domingo, maio 22, 2016

Acromiomancia Ultramarina - IV. Da Heterogenia à Necrose, 2ª parte






«O ultimatum de Inglaterra e o tratado que se lhe seguiu, se veio marcar o início de um período de angústia cuja solução ainda está obscura na história portuguesa, chamou, contudo, sobre a nossa África Oriental a atenção e o interesse do País. Um período novo se abriu - período de perigos, de sustos e de trabalhos - mas período de vida. A cobiça da Europa deu-nos o conhecimento vago do tesouro que ainda possuíamos e a campanha de 95 deu-nos a confiança na força própria com que podemos debelar as dificuldades do domínio interno da colónia»
- Mouzinho de Albuquerque

Em 1890, a Inglaterra envia a Portugal o seu famigerado Ultimatum (que consistia, basicamente, na liquidação do mapa-cor-de rosa e consequente abarbatanamento do espaço territorial entre Angola e Moçambique pela ladroagem inglesa, pivoteada por Cecil Rhodes). Em 1891, para que não restassem dúvidas quanto ao "nosso lugar" à mesa, Portugal entra em bancarrota. Dir-se-ia que, numa tão aziaga conjuntura, mais não cumpria ao regime da época senão meter a viola ao saco, os calcanhares ao rabo e deixar-se de aventuras guerreiras.
Aliás, medindo pelos saguins de 74 e diante  - das esquerdas às pseudo anti-esquerdas, todos eles veneradores compulsivos da estranjaboldra avançada e, sobretudo, da cauda entrepernas como bom canino de casota (ou dito à maneira dum dos heterónimos de Pessoa, todos eles idólatras arreigados da sobremesa alheia, seja a do vizinho de bairro, seja a do vizinho de continente ou planeta, e isto apenas porque ainda não descobriram como vivem os alienígenas de Marte Norte ou na galáxia Andrómeda, ou para lá emigraram mentalmente em turismo ideológico), é inadmissível como, perante tamanho grau de desaprovação das potências (políticas e financeiras,....na época ainda se distinguiam vagamente), Portugal não se prostrou de imediato em submissão fetichista, de modo a convocar a aprovação e o afago internacionais. De canhões apontados à cabeça e sem cheta no bolso nem crédito na praça, mais um completo devorismo partidário instalado, reforçado por não sei quantas agências de caos à solta intramuros, é dificil descortinar uma meteorologia histórica mais contrária a navegações e aventuras. Não eram ventos: era um perfeito ciclone...A "tempestade perfeita", como mugiria a gadeza que tão bem pasta na manjedoura cinematográfica.
Porém, escandalizemo-nos, persignemo-nos e escancaremos, todos à uma, a boca de espanto: foi precisamente numa tal contingência que Mouzinho de Albuquerque e outros utópicos que tais, por Real determinação, se lançaram na implantação territorial do Império português em África, tal qual este viria a constituir-se na sua mais vasta dimensão, ou seja, aquela que se verificaria anos adiante, por alturas de 1960 e até à liquidação final. Dito por outras palavras: foi sem condições rigorosamente nenhumas para o efeito, que os portugueses consumaram o empreendimento. E nem sequer contra ventos da história, mas contra um autêntico ciclone da mesma. Volto a Agostinho da Silva. Dizia ele: a maneira portuguesa (e citava como teatro de acção o Brasil, sobretudo) é lançar-se a fazer; o que é preciso vê-se depois.» Pode parecer um método muito pouco anglo-saxónico, mas o facto é que é extremamente realista: se estivessem à espera de condições, os portugueses nunca teriam feito nada, porque as condições nunca existiram antecipadamente. Diz o adágio que a "necessidade força o engenho". Ora, os portugueses, porque nunca as tiveram, às benditas condições, criaram-nas. Por outras palavras: sempre que os portugueses fizerem coisa que se visse foi contrariados pelas condições e nunca facilitados por elas. Essa, de resto, é a diferença entre povos activos e povos passivos. Tal qual o entendimento simples e cristalino disso traduz a diferença entre mentes activas e mentes passivas. (Ou dito eruditamente: entre psicoenérgicos e psicopatas). 
Em 1890 não havia condições para a consolidação e dilatamento do Império. Tal qual em 1961 não havia condições para a defesa e  sustentação dum Portugal Uno, do Minho a Timor.  Todavia, o que Salazar fez foi exactamente o mesmo que a Monarquia crepuscular e a República peregrina tinham já implementado antes dele: tratou de criar as condições. Ao mesmo tempo que consolidava o facto para o qual se criavam as condições. E criou essas condições a vários níveis: políticas, económicas, sociais, legais, históricas, etc. De tal modo, que quando Marcello Caetano herdou o projecto, havia um facto e múltiplas condições efectivas, incomparávelmente melhores do que aquelas que, em 1890, existiam aquando do incício do empreendimento (ou em 1926, já agora diga-se, quando nele pegou o feroz ditador). A saber, o país não estava na bancarrota, bem pelo contráriuo, desendividara-se, usufruia dum soberania excepcional (única nos últimos 200 anos), crescia a um ritmo inaudito, desenvolvia-se não apenas na metrópole mas a um ritmo ainda mais extraordinário nas províncias ultramarinas; descolonizara (a nacionalidade integral fora estendida a todo o território, convertendo-se o império à "nação pluricontinental e pluri-racial"; a subversão internacionalmente patrocinada fora militarmente e socialmente controlada e mesmo erradicada nas zonas estratégicas; a guerra não arruinara as finanças públicas e, bem pelo contrário, tornara-se motor de desenvolvimento a múltiplos níveis; o aparelho militar, mais que um órgão meramente repressivo de forças inimigas, distinguia-se pela acção social de apoio, estruturação e integração das populações, sobretudo nas áreas mais heteróclitas e tradicionalmente afastadas; a conjuntura internacional, fortemente bipolarizada, permitia um espaço de manobra superior ao dos tempos de D. Carlos; etc, etc. Em termos de condições, o Portugal de 1973, face a face com o Portugal de 1890, era uma verdadeira potência: dispunha de meios militares, económicos, políticos, históricos, bem como de uma soberania efectiva sobre esses meios (pelo menos, em tese; se depois na prática, se entregou ao hara-kiri e à alienação, isso deve ser assacado a todo um cluster intenacioleiro e respectivas quintas colunas instaladas). Ah, mas Portugal não era os Estados Unidos, nem a Inglaterra, nem a Suécia! E isso era inadmissível, fonte de desdém e desprestígio internacionais!... Contra argumentos desse calibre, repito, não há  reclamação: há (ou infelizmente não há) camisa de forças. Se compararmos as percentagens de indigência,  repressão policial e encarceramento dos actuais Estados Unidos com o Portugal dos fins dos anos 60 do século passado, o balanço é claramente favorável a este último. E isso não retira a descomunal grandeza aos Estados Unidos, com todos os seus problemas e derrapagens acentuadas, nem transforma, por arte mágica, Portugal no colosso que não é nem nunca foi. Há comparações e emulações que, pura e simplesmente, não funcionam nem são legítimas, fora da mera retórica ou do estrito arremesso propagandístico. Os Estados Unidos podem dar-se ao luxo de mandar 20 milhões de pessoas para o lixo; Portugal não pode dar-se à maluqueira de mandar 1 que seja. A escassez de um bem torna-o precioso. Em havendo seriedade, Portugal tem que ser comparado consigo mesmo ao longo dos tempos e os regimes: o analfabetismo de 1973 tem que ser confrontado com o analbabetismo de 1890, de 1910 e de 1926; a mesma coisa para o apoio sanitário às populações; ou a industrialização; ou a rede de transportes; ou  o índice de criminalidade; ou a dívida pública; o que quer que seja que se pretenda comparar. O juízo sério que tem que ser feito ao Estado Novo é aquele que coloca nos pratos da balança o Portugal no dia primeiro daquele regime e o Portugal do seu dia último. E o mesmo se recomenda para a 1ª república, a derradeira monarquia ou, sobremaneira, a actual democracia liberal (e que só é liberal depois de ter tripudiado à tripa forra como "popular", isto é, só faz amen à missa negra que lhe serviu e serve de pedestal).
Não obstante, poderia pensar-se: somos poucos mas compensamos com a nossa homogeneidade. Quer dizer, porque somos escassos temos que, com natural lógica, unir-nos no esforço solidário, remando todos para o mesmo lado, em matéria de nação e bem comum (e em assunto, já que é esse que aqui nos ocupa especialmente, de território).  E, verdade se reconheça, essa homogeneidade até existiu desde a monarquia crepuscular até ao crepúsculo do Estado Novo, ou seja, mudava-se de regime, mas não se mudava de estratégia nacional (o que é  a qualquer nação digna desse título: veja-se os americanos ou os ingleses, por exemplo, quando mudam de partido governante - a política interna não dita a política externa, bem ao contrário). Essa homogeneidade, de resto, significava uma concordância entre as acrópoles directoras e o povo dirigido no que era fundamental - e não há nada mais fundamental a uma nação do que o território. Fora a anti-nação que todos conhecem, as nações fundam-se sobre um determinado território sobre o qual se firma e estabelece um determinado povo. E esse território, por sinal, constitui o mais originário e comum dos bens (chame-se-lhe reino, nação ou república). Num tempo em que se idolatra o corpo dos indivíduos e se nadifica a alma, é, a todos os títulos, sintomático e revelador como se despreza e atira ao lixo o corpo da própria nação, ao mesmo tempo que se divinizam ideologias (em bom rigor, autênticas feitiçarias) exóticas. Ora, inverte-se, assim, toda a tradição ancestral e histórica: submete-se a liberdade e integridade concretas da comunidade às liberdades e apetites fictícios de determinada fantasia de indivíduos arvorados em vanguarda esclarecida da auto-mutilação redentora. Sacrifica-se o todo à parte. Deste modo, até o próprio materialismo de que se reveste a nova peregrinação prima por bacoco e inconsequente e mais não manifesta que a completa vacuidade e imbecilidade dos seus bisnagueiros compulsivos.

