quinta-feira, dezembro 07, 2023

Zombipolis, ao virar da esquina do puguesso

 Uma viagem ao mundo da panaceia liberalizante. O resultado é basicamente o mesmo que o do seu gémeo socializante: só que leva muito menos tempo. De notar como, para não variar, a sanitarização avança de mão dada com a liberdinarice..




quarta-feira, dezembro 06, 2023

O último Refúgio


 

segunda-feira, dezembro 04, 2023

Panopticum e outras distopias



 «As taxas de criminalidade Americanas sempre foram mais elevadas do que a maioria dos países europeus. O que é novidade é o recurso nos Estados Unidos a uma política de encarceramento maciço, em substituição dos controlos comunitários enfranquecidos pelas forças do mercado desregulado. Ao mesmo tempo, os americanos ricos estão, em número crescente, a afastar-se da co-habitação com os seus concidadãos, recolhendo-se a propriedades comunitárias muradas. Cerca de 28 milhões de americanos -mais de 10% da população - vivem hoje em prédios ou condóminos com guardas privados.

Nos fins de 1994, mais de 5 milhões de americanos viviam sob uma forma ou outra de restrições legais. De acordo com os números do Ministério da Justiça (Department of Justice), cerca de 1,5 milhões estavam encarcerados - em prisões estaduais, federais ou municipais. Isto significa que 1 em cada 193 adultos americanos está preso, o que corresponde a 373 em cada 100.000 americanos. Este número era de 103 em 100.000 quando Ronal Reagan foi eleito presidente. 3,5 milhões de americanos estavam em liberdade condicional.
A taxa de encarceramento dos Estados Unidos no fim de 1994 era quadrúpla da do Canadá, quíntupla da da Grã-Bretanha e catorze vezes superior à do Japão. Apenas a Rússia pós-comunista tem uma percentagem maior dos seus cidadãos atrás das grades. Na Califórnia, cerca de 150.000 pessoas estão presas. A população da Califórnia na cadeia é agora oito vezes superior à de 1970. Excede a da Grã-Bretanha e a da Alemanha juntas.(...)
A confluência de divisões e antagonismos étnicos e económicos nos Estados Unidos não tem equivalente em nenhum outro país desenvolvido. O mercado livre produziu uma mutação no capitalismo americano, em consequência da qual ele se assemelha mais aos regimes oligárquicos de alguns países latino-americanos do que à civilização capitalista liberal da Europa ou dos próprios Estados Unidos em fases mais recuadas da sua história.(...)
Os níveis de todos os crimes de violência, excepto homicídio, são consideravelmente mais elevados na América do que na Rússia pós-comunista. Em 1993 houve 264 roubos por 100.000 habitantes (contra 124 na Rússia), 442 assaltos (comparados com 27 na Rússia) e 43 violações (9,7 na Rússia). (...)
O assassínio de crianças é particularmente comum nos Estados Unidos. Cerca de três quartos dos assassínios de crianças no mundo industrializado ocorrem nos Estados Unidos. Entre os 26 países mais ricos do mundo,os Estados Unidos têm de longe as maiores taxas de suicídio infantil e de homicídios e outras mortes relacionadas com armas de fogo.(...)
Em 1987, a mortalidade infantil no Harlem oriental e em Washington DC era praticamente a mesma que na Malásia, na Jugoslávia e na antiga União Soviética. Um bebé nascido em Xangai em 1995 tinha menos probabilidade de morrer no primeiro ano de vida, maior probabilidade de aprender a ler e uma esperança de vida dois anos mais longa (até aos 76 anos) do que um bebé nascido em Nova Iorque.
As elevadas taxas de encarceração e de crime nos Estados Unidos estão acompanhadas por números igualmente excepcionais de litígios e de advogados. A América tem pelo menos um terço de todos os advogados do mundo.(...)
Os condóminos privados, murados, fechados e vigiados electronicamente que protegem os habitantes dos perigos da sociedade que abandonaram são a imagem das prisões americanas. Erguem-se como símbolos do esvaziamento de outras instituições sociais - a família, a vizinhança e mesmo o emprego - que no passado suportavam o funcionamento da sociedade. A combinação de prisões de alta tecnologia e empresas virtuais pode tornar-se o emblema da América dos inícios do século XXI.
Na América do fim do século XX, o mercado livre tornou-se o motor de uma modernidade perversa. O profeta da América de hoje não é Jefferson ou Madison. E ainda menos Burke. É Jeremy Bentham, o pensador iluminista britânico do século XIX, que sonhava com uma sociedade hipermoderna reconstruída segundo o modelo de prisão ideal
                                     - John Gray, "False Dawn"

