terça-feira, fevereiro 28, 2023

O absurdo enquanto dogma



 


«Há mais honestidade e rigor nas ciências ocultas do que nas filosofias que atribuem um "sentido" à História.»

E.M.Cioran


Todas as pseudo-filosofias mais ou menos políticas  (até porque na essência e na dinâmica são todas anti-políticas e, sobretudo, filosofóbicas), da hora presente, mais até que atribuir um sentido, investem em impor uma explicação exclusiva: a sua. Esse impor tem a forma dum ditar. A História, conforme está a ser forjada, não recolhe dados dos acontecimentos ou organiza registos dos factos. Antes os antecipa e decreta: na forma duma ditadura da narrativa. Quer dizer, a Historia não funciona como ficção a posteriori, derivando de factos (como de resto seria da sua natureza funcional), mas como ficção a priori - e a priori no exacto sentido que Kant lhe dá: independente da experiência. Ou seja, já nem interpreta os factos: inventa-os; engendra-os previamente; e apresenta-os como pseudo-realidade - nem sequer alternativa, mas obrigatória. Passa, assim, de ciência social a ciência exacta, tão exacta como a matemática e - mais exorbitante ainda - tão absoluta como um dogma religioso.

Esta orto-história tem como fontes -  mais ainda que principais - exclusivas a boca de esgoto da propaganda reinante. Em rigor, este não é um fenómeno absolutamente novo, ou inaugural; mas o nível abrasivo e devastador de completa enxurrada em que se manifesta, esse, é que é dum viço inaudito. Até pela esmagadora panóplia de meios disponíveis para o efeito. E convém ainda acrescentar que se vem instalando e desenvolvendo a níveis paroxísticos sobremaneira no pós-2ª Grande Guerra Mundial.

Curiosamente, a origem do termo "propaganda" é deveras sintomático e anunciador. No ano de 1622, o então Papa Gregório XV institui a Congregatio Propaganda Fide, ou seja, a Congregação para propagação da fé. É dessa  propaganda  original que devêm todas as outras. Sendo certo que no nosso tempo já a coisa se deteriorou a vastíssimos níveis. A fé cedeu passo às múltiplas fezes e, no infrazénite, geralmente fétido, de todas elas, a fezada do momento. Tudo somado: estamos no avesso da propaganda original. Não apenas seu contrário, mas grotesca macaqueação.

No entanto, qualquer disputa, dúvida ou desvio dessa escatologia dogmática instalada continua a ser tratada como "heresia", "blasfémia!", "apostasia". Super-heresia, aliás, e tanto  mais quanto a Congregação para a Doutrina da Fé Laica, ultra-laica e Laica gigante, doravante dispõe de meios de vigilância, tortura e inquisição imensamente mais activos, invasivos e eficazes, continuando a subministrar, após auto-de-fé instantâneo (e efervescente), as penas de excomunhão (vulgo desemprego), queima em praça pública (vulgo cancelamento) ou pelourinho (com auto-flagelação e retratação pública, descalço).

Nos primórdios da blogosfera havia um blogue (o Anarca Constipado) que tinha um sub-título que sempre considerei o mais bem esgalhado de todos: "A situação é desesperada mas não é séria". Aplica-se, com a devida deferência, que nem uma luva à orto-história actual, ou seja, à propaganda da Fé Laica, ultra laica e laica gigante: é desesperada, cada vez mais desesperada, raia já o ponto do exaspero libertino... mas não é séria. Nesse sentido, desce mesmo abaixo do nível das filosofias "históricas" - os hegelianismos e seus derivados, entenda-se -: não demanda sequer atribuir um qualquer sentido à História, mas apenas confiná-la num completo sem sentido, isto é, num absurdo. 



segunda-feira, fevereiro 27, 2023

Vulneráveis, assediados e victimizados

 



"Pro-Israel group objected to display saying it made Jewish patients feel ‘vulnerable, harassed and victimised’"

É de partir a alma.

Decadência e os seus (re)agentes





 «The purge of heretical scholars and ideas in academia is intensifying.1 Many job applications now require loyalty oaths to woke orthodoxy in the form of “diversity statements.”2 In the humanities and social sciences, large numbers of faculty are being hired to engage in what is effectively leftist activism.3 Simply ranting about how much you hate conservatives, Christians, or straight white men can be considered “scholarship” and the basis for a distinguished career. Entire departments devoted to ideology-driven fields like gender studies have been established to promote “social justice” and provide sinecures to activists.4 Academic papers that undermine the woke narrative are being retracted,5 and journals are adopting implicit or explicit polices to ensure that crimethink is never published again.6 Many undergraduate and graduate programs have stopped asking for standardized test scores and are increasingly making admissions decisions based on race, gender, sexual orientation, and ideological conformity.»


Leiam o artigo todo. Vale a pena. Ainda para mais é um tipo de filosofia, pelo que sabe alinhavar um módico de palavras e conceitos. Radiografia completa. Há um método por detrás da loucura. Que já vem de trás. Agora apenas experimenta uma aceleração e um despudor resultantes da impunidade e da infecção generalizadas. Estamos já no ponto de necrose do tecido social. O Oxidente está completamente oxidado, intoxicado, carcomido, tomado pelos vermes - intestinais, hematófagos, cerebrais. Aos  poucos foram-se infiltrando nos órgãos estratégicos: os media e a academia, à cabeça. Telecomandados, telecomandam políticos frouxos e assustadiços, na melhor das hipóteses; venais e corruptos, em grande quantidade; mongos e assimilados, não raro. Qualquer excepção é rapidamente detectada, demonizada e perseguida. Por fim, cancela-se. Despede-se. Erradica-se do tecido gangrenado. Só interessa a podridão. Mental, sobretudo. Civilizacional, em regra. O horror normalizado tem destes requintes: manda para o desemprego e para o limbo do irrisório todos os pessimistas do passado. 

Decadência ou dissolução? Distopia em esteroides.

domingo, fevereiro 26, 2023

Ainda mais Liberdade de Expressão

 


O tal Scott Adams emitiu a opinião dele. Agora é odiado por isso. A pretexto duma "heresia laica" qualquer, de lesa-moda, transformam-no numa "hated person". Esqueceu-se, o infeliz, que o pior "hate group" nem são os pretos. Vai descobri-lo agora. Devia ter ido logo ao cerne da questão. Pagava o mesmo.

