terça-feira, setembro 30, 2008

Super-predadores

Forjar a crise



Não contentes de falsificarem moeda, os plutopatas americoisos deram agora em falsificar "crashes".

segunda-feira, setembro 29, 2008

Psico killers

«The Tories are under fire after it emerged they have been bankrolled by City 'wolves' who have made a killing from the financial crash.
The party has received hundreds of thousands of pounds from hedge fund managers who raked in vast sums by short-selling shares in British banks.
Among the businessmen who donated more than £50,000 to talk privately with him are Paul Ruddock of Lansdowne Partners and Michael Hintze of CQS.
Both their firms made fortunes from betting that the price of Bradford & Bingley and HBOS shares would fall.
Mr Hintze has donated more than £650,000 to the Tories since Mr Cameron became leader and Mr Ruddock has donated £259,500.
Another fund which has admitted short-selling in Bradford & Bingley, GLG Partners, is managed by Pierre Lagrange. His wife Catherine has given £50,000 to the Tories.
The Tories hit back by claiming that one of Gordon Brown's closest political allies, Paul Myners, was a director of GLG Partners. They also said Labour's £1million donor Jon Aisbitt, non-executive chairman of Man Group, one of the world's largest hedge fund managers, had 'profited handsomely' from short-selling.

Morudências


Então isto não tresanda àquele leninismo rançoso do "quem não está com nós está contra nós"? Aquele embrulho tão useiro e vezeiro dos pilotos de estampidos. O mesmo, aliás, que a seguir ao 11 de Setembro também se esmerou em taxar de anti-patriotas todos aqueles que não baliam cegamente perante o "mirabolante plano de combate ao terrorismo fantasmagórico".

Lucidez no céu com diamantes

Estamos perante um crash de tal modo formidável e alucinante que o dólar nem desvaloriza. Crise? Milagre económico, isso sim. Julgo mesmo que é a primeira vez na história.
O 13 de Setembro lembra cada vez mais o 11 de Setembro. Será o segundo filme da trilogia "A Guerra dos Gambosinos"?

domingo, setembro 28, 2008

Detalhes significantes

Entretanto, vai-se falando por aí num montante de dívida desregulada que orça o Quadrilhão de dólares. Podemos imaginar o quadrilhão como mil trilhões. Ou podemos imaginar-nos a contar um quadrilhão à velocidade de um dólar por segundo: levaríamos 32 milhões de anos.

Por outro lado, convém não esquecer que quando a Federal Reserve intervém sobre bancos ou seguradoras em apuros (como foi o caso da AIG) não se trata propriamente duma nacionalização. Como bem notou Ellen Brown, a "Reserva Federal tem o poder de imprimir o dinheiro que circula nos Estados Unidos (e no resto do mundo em forma de dólar), mas não é parte do Governo Americano, ou seja, não é Estado. Pelo contrário, é uma corporação bancária, propriedade dum consórcio de bancos privados. No caso da intervenção na AIG, a banca privada limitou-se a adquirir uma das maiores seguradoras mundiais. Usando, tranquilamente, o dinheiro dos contribuintes para o efeito."


O termo quadrilhão é, pois, plenamente apropriado. Já que reflecte o resultado exacto do labor estrénuo e ponderado de uma descomunal quadrilha cuja desfaçatez só encontra paralelo na audácia.

PS: Evidentemente, se estivéssemos a falar de dinheiro a sério, diríamos quadrilião ou trilião.

sábado, setembro 27, 2008

Autofagia & metamorfose



Atentemos no TOP 10 mundial dos Bancos de Investimento:
1.ABN Amro Bank;
2.Merrill Lynch;
3.Goldman Sachs;
4.Deutsche Bank;
5.Morgan Stanley;
6.Bank of America;
7.UBS AG;
8.Bear Stearns;
9.Lehman Brothers;
10.JP Morgan Chase.

