quinta-feira, junho 30, 2016

Anatomia duma grande balela

Diz-me, com candidez pueril, um leitor num comentário abaixo:

«Quando os oprimidos se chateiam a SÉRIO.......NÃO HÁ "cima" que valha.»

Lamento muito, mas não há nem um unicozinho exemplo na história para uma fantasia dessas. Nem na mitologia, tão pouco. Os "oprimidos" de fábula nunca se chateiam coisa que se veja (se tanto, muita balbúrdia e algazarra, tripalhada e sangria, mas sumo concreto nem zero: abaixo de zero!) Excepto quando servem de instrumento a alpinistas e amarinhadores. E nessas alturas, é tal a merda que fazem (ou seja, o nada imenso) que mais valia terem ficado quietinhos. Quer exemplos? - Paris, 1789; Moscovo, 1917; Lisboa, 1974.

Além do mais, que significa isso de "oprimidos"?... Uns são oprimidos pela miséria, outros pela estupidez, quase todos pela maldade... Escolhem com base em quê, a "aristocracia dos oprimidos"?... Em que é que uns são preferíveis a outros (daqui a nada embarcamos no marxismo de faca e alguidar)...

Não há, nem nunca houve evolução nenhuma: o que se verifica é a proliferação continuada e inesgotável da opressão.

Geralmente, a revolução consiste em meia dúzia de oprimidos pela estupidez e pela maldade (passe  o truísmo) a conduzirem ao açougue uma chusma de oprimidos pela miséria, pela cobiça ou pelo rancor, sob pretexto de se vingarem e apearem oprimidos pela ganância, pela venalidade e pela decadência.
Nem sequer é a questão dos oprimidos de hoje se tornarem invariavelmente nos opressores do amanhã: é apenas oprimidos cada vez mais oprimidos, vítimas cada vez mais vítimas, super-vítimas...aleijões cada vez mais aleijados, aberrações cada vez mais aberrantes! É o triunfo das pústulas e das gangrenas mentais e espirituais (a montra internática a proclamá-lo ao desbarato). A verdade é que não há aqui, nesta penitenciária-prostíbulo (se alguma vez houve) qualquer dialéctica: é apenas uma epidemia. Não há nenhum senhor a oprimir nenhum escravo ... Balelas!  Velhaquice a lubrificar supositório!... Há apenas escravos - os maiores, quase sempre, a oprimirem os mais pequenos. Não se trata dum conflito, em bom rigor; mas apenas de uma infecção... uma contaminação colectiva em magna e perpétua escala. Progresso há apenas um: na transmissão e agravamento da doença.

Parafraseando a letra duma certa canção: "Estou livre! Para me encarcerar numa nova masmorra!..."

quarta-feira, junho 29, 2016

Upstairs, Downstairs



Mas não se angustiem tanto as alminhas. Se há uma coisa que o Reino Unido não é, é democrata. De longe, aquela ilha é a menos democrata das "democracias". Aquilo, ninguém duvide,  é uma mescla de oligarquia  e aristrocratice esquisita de pedra e cal. A democracia é uma peste para exportação e à qual, por natureza, estão imunes e vacinados. Um cobertor de varíola para tratar o "indigenato" adverso, enfim. Daí, aliás, uma das suas grandes vantagens sobre qualquer tipo de competição. Espetaram com a revolucionite nos franceses e eles nunca mais foram ninguém. Inocularam o bacilo nos russos e só agora os infelizes estão a recuperar do envenenamento tóxico. Por conseguinte, o que conta não é nem o resultado de referendo nem o resultado de eleições. O que realmente importa e, no fim do dia, determinará os eventos, é o caminho que quem realmente governa escolherá. A verdadeira eleição nunca decorre cá em baixo, mas lá em cima. Upstair, downstairs, como dizia o popular romance (e série televisiva).
E o critério é simples: se o resultado do referendo está de acordo com as intenções superiores, então, posso garantir-vos: esta bacoquice da "união europeia", que de união tem tanto como de europeia, ou seja, quase nada, tem os dias contados!
Só de imaginar a fussa asquerosa do Durão Barroso, apenas me ocorre um lamento: pena não ter sido já anteontem!...


segunda-feira, junho 27, 2016

Dominó, Chain reaction, Whatever!...