Por conseguinte, o que o golpe de 1974 traz não é um novo-regime; é antes um desregime ou anti-regime: trata-se sumamente da negação, da traição, da antítese quer da estratégia nacional de séculos, quer da homegeneidade entre a elite directora e o povo dirigido na matéria essencial da soberania e do bem comum. Assiste-se, patética e tansamente, ao assalto do ninho pátrio por pseudo-elites cucas.  Este anti-regime mascara-se, na aparência, dum regresso à revolucionite excitada da primeira república, mas na essência, trai-a com todas as suas forças, debandando de África e abandonando o Ultramar à sua sorte. E constituindo-se esse, afinal, o seu único desiderato motor e razão exclusiva para todo o arraial "franciscano", ou seja, precisamente o oposto daquilo que posteriormente apregoaram - entenda-se, a negação dos três Dês: nem Descolonização, nem Democracia, nem Desenvolvimento. Na realidade: Debandada, Desgoverno, Dívida. São três Dês, é um facto, só que entre o rosto e a máscara há um abismo. Aliás, a Descolonizar-se, a democratizar-se e a desenvolver-se estava o país (e o próprio regime, com Caetano) a passos largos. O carnaval Abrileiro de 1974 não esguichou em prol disso, mas precisamante para obstar e impedir que isso acontecesse. E não foi depois, num segundo momento, por obra exclusiva duns quaisquer dementes pueris que isso se desencadeou, à falsa fé e por traição a um qualquer woodstock saloio: toda a cegada, desde a sua génese ao seu corolário, no Prec e no Pós-prec, foi, é, e será, até ao seu colapso final, uma pura maquinação anti-portuguesa. Não era apenas um regime o alvo: era a Pátria inteira, na sua essência, na sua forma e nas suas causas. Foi, se assim, aristotelicamente, o podemos definir, mais que um mero atentado político, um crime ontológico, ou seja, um assassínio frio, perverso e continuado do próprio Ser de Portugal.

PS: De como a Heterogenia, um vez entronizada, deveio fatalmente necrose, versará a 3ª parte.


sábado, maio 14, 2016

Mudanças de Estado da matéria



«From Golden Dollar to Petro Dollar to Narco Dollar»

«From a golden dollar to a petro dollar to now a narco dollar. It’s pretty pathetic for the country that was once the world’s leading industrial technology leader.»

Chama-se sublimação à passagem do estado sólido para o estado gasoso sem passar pelo estado líquido. No caso do dólar, como houve passagem pelo estado líquido antes de chegar ao estado vaporoso, como se há-de chamar? Fumorreia?  Reweimerização?... (Em tese, pelo menos, a inflação lá do sítio, de acordo à impressão desenfreada de papel moeda, já devia estar ao nível do Zimbawé. Ora, o dique artificial que o impede apresenta rachas cada vez mais evidentes...)

http://journal-neo.org/2016/05/09/from-golden-dollar-to-petro-dollar-to-narco-dollar/

quinta-feira, maio 12, 2016

Patocracia e glaucofobia




Aqui há anos, teci umas elucubrações acerca dum artigo que, penso, não cheguei a publicar aqui. Surgiu agora um outro textículo que, como percebereis de seguida, me fez lembrar o caso. É como se segue...



Num artigo intitulado "The twilight of the psychopaths", o Dr. Kevin Barrett, no decurso duma gimnologia curiosíssima, chega a um conceito que já me tinha ocorrido: a Patocracia. Um mundo, logo por azar o nosso, regido não exactamente por aves palmípedes mas por psicopatas inatos e profissionais. Seria até divertido, este vislumbre, se a própria realidade actual não andasse todos os dias a corroborá-lo. Começa a ser um facto evidente para qualquer indivíduo semi-lobotomizado: na nave espacial Terra, barricaram-se psicopatas no cockpit.

Mas uma coisa é um facto, outra, substancialmente diversa, aquilo que se tenta extrair ou destilar dele.

Ora, o que o bom doutor decanta deste deplorável mas inelidível facto são deduções e peregrinações ainda mais deploráveis. Porque o facto, sendo mau, ao menos é real. Enquanto as extrapolações, sendo delirantes, tornam-se péssimas, porque induzem em erro e extraviam o incauto.

