que assenta que nem uma luva.
Engodado num paraíso temporário, o junkie recebe de bónus um inferno para o resto da vida. A sua "liberdade de escolha" transporta-o a uma estação donde não há mais escolha possível. Ou seja, a sua "liberdade" é abdicar da liberdade. Resume-se pois a um paradoxo vivo: tem toda a liberdade para se sujeitar à servidão do vício. Num tempo em que tudo se precariza de escantilhão - o casamento, o emprego, a família, a religião, a moral, a política, a arte -, eis que resplandece pelo menos uma coisa que se  estabelece com foros de vitalícia, indiscutível e permanente: a dependência ao crédito (como à droga). 
O drogado perde tudo; no vórtice da ilusão provisória (a utopia de vão de escada termina invariavelmente debaixo da ponte), absorve a responsabilidade e a culpa (os custos, esses, passam para "todos", numa espécie carnavalesca de comunismo de conveniência, invariavelmente). Os "operadores do Mercado", esses, baralham e dão de novo.

Em 2006, Mozilo, dado à colecção de Rolls e jóias de ouro, amassou qualquer coisa como 142 milhões de dólares. Mesmo em 2007, no auge do furacão que semeou, e já com a Countrywide a fazer-se em fanicos, ainda abichou 103 milhões. Sofreu alguma penalidade pecuniária ou respondeu com qualquer indemnização patrimonial pelo descalabro causado?

«A opinião pública escandalizou-se, ao ponto de o Congresso se ter debruçado sobre o caso e lhe ter feito uma auditoria. Descobriu-se então que o homem-que-queria-dar-uma-casa-aos-pobres reservava um tratamento especial para certas personalidades, nomeadamente designadas como "os amigos de Mozilo". Senadores, membros do Congresso, banqueiros ligados à esfera pública com os quais a Countrywide trabalhava, beneficiaram de créditos hipotecários a condições mais vantajosas do que os deserdados de Mozilo.»
- Idem
Entre Novembro de 2006 e e finais de 2007, o cavalheiro ainda logrou a proeza de liquidar 150 milhões em acções. Com a Countrywide na bancarrota. É evidente que não pagou nem um tostão. Não são só os socialistas que são audazes, intrépidos e mãos largas com o dinheiro alheio: estes escroques (só em tese opostos) também. (O deles, porém, é sagrado).

segunda-feira, dezembro 28, 2015

Radiografia dos Mercados - I. Confiança na Treta

«O cenário negro que se desenvolveu em 2007 e 2008 não teria decerto sido tão devastador se os nossos príncipes das finanças não tivessem encontrado um truque de cálculo de propabilidades de que usaram e abusaram ao longo dos anos. No fundo, não tinham verdadeiro interesse em pôr travão à deriva do crédito. Este alento, encorajado pela Reserva federal, desejosa de manter o crescimento americano, esbarrou num obstáculo. Os bancos são governados por severas regras internacionais definidas em Basileia, sede do BRI - Banco de Pagamentos Internacionais: os bancos não podem emprestar para lá de uma certa proporção dos seus fundos próprios. Trata-se de uma medida de precaução destinada a assegurar que não vão tomar riscos execessivos. Limitados pelas regras de Basileia, os banqueiros descobriram rapidamente uma escapatória: retiraram os créditos dos seus balanços, transformando-os em títulos revendidos de seguida a grandes investidores (fundos, seguradoras, empresas ou... outros bancos). Ao "titularizarem" os seus créditos (muito grosseiramente, isso significa transformar um empréstimo numa obrigação), escaparam aos tridentes dos gnomos de Basileia. A titularização, essa fórmula mágica! Com o mesmo volume de capitais, os bancos podem realizar muito mais crédito. Deixam de ter limites às suas operações. Simplesmente, em vez de ganharem juros, ganham comissões quando fabricam os títulos e quando os colocam. Astucioso, não é?
O trabalho de transformação efectuou-se nos "ateliers" dos grandes bancos de investimento americanos, os Goldman, Merril Lynch, Lehman, Morgan Stanley, Bear Stearns. Com um virtuosismos sem limites, recompraram os créditos hipotecários, cortaram-nos depois em tranches, misturaram-nos com outros créditos (consumo, exportação...), e por fim compactaram-nos num só título. Um verdadeiro trabalho de ourives deixado aos famosos "estruturadores". Alguns dos títulos estruturados que imaginaram eram de uma sofisticação tal que se falou a propósito deles de "títulos frankenstein" ou até de "armas de destruição massiva".
Credit default swaps (CDS), collateralized debt obligations, (CDO), assets backed securities (ABS) ou, ainda, constant proportion debt obligations (CPDO, que acabam de aparecer... Eis os títulos de nome hermético (não vale a pena tentar compreendê-los) fabricados pelos virtuosos da matemática bancária.
Por vezes, tudo ficou guardado, longe dos bancos, nos SIV (special investment vehicles). os génios da finança entraram em delírio! Era-lhes tão mais fácil fazê-lo que os compradores desses títulos nem se davam ao trabalho de analisar os riscos que corriam. Confiavam nas agências de Notação, que deram durante muito tempo nota máxima (o chamado triplo A) a estes novos produtos.  Muito frequentemente, as agências davam até conselhos aos "estruturadores" para obterem o Triplo A, o que lhes facilitava a colocação de títulos.»

   -  Patrick Bonazza, in "Les Banquiers Ne Paient Pas L'Addition" (trad. port. Guerra e Paz)


A confiança em tretas é apenas um eufemismo para a lorpice. É graças à capacidade de induzir confiança no otário vítima que o vigarista virtuoso perpetra a sua operação depenadora. No caso em epígrafe, naturalmente, estamos ao nível do mega-conto do vigário. O nada não apenas é transaccionado uma vez: vende-se, revende-se - e trivender-se-ia ad infinito (se, entretanto, o esquema não colapsasse). Os tais "tóxicos" de que ainda hoje se fala e repassevita a propósito do BES e do BANIF radicam nestas frankenstoinices made in USA. É evidente que, engodados pela febre ganciosa da comissão fácil, os nossos financeiros da Malveira embarcaram na tomada, contrafacção e revenda de "produtos" destes. Não há golpe mais perfeito de impingidela do que fazer crer ao impingido que está apenas a colaborar no impingimento a outros. É um esquema antiquíssimo, que já os revendedores de enciclopédias para empresas britânicas experimentavam na própria pele aqui há mais de trinta anos atrás. Persuadiam-nos que estavam a ser seleccionados para comissionistas, quando, na verdade, estavam a a ser "trabalhados" para clientes. Eles e o seu núcleo familiar e de amizades, onde, de seguida, corriam a impingir a mixórdia.
É uma chatice quando os otários descobrem? Pois é. Mas uns tentam anestesiar a ferida com eventuais comissões entretanto abichadas (os mais felizardos). Outros nem tanto, ou nem nada mesmo. Todos eles, não obstante, estão longe da inocência e de não merecerm, em maior ou menor grau, aquilo que a sua estupidez congénita, a cavalo na sua ganância imarcescível, tão sofregamente lhes acarreta.

quinta-feira, dezembro 24, 2015

Boas Festas




Um Feliz Natal a todos!

quarta-feira, dezembro 23, 2015

E um hanukkah empalador também para ele!





Os Votos de Boas Festas de Benzi Gopstein, um honesto e franco sionista:

«Merry Christmas and get out of Israel, you blood-drinking Christian vampires!»

Mas notem mais este surto clamoroso de revisionismo holocáustico: afinal, não foi o Adolfo, foi a Igreja.


terça-feira, dezembro 22, 2015

Não há Criações grátis




Então, as leis do Mercado não se aplicam às instituições financeiras?

Resposta: as leis do Mercado são as leis das Instituições Financeiras e aplicam-se ao Mundo.

Portanto, se não financiarmos as Instituições Financeiras acabamos a matar-nos e a comer-nos uns aos outros.

Mas não era suposto serem as Instituições Financeiras a financiar o Mundo?