Goste-se ou não deles, os ingleses são peritos nestas coisas. Retiradas estratégicas é com eles. E são ainda mais hábeis e experientes em perder batalhas. Mas, no fim, ganham geralmente as guerras. Ao contrário dos portugueses (estes modernos, entenda-se), são duma tenacidade exemplar. Emblemática. Podem moê-los de pancada, sová-los impiedosamente... Como fizeram os alemães, nas Segunda Guerra, relembre-se... Não desistem. Há qualquer coisa que remonta a Anteu nos ingleses: quanto mais apanham, mais parece que se fortalecem. Levaram porrada séria dos Boers, até dos Zulus, mas no fim, o costume. Portanto, se depois de tirarem o pé que tinham na ombreira da porta da EURRSS, decidirem castigá-los, eles até agradecem. Se bem que eu não consiga imaginar que raio de castigo é que uma Europa de eunucos que nem a Turquia consegue meter na ordem, ou sequer impor o mínimo de decência no quintal da Palestina, vai aplicar à Grã-Bretanha. Vão largar o Deutsche Bank desaçaimado na City of London, imagino...
Mas garante-nos, com alarido, o Coro de papagaios trágidos da eurotanga: Vai desintegrar-se, o reino Unido, é mais que certo. A Escócia faz não sei o quê. Escafede-se a Irlanda para parte incerta. Já estou a vê-los, aos ingleses, de cabeça perdida e em genuflexões suplicantes. Com o desespero, a angústia e o pavor da ruína, até são capazes de ir meter a Austrália e a Nova Zelândia no prego. Ou as Falklands no ebay, sem esquecer a Bermuda grande, eventualmente no OLX.... Meu Deus, e Gibraltar, esse rochedo altivo, em que leilão árabe (com penca ou sem ela) terminará ele?... Mas, apesar de tudo, ainda ficam com Gales, a Ilha de Man e Santa Helena. Dá sempre jeito uma Santa Helena. Em último caso, fogem para lá todos, na Royal Navy.
E os Mercados, senhoras, cavalheiros e meninas, como eles fustigarão os insolentes ilhéus! Pois, calculem, os inefáveis mercados, cujas tendências suicidárias já são por demais evidentes, agora vão entrar numa vertigem de autoflagelação. Haverá actos de canibalismo (gourmet e não só) na City. Coitada da Libra. De esterlina, vai passar a estrelada!... Não tarda, vendem-na a pataco, ou amanhece ao nível da rupia, do metical ou, sei lá, do Bolivar (na melhor das hipóteses, asseguram-nos, do ringgit...) A própria City vai transformar-se numa cidade fantasma, ou numa "village", no melhor dos casos.
Todavia,  não deixa de ser bizarro... Os mercados fustigaram a Grécia porque ficou, fustigaram Portugal porque nem à chapada e a chicote de lá saíria, fustigaram a Rússia, a China e a República Centro Africana (todos os meses) porque não pertencem; fustigaram até o Estados Unidos sabe Deus porquê, e agora vão fustigar também os Britânicos porque saem? A verdade é que saiam, fiquem, ou nem por isso, são fustigados. Na medida em que os tais mercados se converteram num flagelo já não valem como argumento. É irrelevante o que um país faça em termos de acordos internacionais perante um flagelo. Esteja o céu para aí virado, apanha com ele e pronto. É como os furações, os terramotos ou as enxurradas.Ou seja, os Mercados já pertencem mais ao domínio da metereologia do que da economia. Digo da metereologia porque estou a ser simpático: o termo rigoroso é astrologia (bruxaria e candomblé se estivermos com exactidões).
Entretanto, ó da guarda: isto pode causar um efeito dominó na EURSS... Oxalá! Rezo a isso todos os dias com todas as minhas forças. Este gulag de comichões, de chatos e mais comichões, comichionários e comissáurios? Puta que o pariu, tamanho insectódromo de gado lobotomizado, burrocratizado e capado até à medula!...
O certo é que já desabou sobre o Reino Unido e arredores toda a espécie de granizo mediático, em forma de promissória ululante com catadupas de flagelos e punições colectivas que se abaterão sobre os hereges britânicos. O próprio Ihavé está de carranca e ameaça com terríveis pragas. Uma ideia com pernas para andar, muito europeia e democrática, é repetir-se o referendo até que brote o resultado certo. Mas o prémio a cavilesa mais patusca vai para o governo demissionário do pighead-fucker lá do sítio: porque sai da Europa, o Reino Unido vai ser submetido a austeridade e sanções orçamentais (mascaradas de aumento de impostos), que é, recorde-se o tratamento a que são sujeitos... os países do Sul? (alvitrareis vocês) Não, todos aqueles que não façam o que o Alemanha quer. Ou seja, porque sai, o Reino Unido leva como o mesmo tratamento dos que não têm tomates (nem o discernimento elementar)  para sair. Estamos perante análise política, ou argumento de novelas ao estilo "Guerra dos Tronos"? Tem imensa piada como o coro de capados, nomeadamente porcoguês, projecta naqueles que ousam levantar a garimpa, o estado rastejante e lombricóide da sua prostração acéfala, amorfa e sabuja. Porque sai da Europa (outro "fim de história" para mongos de arribacinha) o Reino Unido fica condenado a portugalizar-se, ora toma!... Ou pior: vai ver-se grego!... A besta do Freud não explica a mente das pessoas normais, mas explica seguramente a tripalhada mental destas bestas.
Tenho uma última má notícia para o coro da tragédia do cuspo: quando os ingleses abandonaram uma organização europeia séria - no caso a Igreja Católica Romana -, vejam só as terríveis desgraças e hecatombes que lhes aconteceram!...  Os tipos comem "Uniões europeias" ao pequeno-almoço. Porque se saírem de vez, a seguir podem ficar tranquilos, hão-de arranjar maneira de semear a discórdia e a dissenção como só eles sabem. E é muitíssimo bem feito!... Quem vende a alma, só merece pontapés no fundilhos do corpo.
Toda esta algazarra tem apenas um significado muito simples e concreto: cagufa! Guincharam à Grécia, saiu-lhes a Inglaterra!...


