segunda-feira, abril 30, 2007

Confecções...ou conficções.

Se houvesse uma tabela enológica de blogues, eu diria que 2006 foi a pior colheita do "Dragoscópio". Isto não tem desculpa, mas tem justificação.
Diz a Bíblia, sabiamente, que "há um tempo para tudo". Ouso acrescentar que, além disso, tudo requer tempo. Ora, a mim, especialmente nos últimos nove meses, tem-me faltado de todo - o sacana do tempo. Esse cabrão desse bandarilheiro que nos toureia a todos.
Mas perguntareis: que raio me ocupou e subtraiu a estes abençoados, se bem que infames, afazeres?
Uma coisa muito simples: estive a ser lixado. Tal qual vos digo, caros leitores. Muitíssimo bem lixado, acreditem. Estiveram a lixar-me com todas as regras e acepipes. Se eu aqui vos descrevesse o quão bem e sordidamente me lixaram, todos vós, sem excepção, escancararíeis (puta de conjugação, esta) a boca de admiração e não vos conteríeis de comentar, lá, nos píncaros, nas raias, nos zénites do deslumbramento:
-"Ah, não, assim, sim senhor! Ah, assim sim, assim vale a pena. Assim até dá gosto. Trabalho profissional é outra coisa. Sem espiga! Cinco estrelas! Não alcança Cristo (porque isso ninguém alcança, nem os calcanhares), mas é uma obra digna de se ver. Muito acima da banalidade quotidiana, do trivial, do comezinho. E entre nós também se faz disto, olha que bem!... E quem diria... Afinal não estamos assim tão atrasados. Ah, não, na filha da putice mais escaninha também já somos hi-tech. Um felizardo, este Dragão... Um tratamento destes não está ao alcance do vulgo!..."
Pois, de facto, não está. Mas, como deveis compreender, uma ungidela destas tem a sua factura. E lá voltamos nós ao tempo. Porque - ninguém duvide - um tipo, quando está a ser lixado, não tem tempo para mais nada. Ser lixado requer disponibilidade absoluta, dedicação permanente, plantão ininterrupto. Não há cá part-times nem pausas ou interlúdios para isto ou aquilo. É uma tarefa a tempo inteiro. Até porque grande parte dele, do tempo, gasta-o ele, o paciente, com aquela dúvida metódica emocionante: estarão ou não estarão a lixar-me? Será apenas uma lixadelazinha normal ou será uma lixadela extraordinária, XXL, VIP? Estarão mesmo a lixar-me como deve de ser? Estarei mesmo a ser bem lixado? Oito meses depois, congratulo-me: melhor, era impossível.
Cá estou, pois, completa e monumentalmente lixado. Lixado sem remissão. Gigalixado à enésima potência. Queixas? Nem uma. Lamúrias? Nem o filho da puta do túmulo mas há-de escutar! Detalhes, minúcias, enredos, que me importa tudo isso agora!... Dou é graças a Deus, bendigo o Destino, louvo as prodigiosas engrenagens da Providência! Abençoada cacetada, essa que cura da cegueira, ó Senhor! Se às mulheres dói dar à luz, aos homens custa e dói ainda mais vê-la.
Do fundo deste buraco já não passo. Já posso ir à minha vida. Livre como só os danados são. Pronto para o que der e vier. Sem ilusões, veleidades nem falsos amigos. E mais do que nunca ciente da grande verdade que o filósofo disse:
O que não me mata fortalece-me.
Que se lixe!... Em frente, velha carcaça!... Partidas as asas, ainda te restam as unhas!...

Pensamento top-model



Espanta-me que Portas não receite para o hemiciclo parlamentar o mesmo modelo que tão, desembaraçada e esmeradamente, pratica no seu próprio partido: o angolano.


PS: Esta é uma mentira piedosa. Na verdade, o modelo é o zimbabweano, mas, por consideração a uma certa pessoa, condescendi numa versão atenuada.

domingo, abril 29, 2007

Kit Usa University do Dragão

Está a pensar em mandar o seu filho ilustrar-se para uma universidade norte-americana?
Faz muito bem. Nenhum sacrifício é demasiado pelo futuro da sua progenitura.
Mas já tomou as devidas precauções? Já precaveu os riscos?
Saiba que, a pensar especialmente em si e no seu pimpolho, já se encontra à venda o Kit Usa University do Dragão, constituído por:
1. Preservativo Durex Brainstorm VVS (very very small)


2. Lubrificante para currículo, mentolado


E, nec plus ultra, 3. A Armadura anti-bala (com cinto de castidade opcional) Dragandforget


E lembre-lhe, ao intrépido moço, memorize-lhe as vezes que forem necessárias:
"Lá na University, no campus, neu filho, tem sempre presente: a Sida mata. Mas os colegas também.»

sábado, abril 28, 2007

O Nacionalismo sou Eu

O Timshel, em mais uma das suas estultas diatribes (certamente etilizadas), e dando vazão aos impulsos suicidários que o consomem, lançou-me a seguinte provocação:
« O nacionalismo é um galo a cantar sobre um monte de merda».