Atente-se nos três principais pressupostos de Barrett:

1. A humanidade divide-se em psicopatas e normais;

2. A civilização tem sido, nos últimos 8.000 anos, obra de psicopatas (e baseia-se na guerra e na escravidão devidamente mistificadas);

3. A salvação está no "conhecimento/saber" (knowledge) - graças ao "conhecimento" os normais poderão desmascarar os psicopatas e, concomitantemente, vencer a sua opressão.

Isto revela, entre outros vícios mentais, a) um holoparonismo; b) uma crença no iluminismo tecnoeficiente; c) uma fé num progressismo redentor; d) uma desculpabilização antropo-histórica. Por holoparonismo entenda-se um totalitarismo do presente, ou seja, uma sujeição completa do tempo e da História às categorias do presente: o mal deste alastra e contamina todo o passado e condiciona e implica todo o futuro (o mal vem sempre do passado). Por crença no iluminismo tecnoeficiente, entenda-se o crédito desmedido e delirante nas ferramentas racionais da espécie humana. Por fé num progressismo redentor entenda-se a cega pretensão religiosa no positivismo cronológico (o bem aguarda-nos no Futuro). Por desculpabilização antropo-histórica entenda-se a pesquisa da culpa em factores externos ao ser humano, cuja inocência original e intrínseca se presume (económicos, políticos, psicopáticos). Em resumo: estamos diante dum pensamento típico de "esquerda".

Mas será a única coisa em que eu e o bom do dr. Kevin concordaremos: que há uma patocracia governante (cada vez mais centralizada à escala planetária, acrescentaria ainda eu). No resto, as premissas e conclusões do Barrett não se aguentam.

Eu explico porquê.
Esta tese é um pouco a fábula do "bom selvagem" recauchutada. Enriquecida com o "mau selvagem", o psicopata primordial. O bom selvagem queria viver em paz e harmonia, à maneira do proto-hippie, mas o mau selvagem estragou tudo, criando a civilização, através da guerra e da escravatura. Resolve o problema da queda do "bom selvagem". Afinal, não caíu: rasteiraram-no. Têm andado a empurrá-lo E assim têm passado oito milénios juntos: um dar cabo do outro. Por esta altura do campeonato, os psicopatas reinantes só temem uma coisa: o conhecimento. Que permitirá aos normais desmascará-los, acredita o bom doutor.

Ora, o facto é que aqueles a quem ele chama psicopatas, e que são psicopatas de facto, na verdade não são outra coisa que pessoas normais com Poder. Se, por uma qualquer faculdade taumatúrgica, substituísse os actuais psicopatas por pessoas normalíssimas e benigníssimas como ele, não demoraria nada a termos ou uma patocracia ainda mais cínica e sonsa, ou um caos que geraria a galope outra patocracia ainda mais furiosa e desabrida. Basta lembrar aquela soberba nomenclatura que, após 1917, se incrustou na Rússia; ou, para sermos ainda mais prosaicos, a actual hagiarquia burrocrata que fustiga cinicamente, em ritmo galopante, a velha Europa. Cito por exemplo, e bem a propósito, um indígena nacinhal emblemático: um tal de Durão Barroso. Trata-se apenas dum imbecil ou dum psicopata? Um perfeito imbecil. Mas que uma vez entronizado ou investido de alto cargo eis que se converte num estremoso psicopata. É forçoso que o Poder metamorfoseie qualquer indivíduo em psicopata? Não; mas é certo e comprovado que, quanto mais imbecil, maior a potencialidade e a receptividade ao kit. Aliás, neste aspecto, a imbecilidade e, acrescente-se, a bestialidade. Como, de resto, o Marquês de Sade, tão bem e tão meticulosamente explica.
A verdade é que aquilo que ergue as civilizações não é aquilo que as mina, corrompe e, por fim, arruina. A decadência surge, instala-se e avassala precisamente quando os psicopatas alcançam o império, ou seja, quando a imbecilidade e a bestialidade ascendem ao trono (foi assim com os gregos, foi assim com os romanos, foi assim com os russos, foi assim com os ingleses e é cada vez mais assim com os americanos, só para elencar os casos mais faustosos da história Ocidental).
Demais, toda esta peregrinação (não sei se ingénua, se apenas imbecil) do gentil Barrett, tem um corolário actual muito mais explícito e "directo ao assunto". Um corolário que se traduz numa redacção:
«“If you are a white male, you don’t deserve to live. You are a cancer, you’re a disease, white males have never contributed anything positive to the world! They only murder, exploit and oppress non-whites! At least a white woman can have sex with a black man and make a brown baby but what can a white male do? He’s good for nothing. Slavery, genocides against aboriginal peoples and massive land confiscation, the inquisition, the holocaust, white males are all to blame! You maintain your white male privilege only by oppressing, discriminating against and enslaving others!” - Professor Noel Ignatiev, a tenured professor at Massachusetts College loudly proclaimed to his class last Monday, his final teaching day before retirement.»

Quem é Noel Ignatiev? Ora, ora... Não conhecem?... O mais engraçado é como ele ascendeu a professor em Harvard.

PS: E afinal há um ódio que é todo ele puro, filantrópico  e angélico: o ódio ao branco.



quarta-feira, maio 11, 2016

Socio-emasculação




«A man has been arrested over an online video that reportedly shows a dog making a Nazi salute.»

Que comentário merece uma coisa destas?

Por este andar, qualquer dia, juntamente com as brigadas anti-droga (nos aeroportos, operações stop e piqueniques selvagens em geral), patrulham também brigadas anti-ódio da treta. Como é que se distinguem? É simples: os dos estupefacientes estão com cães, que farejam o suspeito de alto abaixo, bagagem e familiares. Os da Asae (ou melhor, da ASCHL  - Autoridade de Segurança Contra Heresias Laicas) estão com o papagaio ao ombro. Quando o sujeito vai a passar,  a ave palrante dá o veredicto. Se se mantiver em silêncio, tudo bem. O pior é se brada: "Anti-semita! Anti-semita!"... Aí, como devem calcular, está o fulano lixado. Cúmulo da delinquência! É o equivalente a meia tonelada de cocaína (qual, heroína!) na bagagem. 

PS: Temos que começar a entender uma nova modalidade de castração, além da cirúrgica e da química: a jurídica. E constitui um upgrade: é colectiva.

terça-feira, maio 10, 2016

Acromiomancia Ultramarina - IV. Da Heterogenia à Necrose, 1ª Parte





«Marcelino de Matos venceu muito; fez que José do Telhado fosse julgado como réu de uma única morte sem premeditação; e como caluniado na maioria dos roubos arguidos. Fez muito ali, onde estavam as testemunhas, os roubados, os feridos, a multidão que o vira, ou só o vira pelos olhos do seu terror!
José Teixeira foi condenado a degredo perpétuo com trabalhos públicos.»
- Camilo Castelo Branco, in "Memórias do Cárcere"
A pena de degredo, na lei portuguesa, só deixou de ser aplicada efectivamente após 1932; e só foi banida definitivamente do Código penal a partir de 1954. Durante séculos, e sobremaneira após a conquista de Ceuta, o degredo tornou-se um instrumento de conveniência do estado relativamente ao emprego de criminosos de delito grave com fins úteis às necessidades do império ultramarino. A percentagem de degredados e respectiva descendência (geralmente miscigenada) das populações  europeias e de origem europeia nas nossas antigas possessões ultramarinas era, assim, muito considerável.
Por exemplo, em Angola, por volta de 1864, estima-se que cerca de um terço da população branca da colónia era integrada por degredados. Segundo descrições na imprensa e em boletins oficiais da época, podia ler-se:
«Tratava-se de um grupo extremamente heterogéneo: desde o famoso José do telhado, que se internou como comerciante no sertão de Luanda, na década de 1860, ou João Vitor de Silva Brandão "celebérrimo salteador e assassino" da Beira-Alta, condenado a degredo em África, o qual fugiu para o sertão de Benguela, em 1881, até João Chagas, herói da revolta republicana do Porto, em 1891.»