Liberdade de Expressão

 


«Concerto de Roger Waters em Frankfurt, na Alemanha, foi cancelado»


A digressão, entretanto, vai começar em Lisboa. O Titterington já deve estar a latir e a marcar território. O Roger que se cuide. Ou vai ver como os titteringtons o mordem.

O resultado das sanções...

 


...e da delenda Rússia assanhada. Na Rússia? Não, no Reino Unido.

As ironias do destino são fodidas.


sábado, fevereiro 25, 2023

O Nintendo Switch é tabu






 Relatório mediático: Uma auxiliar escolar autoritária e claramente racista confiscou o Nintendo Switch ao pobre aluno. A criança, indignada, oprimida, reagiu com valentia, resistindo assim, dum modo abnegado e heróico, ao bullying institucional. 

Entretanto, não admira que a tal miúda ucraniana já prefira voltar para a guerra na Disneycrânia. O paraíso terreal anda demasiado animado por estes dias. 

O malfadado Triplo D






 Donald David Dillbeck, de seu nome. O Dê triplo já devia ser, no baptismo, prenúncio de mau agouro. Já vimos o que o "triplo D pode fazer a uma nação, fará a  uma singular pessoa... Ler a sua biografia ou uma receita perfeita para a catástrofe equivalem-se. Foi executado após 32 anos no corredor da morte. A superlatividade pantaxiomática da mais perfeita e imarcescível Democracia do Universo e arredores, desde o início dos múltiplos inícios (descobriu-se recentemente) do Universo, também se vê nestas pequeninas coisas: noutros lugares e regimes imperfeitos, quando não retrógrados ou obscuros, o condenado ou cumpre perpétua ou pena de morte. Ali, naquela república angélica, cumpre perpétua e, no corolário terminal, executam-no. É o chamado 2 em 1. E nem sequer era preto, vejam lá bem.


sexta-feira, fevereiro 24, 2023

O Titterington, esse rival do bedlington

 



Aposto que não sabem. O fulano na foto em epígrafe responde pelo nome de João Titterington (Gomes Cravinho). À semelhança dos kamaradas lá do bando dele - os faz-de-governo da presente hora - anda para aí metido em saques a coberto e esquemas de vão de escada. Uns atrás dos outros. Rotina PS, enfim. A propósito de um desses, foi balbuciar para outro sítio mal frequentado que lhe terá "sobrestimado o currículo ", ao seu ex-qualquer coisa... Mas não é isso que aqui me traz. É mesmo a fronha, perdoem o eufemismo. Confesso que, sempre que o vislumbro, ainda que de relance - no breve instante de mudar rapidamente de canal, no tele-caixote -,  causa-me uma  desagradável sensação algures entre o arrepio, o nojo e a estranheza. Quanto aos dois primeiros, são decorrência natural do desarranjo facial da figura... Ratus Norvegicus  Sapiens Nepiens vem-nos até à ideia. Agora, a focinheira...

Pois, diabos me levem, se o sujeito não tem mesmo pinta de titterington. Assim mesmo, com dois tês.  Até porque o titterington diverge do bedlington, «uma raça que surgiu da mistura entre poodles e whippets, além dos dandies dinmont terriers. Alguns dizem que os bedlington terriers são como ovelhinhas em miniatura, já que sua pelagem branca e fofa é muito parecida com a delas».

Ora, o titterington, bastante poodle e algo whippet, sob a pele de ovelhinha do trans-império, guarda o apetite da hiena voraz de tachos e orçamentos. A impunidade que o bafo protector dos donos lhe confere autoriza-o aos maiores rasgos de alarifagem. Nos antípodas da diplomacia? Pois, por isso  mesmo. Emulação pífia dum pitbull de brinde em embalagem de detergente em pó, surge, recorrentemente, metido em vigarices domésticas de fazer corar uma peixeira. Parece que nem coisas simples como a carta de condução escapam... Porém, ninguém tema (ou sonhe): o deplorável canino é inamovível. Há-de continuar a desfilar aquele semblante de desenterrado vivo até que o desgoverno se fine. Nessa altura, daqui para a Nato é um saltinho. Assim o seu devaneio tanso mai-la ávida sabujeira, o permitam. O Boris que se cuide.

Outra das facécias típicas da raça, convém já agora frisá-lo, é a total ausência de vergonha na fronha. Basta apreciar a sua mais recente emissão de gosma:

"A derrota da Ucrânia seria a vitória do imperialismo sobre o multilateralismo e o direito internacional. Se for esse o resultado, países como Portugal, e a generalidade das nações que compõem a comunidade internacional, seriam tão perdedores quanto a Ucrânia", 

Estou seriamente a pensar em meter-me no negócio das agências de viagem. Faço uma pipa de massa, organizando excursões à Disneycrânia. É garantido. Até já tenho um slogan cativante e irresistível:

"Viage até à Disneycrânia. Desperte o filho da puta que há em si!"


Nato Job

 



A expressão não é minha, mas cunha o caso na perfeição:

O Mongo Boris agora quer um Nato Job!...

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Falta de Tomates

 


«Não conseguem achar tomates? Vamos comer nabos, diz ministra britânica»

Isto faz-me lembrar uma qualquer frase histórica que metia pão e croissants...  Só que aqui vai mais longe, a megera: incita ao canibalismo. 

E, realmente, com a falta dos tomates a Oxidente, vão acabar os nabos dos eleitores a comerem-se uns aos outros.

Por outro lado, nesta reciclagem  do Neo-Muro, nesta Neo-Guerra fria, imaginem qual é o lado dos "socialistas soviéticos". Basta comparar as prateleiras dos super-mercados... 






Caso não saibam




«Os ornitorrincos (Ornithorhynchus anatinus) são animais estranhos: têm pelos, mas também têm bico. Põem ovos, mas também produzem leite (apesar de não ter mamilos). E se tudo isso não bastasse, esses animais têm esporas de meia polegada em seus pés que produzem o veneno mais duradouro e doloroso do reino animal. Além de ser uma dor imediata, completamente devastadora e interminável, nenhum analgésico pode ser usado contra ele. Nada funciona, nem mesmo a morfina pode parar a dor, exceto o completo amortecimento da área afetada. O pior de tudo é que essa dor excruciante pode durar até 3 meses, o que significa que a vítima vomitará e ficará paralisado pela dor pelos 90 longos dias. »


O ornitorrinco é o bicho mais aberrante e venenoso do planeta. Tanto na natureza, quanto na política. Nada se compara à picada de um liberal na sociedade (clássico, neo, epi ou meta, tanto faz). Um organismo social pode até recuperar do veneno comunista. Mas do veneno liberal é bastante mais complicado. Pior que fatal, é vitalício.