É deveras sintomático que muito antes do Big-brother na hiper-vigiada distopia de Orwell, o paradigma da engenharia ultra torcionária tivesse germinado com Jeremy Bentham, no seu famigerado Panopticum. Tratava-se, basicamente, duma arquitectura de vigilância perfeita - uma construção circular em volta dum "óculo central" que tudo perscrutava em modo permanente e subtil (nunca sabiam os vigiados quando o "olho " os contemplava activamente). É difícil imaginar uma "utopia" menos livre ou natural (quanto a "humana", o termo é seguramente discutível, dadas as estarrecedoras evoluções do mesmo). A mim, pelo menos, dá-me volta ao estômago. Todavia, e muito compreensivelmente, o Panopticum foi mandado traduzir e publicar, como obra mui educativa, em 1791, pela Assembleia Nacional, dos revolucinhários franceses. Mas estas bestas vão ainda mais longe: em 1792, concedem mesmo a cidadania a Bentham - e a mais 17  outras insignes estrangeiros, "amigos da liberdade e da fraternidade universal que empenharam os seus braços e as suas vigílias no banimento dos preconceitos da terra», todos eles. É claro que para tão distinto prémio, não terá contribuído menos o seu peregrino cunhamento do termo "internacional" no seu "Plan for an Universal and Perpetual Peace", onde preconiza a "criação duma Dieta europeia, a redução das forças militares e a emancipação das colónias". Esta ideia duma "paz perpétua", segundo os princípios da razão, já a encontramos em Kant (tanto como, noutros moldes e variações, em Herder, Proudhon, Fourier, Saint-Simon et al) e o seu alcance profundo alveja, a limite, um "governo mundial" supranacional, ou melhor dizendo, "um estado federal planetário" panoptimum (e panopticum), ao leme duma "cosmopolítica". Esta ideia fervilha durante a própria Revolução Francesa que, a partir dum dado momento, já se antevê como o episódio inaugural duma Revolução Universal. Um dos seus principais arautos é um barão alemão convertido à nova cegada, um tal Cloots, deputado à Convenção (que se auto-alcunhou, entretanto, de Anacharsis). Palhadina furiosamente, com o fervor dos esquizofrénicos, pela república universal (qual Trotsky avant la lettre). Do mal o menos: imaginem só, será o próprio Robespierre a acabar-lhe com o circo. Eventualmente irritado não sei se tanto com a ideia alucinada, se com o  inusitado protagonismo. Mas a semente fica. E não mais parou de desabrolhar.
Do Panopticum, falta apenas referir que foi congeminado pelo autor como modelo ideal para prisões, hospitais e escolas. O futuro é o principal cúmplice das distopias. 

domingo, dezembro 03, 2023

Super pigs

 





Que novo flagelo ameaça a Holly América? Depois dos kosher pigs, em epígrafe, escalavrando, sem dó nem piedade, a economia, a política e a diplomacia, eis a iminente invasão dos super-pigs, dispostos a devastar a agricultura e a paisagem:



quinta-feira, novembro 30, 2023

Obituário

 Faleceu ontem, com 100 anos. Não é para todos. Goste-se muito, pouco ou nada, foi um dos políticos americanos mais influentes da segunda metade do século XX. Neste momento, como lhe compete, lá segue à toa, rebocado pela barca do diabo. 

Deixou-nos, não obstante, várias expressões lapidares. E deveras educativas.