Pois bem, sobre este bizarro conceito e obedecendo à lógica intrínseca do mesmo, tenho a proclamar -complementando - o seguinte:
...«e o Internacionalismo (incluindo o pseudo-nacionalista) é uma galinha a cacarejar de volúpia, entre a produção do ovo e o debicar da refeição anelídea entre a bosta.»

Quanto ao socialismo, sub-produto do anterior, não há que enganar: «É um frango de aviário, de crista murcha, massificado, a rastejar na trampa.»
Quem tiver ouvidos, que oiça.

Por fim, rogo aos dignos e selectos leitores desta casa que ignorem o vitupério daquele social-fascista encapuchado, pois o mesmo era-me exclusivamente dirigido e está, doravante, plenamente vingado. (Além do que o que aquele valdevinos -melhor será categorizá-lo de "vale-de-vinhos"- quer é aumentar as audiência daquela sacristia menstruada à minha custa. Estes meus estimados visitantos que tanto me têm custado a ganhar!...)

PS: O neoliberalismo? Está incluído no internacionalismo. Foi para um tal edifício que serviu a terraplenagem socialista e social-coisa.

sexta-feira, abril 27, 2007

f, a Rata fedorenta (ou anti-borralheira)

A inefável Câncio, sempre na brecha -ou na fenda, ou na greta, conforme preferirdes-, insurge-se, mais uma vez, contra o protocolo de Estado. E insurge-se com toda a razão. Faço minhas as palavras dela: «Um documento recheado de salamaleques bolorentos, de "Senhoras de" : "a Senhora de Jaime Gama", "a Senhora de Cavaco Silva", "a Senhora do Doutor Jorge Sampaio", "a Senhora do Doutor Mário Soares", mais "as senhoras dos anteriores primeiros-ministros".»
Se faz algum sentido levarem para um local e cerimonial daqueles as senhoras. É lá sítio para senhoras! Fosse eu um dos eleitos da nação, digo nacinha, e levava mas era as putas. E o Caguinchas, até parece que estou a vê-lo, a mesmíssima coisa. Se não ficava um documento muito mais catita: "a puta ucraniana do Dragão", "As putas brasileiras do Engenheiro Caguinchas", a "brochista a dias de César Augusto", e etc e tal. Aos actuais dignitários, uns pusilânimes timoratos sem emenda, já não peço tanto. Mas ao menos que levassem as amázias. No mínimo, as vaginas de ocasião, ou descartáveis afins. Se não ficava mais bonito, escutem só: "a vagina do Engenheiro Sócrates". Ou então, caso uma tal creditação anatómica soasse a tradicionalismo bolorento, a "goela". A "goela de Fulano de Tal". A "mãozinha marota" ou o "divino nalguedo de Sicrano da Silva"; quiçá a "buraquinho mais apertado de Beltrano de Azevedo". Já para não falar na "dominadora de Coiso da Cunha", ou na "regadora dourada do Doutor Fifi Qualquer da Fonseca". Enfim, todo um mundo de variantes protocolares mais modernas e viçosas que, quanto a mim, era da maior urgência implementar. Quanto ao Cardeal, esse malandro, o protocolo podia eventualmente consignar "a luva preferida do Cardeal". Talvez assim a fernanda já não se escandalizasse tanto com a sua sacramental presença.

E já que estou com a mão na fernanda, aproveito para declarar, pública e peremptoriamente, que não me escandaliza que a pobre coitada chore a morte do seu velho e infausto aspirador. Nestes tempos modernos, de retorno ululante ao animismo, acho até perfeitamente compreensível, lógico, meritório e, ciente de tão devastadora tragédia, envio daqui as minhas sentidas condolências.
Mas, se não me escandaliza, deixa-me seriamente preocupado. Por uma questão de solidariedade humanitária, está claro. Sou muito dado a piedades destas. É que se a sensível criatura se debulha em lágrimas pelo malogro do electrodoméstico amigo, pergunto-me o que fará então - a que paroxismo descabelado não se verá ela transportada - caso lhe faleça subitamente, por exemplo, o vibrador - esse electrodoméstico querido, moderno e emancipador... Entra em depressão profunda? Corre aos barbitúricos? Suicida-se?...
Temendo sinceramente pela sua preciosa existência, aqui lhe deixo uma linha de apoio, em caso de emergência:
SOS Voz Amiga - Angústia, solidão e prevenção do suicídio - 800202669 (linha apoiada pela PT comunicações). Ou 213544545, para situações mais desesperadas.
Queiram, todavia, notar que este gesto, além de humanitário, é sobremaneira interesseiro. Os Gatos Fedorentos podem fazer rir a marabunta pacóvia da nacinha, mas a mim, como esta f, a rata fedorenta, não há quem me faça rir. Deus ma guarde, por muitos e bons anos. Há pois que tudo fazer em prol da sua conservação. Uma rata assim é uma mina. Vale quatro mil gatos. Contando por baixo. Muito baixo mesmo. Até porque, por mais que rebuscássemos, não encontraríamos altos para contar.