Em teoria, o socialismo é angélico, o liberalismo é salvífico e a toinocracia parlamentar é o menos mau dos sistemas. Na prática está-se nos antípodas disso. Com tendência para piorar todos os dias.
As Instituições financeiras criaram a ilusão colectiva de que podem emular (com imensa vantagem e fofice) o Deus Criacionista, ou seja, que logram extrair dinheiro ad nihil. Ascenderam assim, paulatinamente, à dimensão do misterioso e do sagrado. Estão fora e acima do Mundo, com o qual comunicam  através duma rede piramidal de anjos, profetas, sacerdotes, beatos e prodígios. Os seus desígnios, lógicas, caprichos e humores são, por inerência de funções, absolutamente inefáveis, indiscutíveis e, sobretudo, inescrutionáveis. As suas facturas também. Se nos empresta dinheiro é natural que lho paguemos com juros. Se empresta a alguns, é natural que depois paguemos todos. A catástrofe divina manifesta-se através da força bruta da Natureza: massacra justos e pecadores no mesmo caldo. O pecado de alguns, por tradição e decreto divino, arrasta  ao cozido punitivo toda a comunidade. Afinal, foi da catástrofe natural, por decreto celeste, que nasceu a ideia da democracia. (É pois natural que para lá tenda, por princípio). Somos sempre "todos iguais" perante algo superior (Deus, a Lei, a Finança...ou a Morte, se quisermos entrar em rigores)
Portanto, e em síntese, na prática o Mundo paga principescamente pela sua gestão (e digestão) às Instituições Financeiras. A Finança converteu-se, deste modo, na finalidade do Mundo. Quer dizer, não serve o Mundo: serve-se dele.
 Sísifo, no Hades helénico, era mantido ocupado a empurrar o famoso calhau pela eternidade. Por excesso de esperteza em vida, foi condenado a permanecer estúpido pelo infinito da morte. Nós, por este andar, vamos ocupar este milénio e o próximo, pelo menos, a pagar à Finança. E quanto mais pagamos, mais ela nos empresta para pagar; pelo que quanto mais tentamos diminuir a dívida, mais ela cresce. Perceberam?
Embora não pareça, é simples. Demasiado até. Simplório mesmo.


PS: Acho imensa graça a certos ranchos folclóricos que nesta altura do campeonato ainda andam a catar piolhos e lêndeas no socialismo e na Constituição, mai-los Precs da Maria Caxuxa e as esquerdas do Museu de História Natural. Dito em analogia musical, é assim uma espécie, de festival pimba do pensamento político. Emanueis, Toys, Clementes e Quinzinhos de Portugal à desgarrada.

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Pseudo-soberanias há muitas




Que a Europa degenerou num neocolónia americanóide, muito por força do rescaldo da Segunda Guerra e pós- Guerra Fria, não é novidade nenhuma. Pelo contrário, até já cheira mal. Temos hordas de assimilados e lambe-cus a certificá-lo, celebrá-lo e calafetá-lo todos os dias, noites e madrugadas. A questão interessante é outra: e os Americanos, ainda têm soberania que se veja, ou dito de outro modo, ainda são os interesses nacionais deles que comandam a sua política externa? 

Motivos Hienitários



Em primeiro lugar, manando dum tipo geralmente muito bem informado, o que já toda a gente sabe e está cansada de saber:
«The document showed, the adviser said, ‘that what was started as a covert US programme to arm and support the moderate rebels fighting Assad had been co-opted by Turkey, and had morphed into an across-the-board technical, arms and logistical programme for all of the opposition, including Jabhat al-Nusra and Islamic State. The so-called moderates had evaporated and the Free Syrian Army was a rump group stationed at an airbase in Turkey.’ The assessment was bleak: there was no viable ‘moderate’ opposition to Assad, and the US was arming extremists.»

A seguir, o que também já toda a gente sabe e está cansada de saber, precedido de uma breve consideração...
Antigamente era o Comintern e a Internacional Socialista. Hoje acho que temos, digamos assim, um novo veículo, uma espécie de upgrade no circo macabro. Não erraremos muito se lhe chamarmos  Internacional Psicopata. Podemos surpreendê-la em acção algures na fronteira entre Rilhafoles Sudoeste e Rilhafoles Nordeste...

Moral da história: A fraternidade (ou amorável confraternização) emtre os múltiplos avatares da Besta é talvez a única genuína nestes tenebrosos tempos que (es)correm. 

sábado, dezembro 19, 2015

O Ovo do Soros

 


«How did word get out that Germany was the “in place” for those in flight from Syria and other conflict areas? Vladimir Shalak at the Russian Academy of Sciences developed the Internet Content-Analysis System for Twitter (Scai4Twi). He made a study of over 19,000 refugees-related original tweets (retweets discounted). His study showed that the vast majority of the tweets name Germany as the most refugee-welcoming country in Europe.

Shalak’s study discovered that 93% of all tweets about Germany contained positive references to German hospitality and its refugee policy. Some samples of the Tweets:

• Germany Yes! Leftists spray a graffiti on a train sayin “Welcome, refugees” in Arabic

• Lovely people – video of Germans welcoming Syrian refugees to their community

• Respect! Football fans saying “Welcome Refugees” across stadiums in Germany. _ • This Arabic Graffiti train is running in Dresden welcoming refugees: (ahlan wa sahlan – a warm welcome).

• ‘We love Germany!,’ cry relieved refugees at Munich railway station

• Thousands welcome refugees to Germany – Sky News Australia

• Wherever this German town is that welcomed a coach of Syrian refugees with welcome signs and flowers .

Now comes the real hammer. The vast majority of these “Germany welcomes refugee” Tweets come not from Germany, but from the United States and from the UK, the two countries up to their necks in the bloody deeds of ISIS and Al Qaeda and countless other terror gangs rampaging across Syria the past four years.

Shalak analyzed 5,704 original tweets containing a “#RefugeesWelcome” hashtag and a country name which welcomes them. It showed almost 80% of all Tweets claimed that Germany was the most-welcoming country in Europe. The second most welcoming country found was Austria with 12%. However, the study also found that those “Germany welcomes you” Tweets did not originate from inside Germany. Over 40% of all the Tweets originated from the USA, UK or Australia. Only 6.4% originated inside Germany.»
 
Quando os Dórios arrasaram os Micénicos, ou os Mongóis a China e arredores, ou os Hunos a Europa, etc, etc, nenhum deles era a potência económica mais desenvolvida ou abastada. Pelo contrário, os mais evoluídos, cultural e economicamente, foram subjugados. A lição da História permanece actual e constitui disciplina nuclear na escola da Realidade. A lei do mais forte não é a lei do mais bem posto na vida: é a lei do mais bem armado. Ora, a única arma em que a Europa (e sobretudo a Alemanha) investe é a da Parvoíce. È seguro que é de destruição maciça... Pena que alveje e alcance apenas os próprios pés.
 