Uma, muito conhecida, é aquela "ser inimigo dos Estados Unidos é perigoso; ser seu aliado é fatal".

Outra, menos conhecida, mas igualmente límpida:  "control energy and you control the nations".

Algumas mais:

- «O que importa não é a verdade, mas aquilo que é percepcionado como sendo a verdade":

-  « O Poder é o maior dos afrodisíacos»;

- « Dos políticos, 90%  de corruptos dão mau nome aos restantes 10%»

E a melhor de todas:

«Para as outras nações, utopia é um passado grandioso e irrecuperável; para os Americanos, está apenas para lá do horizonte».

Refiro-me, como já devem ter calculado, a Henry Kissinger. 

PS: Aquela do Poder como afrodisíaco (necro-transudação fétida  do Marquês de Sade) deve estar na origem da violação em série de nações e na fornicação compulsiva de povos e governos. 

quarta-feira, novembro 29, 2023

Banha da Cobra



 O que é que há de comum entre Trump, Bolsonaro, Meloni, Milei e Wilders (além, claro, de vicejarem duma justificada indignação das populações com a Extrema-estupidez)?...

Todos são fogosamente sionistas, sendo a sua devoção a Israel o único aspecto em que, no fim do dia, acabam por cumprir  - não tanto no prometido, porque esse não passava de mera cortina de fumo, de espalhafatoso engodo aos incautos - mas no implícito. É claro que a maralha nunca lê as letras pequeninas...

Ora, isto é, no mínimo, muito curioso. Até porque traduz uma trampolinice com barbas: os mesmos que semeiam a doença aparecem depois a vender a banha da cobra.


PS: Significa, então, que estamos entre a Extrema-estupidez e a Banhada da Cobra? O que é que os meus caros amigos acham? Sou todo ouvidos.

terça-feira, novembro 28, 2023

Voltando à vaca fria

 Se não há problema nenhum com os chamados "lobbies", se são instituições  - perfeitamente legítimas e naturais - para influir obscuramente nas decisões dos Executivos, porque diabo gastam os países tanto dinheiro com campanhas eleitorais e sufrágios públicos?...


Numa suposta democracia, os lobbistas são eleitos e legitimados por quem?

Numa tão apregoada democracia liberal, quem é mais soberano: o povo ou os lobbies?

Definição de Deputado (ou Congressista, ou Senador) (segundo o Dicionário Shelltox Concise do Dragão): s.mdignitário que o povo elege e um lobby dirige. É incorrecto, isto?

segunda-feira, novembro 27, 2023

Troca de Reféns e exorcismos kosher

 A contragosto, os imaculados israelitas lá tiveram que libertar alguns perigosos terroristas que mantinham devidamente aferrolhados nos seus santos presídios, digo, retiros de meditação.

Uma terrível terrorista posta agora em liberdade (notem a capa que lhe confere superpoderes destrutivos e conspiratórios): Aseel Mousa...


Entretanto, num apontamento de reportagem não recomendável a almas sensíveis, uma cena do Exorcista IV: um sacerdonte kosher enfrenta um hediondo demónio que se alojou numa criança internada (desde os 13 anos) no campo de férias.


A mesma criança, agora liberta, 8 anos depois, já devidamente desparasitada do pestilento inquilino:


Pelo sim, pelo não, é melhor conferirem os órgãos, aquando da entrega.

domingo, novembro 26, 2023

Entre a Extrema-Direita e a Extrema-Estupidez



« Crescimento da extrema direita "é culpa dos partidos 'mainstream' que não enfrentam os problemas"»