Portanto, sete bancos americanos, um alemão, um suiço e um holandês. Dos americanos, quatro foram à vida, isto é, desvalorizaram-se calamitosamente e foram absorvidos pelos sobreviventes. Fundiram-se, no melhor dos casos (ou seja, faliram com vaselina); foderam-se, no pior (quer dizer, faliram à bruta - o Lehman Bros).
Dizer eu aqui que pouco ou nada percebo de economia em nada adiantaria à questão. Afinal, como tem vindo a verificar-se monumentalmente, ninguém percebe. A começar pelos chamados "economistas" e pseudo-peritos em mercantilâncias, traficuras e outras trampolinices.
Atenho-me, pois, aos factos evidentes. Do estrito senso comum. E não consigo dissipar uma série de estranhezas óbvias. A primeira de todas resume-se numa pergunta elementar:
Porque é que enquanto os bancos predam impiedosamente o vulgar cidadão, a banal empresa, o simples país ou colectividade, ninguém se aflige e todos acham que é o Santo Mercado a funcionar, a civilização a galope, o Progresso em acção, mas quando os Bancos encetam o passo lógico seguinte, inevitável, fatal, e desatam, num típico frenesim de esqualos, a predar-se uns aos outros, toda a gente rompe a clamar que é o fim-do-mundo, (não sei se em cuecas, se em truces ou ceroulas), o armagedão das finanças, o apocalipse das bolsas?...
Eu diria que são apenas folclores típicos do planeta-anedota, onde as massas se babam e deleitam alvarmente diante do mega-herói global, o Super-Antropófago, mas caem numa choradeira delicodoce logo que o seu querido culmina e troca a antropofagia pela autofagia. Enquanto ele devorava apenas as pessoas, tudo bem, a civilização é assim mesmo; economia oblige, o lucro santifica ( certos ídolos são sanguinários). Mas quando desembesta a ingurgitar-se a si mesmo, ai que horror, que desgraça, que selvajaria! Não se admite: é canibalismo atroz! Banquete à custa do seu semelhante!... Um banco devora pessoas, não devora outros bancos!... É um pouco como dizer: os ricos comem os pobres, não comem outros ricos. Ou os lobos alambazam-se com cordeiros, jamais com outros lobos.
Tem que haver um mínimo de regras, senhores. Mesmo a injustiça, a impiedade mais sórdida, o banksterismo mais infame, tem que ter algumas. Mínimas, é certo. Ínfimas, por princípio. Inobserváveis à vista desarmada, seja. Mas, apesar de tudo, implícitas. Senão lá se vai o jogo. Lá rebenta o casino. Resvala da desordem organizada para o caos inorgânico.
Daí a actual histeria borrada. Já nada nem ninguém está a salvo. A desumanidade engendrou a desimunidade. O verniz da selva já não disfarça suficientemente a unharra do açougue. Diante da máquina metapredadora, todos, predadores e predados, viraram, abrupta e cruamente, súbditos; matéria-prima. E parece que certos estômagos de aço de ontem apresentam hoje sensibilidades e fragilidades inesperadamente piegas. Os apaixonados húmidos e militantes da véspera, então, os idólatras babosos do dia anterior, superam mesmo todo o arraial descabelante na lacrimijice patética. Dizer que choram peca por escasso: ganem. Ganem, quando não grunhem e guincham! "Ai, que o Super-Antropófago já não gosta de nós! Ai, que se engasgou! Ai, que perdeu o apetite!..."
-"Depressa! -Lembra-se um maduro, um nadador-salvador de papalvos, otários e outros bivalves colectáveis. - É indigestão de notinhas do "monopoly", aerofagia reiterada e galopante. Só um remédio o poderá salvar, restaurar-lhe as cores, regular-lhe as fressuras e miudezas: dinheiro a sério! Dinheiro dos contribuintes! Uma injecção urgente! Uma seringadela das antigas! Um megagigaclister pelo reto acima!..."
Os superpatetas são assim. Num instante, largam a dança ululante de roda do tótem e arvoram violinos lancinantes no tombadilho dum qualquer Titanic. Afinal, a baboseira economística nem a religião chega. Nunca chegou. Sempre foi superstição e crendice! Quando não pura endrómina nigromante. Pelo que os chamamentos à prece, as convocatórias à Fé e ao Estado-que-nos-acuda só suscitam a galhofa justa e mais que merecida. A Banca, bem vistas as coisas, há muito que vinha ensaiando a perversão ora convertida em chaga para peditório. Bem antes da boca largar às dentadas às próprias tripas, unhas e dedos, há muito que vinha tomando como repasto as próprias fezes. De resto, só já os comatosos e lobotomizados é que ainda duvidam que foi através da coprofagia que contraíu a autofagia.
É o fim do capitalismo? Não acredito. Está apenas a desembaraçar-se. Do casulo.


domingo, setembro 21, 2008

Bónus

Entretanto, o que é que acontece aos funcionários do Lehman Brothers após o monumental descalabro ? É óbvio: os que menos responsabilidades têm no colapso são punidos através do desemprego imediato e simples. Quanto aos maiores responsáveis, a administração central do banco, a mesma que o conduziu à falência épica, esses, galhardamente, vão receber um bónus de 2,5 biliões de dólares.
Já não se trata apenas de atestar que o crime compensa. Melhor que isso: é bonificado.