PS: estou mesmo a pensar fundar a Liga de Amigos da Rata Fedorenta. Ai deles se me correm com ela do DN!...
PS2: O Blogue ideal, o Uber-blogue: O Dragoscópio, com a f a escrever os postais e eu a tecer comentários aos seus maravilhosos fornicoquezinhos de sopeira avançada. Minto: não era blogue, era o paraíso.

quinta-feira, abril 26, 2007

Também tu, Bruto?

«Você, JCD? Você que se conluiou com o CAA, a Helena Matos e o Gabriel para me coarctarem a liberdade de expressão
- Pedro Arroja, in "Blasfémias"


Mais um PREC -Processo Revolucioninho em Curso -, ou sequela serôdia do ancestral que Abril abriu? Bem, neste caso, não abriu, Abreu, que é como quem diz, "há breu". Há breu e não é pouco.
Em tempos, chegaram a apelidar-me de Nemésis do Blasfémias. Exageravam. Eu apenas os encarava como aquilo que são: um blogue humorístico, às custas do qual eu ocasionalmente me divertia. Entretanto, vai para anos, deixei simplesmente de visitar tal funambuladouro. Exceptuando aqueles dois ou três dias, anunciados em grandes escaparates, da entrada de Pedro Arroja, não mais perdi tempo com tão bacoco circo. Volto lá agora. Curiosamente, a propósito -imagine-se! - do saneamento do mesmo Pedro Arroja. Nem mais: acabam de saneá-lo. Coisas de liberais, suponho. Imperativos de mercado, suspeito bem. Não me espanta. Eu sempre disse que entre os Barnabus e os Barnabés não havia qualquer diferença essencial. São a mão esquerda e a mão direita do mesmo frankenstoy. Toys'R'Them. Hamburguerias mentais, enfim. Pois, mas a vida tem certas ironias. A criatura, no fundo, arde em sinistros ímpetos de trucidar o criador. O outro chamava-lhe Complexo de Édipo. Em resumo, engodaram-no ao Olimpo apenas para o despenharem da Rocha Tarpeia. A esta hora, ainda lá estão a esfacelar-lhe as vísceras e a disputar-lhe, avidamente, os restos fumegantes da carcaça.
Quanto ao pretexto homicida, não foi difícil vislumbrá-lo. Pronunciou o nome "daquilo cujo nome não pode ser nunca pronunciado".
Que ingenuidade a sua, caro Arroja. Pisar o risco, ainda vá que não vá. Agora proferir blasfémia... Não foi de Arroja, foi de arrojo. Não me diga que se deixou iludir pelo nome do blogue. Está escrito "blasfémias", mas é só para enganar os papalvos. Toda a gente sabe que o verdadeiro significado é "Blasfêmeas". Varinices, entenda. E o peixe geralmente fede. Faneca, carapau, chaputa, cação, tubarão-frade, mas fede sempre. Não se abastecem na lota. É na ETAR.
Fica a lição: da próxima vez que vir repteizinhos no ovo, não os incube: pise-os. A humanidade e a civilização agradecem. E vossência poupa-se a desilusões.


PS: ...e desculpe lá a possessão!...

quarta-feira, abril 25, 2007

Dia da Carochinha

Da Nação fizeram Nacinha.
Por via de Revolução?
Não,
por via de revolucinha.

Do farão ficou farinha.
Cabe dentro dum caixão?
Não,
cabe dentro duma caixinha.

Da intenção restou sentencinha.
Trataram do povão?
Não,
trataram da vidinha.

E a Grande Marcha (do Pogresso) ficou murchinha.
Perderam a tesão?
Não,
perderam a espinha.

Salvou-se a corrupção agora rainha.
Venderam-se em leilão?
Sim,
e mais à puta da alminha.

terça-feira, abril 24, 2007

O Brinde

Faz amanhã trinta e três anos que nos saíu um país novinho em folha. Na lotaria? Não. No totobola? Não. Na rifa? Também não.
Na Farinha Amparo.

Revolução? Sim, sim...só se foi das tripas.

segunda-feira, abril 23, 2007

Rigor, senhores, rigor!...