 
 
 
 

Cibertasca comemorativa dos 12 anos (um tema sempre candente)

(Com hífen ou sem hífen) -I



O Engenheiro Ildefonso Caguinchas desembestou na tasca, aliás cibertasca, visivelmente preocupado e todo ele a coçar-se, da nuca aos cotovelos. À maneira dos peregrinos defronte dos oráculos, cachapou-me com a seguinte e hirsutíssima questão:
-"Dragão, parece que anda para aí uma epidemia de anti-semitismo. Dizem que é uma espécie de sarampo, bexigas doidas, ou lá o que é. Aquilo pega-se, ó Dragão! É a nova sífilis, Ando até preocupado: estarei eu também anti-semítico? Na volta, montei alguma anti-semítica infectada e o escarépio já me trepa, da cabeça da gaita à cabeça do engenheiro. Não há médicos para estas coisas? Centros de rastreio? radiografias? Foda-se, pá, tu diz-me: onde é que um gajo pode ir fazer análises por via das dúvidas?..."
Reconheci-o genuinamente angustiado, pelo que, como me competia e obrigava a tradicinha, tratei de retirar o devido e tradicional proveito da situação.
Comecei para convocar, de emergência, o C.A.F.T.E.N. (Comité de Análise de Factos Técnicas e Empresários da Notícia). Congregado o devido quórum, mais o fórum e o bóra-bórum - e já com a ucraniana protocolar ao colo - presidi. Como de resto me competia, soberanava e estava predestinado desde o primeiro orgasmo do cosmos. Abri, rompi e desflorei a sessão, vociferando, em tom peremptório, o ponto de ordem que passo a enunciar:
-"Comissáurios, o nosso ilustre - e geralmente intrépido - engenheiro (além de arquitecto, diácono, webbmonstro e mestre de gramática) Ildefonso Caguinchas, com a perícia manhosa que lhe é universalmente reconhecida, exfiltrava-se de casa da Sara Mafalda e, com pertinácia lampeira, progredia em direcção à alcova da Zulmira Cândida, quando, sem aviso nem presságio, foi emboscado e assaltado -persignemo-nos, conlusos! - pelo seguinte problema...
Nesta altura, porém, vi-me obnubilado na palestra pela entrada abrupta -e atrasada - do safardana do Gervásio Galabilhas. Vinha dum incêndio, ainda na farda de bombeiro voluntário e, não contente com a delonga, agravou com a audácia suplementar de inquirir logo à chegada:
-"Então, o que há? Qual é a crise?..."
Ao que o Bisnau, sob a anuência supervisionante e gaviã do Beto Lingrinhas, esclareceu: "É o Ildefonso, pá. Foi assaltado por um problema!... Ele e a Pertinácia que ia com ele."
O Gervásio olhou de esguelha para o Dedinhos, com quem mantém uma desavença antiga, e teimou em bacorejar:
"Já não bastavam os carteiristas e os ladrões de rádios, agora também os problemas. Este país está entregue à bicharada!...Mas essa Pertinácia deve ser nova cá no bairro. É boa?..."
-"O Dragão ia agora explicar como é que o sacana do problema conseguiu assaltar o Caguinchas. E depois, que também deve ser interessante, o que é que o Engenheiro fez ao problema!" - Entendeu bedelhar o Armindo Taberneiro, que também se achava gente.
Aproveitei a deixa para, após um ósculo repenicado na ucraniana, explodir publicamente com toda a minha justa, sonora e legítima indignação.
-" Diz bem, o tasqueiro residente: eu ia explicar. Ia, bem entendido, pretérito imperfeito do verbo ir, se as grandessíssimas bestas me deixassem. Isto é, caso, por milagrosa deferência, se dignassem fechar a matraca e prestar um mínimo de atenção à mesa. E quantas vezes já disse - a esse bigorrilhas, a esse melcatrefe, a esse salafrário pirofóbico recém-chegado! - que está rigorosamente proibido de comparecer diante de mim nesse nojento e repugnante traje, hein?! Quantas vezes?!! Além de atrasado, desembarca de bombeiro, ainda por cima voluntário! Quando vai à Protectora dos Animais também se veste de toureiro?!! Caralho, recaralho e rerrecaralho que o foda, refoda e tetrafoda!...- está multado! São quinze imperiais, mais as respectivas guarnições, acepipes e rescaldos. E um vigia de olho na aguardente, não vá o tarado compulsivo, à surrelfa, querer apagá-la!..."
A caterva ouviu, amainou e estremeceu. Quando estou de ucraniana ao colo, sabem que não sou para brincadeiras nem molezas. A ditadura obsidia-me e tolda-me a razão.
Marinada uma pausa para remuniciar os fagotes, reavivar a caldeira e acariciar o coxame protocolar, passei, finalmente, à explitação técnica do problema:
-"Como eu ia dizendo, o assunto, a questão, o problema é o seguinte: Como é que o cidadão sabe se é anti-semita positivo ou anti-semita negativo?"
Grande bruá na assembleia. "Anti-o-quê?!", engasgavam-se uns; "anti-sanita quantos?!", confundiam-se outros; "então mas o Problema não era o marido da Pertinácia", encanastrava-se mais que todos o Gervásio, agora fardado de fantasma por via da toalha branca com que o Armindo o preservara da minha ira; "sim, boa pergunta, e o Caguinchas ficou-se?", alporquiava-se, não menos alucinéfilo, o Beto Lingrinhas. Como era de esperar, rebentou uma autêntica brainstorm. Que os vapores da besana, por via do avançado estado da hora, mais não faziam que amplificar. E uma brainstorm, não é preciso dizê-lo, que, a qualquer momento ameaçava virar brainurricane, se me é permitido o neologismo.


Ora bem, dizer que aquilo me lembrava vagamente a ala dos furiosos do hospital Júlio de Matos em noite de lua cheia é desnecessário, já que, com cristalinidade infinitamente superior, emulava na perfeição o Parlamento da República. Verificando-me a presidir a uma tão deprimente baderna, experimentei um tal furor que, não fosse o efeito altamente pacificador da ucraciana-ao-colo, a esta hora, é garantido, estaria a ser ouvido em tribunal por pluricídio voluntário (e a ser libertado, em tempo record, ao abrigo do novo Código de Processo Penoso). Salvou-os a Svetlana, esse anjo aveludado com dedinhos de fada e coxas de sereia, mas não os salvou o regimento da assemblagem, esse meandro cabeludo, com base no qual, ao abrigo dum pentelho e três borbulhas processuais, retaliei aos urros, punindo-os, de supetão, em conformidade, enormidade e especialidade. Tonitruei, pois, de modo perfeitamente audível, como recomenda Aristóteles, sempre que se alveja uma eficaz persuasão:
-"Ai é, parlamacentam, democratosgam, republicanejam?!, então levam com uma comissão nos lombos por causa das cócegas!
-"Uma comissão?!" - Urticarizou-se todo, o Dinossauro (o sénior, porque o júnior estava ausente, numa pós-graduação em Bilhares e matraquilhos). - Uma comissão é que não! Tudo menos uma comissão. Já sei que o frete me toca sempre a mim. Eles é que armam o circo e depois eu é que tenho que limpar a bosta das alimárias!..."
-"Ah-Ah! - exultei, satanicamente (o protocolo além do exclusivo ucraniano outorga-me também a concessão vitalícia das mefistofelonias). - É uma comissão, sim senhor. E está já nomeado, o vetusto recalcitrante, para caudilhar e apascentar a mesma. Pegue no Engenheiro e em mais dois desses energúmenos à escolha e proceda à peritagem do acidente, digo, do problema. Chic transit, habeus cornus e cona da tia!..."


A minha despótica decisão, caucianada no meu lendário mau feitio, não deixava margem para dúvidas, tergiversúcias nem apelos. Limitou-se a resmungar, o idoso - como de resto também lhe competia - "acho que me vou matricular num desses universadouros seniores... é preferível rebolar em autocarros por ribanceiras que aturar uma tirania destas!..." e foi tratar de aviar a receita. Colegiou-se do Ildefonso, do Bisnau e do Gervásio e lá foram comissionar para o quintal. "Leva tu as cartas e o dominó, eu vou buscar as brasileiras!", ouvi ainda o manhoso do Caguinchas propugnar para o sub-secretário Bisnau, mas como ao abrigo do artigo 1903, secção B do regime especial do código que já não me lembra, essa excepção está consignada, cerzida e isenta de apocalipse, soda e imposto de sê-lo, fingi que não ouvi e retirei-me com a ucraniana para o reservado, onde tratei de dar despacho aos pendentes.


Do relato exaustivo dos trabalhos da Comissão, logo detalharei, se à musa aprouver. Porque, devo referir, além duma gulosa, fogosa e apetitosa, às vezes dá-lhe para ser insaciável. Mas nada que demova ou apoquente um lídimo descendente de Vlad, o Empalador.

sexta-feira, dezembro 18, 2015

Parabéns a nós!