Se, na natureza, as dores excruciantes da esporeadela podem durar três meses, na política já se conhecem casos que ultrapassam os três séculos. E o pior é que, uma vez envenenadas, as vítimas passam a comportar-se como vampirizados ou zombis, tendo por único propósito da pseudo-vida a proliferação do veneno e a sua inoculação obsessiva noutros.




terça-feira, fevereiro 21, 2023

Um Conto de Carnaval

 


«Nova-iorquina procurada por incendiar bandeira gay»

Mas já aqui há tempos, um indivíduo tinha sido condenado por queimar uma bandeira gay (essa da imagem, ou algo que o valha, presumo). Foi condenado a 16 anos de prisão. Será possível? «Pastor Eileen Gebbie, openly gay herself, agrees with the charges». O perdão e a piedade não são exactamente o forte dos calvinistas... Em contrapartida, quando, além de mulheres, a Igreja católica também autorizar lésbicas a exibirem-se no púlpito, estou em crer que vai ser uma redenção expresso aos olhos dos ateus vigilantes e frades laicos da esquerda beata.

Isto, de resto, merece-me algumas considerações gerais.

Os Estados Unidos também experimentam a acção dum governo terrorista. Os mesmos que os implantam internacionalmente, em série, servem-se de idêntica fórmula para os torcionarismos domésticos. Afinal, gado é gado. Seja na Alemanha, em Portugal ou na América.

Assim, hoje em dia, o pacato cidadão oxidental pode sofrer ataques terroristas do próprio "governo" sob uma de três formas principais:
a) terrorismo de género (agenda LGTcoiso,  supositórios de ódio, etc );
b) terrorismo ambientalista (com variações sanitárias de ocasião);
c) terrorismo do dogma  disneycraniano.

No seu mais recente discurso, Vlad Putin declarou a certa altura:

Tem completa razão quanto às religiões sagradas do passado. Mas não contempla as superstições sacrossantas do presente oxidental. O que só o torna mais odioso e abominável às massas tribalizadas e fanatizadas cá deste lado do Neo-muro. Tanto mais que estamos naquele ponto, deveras rebuçado, em que todos se indignam histericamente, soltando urros e arrancando cabelos, perante a pedofilia na igreja católica, mas acham não apenas normal como digno de imposição na ponta da lei, a mutilação sexual, física e psicológica de menores, a pretexto  de uma qualquer mística ou êxtase  trans. Como é óbvio, se os infantis usufruem  de autonomia deliberativa (entenda-se, maioridade excepcional) para mudarem de sexo, género e até espécie (de planeta, não deve tardar muito) mais facilmente poderão escolher usá-lo para práticas igualmente iniciáticas e exotéricas (assim mesmo, com x). Daí - e um pouco na senda da prostituição sagrada da Babilónia, esse magnífico predecedente civilizacional -, não nos surpreendamos minimamente quando, um dia destes, todos estas palhadinos sobre-excitados da virtude e da morália aparecerem em procissão de hossanas e améns laicos, ultra-laicos e mentol ao novo portento do progresso e da civilizacinha: a pedofilia sagrada. Em vez da violação ou abuso, o matrimónio ou a união de facto. Enfim, o exercício solene do direito à riqueza rápida e da promoção ágil desde a mais tenra idade. De resto, como apregoavam aqueles meninos da Casa Pia aos cépticos da confraria, naqueles laicos comércios, a troco de ténis, passeios de bólide e roupas de marca.

segunda-feira, fevereiro 20, 2023

O Verbo Dar (a soberania)



Eu dou
Tu dás
ele dá a Soberania
Nós damos
vós dais
eles dão a Soberania.

Nós damos a soberania aos partidos, eles dão a soberania a Bruxelas, Bruxelas dá a soberania à Alemanha, a Alemanha dá a soberania aos patrões da Nato, os Estados Unidos  e, finalmente, os Estados Unidos dão a soberania imaginem a quem.  

Anda então tudo a dar ao mesmo?

E como se chama uma parafilia-guiché destas?
Essa é fácil: Ocidente.


PS: Embora, ultimamente, alguns pseudo-estados, sobretudo a Polónia e os anexos bálticos, já nem liguem à Alemanha e deem directamente ao Império da Treta.

Violência Doméstica Institucional

 



Este tinha ficado esquecido, mas ainda está actual...

«Portugal vai enviar tanques Leopard 2 e está em curso operação com Alemanha»

«Portugal tem também obrigações no quadro da NATO, que não podemos deixar de cumprir em termos de disponibilidade de equipamento para intervenções em caso de necessidade», esclarece o desgovernante-mor de serviço, eunuco de serviço ao harém transatlântico. Assim, logo à partida, é a completa inversão de qualquer política soberana: Portugal não tem interesses, tem obrigações. Estas sobrepõem-se àqueles. Ora, obrigações acima de tudo têm as colónias, os estados vencidos ou subjugados.  Enfim, a acção de Portugal, nestas condições, nem sequer é virtuosa (ou viciosa), porque não é livre nem espontânea ou deliberada: é coagida. Faz porque o obrigam a fazer. O deplorável eunuco não apresenta uma política, ou sequer uma decisão: apenas uma canina obediência a uma ordem externa. Não se trata de servir aqueles que o elegeram, mas de subservir aqueles a que, vilmente, se submete.  Só que o desplante vai mais longe ainda: obrigados a quê, concretamente? O figurão di-lo: "disponibilidade de equipamento para intervenções em caso de necessidade". Intervenções aonde? Estamos em guerra, ou vamos desatar aos tiros a quem? Alguém atacou a Nato (essa epítome de aliança defensiva)? Não, ninguém atacou a Nato. Mas a Nato vem intervindo, cada vez mais ofensivamente, na Ucrânia. Da máscara, de tal modo gasta, já só restam as pinturas de guerra duma velha rameira em quem só já mesmo os tarados, os ébrios, os mongolóides e os monstros pegam.