João Pinheiro Chagas, de cuja pena brotou o texto do postal anterior, serve aqui de exemplo paradigmático a muitos títulos. Em primeiro lugar, do facto deveras relevante de, juntamente com os degredados do delito comum, seguirem muitas vezes despachados para as colónias condenados do delito político. Em segundo lugar, o próprio Chagas é uma imagem viva do "português transcontinental": nasceu no Rio de Janeiro, estudou em Lisboa, trabalhou no Porto, foi deportado para Angola, fugiu para o Brasil e voltou a Portugal após ao 5 deOutubro de 1910,  chegando a desempenhar (em 1911) as funções de Presidente do Ministério (equivalente ao actual primeiro Ministro). Senhor de uma pena acutilante, não se percebe em que é que isso, todavia, o habilitava para comandar os destinos da governação, mas, também aí, se denota um dos costumes da pátria: qualquer bom parlapié serve de habilitação bastante a todo e qualquer candidato a pastor do povo.
Finalmente, e fazendo fé nos argumentos expressos no texto anteriormente exposto, dir-se-iaque pretende implantar a república porque no fundo padece nostalgias da monarquia a sério. Este paradoxo vivo em Chagas é extensível a todo o empreendimento republicano que culmina no 5 de Outubro. Qual o pretexto superior, o móbil-mor para o reboliço desta gente? Nada mais, nada menos do que a incúria do império ultramarino pelo regime híbrido, culminada na cedência ao Ultimato inglês (que, recorde-se, exigia a cedência de partes do império - sensivelmente, o território das duas Rodésias...). E repare-se que nisto não há apenas uma revolta contra um putativo desleixo: há, sobretudo, um oportunismo surfista de cavalgar a onda popular de indignação anti-britânica (devidamente atiçada pelos jornalistas da época, procurando colar-lhe uma ignóbil conivência do regime neomonárquico). Ora, o posterior triunfo da deriva republicana vai acentuar ainda mais o paradoxo: por um lado, acontece na política metropolitana aquilo que Pessoa, testemunha do evento, lapidou como uma "oligarquia de bestas", com todo o seu arraial estrangeirado de usos, abusos e balbúrdias. Mas, por outro, a nível ultramarino, decorre toda uma actividade febril pelas áfricas em prol da consolidação e expansão do Império. E é de tal ordem esta prioridade, que Portugal embarca na carnificina da 1ª Grande Guerra como expediente político para garantia das colónias no Pós-Guerra. Neste âmbito, aliás, a 1ª República foi revolucionária de um modo frívolo, superficial e bacoco (como, de resto, é sempre esse tipo de transtorno xenofago), mas, bem no fundo, foi ferozmente conservadora: animava-a a pulsão territorial que entre nós mana e prevalece desde os primeiros reis. Quer dizer, na política ultramarina procurava recuperar um elan que de algum modo estaria a perigar com a descaracterização monárquica. Até porque, desde D.João II, era o império que determinava o reino. Como era novamente o império que determinava a República. É entre 1913 e 1915 que Teixeira Pinto consegue o inimaginável: com meios e recursos exíguos, mas uma audácia tipicamente portuguesa em matéria de trópicos, cumulada duma eficácia realista de métodos, pacificou o vespeiro da Guiné (e duma forma particularmente retumbante).. Teixeira Pinto merecerá, com inteira justiça, um postal especialmente comemorativo, mas registe-se, desde já que foi o único cabo de guerra poruguês que mereceu honras de "exterminador colonialista" por parte da futura "historiografia marxista" do PAIGC. Maior louvor e melhor atestado de bravura e  grandeza seria difícil!...
Em todo o caso, convém que fique bem claro que entre a realidade e a propaganda republicana mediava uma distância considerável. A monarquia constitucional, com todos os seus problemas - cinco bancarrotas não é para meninos - e todas as suas descaracterizações, não tinha, ainda assim, descurado como se pintava o império. Procurara defender, na medida das suas fracas forças e recursos, o território ultramarino. O falhanço do mapa cor-de-rosa e o ultimato inglês que lhe deu forma foram resultado mais da rapacidade e tradicional traição inglesa (suposto aliado) do que, propriamente, de qualquer incúria metódica do regime. Foi a monarquia que estabeleceiu as fronteiras de Moçambique, derrotando o império Vátua (Mouzinho de Albuquerque e o célebre episódio de Chaimite); foi a mesma monarquia que desbravou e estabeleceu as marcas em Angola - depois do desastre do Vau do Pemba, em 1904, o exécito português voltará ao Cuamato, em 1907, agora com Alves Roçadas e vingará a derrota de três anos antes. E a forma como os portugueses surpreendem e impressionam fortemente os seus ferozes adversários merece destaque: não foi com canhões nem metrelhadoras, que isso os outros já conheciam e estavam prevenidos: foi com cargas brutais de baioneta calada. E foi como se os lusos combatentes descessem  ao método tradicional dos africanos e os batessem, homericamente, sem próteses tecnologicas, em duelo limpo, no seu próprio campo. Quem tenha experiência de guerra em África sabe como o efeito  psicológico é determinante.
Tudo isto para referir apenas o óbvio incontornável: a defesa intransigente, concertada e perseverante do ultramar português é uma tradição arreigada de séculos na história de Portugal, que irmana no mesmo desígnio fundamental  regimes tão díspares  como as duas Monarquias, a primeira República e o Estado Novo. Em todos esses períodos sobressai uma constante: o primado territorial sempre prevaleceu sobre o critério mental.
Ora, o que acontece em 25 de Abril de 1974 é a rotura completa  não apenas com um regime (como se quis e ainda se insufla fazer crer) mas com a história inteira duma nação e, ao fim e ao cabo, com a estrutura existencial dessa nação e respectivo povo. Sucede a inversão da regra paradigmática que tinha presidido a séculos: o critério  mental (agora ideológico) sobrepunha-se  ditatorialmente ao primado territorial. A "revolução dos Cravos" não consistia, assim, num empreendimento anti-fascismo, mas numa empreitada anti-Portugal.  Uma empreitada levada a cabo por moços de frete, em procuração voraz (e, em larga medida, acéfala) de interesses alógenos. Desse modo, a nação entregou partes seculares e exorbitantes de território (e respectivas populações) ao repasto internacional, ao mesmo tempo que se rendia, no resquício restante, à ocupação das armas/ideias estrangeiras, em prol da perpétua submissão. Para cúmulo, o critério mental impõe-se como primado despótico precisamente quando ele próprio prima pela completa ausência, ou seja, quando o que preside e avassala é o mais completo descritério mental de sempre.
Falar em traição peca por muito escasso. É algo bem mais abaixo, que  coloca grande quantidade destes nossos supostos compatriotas numa confraternização amena e prazenteira com os vermes, as lesmas e demais invertebrados que militam na podridão.
Subitamente, o alambique não desatou apenas a pingar o 8. Descobriu-se, alarve e cobardemente, que oito já era oitenta, senão mesmo oitocentos. É nisso que vamos.
Já não se trata de qualquer nível de paradoxo. Não há no 25 de Abril ponta de portuguesismo. E não sobressai apenas o triunfo, como lapidou António José Saraiva, do instinto das tripas. É uma descida colectiva à abjecção, ao abismo... Mais mesmo que a nanificação a uma Liliput, uma regressão a colónia de micróbios... Uma abjecção que, entretanto, se banalizou,  se normalizou,  se tornou "moral". Que se exibe, que se ostenta, que se arrota. Em grupo, em bando, em súcia, preferencialmente. Que nestes 40 anos apenas se entranha e propaga.  E de que as redes sociais, e a internet em geral, se tornaram, sòmente, na última montra.
Nada disto reclama (ou sequer permite) explicação: reclama apenas camisa de forças.