PS: Isto não significa que já esqueci o Ultimato deses filhos da puta. Jamais! Ainda há dias vibrei intensamente com a carga monumental de porrada que os holligões russos pregaram nos holligans ingleses. Que patadas olímpidas e devastadoras!... Foi o melhor do Europeu até agora. Isso e o Ronaldo a desarmar o grunho da CMTV. Por mim, barda merda o futebol! Aquilo dá sono. Deviam organizar-se era combates de claques. Nos estádios, nas ruas, nos aeroportos, isso sim, era desporto sério.

sexta-feira, junho 24, 2016

Hoje sou inglês


E estou muito à vontade para dizer isto. Nunca gramei os gajos, mas abençoadinhos sejam!...

PS: Logo, falarei com mais detalhe.

quarta-feira, junho 22, 2016

Rituais de apaziguamento

Estava aqui a meditar profundamente sobre o assunto de capital importância com que havia de reiniciar as hostilidades neste sítio da internet. Havia de ser qualquer coisa proximo do solene, senão mesmo a raiar o deslumbrante, cogitava eu para com as minhas escamas.. E eis que a Providênica mediática me fornece a pérola ideal. Nada menos que uma emanação subtil dessa religião nacinhal (a segunda mais importante presumo, logo a seguir aos benfiquismo evangelhado)... O cristianismo Ronaldo, pois evidentemente. E na figura do seu próprio ícone fundador e congregaceiro... Que faz ele, em gesta digna dum barão assinalado? Saca severamente o micro ao grunho da CMTV e arremeça-o tranquilamente às águas plácidas dum lago franciu.
Convém recordar que há toda uma carga simbólica no acto... Toda uma poderosa invocação de certas forças e magnetismos antagónicos. Era mais que evidente que os deuses tenebrosos das profundezas infernais estavam, por qualquer pentelhice avulsa (os sacanas não são esquisitos, a mínima questiúncula lhes serve),  abespinhadísisimos com os nossos representantes no certame europeu de penteados e tatuagens. De tal ordem, que uma maldição quebrantadora se abatera sobre as chuteiras predestinadas do nosso principal craque e messias. Cumpria sacrificar-se qualquer alimária (quanto mais peçonhenta e javarda, tanto melhor) a estas divindades hipersusceptíveis. Impunha-se apaziguá-las à moda antiga. O ídolo nacinhal, como lhe competia, estava já a par da necessidade e devidamente compenetrado para o ritual urgente. Atirou o microfone e quebrou-se o enguiço: já marcou dois golos. Empatámos finalmente com alguma dignidade. Tivesse atirado o grunho junto com a prótese e teríamos ganho de abada.