O povo é quem mais ordena, tudo bem espremidinho, significa então quê? Deveria significar, no mundo das fábulas e princesas encantadas que preside à cegada do costume, que a soberania pertence ao povo, não será? Escreveram até uma qualquer constituição, corrigida e aumentada, sobre o assunto. Os artigos 1º, 2º e 3º - portanto, logo a abrir e como fundamento essencial para tudo o que se segue-, são, precisamente, sobre isso, esse conceito fundamental: soberania.  Aliás, por definição e princípio, qual é a condição basilar do tão cantado e propalado "estado de direito"? Nada mais nada menos que a obediência à constituição. O Artº 3.2 da dita consagra-o preto no branco e sem margem para piruetas: «o Estado subordina-se à Constituição". Ora, o Estado, entre outras frescuras, é representado pelo Presidente da República, a Assembleia da República, 1º Ministro e respectivo bando governamental, bem como os Tribunais, designadamente superiores - Supremo e Constitucional, só para referir alguns dos recheios principais. Portanto, toda esta gente tem por obrigação primeira e superior a todas as outras subordinar-se à Constituição, ou deliro? A mesma, logo no Artº 1, declara: «Portugal é uma república soberana (...)» É? Na realidade, não. Façamos um viagem. Ao som the "Lucy in the sky with diamonds", dos Beatles, e já vamos todos perceber porquê. Lucy pode ser até entendido como um diminutivo para "Lucidez". 

Ler a actual Constituição da República portuguesa constitui uma das experiências mais bizarras (os bárbaros chamar-lhe-ia twilight) que imaginar se pode. Dir-se-ia que embarcámos num qualquer nave caleidoscópica em peregrinação (trip, diriam ainda os bárbaros) pelos subúrbios duma qualquer dimensão nem sequer paralela porque metalela ou alterlela. Como diria o meu mestre, gosto de palavrear. Mas é a pura das verdades: Lemos o sagrado palimpsesto, da desenvangélica tuna académica, e comparamos com as acções e execuções na realidade, sobretudo pelo Estado e a sua Comunicação Social na trela, em passeio pela calçada (sabemos qual é o Estado, pois é o que comanda e pilota o conjunto, enfiado na coleira e rebocando o outro pelos avenires, avenças e aventamentos, na ponta da trela e tratando da recolha e armazenamento dos excrementos e resíduos). O resultado para o leitor é o completo assombroCito-vos apenas algumas expressões particularmente arregalantes das vistas (para humanos não peados, necessariamente). E acreditem, bastam os primeiros (e fundamentais) dez artigos.

a) Começemos, então, pelo primeiro: 1º: «Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária

- República soberana, no foro internacional. tem interesses, não tem obrigações. No melhor dos casos, pode ter actos de conveniência política ou geopolítica (sendo que, por princípio e fim, tudo isso se insere numa geo-estratégica a longo prazo). Mas quem é o soberano concreto, afinal? O artigo 3.1 responde: 

««A soberania, una e indivisível, reside no povo» 

Muito bem. Qual povo? O povo português? O povo americano? O povo conceptual? O povo imaginário? Qualquer que esse "povo" seja, o nosso Desgoverno, só para mencionar o caso mais agudo dos agressores, está-se nas tintas para ele. Aliás, o verbo "residir" é aqui interpretado literalmente como assenta-se em cima dele e usa-o como trono das necessidades (penico, para o vulgo)... Numa evacuação que nunca mais acaba. Tão pouco é o povo americano porque também este não é grandemente tido nem achado para decidir peva que seja. Por conseguinte, este povo indeterminado consiste, na realidade, em povo nenhum. A soberania popular traduz-se, assim, por vassalagem a poderes alógenos e difusos. De personagens e agremiações não eleitas (pois, não democráticas e, ostensivamente, demofóbicas). 

b) Passando ao Artº 2: «A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes (...)»

A Republica putativamente soberana especifica qual a espécie de Estado que escolheu para matrimónio: O Estado de Direito democrático. A trave mestra ou alicerce fundamental deste primoroso conjúge surge descrito no Artº 3.2: «O estado subordina-se à Constituição.»

Muito bem. Qual Constituição? A Constituição Portuguesa? A Constituição Americana? A Constituição angélica (daqueles que se rebelaram contra a tirania monárquica e criaram um inferno livre...demo-crático original, eventualmente) ?  Pois, qual? É que não se percebe. É vago. Indeterminado. Esta, que estamos a viajar nela, posso garantir-vos, é que não é, de certeza! Absoluta. Tão certo como 2+2=4. E não é força de expressão ou, muito menos, de opinião. É ela própria que no-lo grita, apesar de espezinhada e estrangulada, a plenos pulmões.  Exagero? Nem por sombras! Oiçam-na:

Artº 7.1  «Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados»

Sim, claro... A independência nacional de quem? Em que é que andar a reboque e alinhar, acrítica e saloiamente, com a superpotência constitui uma exibição de independência nacional? Em que é fazer o que lhe determinam forças externas manifesta a "igualdade entre os Estados? Se numa aliança servimos de capacho e moço de recados, que respeito nos nutrem os outros estados do mundo? Em que é que enviar tanques para a Ucrânia (a seguir, na obrigação, vai o quê - os F16?) contribui para a "solução pacífica dos conflitos internacionais" (isto é, negociada)? Em que é que participar, sonsa mas activa e ofensivamente, numa guerra traduz uma "não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados"? Há alguma palavra, frase ou conceito do Artº 7.1 que o Estado português não esteja a escoicinhar ostensivamente?

Sobe de tom no 7.2. :

  7.2 : «Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.»

Vamos rir à cambalhota, não é? Abolição do imperialismo. Qual, o português? Já não existe. Agora só resta um. Preconizamos o fim dele? Nem em sonhos: sabujamo-lo com todas as nossas forças e sentido devoto de obrigação. Do colonialismo... O nosso também já foi. O de Israel, então? Credo, nem que nos apontassem uma arma à cabeça!... Dissolução dos blocos político-militares... Ora essa, antes militamos todos vaidosos e sempre prontos para a fotografia no maior e mais assanhado de todos eles (aliás, o único digno de nota), e quanto ao "sistema de segurança colectiva", que se foda, não tem piada nenhuma e o fascinante, o excitante, o altamente cool é mesmo a instauração do caos a eito, de modo a assegurar a hegemonia dos não eleitos auto-eleitos, a canalhice inveterada nas relações entre os povos e, de bónus, com uma bocado de esforço, mais até que de sorte, a terceira guerra mundial a todo o vapor, com vários cogumelos atómicos para a malta fumar e ficar mesmo ganzada para a eternidade. 