 
 
A Svetlana, as brasileiras, o Dinossauro, o Armindo, o Bisnau, o Gervário Galabilhas, o Ratolas, o Mãozinhas e a Carla Bocadoce, enfim, toda a Ciber-tasca em pessoa de gente deseja ao nosso amigo, presidente e contertúlio César Augusto Dragão um feliz aniversário, que os amigos, os verdadeiros, partilham a alma, a terra, e não apenas o cuspo.

São 12 aninhos a virar frangos, extremamente bem passados. Que o trotil nunca nos falte nem a mulher do próximo nos desampare!...

quarta-feira, dezembro 16, 2015

A Estupidez mata (que se farta)

Não sei o quão tresloucado o Donald é ou deixa de ser. Mas que vai proferindo algumas verdades de magnas proporções, isso é mais que evidente. A melhor até agora diz respeito à megera da Hilária Clinton:

«Ela foi - senão "o" - um dos piores Secretários de Estado da história deste país. Fala acerca da minha perigosidade, mas foi ela que matou centenas de milhar de pessoas com a sua estupidez."

Centenas de milhar de pessoas não é propriamente meigo nem é mentira. Para quem anda sempre a apontar nódoas aos totalitarismos, convinha que, de vez em quando, dessem uma olhadela ao espelho (das virtudes e das liberdades, que montou loja entre México e Canadá). Podem até começar por esta leitura refrescante:

«The Violent Crimes and Shady Dealings of Hillary Clinton»

Anglonedotas

«A London court has cleared property developer Ehsan Abdulaziz, 46, of raping an 18-year-old girl after just 30 minutes of deliberation. The London-based Saudi millionaire claimed he may have accidentally penetrated the teenager after he fell on her.»

A tradução dispensa ulteriores comentários:
 «o milionário saudita alegou que penetrou acidentalmente a adolescente após ter caído sobre ela.». A queda terá sido igualmente inadvertida, presume-se. Com um alibi destes, numa cultura daquelas, só podia ser imediatamente mandado em liberdade. 

Estão a ver? Não existem grandes diferenças entre sauditas ricos e judeus abastados. Calvino explica. E absolve.

PS: Mas sempre teria sido mais verosímil o contrário, ou seja, a moça ter escorregado e caído, sem querer, em cima dele.

PSS: Para o paralelismo supracitado (coisas típicas de árabes) leiam isto, que vale a pena:

“It involves my life, my legacy, my career, my history, my reputation.”

terça-feira, dezembro 15, 2015

Relembrando...

Continuo a não entender porque é que o nosso colonialismo era péssimo e o neo-colonialismo é óptimo. Quer dizer, se forem portugueses a roubar, que são poucos, negligentes, e, por isso mesmo, não sacam muito, é hediondo, uma blasfémia contra os "ventos da História". Já se forem os anglófonos, que são mais que as mães e espoliam obsessiva e compulsivamente, até ao tutano, é perfeitamente natural, altamente lógico, extraordinariamente compreensível, completamente liberal, imaculadamente democrático e abençoado por Deus, Iahvé, senão mesmo pelo professor Karamba em pessoa.
Grande mistério!...
Moral da história:
Há quem não foda nem saia de cima. Não é o caso dos portugueses progressistas e beneméritos que o torrão pátrio viu vicejar nestes últimos trinta anos: amavelmente, sairam de cima para os outros montarem.

segunda-feira, dezembro 14, 2015

A VIda de Brian 2.0





No Times of Israel, as últimas da Vida de Brian 2.0:




Vamos lá a ver, tudo isto apenas confirma a minha posição sobre o assunto: não há concreta distinção entre palestineanos e israelitas, fora o apartheid artificial imposto à força e por capricho ideológico. Aquilo é tudo a mesma gente: árabes. A mais que geminada devoção ancestral ao lapidanço atesta-o e patenteia-o. À mais pequena questiúncula ou amofinação, largam à pedrada uns aos outros. Godofredo de Bulhão é que os topava bem.
É pois mais que natural que aconteçam estas tragicómicas confusões. Até porque primeiro atira-se a pedra e depois logo se verificam os documentos.  (na verdade, repito, a única coisa que os distingue)
Fora o terceiro caso, obviamente. Aí, massacraram-no pela razão diametralmente oposta, ou seja, porque o infeliz se distinguia claramente: era preto.

domingo, dezembro 13, 2015

Shit happens



«Gun linked to Paris attacks traced back to Florida arms dealer implicated in Iran-Contra scandal»

Em termos de armas, há muito que o planeta é uma aldeia muito pequenina. A globalização das panóplias antecedeu mesmo todas as outras  Os negociantes do ramo vendem a quem quer que seja, desde Estados e respectivas Agências de Informação a mafiosos, drug dealers e terroristas de qualquer espécie. Haja guito que armas não faltam. Muitas vezes vendem mesmo por conta das tais Agências estatais a clientes mais escusos (como os tais terroristas ou regimes pouco recomendáveis).
Curioso, nesta história toda, é a referência ao tal escândalo Irão-Contras. Por causa dessa transacção obscura quinaram, duma assentada, um primeiro-ministro e um ministro da Defesa dum certo arremedo de país. Adivinhem qual. 

Já agora, a arma da fotografia, a tal M92, mais não é que uma AK47 sem coronha e de cano encurtado. AK47 é o nome técnico da famosa Kalashnicov. 

sexta-feira, dezembro 11, 2015

Andar à Zoa

A ZOA  (Zionist Organization of America) está indignada e ultrajada com a rede Facebook. Parece que o Facebook nao está a censurar devidamente certos "hate-sites", que é como eles chamam aos detratctores, críticos, cépticos ou meros não-apologetas (como são hipersensíveis e misturam tudo  na mesmo alguidar de propaganda, o resultado raia geralmente o anedótico).


Chamando os sites pelos nomes, a ZOA especifica:

«Facebook hosts a number of viciously anti-Semitic sites, like ‘The Untold Story,’ a Sweden-based anti-Semitic, Holocaust-denying site run by a group called the European Knights Project and partnered with the Institute of Historical Review, one of the leading international purveyors of Holocaust denial.»



O que é engraçado é que o ápodo "anti-semita" parece já não bastar a estes assanhados militantes, pelo que surge reforçado dum novo labéu superlativo (nec plus ultra da classe): "Holocaust denial" (ou "negação do holocausto" - tipos que não acreditam na existência do tal holocoiso, uma espécie de ateísmo excepcionalmente mau e perverso, pois todo o ateísmo, fora este ""holocaust denial", como sabemos e não nos cansam de subministrar, é bom, fofinho e amigo do progresso e das ciências).



Entrando pois em notícia deste European Knights Projecto que, confesso, desconnhecia, fui dar com este artigo:

«France – Front National’s Marine Le Pen Appoints Gay Cultural Advisor. Another One?»

O qual, caso vos deis ao trabalho de ler, não é lá muito abonatório para a actual direcção da Frente Nacional em França. Num outro artigo, intitulado «The Obscure Charm of Zionism», Shamir expõe o caso em modo mais amplo: Há, de facto, uma transformação em curso na "extrema direita" europeia e, assim à primeira vista, não indica ser no mais transparente dos sentidos. Como interpretar isto? Maquilhagem pragmática? Infiltração metódica? Contágio transatlântico da "revolução neoconas"? Reflexo condicionado?

O parricídio ideológico na FN não deixa grandes dúvidas. Jean Marie Le Pen, o fundador, foi expulso porquê? Anti-semitismo e/ou holocaust denial?...