Los Vígaros, ou O Casino da Finança, part II




Quer dizer, o crime, desde que mascarado de jogo, compensa.

Poderíamos chamar-lhe o "capitalismo ultra-refinado", a esta versão 4G em curso na plutocracia americana. Congrega duas vertentes essenciais: a feroz privatização oligopólica dos lucros; e a socialização forçada dos prejuízos. Tudo somado: um mega-esquema de extorsão - descarada e ufana - dos contribuintes. À escala global. Duma forma ou de outra, todos nós contribuímos. Se bem que, para falar verdade, o termo adequado até nem seja extorsão, mas tosquia.

O Casino da Finança, ou Dar na bolha

«Until recently, most people had never even heard of derivatives; but in terms of money traded, these investments represent the biggest financial market in the world. Derivatives are financial instruments that have no intrinsic value but derive their value from something else. Basically, they are just bets. You can “hedge your bet” that something you own will go up by placing a side bet that it will go down. “Hedge funds” hedge bets in the derivatives market. Bets can be placed on anything, from the price of tea in China to the movements of specific markets.
“The point everyone misses,” wrote economist Robert Chapman a decade ago, “is that buying derivatives is not investing. It is gambling, insurance and high stakes bookmaking. Derivatives create nothing, bu they serve to enrich non-producers at the expense of the people who create goods and services.”1
In congressional hearings in the early 1990s, derivatives trading was challenged as being an illegal form of gambling. But the practice was legitimized by Fed Chairman Alan Greenspan, who not only lent legal and regulatory support to the trade but actively promoted derivatives as a way to improve “risk management.” Partly, this was to boost the flagging profits of the banks; and at the larger banks and dealers, it worked. But the cost was an increase in risk to the financial system as a whole.2
Since then, derivative trades have grown exponentially, until now they are larger than the entire global economyt only. The Bank for International Settlements recently reported that total derivatives trades exceeded one quadrillion dollars – that’s 1,000 trillion dollars.3 How is that figure even possible? The gross domestic product of all the countries in the world is only about 60 trillion dollars. The answer is that gamblers can bet as much as they want. They can bet money they don’t have, and that is where the huge increase in risk comes in. »

sexta-feira, setembro 19, 2008

Cavalos rebentados

«Failed Bank List»

(The FDIC is often appointed as receiver for failed banks. This page contains useful information for the customers and vendors of these banks. This includes information on the acquiring bank (if applicable), how your accounts and loans are affected, and how vendors can file claims against the receivership.)

Carências nutritivas


Isto é o que dá o défice crónico - e escandaloso - de certos minerais e micronutrientes ao nível do cérebro e do sangue. Chumbo, especialmente. Grosso, de preferência.

Close to the edge



«At the exchange rate yesterday (Wednesday), 35 trillion British Pounds was equivalent to U.S. $62 trillion (hence, the 35 trillion Pound gorilla). According to the International Swaps and Derivatives Association , $62 trillion is the notional value of credit default swaps (CDS) out there, somewhere, in the market. »