Com isto, desembarcamos no Artº 7.3: «Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão»

Por conveniência do Império cuja abolição a nossa Constituição preconiza, mas o nosso Desgoverno, em sôfrego anillingus, lambuza, a região do Donbass é desabitada. Não existe lá povo nenhum, nem nunca existiu, nem foi alvo de metódica tentativa de erradicação violenta, e, portanto, como o povo do Donbass é imaginário, não lhe podemos aplicar o artº 7, ponto 3. Aplicamos-lhe, isso sim, é mais tanques e granadas para ver se desaparece de vez.

 * 7.4 : «Portugal mantém laços privilegiados de amizade e cooperação com os países de língua portuguesa»

Diz-se que o diabo é o maior poliglota do universo, pelo que fala também português na perfeição. Qualquer pseudo-nação por ele patrocinada está, legalmente, abrangida pelos "laços priveligiados da nossa amizade e cooperação". Será, assim, devo reconhecê-lo, a excepção ao descalabro legal que vimos visitando. Mas também não é preciso exagerar!...

Finalmente, e como chave de ouro, para que não restem dúvidas:

f) No Artº 9: « São tarefas fundamentais do Estado: a) Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam

 A conclusão final é óbvia e posso desde já adiantá-la: a relação, cá nesta República, entre o Estado e a Constituição não é de obediência, ou sequer de vago respeito: é de completa alergia. Aliás, nunca percebi o escarcéu dos anglofóricos nacinhais com a "constituição socialista", quando os autoproclamados socialistas se estão perfeitamente nas tintas para o papel e tudo fazem para, pior ainda que ignorá-la, obrar ao contrário. Queixam-se de quê, afinal, aquelas abéculas? Se a "constituição socialista" promove e estimula os socialistas a um frenético desempenho anti-socialista, não será o Mercado a escrever direito por linhas tortas?  Portanto, e retomando, para principiar no nosso comentário escalpelizante do atrás exposto, o "Estado não apenas não se subordina à Constituição, como, pelo contrário, se insubordina e age perante ela como um filho malcriado e gandulo. Da mesma forma, e pela mesma aversão aos deveres constitutivos, o mesmo Sujeito inclinado à vadiagem e à má vida, quer lá saber do "garantir a independência nacional" e subsequentes anexos consignados! Bem pelo contrário, tem-se esmerado no oposto: esbanjado, negligenciado e delapidado com todas as suas forças; endividando e arruinando a eito; desordenando e alienando como se não houvesse amanhã. 

Em síntese, a República não é soberana; a soberania não reside no povo; e o Estado não se subordina à Constituição. Pelo que não vigora o Estado de Direito nem a democracia funcional. Direi mais, e com solene garantia: embora não a subscrevesse em tese, longe disso, tal qual eu, o dr. Oliveira Salazar cumpriu-a na prática cem vezes mais do que esta chusma de invertebrados morais, traidores, sevandijas e políticos de aluguer em regime de self-service!...  A República era soberana; a soberania emanava do povo português e o Estado subordinava-se à Constituição. E não, o Estado não era de "direito democrático", quer dizer, de faz de conta: era de facto.

Entretanto, o Desgoverno, à revelia das leis fundamentais da República, vai declarar guerra à Federação Russa, baseado em quê?  A Federação Russa atacou-nos? Ameaçou-nos? Atacou, vá lá, a Nato? Lançou-nos sanções à cara? Andou a dizer mal de nós nas assembleias? Denegriu-nos, injuriou-nos ou difamou-nos de alguma forma particularmente acintosa na comunicação social? Não nos pagou as importações? Cobrou-nos escandalosamente mais do que aos outros nos petróleo ou gás? Fomentou a desestabilização interna ou a hostilidade raivosa dum país vizinho? Enfim, agrediu-nos ou beliscou-nos exactamente como?

Onde é que podemos apresentar queixa contra os representantes amotinados deste Estado pária, a começar no Presidente da República, que jurou defendê-la, à Constituição, e apenas assiste e ampara na violação brutal e continuada da mesma? Anda aonde a separação de poderes? Não existe. O que existe é a união concertada  de poderes: contra a Constituição! Entre o Estado e a Constituição, a relação não é de subordinação, é de violência doméstica. Frenética, relapsa, relaxada e contumaz! Serve para defender o povo das arbitrariedades dos despotismos e tiranias, a Constituição? Na república das fadas e unicórnios, talvez. Aqui, na realidade, é o que se vê. 

E tanto perito - e expert, e oráculo, e vendedor de banha - em leis, leizinhas e leizetas, à coca do cisco na vista alheia,  e nem reparam, nem tugem nem mugem, acerca do mastro que lhes empala o reto, passe a redundância!...

domingo, fevereiro 19, 2023

Super-calejados


 

Quando os extraterrestres chegarem, ninguém nota a diferença. 


                                                      ....//....


ADENDA: Entretanto...

«Existe um plano governamental para uma invasão alienígena?»

Alguns detalhes:

a) «o coronel reformado do exército norte-americano, Manuel Supervielle, garantiu à CNN, em 2019, que existe um "plano de contingência" caso isso aconteça.»

b) «existência de treinamentos específicos nas forças de elite do exército norte-americano, voltados para o combate aos inimigos do espaço sideral.»

c)«Esquadrão de Agressores Espaciais» - entenda-se, simulador de extraterrestres agressores.

d)«Na realidade, o objetivo é que o exército dos EUA seja capaz de enfrentar uma batalha no espaço. E, basicamente, isso significa controlar satélites de ataque alienígena, norte-coreanos, chineses ou o que quer que seja.»

Portanto, é o que suspeitávamos: existem duas espécies de alienígenas: os residentes e os visitantes. Os residentes são todos aqueles que já habitam, ilegal e precariamente, no planeta Terra, desde há vários séculos, mas não possuem passaporte americano; os visitantes são aqueles que, se presume, habitem fora do planeta Terra e neste pretendam fazer turismo ou império.