PS: Permitam-me agora um intervalo por força emética, e já retomo a questão da heterogeneidade endémica do nosso império, à qual o caso dos degredos apenas serviu de intróito

sábado, maio 07, 2016

Das Pseudo-nações




Quase seria capaz de apostar dobrado contra singelo que os leitores não adivinham quem foi o autor do texto que a seguir se transcreve. Falarei dele num postal próximo da Acromiomancia Ultramarina. Mas para já fica, com meridiana clareza, um paralelismo estarrecedor entre o Portugal nele descrito e o Portugal actual. 
Acorre-nos à mente aquele célebre aforismo do "Leopardo": «é precsiso que tudo mude para que tudo fique na mesma».

Entretanto, caso se queiram deitar a adivinhar, façam favor. Mas tenho sérias dúvidas que acertem.




«A monarchia liberal, meu príncipe, morreu ao nascer. Foi muito festejada porque abriu as portas de algumas prisões e deslaçou o nó de algumas cordas de enforcado, além de que deu satisfação a alguns theoricos de má morte. Mais nada. Apenas entrou em funções, os portugueses voltaram-se contra ellla e declararam-lhe uma guerra que só terminou vinte anos depois. Pela victória? Nâo! Pela derrota. V.M. deve saber isto. A avó de V.M., a senhora D. Maria da Glória, só conseguiu obter a paz em Portugal, com o auxílio das armas estrangeiras.
Uma nação pacificada pela força das armas estrangeiras é uma nação morta. Não há a esperar d'ella senão os fructus da humilhação: o desanimo e o abatimento n'uns, o servilismo e a corrupção n'outros. Foi o que nos succedeu. Na occasião em que Portugal expirava viu-se de um lado Herculano chorando e do outro Rodrigo da Fonseca, rindo. O futuro é dos cynicos e por cynicos passou Portugal a ser governado até hoje. Cadaver abandonado é pertença de milhafres. Portugal foi esse cadaver abandonado. Os milhafres foram os seus governos.
Terminara o drama: começou a comedia: a comedia dos principios mortos, a comedia dos partidos que já não tinham razão de ser, a comedia das luctas simuladas, a comedia das paixões fingidas. Essa comedia se representou durante os dois reinados do senhor D.Luiz e do senhor D.Carlos. Falsificou-se um Estado - caso novo na história - e falsificou-se tudo o que lhe dizia respeito. Falsificou-se uma opinião que não havia, falsificou-se um parlamento de falsos representantes, falsificou-se um executivo que d'esta fraude recebia por sua vez mandato, falsificou-se uma imprensa e uma tribuna de governo e de oposição atribuindo-lhes anatgonismos que não tinham, falsificou-se a justiça com uma magistratura de compadres, falsificou-se a contabilidade pública, falsificaram-se orçamentos, falsificou-se a moeda.
Tudo foi simulado, tudo foi fingido. Uma só coisa era real - a ruina.
Mas os povos não teem o direito de se arruinarem, sobretudo à custa dos outros. A ruina trouxe a bancarrota. Quando o senhor D.Carlos subiu ao throno, o paiz fallia, chamava credores, entregava o rendimento das alfandegas, como mais tarde havia de entregar os dos caminhos de ferro, os dos tabacos, os dos phosphoros, até chegar aos derradeiros expedientes em que hoje se debate fazendo dinheiro pelos processos melodramaticos dos Trinta annos, ou a vida de um jogador.
Esta obra, entretanto, não produzia os seus effeitos sobre um organismo extincto. O povo, é sempre o mesmo e é sempre outro. Constantemente se renova. Constantemente renasce. O Portugal da senhora D.Maria da Gloria morreu; morreu com Herculano, com os Passos, com José Estevam e os Ribeira de Sabrosa, mas outro nasceu, filho d'esse, que, herdando as suas decepções, começo por fazer d'ellas o scepticismo bonacheirão que deu o Zé Povinho e acabou por os levarao estado congestivo de revolta que deu o Buiça. Do Zé Povinho ao Buiça que longa estrada! O Zé Povinho era o chamado - povo indifferente, povo aphatico, povo morto. Na realidade era o - Desprezo. Eram as urnas desertas, eram os cidadãsos de mãos nos bolsos, encolhendo os ombros e dizendo que "tão bons eram uns como os outros". Na realidade, era a nação recusando-se a collaborar na comedia. A ficção não era já uma ficção: era um escandalo cada vez mais clamoroso. A falsificação fazia-se a escancaras. Porque não? Porventura alguem a impedia? O povo ria. Dividia-se o paiz como os piratas dividem o producto de um saque - bulhando. os politicos tratavam-se reciprocamente de ladrões. O avô de V.M., o senhor D.Luiz, era acusado de cubrir com o seu manto, acusação injusta porque o manto era pequeno e os ladrões eram muitos. Nada se salvava, nem as apparencias, e para quê? O povo ria, ria com as mãos nas ilhargas. Os politicos gabavamn'o: Bom povo! Não ha melhor povo! E, com effeito, não havia. O povo não sabia o que era protestar e dava tudo o que lhe pediam: contribuições, soldados, victimas da Assistencia Nacional aos Tuberculosos, Albarda, real senhor! Clamavam os pamphletarios. O povo deixava-se albardar. era um jumento bom.»

 É preciso nunca esquecer que as "ideias" constituem um dos mais venenosos tipos de "arma". É sempre útil ter isto em mente, especialmente ao (re)ler trechos sumamente verdadeiros como este, em epígrafe: 
«Uma nação pacificada pela força das armas estrangeiras é uma nação morta. Não há a esperar d'ella senão os fructus da humilhação: o desanimo e o abatimento n'uns, o servilismo e a corrupção n'outros.»


sexta-feira, maio 06, 2016

Teoria da Transplantação



Parece que esta pequena peça de humor geopolítico (bastante conseguido, reconheça-se) está a gerar fortíssima celeuma por esse mundo. Especialmente no Reino Unido, esse baluarte da "liberdade de expressão", onde, à conta da piada em epígrafe, já ocorreram purgas no aparelho do partido Trabalhista.