«The Genesis of a Derivative Boom

In the mid-1980s, upon arriving in New York from Chicago with an extensive background trading options and futures (the original derivatives), I was offered a job at what was then Citicorp [today's Citigroup Inc. ( C )]. The offer was for an entry-level post in the bank's brand new OTC (over-the-counter, meaning not exchange traded) swaps and derivatives group. When I asked what the economic purpose of swaps was, the answer came back: “To make money for the bank.”
I declined the position.
It used to be that regulators and legislators demanded theoretical, empirical, and quantitative measures of the efficacy of new tradable instruments being proposed by exchanges. What is their purpose? How will they benefit the capital markets and the economy? And, what safeguards will accompany their introduction?
Not any more. In the early 1990s, in order to hedge their loan risks, J. P. Morgan & Co. [now JPMorgan Chase & Co. ( JPM )] bankers devised credit default swaps.
A credit default swap is, essentially, an insurance contract between a protection buyer and a protection seller covering a corporation's, or sovereign's (the “referenced entity”), specific bond or loan. A protection buyer pays an upfront amount and yearly premiums to the protection seller to cover any loss on the face amount of the referenced bond or loan. Typically, the insurance is for five years.
Credit default swaps are bilateral contracts, meaning they are private contracts between two parties. CDSs are subject only to the collateral and margin agreed to by contract. They are traded over-the-counter, usually by telephone. They are subject to re-sale to another party willing to enter into another contract. Most frighteningly, credit default swaps are subject to “ counterparty risk .”
If the party providing the insurance protection – once it has collected its upfront payment and premiums – doesn't have the money to pay the insured buyer in the case of a default event affecting the referenced bond or loan (think hedge funds), or if the “insurer” goes bankrupt ( Bear Stearns was almost there, and American International Group Inc. ( AIG ) was almost there) the buyer is not covered – period. The premium payments are gone, as is the insurance against default.
Credit default swaps are not standardized instruments. In fact, they technically aren't true securities in the classic sense of the word in that they're not transparent, aren't traded on any exchange, aren't subject to present securities laws, and aren't regulated. They are, however, at risk – all $62 trillion (the best guess by the ISDA) of them.
Fundamentally, this kind of derivative serves a real purpose – as a hedging device. The actual holders, or creditors, of outstanding corporate or sovereign loans and bonds might seek insurance to guarantee that the debts they are owed are repaid. That's the economic purpose of insurance.
What happened, however, is that risk speculators who wanted exposure to certain asset classes, various bonds and loans, or security pools such as residential and commercial mortgage-backed securities (yes, those same subprime mortgage-backed securities that you've been reading about), but didn't actually own the underlying credits, now had a means by which to speculate on them.
If you think XYZ Corp. is in trouble, and won't be able to pay back its bondholders, you can speculate by buying, and paying premiums for, credit default swaps on their bonds, which will pay you the full face amount of the bonds if they do actually default. If, on the other hand, you think that XYZ Corp. is doing just fine, and its bonds are as good as gold, you can offer insurance to a fellow speculator, who holds the opinion opposite yours. That means you'd essentially be speculating that the bonds would not default. You're hoping that you'll collect, and keep, all the premiums, and never have to pay off on the insurance. It's pure speculation.
Credit default swaps are not unlike me being able to insure your house, not with you, but with someone else entirely not connected to your house, so that if your house is washed away in the next hurricane I get paid its value. I'm speculating on an event. I'm making a bet.
The bad news is that there are even worse bets out there. There are credit default swaps written on subprime mortgage securities. It's bad enough that these subprime mortgage pools that banks, investment banks, insurance companies, hedge funds and others bought were over-rated and ended up falling precipitously in value as foreclosures mounted on the underlying mortgages in the pools.
What's even worse, however, is that speculators sold and bought trillions of dollars of insurance that these pools would, or wouldn't, default! The sellers of this insurance (AIG is one example) are getting killed as defaults continue to rise with no end in sight.
And this is only where the story begins.

The Ticking Time Bomb

What is happening in both the stock and credit markets is a direct result of what's playing out in the CDS market. The Fed could not let Bear Stearns enter bankruptcy because – and only because – the trillions of dollars of credit default swaps on its books would be wiped out. All the banks and institutions that had insurance written by Bear would not be able to say that they were insured or hedged anymore and they would have to write-down billions and billions of dollars in losses that they've been carrying at higher values because they could say that they were insured for those losses.
The counterparty risk that all Bear's trading partners were exposed to was so far and wide, and so deep, that if Bear was to enter bankruptcy it would take years to sort out the risk and losses. That was an untenable option.

The Fed had to bail out Bear Stearns.