Os partidos "mainstream" (fica logo tudo esclarecido no barbarismo do termo) não enfrentam os problemas nem, sejamos honestos, essa constitui a sua função, missão ou compromisso. Pelo contrário,  criam-nos, nutrem-nos, desenvolvem-nos e zelam, com carinho e enlevo maternais, para que se reproduzam. Poderíamos até chamar ao pseudo-regime destes formidáveis partidos o problemódromo, que é como quem diz, uma espécie, particularmente alavancada e alambicada, de aviário de problemas. Ou problemo-pecuária industrial. Quanto ao método, nada mais simples, patenteado e recorrente: para resolverem um problema, geram e destilam, no mínimo, mais dois ou três. A seguir, perante a multiplicação dos problemas, cegamente fiéis à lógica abstrusa que os obsidia, disparam na proliferação descontrolada.  Acresce que não contentes com isto, ainda se entregam ao requinte de inventarem problemas, importarem problemas, e, de emergência, constituírem inúmeras comichões para a imaginação, restauro  e estudo de pseudo-problemas, ex-problemas e cripto-problemas.

Aqui há uns anos, meia dúzia se tanto, um sujeito meu conhecido, amigo inveterado da piada, surgiu-me com a seguinte observação: "Já viu, como se queixam amargamente da extrema-direita?" Resposta minha: "Pois é, meu caro, creia: estamos entre Cila e Caribdis: dum lado a extrema-direita, do outro a extrema-estupidez."

Ora, com efeito, a ocupação dos "partidos mainstream" (ou quaisquer outros, devo desde já reconhecer e avisar, porque, no fundo, todos aspiram a subir do saguão "offstream" ao púlpito "mainstream"), mais não corporiza que o "sistema" da Extrema-estupidez. O primeiro mandamento dos seus tripulantes e curandeiros é apodarem de extrema-direita toda e qualquer alternativa que coloque em causa a perpetuação do seu  problemaviário. Isto - não barafustem, leitores - é perfeitamente compreensível; insere-se na sua mania  - atrás referida - de imaginar problemas. Claro que um problema imaginário, mesmo sem pés nem cabeça, é acarinhado e submetido ao processo multiplicativo de qualquer outro, real ou fictício. Não tarda, uma série de problemas-pimpolhos germina do problema da "extrema-direita" imaginária: peido mestre democrático, jugulação das liberdades, brutalização das minorias, aspereza social aos imigrantes, etc, etc. Lá está, o que mais preocupa - aliás, ofende! - a Extrema-estupidez é o surto de algo que se proponha atacar, resolver ou beliscar que seja os problemas. Mais que a forma, o critério, ou até mesmo o absurdo descabelado, é mesmo essa ideia - herética, demoníaca! - de resolução que os afronta e transporta à birra furiosa (com o absurdo até podem eles bem, já que o ordenham, aspergem e transaccionam todos os dias). Um problema, segundo a Extrema-estupidez, não é, de modo nenhum, para resolver, mas apenas para polir, gerir e explorar. Assim, não surpreende que, nesse seu idílio tosco com a fantasia, quando, insatisfeita com os problemas que herda, mantem e cria, ainda importa mais problemas, aos quais confere um  valor quase mágico para a modernização e ampliação do aviário. Dir-se-ia até que a importação de problemas constitui o ramo mais sagrado do sua superstição. Problema importado é problema sagrado! E não pensem sequer que estou apenas a falar em gente avulsa (estilo emigrantes, turistas, traficantes coisas assim). Não, isso é o menos. Quando desatam a importar crenças, fanatismos, guerras, catástrofes, manicómios, programas informativos, alucinações colectivas, taras de aluguer, tretas para consumo, etc, etc, é que a extrema-estupidez ganha contornos de avalanche. A ameaçar tsunami. Perante uma tal ameaça, massacrados por problemas como os cães vadios pelas pulgas, os otários eleitores, às tantas, cedem ao desespero e à publicidade. Sucumbem à infernalização dos parasitas.  Já estão por tudo, viciados que são no nada. Viram-se para a extrema-direita?

Não sei exactamente para onde se viram. Ou sequer se chega a ser espontâneo ou mero reflexo automático... como a cauda-espanador das cavalgaduras a sacudir as moscas. Sei, isso sei, de ciência limpa, que totalitária, absurda e realmente extrema, nesta hora que passa, só mesmo a Estupidez. A sua obsessão pelos problemas ultrapassa a paixão, a devoção ou até a idolatria. Já deveio toxicopendência.