Nesta democracia de vão de escada, a oposição continua uma lástima. Ainda não há muitos dias, o PSD insurgia-se contra a nomeação - em mais uma comissão de serviço - do ex-controleiro Pina Moura para mais um super-tacho. Que, assim, dessa forma acanzanada, bradavam eles, o governo -que é como quem diz, o aparelho rosa - estaria a colocar um controleiro seu aos comandos da lixo-emissora mais eficaz da nacinha - a inefável TVI.
Ora, no mínimo é incompreensível tão grosseira falta de rigor. Toda a gente sabe que o moço de fretes Pina Moura não trabalha para o governo português: trabalha para o governo espanhol.
Está bem que, objectivamente, o governo portugês e o governo espanhol são aliados - ambos têm Portugal e os portugueses como inimigo principal - mas, que diabo, não são exactamente a mesma coisa. Confundi-los é confundir Deus com os anjos.

domingo, abril 22, 2007

Ridendo castigat mores

O meu último contributo para o assunto. Por agora...
Nos meus tempos de catraio, lembro-me bem, era corrente uma expressão que muito me fascinava: "Doutor da mula ruça". O vulgo usava-a - e penso que ainda usa - para designar um qualquer badameco que se dá ares de importante, um charlatão notório e reconhecido.
Pois bem, acho que é tempo de enriquecer o património idiomático da Língua Portuguesa, esse portento, adicionando ao lendário "doutor da mula ruça" o "engenheiro da mula rosa".

E entre a mula rosa do engenheiro
e a mula ruça do doutor
se o que pesquisais é a diferença,
(para além da cor e da carga burgessa)
é que a do doutor tinha mais cabeça que o dono,
mas a do engenheiro, pantafaçudo cromo,
leva o rabo no lugar da cabeça.

sábado, abril 21, 2007

Tal cão, tal dono

«Donos de cães perigosos terão de provar a sua sanidade.» Sua, deles, donos de cães, entenda-se.
Naturalmente, continuam isentos os proprietários de matilhas que prestem serviço na Comunicação Social. Prossegue, a bom ritmo, a política de fomento à criação de sabujos, mastins, filas e putabull terríveis. Rôtosveillers também usufruem de regime especial bonificado. Bem como pastores evangélicos.

quinta-feira, abril 19, 2007

Caguinchas engenheiro

Num país que é pilotado por um "engenheiro de cordel" (como foi crismado, com certa piada, por um comentador aí mais abaixo), qual não é o meu espanto, ao entrar na tasca, aliás cibertasca, e deparo com um Caguinchas todo vaidoso, a celebrar com rodadas e cânticos tunescos, fresco e acabadinho de licenciar.
-"A licenciatura já cá canta, ó Labaredas!..." - Proclama-me ele.
-"Mas tu não distingues uma letra dum número e ambos de um hieroglifo egípcio!..." - Abismo-me eu, conivente com a pilhéria em prenúncio.
-"Agora já não é preciso. - Torna o gajo. - A engenharia moderna dispensa essas merdas!"
-"Ah, sim? Desconhecia. Mas já não me surpreende. E estás feito engenheiro de quê, de pontas?" - Refinfo-lhe, sarcástico
-"Não. Ele é mais putas. Está bem de ver: se o outro é engenheiro de cordel, eu sou engenheiro de bordel." - Galhofa-me o energúmeno.
-"Ah, bem... nesse caso, é mais que licenciatura: é mestrado! Merece, por conseguinte, celebração dupla. E é, permitir-me-ei acrescentar, mais uma soberba aquisição para a proxenata da sociedade." - Saúdo eu a novel e erudita sumidade, o quadro superior que desabrocha. - "Brindemos à qualificação profissional, ao Engenheiro Caguinchas!" - Reforço e conlustro, logo segundado em brados festivos por toda a colectividade.
-"Sim, à engenharia de colidade, sem espinhas nem quiprocus!..." - Blasona-se ele. - Emborque, bosselência, e a seguir faculte-me lá a inscrição na Ordem!..."
- "Inscrição, caro engenheiro? E a título de que competências?" - Interrogo, já armado duma caneca e fustigando um pires de tremoços.
- "Então, ora essa, se eu sou engenheiro-mestre, bosselência é bastonário da Ordem! Bastonário, Padrinho e Grão-mestre!..."
Perante uma tal eloquência do requerente, não me restou alternativa senão mandar lavrar deferimento. Foi só o tempo, em rigor das formalidades, de cingir a coroa e sentar a ucraniana ao colo. É aliás por isso que entre nós, cibertasqueses, o protocolo deu lugar - em boa e abençoada hora - ao ucracianaocolo. Ao meu colo, por sacrifício e inerência de cargo. Mais que ossos, carnes do ofício.