The same thing has just happened to AIG . Make no mistake about it, there's nothing wrong with AIG's insurance subsidiaries – absolutely nothing. In fact, the Fed just made the best trade in its history by bailing AIG out and getting equity, warrants and charging the insurance giant seven points over the benchmark London Interbank Offered Rate (LIBOR) on that $85 billion loan!
What happened to AIG is simple: AIG got greedy. AIG, as of June 30, had written $441 billion worth of swaps on corporate bonds, and worse, mortgage-backed securities. As the value of these insured-referenced entities fell, AIG had massive write-downs and additionally had to post more collateral. And when its ratings were downgraded on Monday evening, the company had to post even more collateral, which it didn't have.
In short, what happened in one small AIG corporate subsidiary blew apart the largest insurance company in the world.
But there's more – a lot more. These instruments are causing many of the massive write-downs at banks, investment banks and insurance companies. Knowing what all this means for hedge funds, the credit markets and the stock market is the key to understanding where this might end and how.
The rest of the story will be illuminated in the next two installments. Next up: An examination of the AIG collapse, followed by a look at how bad things could get, and what we can do to fix the problem at hand. So stay tuned.»

quarta-feira, setembro 17, 2008

Necromancia

Ouvi por aí, numa rádio qualquer: a propósito dos preços bizarros dos combustíveis, o soba da Autoridade da Concorrência terá assegurado ao Ministro da Economia que estava muito atento e vigilante. Que nem um falcão!
É sempre animador saber destes conciliábulos inverosímeis entre dignitários fantásticos, mais ainda quando protagonizados por uma Autoridade de algo que não existe e por um ministro duma coisa que faz de conta. Sensibiliza-nos muito. Se bem que não fosse essa a questão. Nunca ninguém, em seu perfeito juízo, por estas bandas, duvidou, um milímetro que fosse, da atenção penetrante de tão perspícuo sentinela. Objecto de séria dúvida, de facto, não era que estivesse atento: era que estivesse vivo!...
E continua, a suspeita, mais aguda que antes. Quase a ganhar foros de convicção. A conversa, aliás, que o ministro diz que teve com a espectral figura, desconfia-se que terá decorrido no consultório dum qualquer professor Karamba ou vidente Chiçap0rra. Por altura do Conselho de Ministros... Que é quando eles se reúnem, semanalmente, de roda da mesa de pé de galo.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Monty Python - Village Idiots

Tansos radicais


Já havia uma máquina de criar tansos e otários por via audio-visual: a rádio-televisão e o cinema. Agora estão a desenvolver uma que actua por via nasal: o spray-inalador hormonal. Não é difícil imaginar a Banca, um dia destes, musculado o pulverizador à larga escala, a mandar sulfatar as cidades com o aroma oxytocin. Se bem que em Portugal nem seja preciso. Parece que a otariedade é espontânea: a correr ao crédito ou à urna, o pretoguês (entenda-se o português actual) é imune a qualquer tipo de aprendizagem, prudência ou vacinação. Assim como não experimenta jamais qualquer espécie de saciedade, aviso, tino ou lição.
O que nos transporta, sem mais preâmbulos, a uma constatação tão óbvia quanto caricata: apregoa-se que o povo português, na medida em que vota sempre nos mesmos partidos centralizados, é avesso ao radicalismo. Porém, esta putativa mostra da sua porfiada moderação política mais não mascara, distrai e camufla que a sua desenfreada e recorrente imoderação na tontice. É, tal animalejo, com exuberantes provas dadas, um tanso fanático, frenético e radical. Direi mesmo, sem o mínimo risco de pecar por excesso ou hipérbole: Entre nós, a estupidez, ultrapassada a mera fase maníaco-obsessiva, já raia o fundamentalismo religioso.
Ressalta à vista desarmada: antes de ser de direita ou de esquerda (próxima ou extrema), socialista ou liberal, comunista ou fascista, reformista ou conservador, o pretoguês é, compenetradamente, estúpido. O resto, nas diversas tintas e vernizes, nunca excede o mero pretexto, o claro doping, a simples catalisação para desenvolver a níveis ciclópicos, a píncaros descomunais, a camadas estratosféricas, essa sua arquitoinice subtil e essencial. A política, podemos até garanti-lo, é apenas o solvente, o caldo onde demolha e dilui a especiaria, ou seja, a estupidez. Entranhada. Ultra concentrada. E efervescente.