PS: É evidente que um dos erros da Direita na Europa consistiu em deixar-se encerrar em ghettos ideológicos. Mas trocar o ghetto pela auto-mutilação não sei se constituirá grande conquista.

quarta-feira, dezembro 09, 2015

Metástases do mesmo cancro materialista

«Todavia, inversamente, se me perguntarem se eu quero propor ao  meu país como modelo o Ocidente, tal como hoje se apresenta, devo responder com franqueza: não, não posso recomendar a vossa sociedade como ideal para a transformação da nossa, dada a riqueza de desenvolvimento espiritual que o nosso país adquiriu na dor durante este século, o sistema ocidental, no seu estado acrtual de esgotamento espiritual, não apresenta qualquer atractivo. A simples enumeração das particularidades da vossa existência que acabo de efectuar, mergulham-me no maior desgosto.
Há um facto que é incontestável: a Ocidente, o enfraquecimento do carácter do homem; a Oriente o seu fortalecimento. Em seis dezenas de anos o nosso povo e em três dezenas os povos da Europa de Leste, frequentaram uma escola espiritual que deixa muito aquém a experiência do Ocidente. Complexa e mortal, uma vida esmagadora forjou a Oriente caracteres mais fortes, mais profundos e mais interessantes do que a vida ocidental e o seu bem-estar regulamentado. Por este motivo, uma transformação da nossa sociedade na vossa, significaria em determinados pontos, uma elevação; mas quanto a outros - e quão preciosos! - significaria um abaixamento. Não, uma sociedade não pode permanecer no fundo dum abismo sem leis, como é o nosso caso, mas seria irrisório manter-se à superfície lisa dum juridismo sem alma, como sucede convosco. Uma alma humana acabrunhada por muitas dezenas de anos de violência aspira a algo de mais elevado, mais quente e mais puro que o que pode hoje propor-lhe a existência de massa no Ocidente, anunciada, como se fosse um cartão de visita, por uma pressão enjoativa de publicidade, pelo embrutecimento da televisão e por uma música insuportável.
  Numerosos observadores, vindos de todos os mundos que conhece o nosso planeta, vêem tudo isso. O modo de vida ocidental tem cada vez menos probabilidades de vir a ser o modo de vida dominante.
Há advertências sintomáticas que a História dirige a uma sociedade ameaçada ou à beira de perecer: por exemplo, o declínio das artes ou a ausência de grandes estadistas. Por vezes as advertências tornam-se palpáveis e directas: o âmago da vossa democracia e da vossa civilização viu-se privada de electricidade durante umas escassas horas quando muito; ora, eis que subitamente surgem nuvens de cidadãos americanos pilhando e violando, tal é a finura da película, tais são a fragilidade de vossa estrutura social e a ausência de saúde interna!
Não é amanhã ou qualquer dia que a batalha - física, espiritual e cósmica - pelo nosso planeta se travará: essa batalha já começou. Desencadeando o assalto decisivo o Mal universal já está em marcha e já faz sentir a sua pressão enquanto os vossos "écrans" e as vossas publicações continuam a estar cheios de sorrisos de encomenda e de copos erguidos em saúdes. Todo este regozijo, é para quê, afinal?»
- Alexandre Soljenitsyne, "O Declínio da Coragem"

O trecho em epígrafe foi retirado do texto da conferência que Soljenitsyne proferiu, em 8 de Junho de 1978, na Universidade de Harvard. Cometia um pequeno erro de análise no geral de uma avaliação lúcida e elevada da bandalheira instalada... O "modo de vida ocidental", como adiante se veria, não aspirava a "modelo de vida dominante à escala global": era mais "modelo de morte". Que o presente tão bem atesta.
Fora isso,  Soljenitsyne deixa bem  radiografado o tumor maligno. Nas suas palavras:
«O caminho que percorremos da Renascença para cá enriqueceu a nossa experiência, mas fez-nos perder o Tudo, o Mais Alto que outrora fixava um limite às paixões e à irresponsabilidade. Pusemos demasiadas esperanças nas transformações político-sociais e notamos que nos tiraram o que tínhamos de mais precioso: a nossa vida interior. A Leste, é a feira do Partido que a calca a pés, a Oeste, a feira do Comércio: e o que mais apavora nem é o facto do mundo estilhaçado, é o facto dos principais pedaços estarem atingidos por uma doença análoga.»

domingo, dezembro 06, 2015

As Opções Nacionais (r)

Imaginemos o senhor “Fulano de Tal”. 
O azar persegue-o. Crivado de dívidas, com as finanças numa lástima e sem fontes de rendimentos, o abismo espreita-o, o desespero atormenta-o... 
A pergunta é um daqueles problemas éticos e resume-se a isto: 
Deve o sr. “Fulano de Tal”, para resolver o seu problema, com a maior urgência, correr a 
a) Suicidar-se? 
b) Prostituir-se? 
c) Vender-se? (O sangue, os órgãos, por exemplo) 
d) Arrendar-se? (Para experiências científicas ou testes farmacêuticos) 
e) Leiloar-se? (Em hasta pública) 

Se qualquer uma das soluções é aberrante para o “sr. Fulano de Tal”, então porque não é aberrante para o vosso próprio país? 

sábado, dezembro 05, 2015

Divertir as massas

According to the Financial Times (11/11/2015, p1), “the hacks took place from 2012 to mid-2015 and were aimed at aiding stock market manipulation that generated tens of millions of dollars.” In addition to selling ‘pumped-up’ stocks to millions of customers of the companies they had hacked, Shalom et al launched cyber attacks to launder millions (more likely billions) for illegal drug and counterfeit software dealers, malicious malware distributers, illegal online casinos and an illegal ‘bitcoin exchange’ known as ‘Coin.mx.’ Someone within the financial security apparatus of the US government (white collar crime unit) must have tipped them off. They are safe in Israel; the Netanyahu regime has yet to act on a US extradition order, although they are reportedly under ‘house arrest’ in their villas.»


Na táctica militar existe um expediente chamado "manobra de diversão". É especialmente eficaz quando tem que se atacar um objectivo bem protegido. Consiste, essencialmente, em distrair a atenção dos defensores com um falso ataque, enquanto o verdadeiro ataque se processa pelo lado menos previsível e entretanto mais descurado pela resposta do dispositivo de defesa ao falso ataque. A distracção, como é bom de ver, funciona através duma atracção especialmente ruidosa e ostensiva. Um engodo, em suma. Um pequeno grupo faz imenso barulho, enquanto o grosso da coluna aguarda e  prepara a rotura pelo ângulo mais conveniente e inesperado.
Os Mass-media "ocidentais" - dos pasquins de serviço às hollywoods de plantão, passando pela literatura frenética auschwitziana (especialmente desatada em época natalícia, vá-se lá saber porquê) -, cada vez mais subjugados pela agenda sionista, funcionam em regime de permanente "manobra de diversão". Sobre quem e para favorecer o quê, não custa muito adivinhar. A impunidade apenas estimula o atrevimento. Chutzpah, na língua dos fulaninhos. Lobotomia colectiva, na perspectiva da ciência aplicada.

O divertimento consiste em desviar a atenção das pessoas do essencial para o acessório. Até que, pelo  seu não exercício continuado, o espírito resulte num misto de atrofia e pneu gorduroso a almofadar as vísceras. A grande avenida do futuro? Que o quadrúpede mental evolua para o miriápode.

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Mata que é cristão!...