O Sítio do Faz-de-Conta

O primeiro-Ministro afinal não é engenheiro? Mas, bem vistas as coisas, o governo também não é um governo, a oposição também não é oposição, a democracia também não é uma democracia, o povo também não é soberano, os jornalistas também não são jornalistas, isto também já não é um país: é um Sítio do Faz-de-Conta.
O tipo é um vígaro? Não é certamente o primeiro. E está perfeito para quem o elegeu. Recorde-se, com maioria absoluta.
Direi mais, está ao nível de quem o elegeu e de quem o precedeu na ordenhação. Merecem-se todos. Abençoadinho!...
Uma bandalhocracia havia de ser dirigida por quem? - Por pessoas de bem?... Tenham juízo!

terça-feira, abril 17, 2007

A oclo-vaselina

Num recente artigo do DN, Vicente Jorge Silva, escrevia o seguinte:
«Michel Rocard disse em tempos que uma das vantagens mais notórias da Europa era funcionar como uma salvaguarda contra o regresso das ditaduras nos países fundamente marcados por elas...»

Duas notas:
1. É uma pena que não funcione como salvaguarda contra o regresso ao capitalismo mais selvagem do século XIX. Ou seja, é uma pena que não funcione como salvaguarda contra o retrocesso à balbúrdia, à corrupção, à poliarquia dos feudalismozinhos, ao assalto do poder pelas seitas e bandos. É que, nessa medida, não é uma salvaguarda contra a criação de condições objectivas para a emergência de novas ditaduras. Pelo contrário, é um catalisador. O que significa que Michel Rocard proferiu uma solene baboseira.

2. E eu que julgava que o objectivo da democracia, como tanto gostam de apregoar os seus beatos acólitos, era o progresso. E até não me custaria admitir que um progresso efectivo, sustentado, espiritual tanto quanto material e, sobretudo, geral (e não apenas das pseudo-elites parasitárias) poderia constituir uma efectiva panaceia contra certas recaídas. Ilusão minha. Afinal, não é de progresso que se trata (o que a realidade, de resto, já estava farta de nos revelar): é de antídoto ao regresso, dizem eles.
Mas se está a catalizar e amamentar um retrocesso ainda mais recuado e infame, como não retrocedermos também nós à perplexidade que já era a de Platão e se traduz numa singela pergunta: além de oclo-vaselina (lubrificante de multidões) e rampa de lançamento de tiranetes de algibeira, serve para quê, esta bendita "democracia"? - Ou "Europa", ou lá o que é!...

segunda-feira, abril 16, 2007

A máquina da Registonta

- Em todo o caso, se o Primeiro-Ministro tivesse vergonha na cara demitia-se.
Ao elementar, tive que responder com o óbvio:
- Bem, num sítio destes, se ele tivesse vergonha na cara jamais teria chegado a Primeiro-ministro.

sexta-feira, abril 13, 2007

3ª Lei da Ratafísica Desantropológica



- E se eles não se entendem?
- Lá voltas tu. Eles outra vez. Eles quem?
- Eles, os mais adiantados.
- E não se entendem em quê, pode saber-se?
- Então, não se entendem quanto ao rumo, à direcção, ao caminho a tomar. Supõe que deparam com uma encruzilhada...
- Tens uma imaginação delirante. Lembras-te de cada coisa!... Francamente, já raia a paranóia. Vejam bem, logo uma encruzilhada, a uma hora destas. Não podia ser uma convergência, uma confluência, um entroncamento epistemológico, tinha que ser logo uma encruzilhada!...
- Mas estão sempre a surgir, as encruzilhadas. A história está cheia delas. E a vida também. Já para não falar nas ratoeiras...
- Ó criatura de Deus, mas tu só serves para desencantar obstáculos e complicações?! És mesmo um atraso de vida! Olhar para a história é perder tempo. É olhar para trás. Com o que fica para trás não se aprende nada. Só estorva, só embaraça, só faz de âncora. O que é preciso é olhar p'rá frente, pensar positivo, acompanhar o ritmo daquele que está mais avançado. Evoluir, pá. Evoluir é que é. Modernizar, adaptar-se aos novos tempo, às novas tecnologias. Vê lá mas é se evoluis, vê lá se te adaptas duma vez por todas!...
- Está bem, eu adapto-me. Mas entretanto, tu, nem que seja por mera hipótese académica, imagina que irrompe uma encruzilhada completa e eles, os adiantados, os da vanguarda, não se entendem. Pior: barafustam, conflituam, divergem. Uns querem seguir pela direita, outros pelas esquerda, uns terceiros garantem que é em frente. Como é que nós fazemos? Corremos atrás de quem?
- Realmente, és duma estupidez exemplar. Qualquer infantil te responde a isso... Aguardamos que a crise se resolva, pá. Por onde o bando mais numeroso embicar, é atrás desse que vamos. Mas onde é que está a dúvida?!...
- E se eles, antes disso, na fúria do debate (porque não admitem, por exemplo, divergências ou cisões), desatam a matar-se uns aos outros? Hás-de convir que não é propriamente raro. Nesse caso, o que é que fazemos?
- É a mesma coisa. Aguardamos. Ficamos à espera que eles decidam sumariamente quem é o mais avançado e, logo que o determinem, é atrás desse que seguimos.
- E, enquanto esperamos, ficamos parados ou continuamos a correr?
- Corremos sempre, não podemos parar. Senão, os que vêm mais atrasados que nós ultrapassam-nos. De modo a evitá-lo, corremos à volta da confusão - sempre à coca do mais avançado, evidentemente.
- E se a confusão e o caos nunca mais acabam, nem o mais avançado se destaca? E se, inclusivé, a nossa sobrevivência começar a ficar ameaçada pelo alastramento da coisa? Digamos, na iminência duma catástrofe de magnas proporções, nesse excepcional caso, o mais inteligente não será correr para trás?...
- Para trás?!! Para trás, nunca! És um rato ou és um homem?