 Além disso, os alienígenas residentes dividem-se em duas espécies: os actualmente agressivos e os potencialmente agressivos, sendo todos eles considerados perigosos e ameaçadores. Fora aquela excepção conhecida que me dispenso de elencar.

Finalmente, os Estados Unidos, na sua metrópole, estão neste momento a sofrer uma invasão alienígena através da sua fronteira sul. Acontece que isto obedece a um plano audacioso cuja finalidade é processar e transformar este influxo alienígena em mão de obra semi-escrava e fonte de recrutamento eleitoral de choque.

Quanto à "aliança anti-alienígena garantida". Se os visitantes começassem a malhar nos terráqueos excepcionalistas (metrópole e colónias) o mais provável seria que os residentes, ou assobiassem para o lado ou até ajudassem à festa. Qualquer coisa como uma "aliança poli-alienígena de conveniência".

sábado, fevereiro 18, 2023

Escaravelhices do costume

 


«UE “pode mover montanhas” para fornecer munição a Kiev, diz von der Leyen»


Quando a estupidez atinge proporções bíblicas. E a (Geo)Histeria ganha contornos de fanatismo sectário em procissão - alienada e patética - de flagelantes. Só que estes não se auto-flagelam, como os seus predecessores de há séculos: flagelam as populações que, putativamente, simulam representar.

De resto, dada a sua dimensão e mister, a única montanha que se nota que movam é só mesmo a bola de esterco que lhes ocupa a totalidade do horizonte e da argúcia. Excremento político, ético e racional.


Neo-Jerusalem, ou Despejo por Força Maior

 

“At the same time, fifty Jewish families own 80% of all wealth. Where do you see the Ukrainian oligarch? I don’t know any. They are all Jews. Their wealth betrays their own bragging rights: Rolls-Royces, planes, castles, hotels, casinos owned in Monte Carlo. Aircraft and yachts under foreign flags. And, of course, they don’t pay taxes. And plants and factories were bought by them not at a real price, but stolen from the entire Ukrainian people.”


Um artigo trivial. Sobre a Nova Terra-Santa?...

Parece que uma das ideias plausíveis (e hipótese explicativa) para tamanha geo-histeria à volta da Disneycrânia tem que ver como a muito simples desocupação do imóvel. Há, segundo parece, sérios planos de rentabilização do espaço. Eventualmente, para edificação dum condomínio de luxo, para ubermench e micrómegas. O método, ao que se constata (mais até do que se suspeita) consiste em, por um lado, promoverem a emigração massiva dos sem pedigree; por outro, desembaraçarem-se dos restantes no triturador montado pelos russos. Neste momento, já cangam adolescentes e idosos; e os primeiros comboios com mulheres já seguem para os campos de morte. A coisa semelha até um pouco a alegoria orwelliana: os porcos auto-eleitos guardados pelos cães nazis a tratarem da saúde aos ovinos autóctones. A linguagem poderá parecer cruel e brutal. Mas, seguramente, apenas suaviza a realidade... do asqueroso circo instalado no terreno. Há sempre uma ressalva, claro. Mas se não é, imita na perfeição.

sexta-feira, fevereiro 17, 2023

Espelhos e arreios




 "Um livro é como um espelho: se um asno nele se debruça não pode estar à espera de ver um anjo." Escreveu Lichtenberg no seu "Aforismos".

O analfabetismo é uma vergonha; o analfabrutismo é um despudor. O analfabeto envergonha-se de não saber coisas básicas; o analfabruto faz gala da sua rasquice ufana e campeã.  Assistimos, em forma de enxurrada, a tempos de bacoquice (para ser piedoso) roncante e pesporrente. 

Mas seria importante que, à partida, se entendesse o básico. Convinha, para começar, não confundir instrução com educação. São duas coisas, substancialmente, distintas. Até pela gravidade dos sintomas. Em termos de instrução temos uma situação muito grave; em matéria de educação a coisa já alcançou proporções de catástrofe.

Num postal adiante, quando tiver mais tempo, alongar-me-ei sobre tão belas e crocantes questões.

PS: Em boa verdade, Lichtenberg escreveu "macaco". Eu apenas glosei para "asno". Alterei na zoologia, sem desfavorecer no sentido. Bem pelo contrário...  actualizei.

quinta-feira, fevereiro 16, 2023

Um caso recente...

... e bem a propósito.


 «What are these so-called “conspiracy theories”? For example, he argued that intelligence agencies most likely organise sex parties with children to recruit new members for the kakistocracy, a form of government by the worst, least fit or unscrupulous citizens.

This, he said, is evidenced in part by the fact that intelligence agencies have close ties with terror groups and paedophile networks. “If you are looking for the most unscrupulous people, sex parties with children are an excellent selection mechanism.”»

Não deve andar muito longe da realidade, se é que não desabou lá dentro.  O resultado era fatal: despediram-no sumariamente. Tocou-lhes por certo nalgum ponto nevrálgico. Não é difícil de perceber qual. O caso Epstein, por exemplo, vem-nos à mente.

Entretanto, aquilo que o ora desempregado denomina como "Kakistocracy" - por antítese (e glosa inversa)  a "aristocracy", ou seja, o governo pelos piores em vez do governo pelos melhores - já aqui, neste blogue, desde pelo menos 2007, vem sendo repetido e repisado. Ainda recentemente, acerca de Huxley, escrevi: 

«Os que administram são os mesmos que legislam e também os mesmos que seleccionam. Nesse aspecto, já não se corre o risco de discrepâncias. Afinal, é um dos efeitos comprovados e universais de décadas de democracia: primeiro, a proliferação e homogeneização da mediocridade; depois a ascensão metódica, quando não meteórica, dos piores. Nesse sentido, a democracia, como já bem tinham bispado os grandes pensadores gregos, é o contrário da aristocracia, quer dizer, é o governo não pelos melhores mas pelos piores. E geralmente até pelos piores princípios, razões e motivos. Nesse sentido, pode ser definida, a dita democracia, como um genuína Cacocracia