Falando, entretanto, com franqueza, não sei se a relocalização do Asilo de Israel nos Estados Unidos resolveria grande coisa. Se fosse mesmo para resolver o problema, só talvez no planeta Marte e mesmo assim... 

Em todo o caso, não vejo porque é que Israel não deverá ser sujeita às condições de todos os outros estados. Se têm força para se aguentarem, que se aguentem. Mas sem mama, chucha, colinho e miminho, que só contribuem para exacerbar e desmesurar uma criancinha birrenta e obnóxia que apenas gera a justa vontade em qualquer povo adulto de lhe desfazer a tromba à porrada.
Há para aí tanto anormal que se diz "proud friend of coiso" e, na verdade, não passam dos piores inimigos. Ser amigo deles é ajudá-los, até para o próprio bem, a fazerem-se uns homenzinhos. A deixarem as fraldas borradas e aprenderem, duma vez por todas, a assoar a porcaria do nariz. Se estão condenados à penca, ao menos que a usem limpa.

PS: Uma vez, aqui há anos, por inerências profissionais, fui visitado no local de trabalho por uma delegação israelita. Chegaram com aquele ar arrogante e irritante (que o Natalinhão é useiro e vezeiro).  Uma hora de trato à antiga portuguesa e saíram de lá uns tipos civilizados, gratos e trocando abraços. Direi mais. os isreaelitas genuínos até nem são o problema maior: são  os de imitação. E os marranos. Foda-se, marranos é que eu não suporto!... Sobretudo, marranos ideológicos e facciosos. Os judas da praça, como diriam os ancestrais.

terça-feira, maio 03, 2016

Acromiomancia Ultramarina - III. O Paradoxo Português





«Em África, os portugueses abrem, rasgam, iniciam, levantam constroem, produzem, rebentam ou triunfam, e quase sempre triunfam - e mandam para as urtigas do inferno as Nações Unidas e os sagrados princípios dos outros. Em Lisboa, debate-se,, discute-se, duvida-se, hesita-se - e parece que há quem passe noites de insónia a ponderar se o facto de Portugal não cumnprir uma resolução da ONU prejudica a humanidade, ou a tremer como vara verde perante o desprazer americano, ou britânico, ou afro-asiático. O que assombra é que os nossos intelectuais, ou os nossos altruístas, ou os nossos sujeitos de grandes princípios, não vêem que as potências inventam os princípios que servem os seus interesses e que se riem da humanidade, e do progresso e liberdade dos negros, e dos direitos humanos dos outros, etc. Há cegueira até mais não poder.»
- Franco Nogueira, in Diário 1960- 1968  (22JUN1966)



«Então, vejamos: qual é a caracterí­stica mais forte do português?...Esperteza saloia, mesquinhez, balbúrdia, burrocracia, inveja, superficialidade, bacoquismo, futebolite, hipocrisia?...É certo que estas abundam, mas serão realmente o vértice?... Não restam dúvidas que o português adora falar ao telemóvel e guiar o automóvel (de preferência as duas em simultâneo), mas quanto a mim há algo que ainda supera estas delí­cias e o deixa, mais que derretido, babado...Não adivinham? Eu digo: Mirar. Pois, mirar e remirar com a maior das gulas. O português não come com os olhos, empaturra-se. E não há dispepsia que o aflija: digere tudo! É uma gibóia insaciável, uma anaconda voraz. Mas nada de voyeurismos ou espreitadelas subtis, de soslaio, como quem não quer a coisa. O verniz não lhe quadra...gosta mesmo é de plantar-se defronte dos acontecimentos, das coisas e, sobretudo, dos desastres, das cenas degradantes e empanzinar-se, tirar a barriga de misérias, ou melhor, enché-la! Não se pode exigir aos portugueses que apaguem incêndios, quando, na verdade, o que eles gostam mesmo é de vê-los, apreciá-los, na sua beleza feérica, catastrófica (e quem sou eu, dragão, para os criticar nesse caso especí­fico...) Diante da própria casa a arder, o português deve ser único no mundo a experimentar sentimentos contraditórios: por um lado "ai que desgraça!,minha rica casinha!..."; por outro, "compõe-te mulher, vem ali os senhores do telejornal!..." Da mesma forma, é absurdo incitá-los a que se levantem da desgraça, da miséria mental e fí­sica em que vivem, qual país prostrado, rastejante, mendigabundo, quando, acima de tudo, o que eles mais gostam é de contemplar misérias, desgraças, ignomí­nias, hecatombes, nem que sejam as suas! Aliás, sobretudo as suas!...Para que quereriam eles um paí­s organizado, seguro, planificado, ordeiro: só se fosse para morrerem de tédio! Tanto mais, que nenhum sarrabulho lhes chega, nenhuma confusão lhes basta: mergulhados numa babel monumental, eis que anseiam emigrar para as áfricas ou brasis, só porque sonham que aí a balbúrdia ainda é maior!... E é, graças a Deus!... O caso dos acidentes aparatosos e sanguinolentos (ou melhor será dizer, massacres?) nas auto-estradas serve de modelo alegórico...Quem já não assistiu às tripas do semelhante em exposição gongórica nestas galerias? E as filas de basbaques que logo se formam? E os desastres subsequentes, como que por simpatia (por simpatia mesmo) que, regra geral, se encadeiam? A malta a ver, a absorver morbidamente, com volúpia... a assistir, a esquadrinhar, a pesquisar, à  cata de minúcias e detalhes, quanto mais escabrosos, repugnantes, melhor! Uma corja, sem dúvida. O português conforta-se na sua própria repugnância, engrandece-se e regozija-se na proporção directa da desgraça alheia. O seu bem, a sua sorte, só são reconhecí­veis, assinaláveis a partir da desgraça e do azar dos outros. Puta de gente! E eu, apesar de dragão, sou um deles. Ninguém escapa: vem com o Tejo, os sobreiros, o azul único do céu e tudo o que faz com que este lugar seja este e não outro. Os gregos chamavam-lhe "moira"; nós chamamos-lhe "destino".»