3ª Lei da Ratafísica Desantropológica:
No ser desumano, a direcção e a velocidade do movimento é absolutamente contrária à prudência e rigorosamente coincidente com o vento, isto é, com a deslocação do ar do tempo.

quarta-feira, abril 11, 2007

2ª Lei da Ratafísica Desantropológia



- E se eles também não sabem para onde vão?
- Eles, quem?
- Os que vão à nossa frente.
- Ora, isso para nós é irrelevante. Problema deles! O importante é nós sabermos para onde vamos.
- Ah... e nós sabemos?
- Claro que sabemos.
- Vamos para onde?
- Irra, que tosco! Mas não é evidente? - Vamos atrás deles.

2ª Lei da Ratafísica Desantropológica:
E= (mc)2 - traduzindo: A estupidez é igual ao quadrado do produto da massa pela crença.

terça-feira, abril 10, 2007

1ªLei da Ratafísica Desantropológica




- Vamos para onde?
- Porra, fazes cada pergunta! Mas o que é que isso interessa?! O importante é irmos cada vez mais depressa.
- Mais depressa para onde?
- E tu a dares-lhe!... Estás a ser falacioso e cabeçudo!...
- Bem, eu reformulo a questão: mais depressa porquê?
- Mais depressa porque vamos atrasados, ó nabo! Não ouves as notícias? Continuamos atrasados como o caraças! É por isso que temos que ir mais depressa: para apanharmos os que vão mais adiantados, os que correm à nossa frente.
- E como é que sabemos que eles vão mais adiantados?
- Mas tu perguntas cada coisa! é mesmo só pra complicar. Então, se nós estamos atrasados é porque alguém vai mais adiantado, não será? Eles estão mais adiantados do que nós porque nós vamos mais atrasados do que eles.
- Está bem. E esses mais adiantados vão para onde?
- Mas tu és um bocadinho estúpido, não és? Pois isso é precisamente o que lhes queremos perguntar, assim que os alcançarmos. Como raio vamos saber antes?!... Compreendes agora a urgência, o frenesim imperioso?... Trata mas é de acelarar as moléculas e deixa-te de metafísicas parvas!

1ª Lei da Ratafísica Desantropológica
- A velocidade é directamente proporcional à desorientação.
Quanto menos sabe para onde vai, o ser desumano, mais depressa corre. Tenta, assim, invariavelmente, compensar o desnorte através da aceleração.

segunda-feira, abril 09, 2007

3º Round - Ponto da situação

Dos leitores deste batel danado eu desconfiava que eram poucos mas bons. O que eu desconhecia é que eram tantos. O resultado foi que a 1ª edição do "À Queima-roupa" ficou esgotada mesmo antes de estar disponível. Em consequência, tive que implementar uma ampliação no número de exemplares.
Decorre daí que o nefasto volume, que era suposto começar hoje a ser despachado para os excelentíssimos kamikazes que o encomendaram, só o será a partir do próximo dia 15, contando eu, um optimista inveterado como todos sabem, concluir os envios por volta de dia 23. Outra contrariedade entretanto surgida prende-se com a "pele de lagarto" da encadernação. O encadernador só dispunha de material para 25 exemplares. Perante a necessidade de mais 25, aconteceu o horror e a tragédia: o importador também não tinha mais e a fábrica não poderia fornecer mais, porque, cóio duns filhos duma grande senhora de vida fácil, havia descontinuado o padrão. Intrepidamente, como é meu timbre e o planeta inteiro me reconhece, não desmoralizei: após bramir uma descarga tonitruante de pragas, palavrões e impropérios, morder vários tapetes avulsos e espancar umas quantas peças de mobiliário incauto, ordenei um up-grade na encadernação - se não havia "pele de lagarto" suficiente, então iria ser mesmo "pele de dragão". Um verdadeiro luxo. Para todos. Mas, tranquilizai-vos, não vou vendê-la cara, a pele. Se bem que a mim ela me custe um pouco mais, o preço, essa obscenidade, mantém-se. Como, pelos vistos, e ao contrário do que eu inicialmene pensava, não vou ter que ficar com metade dos livros, o prejuízo minimizou-se. O que me permite até estas gentilezas para com Vosselências. No fim disto tudo, caso a prole completa me desampare a loja, ainda ganho para pagar uma caneca ao Dino e um pires de tremoços ao Caguinchas. O encadernador, esse, se bem que esfalfado, chilreia. Por ele, quer-me parecer, ficava ali o resto do ano a alfaiatar livros. O resto do ano, senão mesmo o resto da vida. É fodido o amor à arte.
Em resumo: vilipendiem-me! Eu mereço. Mas a culpa também foi vossa. Não tinham nada que me entupir o email daquela forma assaz barbaresca. Nós, os audazes flibusteiros, prezamos muito as abordagens, mas não propriamente na qualidade de vítimas.