(...)
Faz todo o sentido que os americoisos se estejam nas tintas para os cristãos: a sua especialidade é mais criar pseudo-países islâmicos na própria Europa, bombardeando e brutalizando, sem qualquer parcimónia ou embaraço, cristãos para o efeito. Freguesias estilo Bósnia, Kosovo e outros entrepostos são prova eloquente disso. Um dos seus sonhos mais húmidos deve prender-se mesmo com uma  tal de Chechénia.
Nisto, como em tudo na vida, já aquele Senhor da Antiguidade estabeleceu a regra: não podes servir a dois senhores. Estão absortos a servir  senhores mais rentáveis, os tais. Não é a gratificação no Além que os engoda. Bem pelo contrário, é a gorjeta  neste mundinho, cada vez mais baixo e sórdido, que os preenche.

segunda-feira, novembro 30, 2015

Entre os gambosinos e os terroristas, os gambosinos têm prioridade




O Mundo livre, onde decorre o "nosso modo de vida", na figura do seu Tutor global (por delegação divina para o planeta Terra) encontra-se perante uma tremenda encruzilhada. Um dilema atroz... Tem que combater em simultâneo duas apocalípticas ameaças: o terrorismo islamico e o aquecimento global. Qualquer um deles, é garantido, propõe-se dar-nos cabo do canastro. Com requintes de malvadez e refinarias de perfídia.
Mas, e aqui o cruel dilema, ao combater o terrorismo eis que promove o aquecimento; ao batalhar o aquecimento, eis que acicata o terrorismo. Como decidir perante tão diabólica alternativa?
Estabelecendo prioridades, pois claro. Avaliando qual o mais perigoso para o "nosso modo de vida". Parece que é o Aquecimento . 
Estou a brincar? Não estou, não.
São eles próprios que certificam:

Vêem? E faz imenso sentido. Cada vez que atiram uma bomba, míssil ou projéctil XXl a alguém, aquilo tem um inconveniente muito grande para o "enviromental": explode. Ora, ao explodir, acarreta necessariamente outro inconveniente ainda maior: desenvolve magnas quantidades de temperatura. Estas, para cúmulo, propagam-se em todas as direcções, não apenas chão adentro como armosfera afora. Tudo isso multiplicado, digamos assim, por uma Shock and Awe ou mesmo por um pequeno estímulo a uma Primavera qualquer resulta em danos evidentes para o "enviromentino", designadamente através do subsídio inopinado ao Aquecimento Global. Imaginem agora, derramado em cima de terroristas poisados sobre enormes jazidas de petróleo. Armagedinho talvez não seja, mas mini-china será pela certa. 
Por conseguinte, é fácil extrapolar: o menos perigoso para o "nosso modo de vida" é o terrorismo. É por isso que os americanos, a nossa vanguarda planetária, agem com extremos cuidados e delicadezas mil. Por cada terrorista morto, são, no mínimo, várias toneladas de explosivos, exorbitante emissão de gases poluentes pelos motores de combustão das aeronaves e um consumo inaceitável de carne de vaca pelas tripulações, sobretudo nos porta-aviões e bases de apoio. Não compensa. Por esse andar, o preço do extermínio do terrorismo é o dilúvio 2.0. Para não socumbirmos às garras dos psicopatas islamicos, soçobramos aos delíquios e suóres das calotas polares.  

PS: É de justiça realçar: os terroristas não são tão maus quanto parecem. Demonstram até consciência ecológica de realce. Precisamente quando, em vez de executarem a tiro, ou seja, através de mecanismos poluentes, preferem degolar à facada (tecnologia limpa e amiga do ambiente). Estão, assim, claramente, a diminuir a sua pegada do carbono. Middle age? Não me lixem. New-age aos molhos.

sexta-feira, novembro 27, 2015

Fenómenos do Entroncamento Global




«US State Department: The shooting of the catapulted Russian pilots could be self-defense»


É mais que evidente tratar-se de legítima defesa. Os pilotos russos, de bordo dos seus paraquedas, tentavam mictá-los até à morte. O jacto malfazejo, na sua viagem pela atmosfera, convertia-se em granizo perigosíssimo. Autênticos aero-icebergues.

«Impacts of Turkey’s Aggression against Russia. The “Turkish Stream” is Dead. Disruption of Gas Pipeline Routes to the EU. Russia’s Economy in Crisis?»
Repito:
"Os geostrategas de sofá acham que guerra pressupõe obrigatoriamente tiros, bombas e violência bélica. Como nos filmes onde cursaram e tiraram o brevet de think-tanquistas de alguidar. Na verdade, a coacção militar (aquela coisa com tiros e explosões) constitui geralmente um último recurso. Antes de irem lá dar tiros, onde quer que lhes contenda com a veneta, os americanos, por exemplo, exercem coacção psicológica (mass-media aos gritos), coacção diplomática (sanções na ONU, etc), coacção política interna (promoção de distúrbios, indução de protestos - revoluções primaveris ou coloridas) e coacção económica (sanções financeiras, bloqueios, proibição de exportações ou importações, expulsão de organizações internacionais, manipulações de mercado, etc). Só depois disto tudo bem exploradinho é que avança o porta-aviões ou os F16. Neste momento os Estados Unidos estão em guerra com a Rússia em todos os departamentos de coacção, excepto na componente militar aberta. Pois, falta apenas esse detalhezinho para entrarmos na III Guerra Mundial. E só ainda não entraram nesse detalhezinho por causa de outro nada despiciendo: a capacidade russa em armamento nuclear estratégico. Os americanos estão também em guerra (actual ou potencial) com o resto do planeta, que se divide entre aqueles que são suavemente coagidos (como a União Europeia), e os que se encontram ou no estágio intermédio ou brutal de coação, conforme a respectiva atitude ou unilateral necessidade do superior e soberano interesse da potência hegemónica. Àqueles que se submetem mansamente à suave coacção, os americanos chamam aliados. Àqueles que exigem uma coacção brutal, chamam inimigos. Há apenas um com estatuto excepcional."

«Meet The Man Who Funds ISIS: Bilal Erdogan, The Son Of Turkey's President.»

Em resumo: There's no business like crude business.

«Turkish newspaper editor in court for 'espionage' after revealing weapon convoy to Syrian militants»

Liberdade de expressão is for assholes.

«Guess Who is Behind the Islamic State? Israeli Colonel “Caught with IS Pants Down”»

Parece-me incorrecta a notícia. Pelos vistos, não estava atrás mas à frente. Atrás do Estado Islamico anda o Putin.

quinta-feira, novembro 26, 2015

Prolegómeno a toda a Antropecuária Futura

«Penso que agora entenderás melhor o que há pouco te perguntava, ao interrogar se a função de cada coisa não era aquilo que ela executava, ou só ela, ou melhor do que as outras.
-Entendo - respondeu - e parece-me que é essa a função de cada coisa.
Bem - disse eu -. Portanto, não te parece ter uma virtude que lhe é própria tudo aquilo que está encarregado de uma função? Tornemos ao mesmo ponto: os olhos, dizíamos nós, têm uma função?
- Têm.
- Portanto, têm também uma virtude?
- Têm também uma virtude.
- E então? Tínhamos dito que os ouvidos tinham uma função?
- Tíonhamos.
- Portanto, uma virtude também?
- E uma virtude também.
- E relativamente a todas as outras coisas? Não é igual?
- É.
- Ora bem! porventura os olhos cumpririam bem a sua função, se não tivessem a sua virtude própria, mas um defeito em vez dela?
- Como poderiam fazê-lo? - retorquiu -. referes-te talvez à cegueira, em vez da vista?
- À virtude deles, seja ela qual for - respondi -. Não é isso que eu estou a perguntar, mas se a sua função se desempenha bem, graças à virtude que lhes é própria, ou mal, devido ao defeito.
- Falas verdade.
- Logo, também os ouvidos, privados da sua virtude própria, desempenham mal a função?
- Exactamente.
- Englobaremos, portanto, todas as outras coisas no mesmo raciocínio?
- É o que parece.
- Ora vamos lá, depois disto, a examinar este ponto. A alma tem uma função, que não pode ser desempenhada por toda e qualquer outra coisa que exista, que é a seguinte: superintender, governar, deliberar e todos os demais actos da mesma espécie. Será justo atribuir essas funções a qualquer outra coisa que não seja a alma, ou deveremos dizer que são específicos dela?
- A alma, e a nenhuma outra coisa.
- E agora quanto à vida? Não diremos que é uma função da alma?
- Acima de tudo - respondeu.
- Logo, diremos também que existe uma virtude da alma?
- Di-lo-emos.
- Então, ó Trasímaco, a alma algum dia desempenhará bem as suas funções, se for privada da sua virtude própria, ou é impossível?
- É impossível.
- Logo, é forçoso que quem tem uma alma má governe e dirija mal, e, quem tem uma alma boa, faça tudo isso bem.»
- Platão, "Politeia"