- in Dragoscópio,  18 de Dezembro de 2003





No primeiro postal que publiquei neste batel, acima citado, já lá vão mais de 12 anos, debrucei-me sobre esse deleite (e também requinte) nacional: o desastre. O português é um contemplador voluptuoso do desastre e mesmo a sua própria casa a arder submerge-o uma espécie de êxtase mórbido. Inserir-se-á a "debandada" nessa categoria? Será uma forma de cogito nacional - Debando, logo existo?  Difícil se torna negá-lo. Há, pelo menos, que ponderá-lo seriamente. Até porque "debando, logo existo" equivale a "desisto, logo existo", indício mais do que incriminante para um povo que, sobretodos, adora tripular o paradoxo. A ideia, de resto, não é minha: escutei-a ao saudoso Agostinho da Silva. Faço-lhe apenas uma ligeira adaptação. Definia-se ele (e é difícil imaginar um protótipo mais genuíno de português do que mestre Agostinho) como não habitando nem o ortodoxo nem o heterodoxo, mas o paradoxo. Ora, haverá povos mais ortodoxos e povos mais heterodoxos, mas mais paradoxal que o português não há, quase posso jurar, nenhum.. Querem uma lista de fórmulas típicamente portuguesas? Aí vai: resistir à coragem; empielar-se de lucidez; desenrascar um plano; racionalizar o absurdo; etc, e por aí fora.
O certo é que o mistério da debandada não se resolve com bodes expiatórios.  Não debandamos apenas por causa de comunistas, jacobinos, liberdadeiros, ou qualquer outra estirpe ou variedade de estrangeirina que injectamos ciclicamente para a veia, ou enfiamos, invariavelmente, em forma de supositório pelo fundilho do anti-pensamento acima. Também não debandamos apenas por razões de desorganização viciante. O facto é que debandámos em todos os regimes, épocas e climas, bem como nas mais diversas circunstâncias metodológicas, quer armando ao mais estouvado dos graneis, quer urdindo a mais cuidadosa das engrenagens.  Da ponta norte de África à ponta sul, só para nos confinarmos ao continente onde, ao fim e ao cabo, mais nos recreámos, em mais de quatro séculos, há exemplos abundantes de tudo isso. Cito até um caso de assombrosa engrenagem  - o dispositivo militar em Angola, em 1973, a mais espantosa, aperfeiçoada e bem sucedida máquina de contra-subversão na história da humanidade, e não estou a exagerar minimamente -, que, não obstante, teve o patético desenlace que se conhece. Como poderia apontar, em sentido diametralmente oposto, de granel ambulante, a expedição que, em 1904, na Ovambolândia, após uma sucessão  grosseira de asneiras, conseguiu meter-se na "boca de saco" dos Cuamatos (tipos altamente bravos e tesos, do Sul de Angola, fronteira com a Namíbia) e aí soçobrar, massacrada, uma grande quantidade, e em salve-se quem puder alucinado os restantes (até houve quem lhe chamasse o nosso "alcácer-quibir ovambo"). Ora, a razão principal porque não se resolve com bodes expiatórios é porque se trata dum atavismo. Meteu-se-nos na massa do sangue.
Só que a debandada não esgota o sumo da  natureza aventureira do português. O luso alambique não destila apenas a surrapa do 8: destila igualmente o néctar do 80. Pois, é também capaz do mais extraordinário dos heroísmos, equipado que está (ao nível de África, pelo menos, isso é indiscutível e encontra-se sobejamente estabelecido pelo rol de acções registadas ao longo da história) duma dureza  e rusticidade acima de qualquer outro povo europeu. África é o nosso quintal (ou a nossa praia, como agora estimam de  idiomatizar). Ainda hoje, quando desembarco em Luanda, Bissau ou Lourenço Marques (agora chamam-lhe Maputo), não me sinto no estrangeiro. E mesmo em Pretória ou Joanesburgo não anda muito longe disso. Direi mais: África sem nós, portugueses, é uma cidade fantasma. Ainda a este propósito, do carácter paradoxal da nossa gente, tão apta a debandar como a resistir, conto um episódio da minha história pessoal: um dia, estando este vosso criado em Centurion, na África do Sul, em casa dum antigo oficial do Búfalo 32, num grupo de convivas onde figuravam também um antigo piloto de helicóptero aul-africano e um ex-sargento dos Rekys rodesianos (decorria a época do pós-apartheid, ascendera o Mandela à presidência), e pergunto eu: e agora, cavalheiros, qual vai ser o futuro disto? As opiniões coincidiam numa certa degradação fatal de infraestruturas e serviços, mas, apessar de tudo, tencionavam ficar. Afinal, era a terra deles. Tinham esperança que, com os solavancos inerentes, a coisa lá andasse sem descarrilamentos aparatosos. Os ingleses, é certo, já tinham cavado todos. Mas a bitola não era essa. Segundo eles, iam ficar atentos aos portugueses (e há lá muitos, inúmeros refugiados de Angola no pós-descolhonização). Comunicaram-me nestes precisos termos: no dia em que os portugueses fizerem as malas e partirem, aí, sabemos, que isto foi tudo por água abaixo.
A África Austral tem, ou tinha ainda há bem pouco tempo, um alto conceito pelos portugueses. E isso é compreensível a vários níveis e perspectivas. Em primeiro lugar, os portugueses eram o garante duma África Austral próspera e geradora de condições de uma efectiva independência em relação aos blocos, quer comunistas, quer anglianígenas. A presença portuguesa não sustentava apenas Angola e Moçambique: escorava igualmente a Rodésia e a África do Sul. Nesse sentido, Portugal não se batia apenas pela defesa do seu território e dos seus interesses soberanos, mas igualmente pela consolidação do seu próprio "bloco". Quando se diz que Portugal estava isolado efabula-se manhosamente outro dos mitos rafeiros com que, ad nauseam, se endromina o otário. Portugal estava na Nato, na OCDE (ao tempo de Caetano, progredia claramente em direcção o Mercado Comum europeu) e "presidia" ao bloco da África Austral (onde, saliento, não apenas a Rodésia e a África do Sul pontificavam, mas também o Malawi e, a seu tempo, a própria Zâmbia teria que se inclinar). Mesmo o Congo do tempo de Tschombé alinhava com os portugueses. Em 24 de Junho de 1964, pode ler-se no Diário de Franco Nogueira:
«Golpe de teatro no Congo. Tschombé partiu para Léopoldville. Enviou uma mensagem "a Salazar e Nogueira dizendo que nunca trairia Portugal, não era injusto, e esperava com Portugal construir a África" . Também Modiho Keita envia outra mensagem: o Mali deseja cooperar com Portugal em Africa. Talvez possamos vir a fazer uma grande política.»
E mais adiante, a 27 do mesmo mês:
«No Forte do Estoril, o chefe do Governo, Araújo e eu examinámos o problema do auxílio solicitado por Tschombé: ficou resolvido fornecer cinco mil espingardas automáticas (se a Espanha não se pontificar a faz~e-lo) e outros apoios logísticos, como víveres, medicamentos, etc. Financiamentos e armamento mais pesado ficarão a cargo da África do Sul. Ian Smith passa por Lisboa a caminho de Londres.»
Longe do isolamento lendário que algumas cabecinhas de alho chocho, a reboque da carroça jornalixeira e doutras telenovelices de cheiro, imaginam, Portugal coordenava toda uma manobra geopolítica conjunta, que não apenas não prestava a atávica vassalagem aos anglianígenas como, em caso de interesse soberano nacional, contra eles urdia (como era caso flagrante o apoio à independência da Rodésia e o estreitamento de relações com a África do Sul). Ou seja, em matéria de política externa e capacidade de influência,  muito ao contrário da passividade actual,  Portugal primava pela actividade. Era uma nação activa dotada de princípio de movimento próprio, ou seja, era um Estado vivo.
Entretanto, militarmente, Portugal recebia ajuda efectiva da França e da RFA (e lograva cooperação activa no teatro de operações de forças e meios rodesianos, em Moçambique, e sul-africanos em Angola ). Aliás, cumpre especificar que, quando após a subida de Willy Brandt ao poder, a RFA começou a deixar de ser tão prestável ao nosso reabastecimento militar, transferimos essa cooperação para a África do Sul (passou esta a fornecer-nos, por exemplo, os Alluett III, se necessário com pilotos e tudo). Mesmo os Ingleses, sempre tão peritos em roer a corda e em minar alianças, foram tratados por Salazar com hábil eficácia e acabaram por colaborar. Como demonstra, de forma emblemática, um episódio relatado por Franco Nogueira:
«Lisboa, 17 de Agosto de 1962 - Há meses, o embaixador de Inglaterra, formal e vitoriano, comunicou-me que o Governo de Sua Majestade não nos venderia mais qualquer armamento, nem uma pistola, nem uma bala. Quando informei Salazar, este comentou: "Vamos comprando noutros sítios, até o Governo de Sua majestade nos perguntar por que não compramos em Inglaterra". Hoje, o mesmo embaixador britânico veio anunciar-me que o seu governo está pronto a vender a Portugal quanto armamento quisermos, mesmo para uso em África. Salazar conhece bem a política e o temperamento britânico.»
A mesma mentalidade britânica que, ao mesmo tempo, mandava os canadianos pressionarem os alemães para que estes apenas vendessem armamento a Portugal com cláusula de não utilização em África (mero expediente comercial, portanto, de índole a prejudicar o balcão concorrente).