PS: Todos as encomendas serão precedidas dum email a avisar o destinatário de que o livro vai ser enviado no dia seguinte. E nunca esqueçam: a pressa é inimiga da perfeição. Devagar se vê ao longe.

sábado, abril 07, 2007

O Circo Louçã

Num país, e num tempo, em que, cada vez mais, os políticos profissionais emulam os palhaços, não nos devemos surpreender que os palhaços profissionais emulem os políticos. O resto decorre por arrasto: da mesma forma que os políticos, ao fazerem palhaçadas, tentam fazer-nos crer que é política, os palhaços, ao armarem politiquices, tentam fazer-nos crer que é simplesmente humor.
O resultado é a pobreza e a mixórdia do costume: nem os políticos fazem política, nem os palhaços fazem humor. Ambos, única e apenas, tentam fazer de nós parvos.
Mas depois não se admirem se nos der para a "parvoíce".

sexta-feira, abril 06, 2007

Momento anti-progressista


Abaixo o TGV, Viva o 28!

Depoimento solene



A pedido do Caguinchas, aqui fica um depoimento para a posteridade:
Dizia o Eça que Portugal era Lisboa e o resto mera paisagem. Vou ser mais rigoroso: Lisboa é a Graça e o resto é subúrbio. Ou arrabalde, quando muito.

O Positivismo explicado aos simplórios

Dantes, nas eras religiosas, o genocídio estava a cargo de Deus. Sodomas e Gomorras eram exclusivo de Iahvé; os dilúvios também. Agora, nestas épocas positivas, graças à ciência providencial, o homem, ainda meio extasiado com os brilhos fulgurantes de Hiroshima, tomou entre mãos essas importantes tarefas.
Aleluia! Chegámos ao Sétimo Dia da Criação. Iahvé vai poder, finalmente, descansar.
Paradoxo (ou ironia) inexplicável: ao mesmo tempo que se investe de prerrogativas divinas, o fulano dito sapiens, descobre que é um macaco.

quinta-feira, abril 05, 2007

Da essência da coisa

Confesso que não percebo todo este burburinho com as habilitações literárias do Primeiro-Ministro. Se é ou não é engenheiro, parece-me irrelevante, senão mesmo uma exorbitante ninharia. Exagera-se. Dramatiza-se. Prospecta-se escândalo onde, para o que interessa, para o que é de facto importante, não existe irregularidade nenhuma. Afinal, a qualificação essencial e bastante para encantar as massas - e, consequentemente, ser Primeiro-Ministro desta Nacinha - ele possui-a: é Benfiquista.

quarta-feira, abril 04, 2007

O escape humano

O fundamentalismo anti-tabágico deu-lhes forte. Por este andar, qualquer dia é mais grave deitar fogo a um cigarro do que deitar fogo a uma mata. O que, convenhamos, num país onde a polícia vigia e reprime com mais empenho o estacionamento dos automóveis do que os crimes contra as pessoas comuns, até nem é de espantar.
Além do mais, pergunto-mo se isto não acarretará riscos acrescidos no Verão...
Com os fumadores a serem claramente escorraçados dos grandes centros urbanos, tudo indica que, à semelhança dos bandoleiros de outras épocas, tenham que refugiar-se nas montanhas e florestas. Ora, isso é o mesmo que proibi-los de fumar em cafés ou restaurantes e mandá-los fumar para paióis. Como de costume, não se augura nada de bom para estes fornicoques fitossanitários e socio-pasteurizantes. Tanta esquisitice com o fumo das pequenas chaminés humanas, ainda acaba a asfixiar - vilas e cidades - com o fumo negro dos grandes incêndios.
Ou então, cenário ainda mais extravagante, não passa tudo duma forma encapotada de repovoar o país. Sim, não deve tardar muito para que, nas placas de berma de estrada que anunciam o início das localidades, logo abaixo do nome das ditas, surja o símbolo de interdição fumegante. Ou mesmo nas placas de aproximação ou orientação. Por exemplo: "Lisboa, 32 km, proibido fumar".
Até já estou a imaginar o Caguinchas, de charuto em riste, ao volante dum chaveco qualquer emprestado, a discutir com o xerife de guarda às portas da cidade.
-"Não posso entrar?! mas porque c****** é que não posso entrar?!!..."
-"O senhor está a fumar. O senhor, pelos vistos, fuma. Se quer entrar, vai ter que apagar o charuto e eu vou ter que lhe confiscar todo e qualquer tabaco que transporte consigo! Caso contrário, não entra! Está na lei, quer que lhe mostre? Forasteiro ou cidadão armados de cigarro, charuto ou cigarrilha, só entram depois de entregarem as armas à autoridade."
-"Ai sim? bonito!... E posso entrar de carro ou vou ter que entrar apeado?..."
-"Pode entrar de carro, obviamente. Não é proibido conduzir, só é proibido fumar."
-"Quer-se dizer, o carro pode fumar à vontade; só eu é que não posso!... Ora c******! Ora c*** da tia!!"