Vamos por partes. Para muitos, Deus não existe; logo, a alma também não. Não faz pois qualquer sentido falar nisso.
Para outros, inúmeros também, embora Deus exista, agem como se não existisse. E apesar de terem alma, não a usam.
Objectar-me-ão, e eu aceito, que Deus é uma questão demasiado intrincada e potenciadora de equívocos ou resistências emocionais. Traduzindo: está fora de moda. Vamos então para uma ideia mais terrena e menos problemática: a Pátria. Também está fora de moda, mas não tanto. Deu-me para o optimismo, hoje.
Sendo certo que para muitos, tanto à esquerda quanto à pseudo-direita, o homem actual não tem Deus, nem alma, nem pátria, para uns tantos outros, por enquanto, a pátria ainda é um conceito com algum significado. Embora, para a grande maioria possa ser dito aquilo que já anteriormente se avaliou em relação a Deus: se bem que reconheçam que a pátria existe, agem como se não existisse.
Não obstante, a mesma função e virtude que a alma desempenha no homem (enquanto indivíduo), tem ou não tem um correspondente nesse mesmo homem enquanto povo? Sintetizando: a Pátria tem uma alma? Bem, parece-me que a afirmativa é facilmente deduzível: algo tem como função dirigir um povo e respectiva pátria. E se a esse algo cumpre superintender, governar, deliberar e todos os demais actos da mesma espécie, parece então óbvio quem desempenha a alma de Portugal: os seus governantes e autoridades administrativas.
Ora bem, uma alma má, segundo Platão (e penso que aqui só internados ou candidatos a Rilhafoles poderão discordar dele),  dirige e governa mal; e uma alma boa, pelo contrário, dirige e governa bem. E o que é que distingue uma alma boa da alma má antes mesmo do resultado dos seus actos, ou seja, o que é que promove a bondade ou a maldade da acção? Ambas cumprem a mesma função, só que uma fá-lo juntando-lhe a virtude, a outra executa-o prescindindo dela. Governar é governar bem; governar mal é desgovernar; tal qual ter olhos e ver é auferir da virtude da visão e ter olhos e não ver é padecer do  defeito da cegueira. Os parâmetros da acção medeiam assim entre a governação virtuosa ou a desgovernação viciosa/deficiente.
Por outro lado, dizer que a alma dum povo se resume ao seu governo parece um tanto ou quanto redutor caso  se entenda o simples número dos ministros e secretários do executivo central. Ora, esse pequeno número significa geralmente a manifestação mais visível e proeminente de algo mais vasto. Quando hoje em dia assistimos a desgovernos vários e consecutivos, tanto quanto ao entranhamento dum regime defeituoso, assistimos igualmente à ausência desse "algo mais vasto" subjacente. Não falta apenas a alma, falta o corpo são e digno de onde a alma se eleva. Há um problema sério com o corpo actual de Portugal. Actual significa em acção, activo, e o que se depara, a todas esquinas e horas, é a uma chusma passiva, resignada, impotente.  Que chafurda, destilando licores de trampa, em rótulo novo-rico  ou velho-abutre, que exibe - e ora lambuza, ora defenestra - nas pantalhas. É uma massa informe e criptocéfala que se odeia e despreza a si própria na figura daqueles que içla e sustenta. Daí, aliás, o espelho palúdico onde desgovernantes e desgovernados se reflectem. A safadeza impera. É o safe-se quem puder, cada qual por si e todos auto-investidos no imperativo descategórico:  todos lhe devem e ele não deve nada a ninguém.  Portugal está reduzido e nhanhificado, mais que a um rectângulo auto-mutilado, poltrão e inglório, às suas vísceras. De facto, a ausência de elites condignas desse nome apenas certifica o raquitismo do povo que as deveria arvorar. Não falta apenas essa bandeira: falta, sobremaneira, o braço e o corpo que a empunha e ergue com orgulho e destemor. Está, pois, mal feita a pergunta pelas elites: a pergunta correcta é a que demanda pelo povo. Que é feito do povo? Em que estado o trazem e mantêm?
Dostoievski dizia que quem quisesse destruir um povo começava por destruir-lhe a juventude. Vale a pena (embora agrida o estômago) dar uma olhadela à juventude portuguesa que por aí fora se avista. Que representa a juventude?  - A capacidade regenerativa de um povo. Algo que não se regenera, envelhece e morre. Ora, o que mais se lobriga são jovens caquécticos e jarretas a armarem ao adolescente. Uns a agredirem a sua própria inteligência e verticalidade, desde pequeninos; outros a regredirem ao estado larvar da sua mocidade revista e requentada. A balbúrdia fétida e desarmoniosa na própria sociedade alastra ao aparelho psicológico dos porta-egos: cada desalmado está em perpétuo conflito consigo próprio, dilacerado entre um bandulho desmesurado que tudo deseja e ambiciona (e a quem tudo é prometido, devido e acicatado), e um pensamento enfezado, anoréctico e frouxo que nada satisfaz. Em bom rigor, um dispensamento (dispensam toda e qualquer ética, coerência, dever ou verdade que dure mais de quinze dias, se tanto). À falta de juventude genuína, temos, assim, uma pseudo-adolescência que vai dos 8 aos 80. A infância e a maturidade foram banidas e andam a monte. Tanto quanto a masculinidade. Por toda a parte, viceja o mosquedo ruidoso, cobarde e mesquinho. Sempre pronto para a rixa doméstica, intestina, para a cata-bichice do vizinho, para o trampolim sobrexcitado da purga interna, mas jamais disponível para a união e defesa de valores mais elevados, concretos e intemporais do que o simples horizonte de sopeiras militantes que parece congregar em absoluto a desalmação de todos estes fetichistas da economia.
A própria economia está, no seu objecto, função e essência, emporcalhada e pervertida: oikos, (donde o nosso prefixo eco) na etimologia, significa casa. Casa pressupõe humanidade, pessoas, gente. A economia é uma ciência da administração da casa. Perante este curral em que cada vez mais descambamos, a economia não é, de todo, a ciência aplicável: é, outrossim, qualquer outra engenharia da ordem da antropecuária. Sitiam-nos não apenas os aleives e voragens do estrangeiro roncante da hora a ferver, mas, em delegação interna e esbirra, todo um arraial de bestas zombificadas e zumbidoras. A palha em que refocilam e com que cevam a pança é a mesma com que agasalham a idiotia mijona e engordam o espantalho mental a fingir de espírito.
Suspeito bem que o tratamento de determinadas aberrações pertence quase por completo ao domínio da potestade Divina ou das catástrofes da Natureza. Não há terapia humana para determinados desarranjos. A ideia de que tudo podemos foi a exacta ideia que nos trouxe aqui.


quarta-feira, novembro 25, 2015

Tratado do Nada (r)