sábado, setembro 13, 2008

Democracia

Em matéria de eleições americanas, mantenho-me fiel ao meu lema: " venha o diabo e escolha". Até porque em cada novo sufrágio, a realidade reforça e fortifica o lema. Portanto, não é assunto que me consuma as meninges, ou, tão pouco, as preces. Democracia significa isso mesmo: o demo é que escolhe. Ainda mais na nação dele.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Da Cacocracia tutelar

«Publius gritava:
- Não sabeis, fariseus, não sabeis a aventura de Lentullus?
- Não, não! - bradavam alguns penetrados da alegria, do escândalo, de curiosidades inflamadas.
- Lentullus casa com uma virgem patrícia, neta de cônsules: nove meses depois prepara, segundo o costume, para o filho que vai nascer, o berço de tartaruga, coberto de estofos e de ramos de loureiro, e expõe-no às boas palavras dos que passam. Mas toda a nobreza da Via Ápia rompe em risadas. O filho de Lentullus era a imagem viva do bufão Euríalo, e tinha, como ele, três verrugas no queixo.
A risada fazia o ar sonoro. Publius, de pé, manchado, com a túnica rota, descomposto, gritava:
-Ouvi, ouvi!
Escutavam com um riso inquieto.
E Publius enfático:
- Os actores - dizia- os gladiadores, os bufões, os tocadores de flauta, os truões, são os pais de todas as crianças que nascem na nobreza romana!»

- Eça de Queiroz, "A Morte de Jesus"

Não devia andar muito longe da verdade, este Publius.

terça-feira, setembro 09, 2008

Gangs & Riots

«Há advertências sintomáticas que a História dirige a uma sociedade ameaçada ou à beira de perecer: por exemplo, o declínio das artes ou a ausência de grandes estadistas. Por vezes, as advertências tornam-se palpáveis e directas: o âmago da vossa democracia e da vossa civilização viu-se privada de electricidade durante umas escassas horas quando muito; ora eis que subitamente surgem nuvens de cidadãos americanos pilhando e violando, tal é a finura da película, tais são a fragilidade de vossa estrutura social e a ausência de saúde interna!
Não é amanhã ou qualquer dia que a batalha - física, espiritual e cósmica - pelo nosso planeta se travará: essa batalha já começou. Desencadeando o assalto decisivo o Mal universal já está em marcha e já faz sentir a sua pressão enquanto os vossos "écrans" e as vossas publicações continuam a estar cheios de sorrisos de encomenda e de copos erguidos em saúdes. Todo este regozijo, é para quê, afinal?»

- Alexandre Soljenitsyne, "Discursos de Harvard" (Junho, 1978)

E ainda a missa vai a metade. Depois dos hamburgueres e da coca-cola, dos shoping-coisos e dos tico-tanques de alguidar, entrou-se agora na época dos gangs e riots. Enfim, esplendores da civilizacinha.

Não é generalização: é critério.

Não há cá paninhos quentes. Desprezo solenemente os ingleses. Com todas as minhas forças. Puta que os pariu! O mesmo não direi, todavia, das inglesas. A essas, um caralho que as foda! De preferência (aos belos espécimes) o meu.

BP (Bimbos pomposos)

Os ingleses são os madeirenses da Europa e fica quase tudo dito. Uma mistura particularmente infeliz de sangue germânico com vocabulário francês que os normandos não trataram com rigor adequado. Faltou-lhes sempre um Vlad, o Empalador. Nostalgia de que se ressentem e lamuriam, veladamente, a cada ano que passa. Nesse sentido, os árabes constituem - apesar de arrebatado e recorrente - minúsculo paliativo. Nunca excede o vício que irrisa, fastasmatizando, a verdadeira paixão.
Ensinámo-los a tomar chá, mas bem melhor fora tê-los ensinado a tomar arsénico. Desde bebézinhos.

segunda-feira, setembro 08, 2008

A Peste Vermelha



No rescaldo amargo da Primeira Grande Guerra, Max Hoffmann, para alguns o mais brilhante general alemão da época, carpia significativamente nas suas memórias :

«Transportando Lenine para a Rússia, animava-nos o firme propósito de inocular a peste no exército russo; mas não pensámos em como esta praga contaminaria também as nossas tropas, arruinando-as.»