Depois disto, o Caguinchas, furibundíssimo, disposto a sabe-se lá que clandestinidades, viria ter comigo e presentear-me-ia com desabafos do estilo:
-"Dragão, isto está mais fodido do que eu pensava. Agora já não são só os extraterrestres que nos usurparam os bons cargos todos. Agora, vê lá tu bem, até as putas das máquinas já têm mais direitos e liberdades que nós!"
Ao que eu ripostaria, duplamente sardónico:
-"Ora, ora, ó Caguinchas, já devias saber: não é proibido poluir, só é proibido fumar. 'Bora mas é assar sardinhas!... "

Adenda semântica

Mais que Nacinha: Nacinha-Jardim. À beira-mar plantada.
Um país tele-(des)governado.

terça-feira, abril 03, 2007

O DGV Português

O TGV francês bateu o record mundial de velocidade... sobre carris.
Aposto que o nosso, mesmo antes de estar em cima dos carris, há-de bater o record mundial em derrapagem...no orçamento. Deviam até baptizá-lo, como é óbvio, e em vez de TGV, de DGV - Derrapagem de Grande Voracidade.

Errata politicamente correcta

Onde se lia "A bem da Nação" deve ler-se "A bem do Défice".
Onde se lia "cidadão" deve ler-se "dígito".
Onde se lia "imigrante" ou "emigrante" deve ler-se "neo-cidadão".

Publique-se.

domingo, abril 01, 2007

O Dia Nacinhal da Aldrabice

Hoje é o Primeiro de Abril, um dia assaz simbólico. E apropriado. Sobretudo ao actual regime da Nacinha. Devia mesmo fazer dele o seu dia e celebrar-se nele todos os anos, com pompa e circunstância.
Cito só um pequeno caso, uma coisinha insignificante, absolutamente despicienda:
Na primavera florida dum qualquer 74 prometeram, em tons solenes, festivos, redentores, o célebre desígnio progressista dos três Dês - Descolonização, Democracia, Desenvolvimento. Em tese, era sublime e ai de quem duvidasse. O povo chorou de alegria. Depois de florirem cravos em espingardas, caíria seguramente o maná dos céus. Uma catadupa de milagres em série desabrocharia do Minho ao Algarve, de Elvas aos Açores. Só que, depois, na prática, os Dês foram - maioritária e venalmente - outros: Debandada, Desgoverno, Desertificação.
É só contemplar o funeral aí fora, para aferir do desfile dos prodígios, do florescer das promessas. Actualmente, depois de debandarem de África, de aturarem desgovernos sucessivos e de desertificarem sistematicamente os campos, os portugueses concentram-se num último e, quiçá, desesperado desígnio nacinhal: construir um aeroporto gigante. Para debandarem daqui para fora, suponho.
Tudo isto, claro está, depois de experimentarem as delícias dum quarto Dê: Deslocalização.

PS: Como os estimados leitores já devem ter reparado, deixei de usar duas palavras da Língua Portuguesa -nação e nacional. É que, além de alvos privilegiados de fobias mediáticas que só nos acarretam antipatias e aborrecimentos, estão completamente desajustadas à realidade. Em seu lugar adoptei - e empregarei sempre doravante! - os termos "nacinha" e "nacinhal".
Já agora, segundo o Dicionário Shelltox Concise do Dragão:
Nacinha, s.f., nação alternativa e alternadeira; nação diminuída, mutilada, amputada ou simplesmente entregue ao repasto de parasitas, comensais, vermes mentais e fungagás da bicharada; suavização benigna de nação; nação insignificante
Nacinhal, adj., relativo ou referente a nacinha.