E aqui chegados, temos que confrontar-nos com mais  esse paradoxo português: o de uma pequena nação europeia possuir essa  extraordinária capacidade de projectar uma sombra enorme no mundo e sobremaneira em África. Uma capacidade que remonta a um Rei e um Infante memoráveis, que toda a monarquia, mesmo a constitucional, bem como a Primeira República honraram sem mácula, e que teve o seu derradeiro avatar nesse enigmático homem que, sem quase sair do seu gabinete, conseguia também projectar-se, superlativamente, no tabuleiro do mundo. Apodaram-no que não viajava, não saía, não ia mirar e remirar como Tomé, ou plantar-se embasbacado defronte dos acontecimentos, como cumpre ao tugarístico peregrinus que se preze. Que assim traiu  e descurou a devoção-mor da espécie, e por conseguinte merece eterno opróbrio e pública repulsa. E, no entanto, se o corpo aparentou uma vida de recolhimento monasterial, já o espírito, esse, quase posso jurar, jamais se deixou confinar pelas estreiteza das paredes, dos horizontes, sobretudo dos medos que tolhem, e, bem pelo contrário, viajou constantemente pelos diversos continentes, alto, atento e arguto, como, infelizmente, poucos estadistas europeus, dignos desse duplo título, nos últimos 100 anos, se podem gabar. E o resto nem sequer é conversa: é ruído.


PS: O Nosso desastre do Vau do Pembe (ou Umpungo) contra os Cuamatos saldou-se em cerca de 250 baixas (o nosso maior desastre em África). Cuamatos que eram bravíssimos, equipados já com armamento moderno - variadíssimos tipos de espingardas. Atirámo-nos ao vespeiro com cerca de 500 homens. Os ingleses, mais bem armados que nós, contra zulus apenas com armas tradicionais, perderam mais de 1500 militares europeus em Isandhlwana. Em cerca de três anos de guerras contra os mesmos ovimbundos (Cuamatos e compª), os alemães perderam para cima de 3000 homens. Mais tarde voltámos lá com mais calma, bem comandados, e metemos os Cuamatos na ordem.
Note-se que o Gomes da Costa, que mais tarde viria a comandar o 28 de Maio, participou na batalha do Vau de Pembe.
aqui uma excelente e literária descrição desse nosso "Alcácer-Quibir ovimbundo". E a morte do capitão Roby evoca, nitidamente, esse outro desastre maior da nossa história:
«Nesse instante decisivo está tal como ficou no seu auto-retrato, o mesmo ser nodo­so, agudo, todo em arestas, nunca seguindo o trilho da estrada comum, sempre aos saltos pelos valados, aos ziguezagues pelos carreiros, tendo teimas invencí­veis, energias de herói, resistências de mártir. Mas Roby, que vê crescer a massa de guerreiros inimigos, sente afinal que não é humano pedir o sa­crifício maior àquele punhado de soldados sem moral, já só impelidos pelo ins­tinto de conserva­ção, que o fitam de rostos compungidos. Então, como num adeus, diz-lhes: Quem puder retirar, retire.E, metendo esporas ao cavalo, galopa solitá­rio em direcção ao inimigo, de espada desembainhada e revólver em punho. Mais do que uma luta breve e desigual, vai tratar-se de uma verdadeira auto-imolação, que os deuses es­colheram para despedida do arcanjo da guerra que deitaram a este mundo. Roby engolfa-se no mar de guerreiros negros que disparam sobre ele, tomba do cavalo sob um refulgir brusco de lâminas sem clemência. Alto, magro, esgalgado, tri­gueiro, o herói travou o seu último combate.(...).»

Mais uma vez o paradoxo: em plena debandada, um português lança-se à carga, ao ataque!... Dizem que o nosso último rei de Avis também foi assim que tombou.

domingo, maio 01, 2016

Epitáfio para um Império

Escrevia-o Franco Nogueira em 1 de Agosto de 1967:

«Somos grandes em África. E pequeninos são alguns espíritos na metrópole, que pensam e agem sempre de forma pequenina. São os intelectuais muito sofisticados, muito escrupulosos, muito sabedores, muito evoluídos, muito superiores, que têm profundas e doutrinas sábias e elevadas, e que para resolverem problemas se metem em complexas construções e manobras que sacrificariam os portugueses brancos e pretos - mas quem cuida dessas minúcias? - e que levariam à perda do Ultramar. No fundo, têm outra escala de valores, quando não são simplesmente cabotinos, pedantes intelectualmente, sob a influência dos estrangeiros. No fundo, não sentem a grandeza do Ultramar, têm horizontes bem limitados, e são incapazes de ver em grande e rasgado, e impotentes para terem convicções ou lutarem por uma causa. Para esses, tudo é Europa, e deslumbram-se com as galas da Europa, as reuniões da Europa, com punhos de renda e entreténs de salão. No fundo, repugna-lhes a África: tem muitos negros, e selva, e bicharia, e poeira encarnada, e rios de água barrenta e salobra, e ar quente e húmido. Decerto: a África não é só isso; mas, para esses, é isso. Aqueles tais são uns quadrilheiros da pequena política: e fazem passar os seus problemas e ambições pessoais, ou do seu grupo, adiante dos problemas nacionais.»

- Franco Nogueira, "Um político confessa-se (Diário: 1960-1968)"

O Post-Scriptum ao epitáfio:

«Conseguiram-se coisas hoje inconcebíveis, como a neutralidade na II Grande Guerra Mundial.
Conseguiu-se também, pela primeira vez desde Pombal, pôr fim à tutela inglesa, que fora confirmada com sangue na I Guerra Mundial.
Hoje vemos, com uma dura clareza, como o período da nossa história a que cabe o nome de Salazarismo foi o último em que merecemos o nome de nação independente. Agora, em plena “democracia” e sendo o povo “soberano”, resta-nos ser uma reserva de eucaliptos para uso de uma obscura entidade económica que tem o pseudónimo de CEE”.»
 
- António José Saraiva, in Expresso de 22 de Abril de 1989