Isto vem de encontro à ideia que, pessoalmente, mantenho do comunismo: uma espécie de sida mental. Uma sida, aliás, em múltiplos sentidos: homicida, genocida, logocida, patricida, historicida, mnemocida, democida e infanticida, especialmente. Foi coisa peganhenta que sempre me causou uma natural e visceral repugnância, o comunismo. Aquilo tresanda a milhas a seita religiosa, daquelas particularmente fanáticas. Eu diria até que o comunismo me lembra invariavelmente aquele filme macabro (não me recordo se do Capra, se de quem) em que um cangalheiro à beira da falência tratava de ir pessoalmente, durante a noite, angariar clientela. Que é como quem diz, ia dar uma mãozinha à mão invisível. Em analogia, o comunismo afigura-se-me como a agência nocturna e tenebrosa do capitalismo. É o seu golem, não duvidem. A sua máquina sinistra, terraplenante. A patorra colectivista que prepara e surriba o terreno para a mão colectora. E um raio me caia já aqui em cima se me equivoco por um milímetro que seja neste diagnóstico... Estão a ver? Não caiu. Ergo...
O caso de Lenine, ademais, é flagrante e paradigmático. Reflecte o método da aranha-lobo: o envenamento corolado de liquefacção como método de conquista. Ou, melhor dizendo, de absorção.
O capitalismo de estado é só o país em anteparo e pousio para o capitalismo da seita.

domingo, setembro 07, 2008

Pacheco, o Ventríloquo



«Pacheco Pereira contestou, em declarações aos jornalistas, que Manuela Ferreira Leite tenha estado "em silêncio". »

Dá para imaginar a sofisticada argumentação desta galinha tele-poedeira:
"Não, nem pensar, ela não esteve em silêncio. De modo nenhum! Ela esteve foi em transe, em catalepsia, em coma induzido! Em resumo, ela esteve calada. Entregou-se ao mutismo. Andou afónica. Não tugiu nem mugiu. Cerrou hermeticamente a dentuça. Embatucou. Não fosse estarmos no verão, até poderíamos dizer que hibernara.
Não houve silêncio: o que houve foi uma ausência de ruído. Que não deveria, obviamente, ser medida, mas gravada para a posteridade. E que seria perfeita caso Pacheco Poedeira se calasse um breve instante que fosse.
Tradução: A líder é a partenaire do líder, que é ele. Quem deve falar, palrar, perorar, grulhar, fazer ruído a todas as horas, dias, minutos e segundos é ele, o líder. À líder compete-lhe estar calada, velar silenciosamente, e por regra. Excepto naqueles momentos raros, sublimes, em que a ele, ao líder, lhe dá para pasmar o circo mediático. Passando, então, por especial prodígio, de loquaz a ventriloquaz.

A Cegada



«Dinheiro dos contribuintes não pode ser dado às cegas», diz o Presidente da AICEP.
É claro que não. Pois se é sacado aos cegos, aos ceguinhos e aos míopes, vulgo otários, não pode depois ser dado às cegas, senão a colecta para nada serviria. Tudo regrediria ao ponto de partida, caía-se no círculo vicioso. Redundaria a extorsão numa devolução. Tirar aos cegos para dar às cegas em pouco ou nada contribuíria para a felicidade dos que tudo vêem, a tudo topam e nada lhes escapa. E essa, como bem sabemos, é que é importante e razão de ser de todo um regime. De resto, traduz isto um belo imperativo não apenas categórico mas sobretudo lógico: aqueles que não vêem um boi à frente (nem atrás, nem ao lado, por sinal), devem ser espremidos em prol daqueles que vislumbram não apenas o boi, mas a manada de vacas implícitas, de vitelinhos tenros e de úberes fáceis que lhes compete ordenhar.
Entretanto, os tais franceses aerovígaros, muito provavelmente, flanavam animados da mais meritória das expectativas: queriam mama. Isso, por si só, nenhum problema acarretaria ou, ainda menos, qualquer tipo de entrave ou obstáculo. Antes pelo contrário, só abonaria e recomendaria o projecto; só o rechearia de transbordante interesse nacinhal. Bastava-lhes, lá está, aos GECIS peregrinos, não andarem às cegas, não virem feitos invisuais, de cachorro e bengala. Bastava-lhes bispar, com olhos de ver, o quanto Portugal tem evoluído - a galope - na direcção de Angola, de tal modo que já mais se deveria chamar, com justeza, Portangol que, com delírio, Portugal (cada vez mais inavistável em toda a parte). Ora, se em Angola, quem quer sacar umas massas arranja, religiosamente, por sócio um general ou quadro anafado (percentagem de gordura forçosamente acima dos 30%) do MPLA, em Portangol, idêntica função laxativa de fundos é desempenhada pelos políticos do partido instalado no aparelho de Estado. É precisamento isso que significa "não dar o dinheiro dos contribuintes às iniciativas cegas". Entendendo-se "iniciativa cega" toda aquela que não se faça acompanhar, preceder e anunciar do -no mínimo - par de olhos clarividentes, conhecedores e dulcificantes dos meandros amargos do labirinto.
Ou então os franciús não perceberam, ou não quiseram perceber, uma regra sagrada dos políticos cá do burgo: o dinheiro dos contribuintes não se dá, reparte-se.