Ora, o holandês em epígrafe, aponta para as "intelligence agencies" como factores preponderantes da "selecção contra-natural". Sendo isso, em larga medida, verdade (sobretudo desde que certas agências devieram "absolutas", isto é, self-service), não enquadra, segundo creio e venho observando, a plenitude do problema. Entendo que a degradação é mais estrutural que isso, é mais pervasiva de toda a sociedade e de todas as sociedades onde a infecção é disseminada.  Dito de outro modo, é algo mais de ordem civilizacional do que de meros factores conjunturais do momento. Tem todo um passado e condicionar e promover o presente. Um movimento num determinado sentido, com um determinado padrão, que se vai processando em forma de solavancos históricos. Podemos até citar alguns sobremaneira evidentes e encadeados: revolução francesa, 1ª Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Fim da Primeira Guerra Fria, 11 de Setembro. Agora estamos, por um lado, na Coisa Woke; por outro, na Terceira Guerra Mundial.  Nesta, acontece, em confluência antagónica, duma banda, o culminar do caquistão (os piores alcançaram o estágio acabado e absoluto de que são capazes - a realização de todas as potencialidades iniciadas na revolução francesa); da outra banda, no contra-caquistão, as forças da resistência natural, onde se congrega e concentra, em larga medida, o instinto de sobrevivência da própria espécie humana. 


PS: Adenda - Um diálogo Epsteiniano:

JP Morgan executive Jes Staley emails Jeffrey Epstein in July 2010, ONE YEAR AFTER Epstein got out of jail Staley: "That was fun. Say hi to Snow White" Epstein: "What character would you like next?" Staley: "Beauty and the Beast" Epstein: "Well, one side is available"

(Bacoreja-se por aí que se tratava duma covert operation da Mossad...)



quarta-feira, fevereiro 15, 2023

A Missa Negra




Convém que isto fique bem claro:

A Igreja padece dum problema que não lhe é exclusivo: atravessa todas as grandes instituições e profissões deste país. Na Igreja é apenas mais escandaloso. Por razões intrínsecas e extrínsecas. Porque, em tese e na prática, se espera da Igreja um exemplo moral e, nesse sentido, a falha devém fosso; porque ao convidar a que a arrastem, apupem e pelourinhem, pela ralé, só agrava e amplia o fosso a abismo. Como se já não bastasse deixar-se infiltrar pela ralé, a pseudo-hierarquia da Igreja (desde o Vaticano II, Deus nos acuda), incita ao linchamento público pelo mesmo tipo de gente. E quando eu digo ralé dentro da Igreja refiro-me, objectivamente, a beatos e pseudo-sacerdotes, e tenha essa ralé muita, pouca ou alguma riqueza, pedigree ou instrução. A ideia que fica de todo este degradante espectáculo merdiático é que a pseudo-hierarquia da Igreja não quer saber da Igreja para nada. A começar no papa Chico.

A primeira vez que ouvi a expressão, era eu  miúdo, e teve como autor o meu pai. Em conversa com outros adultos referiu-se a um caso duma "rapariga enganada" por um qualquer tratante proferindo a seguinte sentença censuradora: "serviu-se da rapariga" (outra forma, à época, equivalente era "desonrou-a"). E não estamos a falar de menores. Apenas duma moça solteira. A expressão referia a essência do caso, dispensando-nos dos detalhes e obscenidades acessórias. Tanto podia ser exprimida por adultos, quanto escutada por crianças. O decoro sobrepunha-se ao escândalo.

Ora, o grande problema da Igreja, como do Exército, ou da Medicina, da Justiça, da Escola, etc, não é a pedofilia. Essa é apenas uma das possíveis manifestações/sintomas mais repugnantes. Até porque para explorar o escândalo, convocar porteiras ou promover comícios, não há melhor nestes dias que escorrem. Não; o  problema, que já vem de longe, é a falta de vocação e de espírito de missão. É a invasão e sobrelotação dos serviços por funcionários e a redução de toda e qualquer missão a mera e mecânica função. Indiferente quem a execute. Donde a desqualificação, a mediocridade, a burrocracia. Mas pior: dispensados e desembaraçados de qualquer espírito de serviço, enquanto servir os outros, a comunidade, o bem comum, estes utilizadores/exploradores das instalações e cargos tudo convertem e confinam ao estreito interesse pessoal, à lógica básica e saloia da carreira, da promoção e do currículo. O serviço degrada-se, assim, e fatalmente, a self-service dos funcionários. O governo é o self-service dos ministros e secretários; os partidos são o self-service de toda a casta de arrivistas e alpinistas sociais; as universidades são o self-service dos lentes amestrados e bacocos; os tribunais são o self-service dos magistrados; e a Igreja é o self-service dos seus funcionários e o desespero dos seus missionários (aqueles que, apesar de tudo, fiéis,  vão resistindo). Quando um qualquer funcionário da Igreja se serve duma criança, para  cevadura da sua ignóbil aleivosia, está a apenas a usufruir, embora dum modo particularmente torpe e reptilíneo, do self-service instalado. Em vez de servir a criança, a comunidade, a Igreja, serve-se de tudo isso para sua sórdida masturbação pessoal. No fundo, em nada colide com os princípios gerais que presidem à actual sociedade, sobretudo no grau mais elevado (que é superlativamente baixo e rasca) das elites. Só que a Igreja não é suposto seguir o rebanho, ainda menos quando este, tresmalhado e destrambelhado, se lança em fogosa correria para o precipício. Sendo do mundo, a Igreja também deve olhar de fora dele; estando no Tempo, também tem um vínculo à eternidade. Por isso, o funcionarismo eclesiástico é o mais grave, imundo e perigoso de todos: contamina e dissemina a necrose no âmago do Sagrado. A profanação que este funcionarismo, numa das suas erupções mais aberrantes, exerce numa criança, não é apenas a profanação do templo da inocência e da fé: é a profanação da casa de Deus. É despejá-Lo da sua própria mansão e fazer desta bordel-paraíso pessoal. Maior danação será difícil.

Todavia, mesmo que em Toda a Igreja só já restasse um homem santo e todos os restantes tivessem descido à bandalheira mais venal, a Igreja seria esse homem santo, teria o valor incalculável dessa boa alma, significaria infinitamente mais que todo o nada restante. Ainda mais no momento em que estivessem todos, aos gritos, aos uivos e aos escarros, a crucificá-lo. E esse homem de Deus ter-me-ia a mim, pecador entre os pecadores, ferrabrás impenitente, guerreiro por vocação, sempre ao seu lado. Como o ladrão junto a Cristo. 