Em Junho de 2011, era inaugurado em Portugal o Observatório da Corrupção.
Ora, sendo certo, sabido e certificado que há tanta corrupção em Portugal como poços de petróleo, minas de diamantes e manadas de mamutes, que raio se propõem eles observar - o nada?
De resto, os nossos preclaros deputados, com toda aquela acutilância moral que os caracteriza, esgalga e derreia , já haviam constatado e patenteado o mais que óbvio e evidente aos olhos do mundo inteiro e arredores: sendo o país, por beneplácito divino, imune à corrupção, impermeável ao suborno e absolutamente inexpugnável ao ilícito patrimonial, dispensa toda e qualquer legislação contra o enriquecimenmto ilícito. Entre nós, por isso mesmo, não só  todo o tipo de enriquecimento é lícito (já que, como o Serafim Calvino revelou, toda a riqueza é justa, pulcra e aspergida lá dos éteres por Deus Nosso Senhor em Cupido), como também, e sobretudo,  essa opção  é-lhe, por natureza e geografia, rigorosamente inacessível. Não havendo ilícito entre nós, qualquer enriquecedor peregrino, mesmo que voluntária (e quiçá suicidariamente) o demandasse, não o encontraria disponível nem acessível em lado nenhum. E tanto assim é que assistimos, nestes últimos anos, a várias ilustrações vivas e gritantes disso mesmo: Dias Loureiro vê-se na contingência de ter que emigrar para Cabo verde. Duarte Lima corre ao Brasil, onde o ílicito é barato e abundante; Pina Moura esfalfa-se entre Cabora Bassa e Madrid; Isaltino Morais, e tantos outros, vêem-se obrigado a viajar até à Suiça, sempre que a vertigem lhes ocorre; Paulo Portas, suspeita-se, atravessa Pirinéus e Alpes, duma assentada, até à Alemanha; e José Sócrates, só quando desembarcou em Paris, é que pôde, finalmente,  encontrar coisa que se visse... Está mais que provado que a esterilidade desértica dos nossos solos para o cultivo do ilícito, tanto quanto da corrupção, mai-lo respectivo suborno simbiótico, força os nossos produtores de riqueza mais expeditos (ou meramente excêntricos) à emigração agenciante, primeiro enquanto pesquisadores, depois enquanto nidificadores (o ilícito, de todo, não consegue sobreviver entre nós; nem em estufas, nem em incubadoras artificiais; pelo que a sua criação, procriação e desenvolvimento, requer sempre cuidados específicos e ambiente propício).
Concomitantemente, dada a ausência mais completa de ilícito entre nós, tanto quanto o enriqueccimento, também o empobrecimento ilícito se torna impossível. Da mesma forma que vale tudo para alguém enriquecer, vale também praticamente tudo para empobrecer, de preferência os outros ( primeiro na figura e orçamento do Estado, mas depois, esgotado este, nas pessoas particulares e avulsas que estiverem mais à mão). E a relação é de tal modo íntima entre estas modalidades, que está comprovado que quanto mais alguém enriquece nestas peculiares condições, tanto mais empobrece em seu redor.
Por outro lado, convém recordar que não apenas a corrupção inexiste adentro das fronteiras portuguesas: também a pedofilia, excepto naturalmente entre o clero católico, mas isso pela razão singular desses elementos serem funcionários dum Estado estrangeiro, que é, como devem saber, o Vaticano. A prova mais acabada de que o processo Casa Pia não passou duma mistificação anti-democrática, anti-republicana e, sobretudo, anti-maçónica (da imprensa reaccionária monárquica, quem mais...) foi a descrição dum dos antros de prevaricação como situado em Elvas. Ora, toda a gente sabe que, a ser verdade o ignóbil ilícito, ele teria que localizar-se necessariamente do outro lado da fronteira, em Badajoz - isto, no mínimo (e com algumas reservas, pois, dada a proximidade da nossa fronteira e a influência obsidiante do nosso saudável clima, a inibição ao ilícito seria até considerável).
E quem diz a pedofilia, diz a própria mentira. Então para esta, a incapacidade aguda da generalidade da população, mas sobretudo dos jornalistas, dignitários, pantacandidatos (ou seja, candidatos a tudo e mais alguma coisa), vedetas do jet-frete e homens de letras, além de lendária, chega a ser embaraçosa. Completamente inaptos para a efabulação, a ficção e o enredo, limitam-se à enunciação enfadonha de tratados de lógica, auto-vivissecações, análises da urina, registos de propriedade e actas de confessionário (coroladas, nos piores casos, com reportagens ao ralenti das últimas férias no cu de judas - literalmente).
Quase a acabar, umas  palavrinhas sobre a traição e a prostituição. Aquela, como é bem sabido, foi definhando, paulatinamente, desde a última defenestração pública de relevo, e encontra-se praticamente extinta na nossa pátria.  Mesmo para trair a mulher, os portugueses têm que recorrer ao crédito-viagem e percorrer longas distâncias, até ao Brasil, Caraíbas e Seichelles, arrostando, quantas vezes, maremotos, furacões e caterings low-cost). Já a prostituição, essa, benignizou-se completamente - debalde procurar uma prostituta, em dias de hoje, nas ruas ou em casas da especialidade. Agora são, para todos os efeitos,  "trabalhadoras do sexo".  Não tardam sindicalizadas. Fora as  que trabalham no Parlamento, claro está - essas são empresárias da vida fácil.
Voltemos então ao Observatório da Corrupção... Vai observar, portanto, o Nada. Só não é hercúlea, a tarefa, porque em boa verdade é heideggeriana. Na senda do último grande filósofo ocidental, e da sua "Introdução à Metafísica", Portugal avança e acrescenta: porquê observarmos a corrupção e não apenas o Nada? Ora, não dispondo de corrupção, eis que nos debruçamos, perscrucientes, sobre o Nada- o nada, nicles, népia, coisa nenhuma!
A juntar a uma chusma de observatórios que observam tudo e mais alguma coisa, mas, em bom rigor, não observam nada, eis finalmente um observatório que observa tudo aquilo que os outros não alcançam. O Nada, repito.
O leitor mais céptico e amovediço interrogará: merece o balúrdio que se gasta nela, uma espreitação tão peregrina e inefável? Respondo: senhores, a metafísica não tem preço. E o Nada, uma vez bem esquadrinhado e patenteado ainda gera um fonte de receitas descomunal ao país, providencial sortilégio nesta hora de tão grande necessidade. Basta lembrar-se que metade do "espírito" dos computadores (a net inteira de lés a lés) é nada - zero. Sem o Nada  (na pessoa do seu número 0), que relembro, só chegou à Europa no século XII ou XIII (confiram no google ou na wikicoisa), por intermédio dos árabes, jamais teria havido capitalismo e, consequentemente, salvação da humanidade. Ainda hoje, grande parte dos recursos financeiros mundiais são extraídos do Nada. Aliás, não há nada mais transaccionado nos dias de hoje que o Nada. Tanto que o Nada alastra por todo lado: das instituições bancárias às próprias almas. Os maiores crânios da humanidade actual estão cheios de Nada (e de si, por arrasto). Até já existe um Prémio Nobel para o Nada, carinhosamente eufemizado sob o epíteto de "Paz". Há tanta paz no mundo como corrupção em Portugal. Mas como a iliteracia mundial não compreenderia "um Prémio Nobel do Nada", eles tiveram que improvisar com a "Paz". O mesmo se passa entre nós: ninguém aceitaria um Observatório do Nada; daí eles têm que colorir com "Corrupção".O qual, em todo o caso, é pago com dinheiros essencialmente comunitários. O que quer dizer que não nos sai do bolso do orçamento. Bem, na verdade, até sai - esguicha naquele item onde consta o pagamento dos 3.000 milhões de juros do resgate, à onzeneirice europeia. Ao fim e ao cabo, eles têm que se fazer pagar.... A troco de - pois é, pois é - Nada.

25 de Novembro - Adeus África, olá Europa!

Sobre a data de há 40 anos em que perdi uma noite, já aqui foi dito quase tudo:
http://dragoscopio.blogspot.pt/2012/11/o-25-de-nevoembro.html

http://dragoscopio.blogspot.pt/2015/04/acromiomancia-revisitada-xxii.html

Deixo apenas uma última nota: o defeito gigante e insanável do 25 de Novembro de 1975 foi não ter acontecido um anos antes, em 25 de Novembro de 1974. O resto é folclore.


terça-feira, novembro 24, 2015

O Exacto perfil

«Fugitive Paris jihadist loved gay bars, drugs and PlayStation»


Colocar isto como espécie de esquisitismo para os putativos terroristas não faz sentido. Bem, pelo contrário, isto resume o exacto perfil do tipo de psicopatia que não só vai formatando a "massa jovem" actual, como, seguramente, a esmagadora maioria daqueles que enfileiram nesse circo carniceiro itinerante que responde pelo acrónimo de ISIS/ISIL/DAESH, ou a grande puta que os pariu. Uma puta, aliás, com imensos espreitas toca-pívias por esse mundo fora.
A crueldade sádica está nos antípodas da virilidade guerreira. É apenas uma das sub-caves do torcionarismo, esse criado de quarto das ideologias.