sábado, setembro 06, 2008

Também eu

«Foi em tais dignas circunstâncias que me tornei membro da Sociedade Secreta dos Shandystas, à qual permaneço fiel até hoje.»
- Ernst Jünger, in "O Coração aventuroso"

Sobre esta misteriosa confissão do último dos grandes escritores, só me apraz dizer o seguinte: também eu.

Cirurgia drástica

De qualquer modo, isto já não vai lá apenas com cirurgia plástica. Ou criam um novo tipo de cirurgia reconstrutiva facial, não já estética mas ética, ou vamos, não direi mal, porque há muito ultrapassámos tal estação , mas pessimamente. Implantar, pois, cara nova não basta. Vergonha na cara é que era urgente e preciso. Imperioso até, se é algo mais que uma cloaca aquilo que pretendemos para futuro dos nossos vindouros. Uma tarefa, havemos de concordar, a todos os títulos hercúlea - horizonte para toda uma cirurgia mais que plástica: drástica!
Estou a falar das ventas besuntadas e asquerosas desta ré-pública?
Nem por sombras .

Porque, nesta república rara,
dito curto, grosso e cru,
ninguém sabe já, com ciência clara
onde raio acaba a cara
e principia, mordorial, o cu.

Assim como nesta naçoa paralítica
império do cuspe e da treta,
já não se distingue o ânus da teta
nem a teta da política.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Novo recorde nacinhal

Diz o "Público" que «o Estado paga a maior indemnização de sempre», já que a «prisão preventiva de Paulo Pedroso vai valer o triplo do maior valor pago até agora».
Não sei quanto custa uma cirurgia plástica facial. Não sei se 100.000 euros chegam para uma remodelação geral profunda. Espero que cheguem. Assim, ao menos, os contribuintes portugueses, por via da prodigalidade benemérita dos tribunais, não se terão sacrificado em vão. E o Dr. Paulo Pedroso poderá, finalmente, apagar a principal e a mais encarniçada das testemunhas de acusação que traz contra si... A mesma que o persegue e denuncia para onde quer que vá: a sua própria cara.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Um furacão furaquinho

«O furacão Gustav perdeu rapidamente força após atingir as indústrias de pesca e petrolífera do sul da Luisiana, descendo para a categoria um (numa escala de cinco), anunciou o Centro Nacional de Furacões» .

Pelos vistos, os furacões, ao contrário das furaconas (como a saudosa Katrina), também sofrem de disfunção eréctil. Na hora H, ficam furaquinhos.

A fábula do Urso e do coelhinho higiénico

«OSCE report points finger at Georgia for S. Ossetia crisis»

É claro que qualquer relação deste "virar o bico ao prego" Oxidental com isto, com isto, ou com isto, é pura coincidência.

Realce, entretanto, para o sentido de humor do Almirante Russo da Esquadra do Mar Negro:
«Em 20 minutos, limpávamos as águas. Mas esse risco é negligenciável. Nós não dispararemos primeiro, e não me parece que esta gente tenha tendências suicidas.»

Serve tembém de moral da história.

Geodesplante

«Georgia admits to dropping cluster bombs»

A Geórgia??!! Então não era a Rússia?... Ah, são ambas, a Rússia também?... É preciso descaramento. Mas quem julgam eles que são - Israel? Os Estados Unidos?!...

Re-upgrade

Voltou o Holoscan. Infelizmente, continuo a não conseguir manter os dois sistemas em simultâneo. Sempre que este entra, sai o outro. É uma pena. Não imaginam como isto me entristece.