Pelo que é de coração pesado que me compete declarar, em remate, o seguinte: ao assistir (ainda que de relance, mas o suficiente para experimentar as vascas do vómito), no horário nobre do caixote do lixo televisivo, a uma parelha de beatos excitados, na lúgubre função de porta-vozes duma comixão de neo-inquisidores laicos (assistindo de frisa, qual fileira de abutres perante autópsia), declamando, em tom de homilia, passagens de pornografia rasca com bufos propósitos, tive a completa e acabada experiência de estar a testemunhar, ao morto e a cores, não a uma denúncia, a uma convocatória à moralidade, mas a uma celebração. Uma celebração onde, em vez da Bíblia, se liam passagens de Sade; uma celebração onde, em vez da purificação da Igreja, era  a profanação, pública e solene, dela que se ministrava. Aqueles católicos do cuspo, que vão ao domingo à missa, à quarta à bruxa e todos os dias ao mercado das almas, querem lá saber das crianças dos seminários e dos orfanatos - filhos de gentinha pobre ou incógnita, interessam-lhes tanto como os pais, que nojo!... Não é, definitivamente, a defesa dos desvalidos os que os ocupa: é o ataque concertado, fariseu, hipócrita e rastejante a uma Instituição que estorva. Isso e o assento vip na aero-moralidade a jacto. Mas ainda mais que o corriqueiro e vezeiro tele-proxenetismo do escândalo que preside a estas emulsões premeditadas, o que tudo aquilo simbolizava e transmitia, repito, ao morto e a cores, para toda a nacinha ronhosa, era uma espécie muito concreta, ensaiada e fétida de cerimonial... Qualquer coisa de sinistro e angustiante. Passado o choque, revelou-se-me realmente o que foi: uma missa negra.



PS: Os funcionários da Igreja que, em vez de servirem aos outros e, nisso, a Deus, preferem o self-service com que os compra e assalaria o diabo, deviam merecer um pouco mais de carinho, recato  e compreensão da parte os seus colegas neo-inquisidores de pantalha. Afinal, servem todos o mesmo patrão. Mas como a piedade não é visita da casa... 




terça-feira, fevereiro 14, 2023

A Glória Suprema de ser Cancelado

 Fiquei agora a saber que um êxito de Tom Jones dos anos 60 - Delilah - foi cancelado. Por violência doméstica à retriori, perdoem-me a invenção.

Nick Cave fala, entretanto, numa espécie de "privilégio supremo", ver uma canção sua cancelada". Eu também diria o mesmo. Os canceleiros de serviço têm esse efeito sobre qualquer objecto artístico que tentem conspurcar: cobrem-no de dignidade, de grandeza política, estética e moral. Mesmo uma coisa qualquer menor, depois de cancelada, engrandece-se, cobre-se de glória, ascende a um pódio superlativo. Verdadeiramente, não conheço mais genuína e consistente promoção. O verdeiro critério de selecção!... A mais fidedigna das Charts, o mais honesto e realista dos Tops!...

Entretanto, deve estar em contagem decrescente para o cancelamento deste senhor que se segue (bem como a malta do Blues em geral, especialmente os originais...):



segunda-feira, fevereiro 13, 2023

East Palestine, Ohio

 



Quem os manda chamarem East Palestine lá ao sítio?... É convocar problemas e desgraças. E extermínios.

A Ameaça

 

Um belo dia, estava um entrevistador em representação do Exército Americano a inquirir Frank Zappa. Este, ao seu estilo, estava a ser particularmente crítico da instituição. Contra-ataca de lá o funcionário:

"Answear one more question: just who do you think will defend the country without the Army?"

Responde Zappa:

«From what? the biggest threat to America today is its own federal government... Will the Army protect anybody from the FBI? The IRS? The CIA? The Republican party? The Democratic party?... The biggest dangers we face today don´t even need to sneak past our billion-dollar defense system... they issue the contracts for them".

Claro que a entrevista nunca foi publicada.

A lucidez do músico estava sobretudo a ser profética. Aquilo que era, já àquela data, a maior ameaça interna para os Estados Unidos, tornou-se hoje, em modo ainda mais desmesurado e descontrolado, a maior ameaça para o mundo.




domingo, fevereiro 12, 2023

Com a boca na botija... do gás

 



Agora, reparem bem, em JUNHO de 2022:

«US Military to Use High-Altitude Balloons Against China, Russia: Report»

Portanto, usado por eles é perfeitamente natural, legal e nada invasivo do espaço aéreo alheio.

Por via das dúvidas

 


E agora diz que vai regravar o Dark Side of the Moon. Dado que foi o principal autor, compreende-se. É um direito que lhe assiste.

Regime de Harém



 Numa prova cabal e virtuosa de quão unido está o Oxidente -aliás, façamos-lhe um upgrade: doravante T'óxidente - na guerra destemida e implacável ao turismo alienígena, o Canadá seguiu imediatamente o exemplo do seu parceiro activo e zás, abateu também um "OVNI" estratosfeérico. A Nato não brinca em serviço, meus amigos. O tempo da impunidade destes visitantes cuscos de outros planetas, acabou. Já agora, e meditando um pouco nesta união tão apegada entre os vários parceiros da tal Nato, tanta lambuzadela, sucção e lubrificação permanente, começa a inquietar-nos uma legítima constatação: na aparência e propaganda passa por aliança militar, mas na realidade trata-se comprovadamente dum harém.  Do sultão gay americano. Um activo para rule them all... assholes.

Se isto, entretanto, ainda vai causar um incidente diplomático com o império de Andrómeda de Baixo, estamos cá para ver.


Actualização: Uma boca do esgoto, aka Comunicação Xuxial, cada vez mais Monty Pythoniana:

 «Apesar dos pormenores serem muito poucos, as teorias da conspiração já começaram a povoar as redes sociais. E há quem acredite que se trata de extraterrestres.»

Então não... Extraterrestres puro pedigree! Isto vai ser um espectáculo digno de Hollywoke: Superterrestres contra extraterrestres (ou, dado que aos comandos dos superterrestres já estão extraterrestres, isto, no fundo, vai ser extraterrestres de Baixo contra extraterrestres de Cima. Tipo Coreia)... Estou de camarote.

Actualização ainda mais actualizada: radares tontos, operadores perplexos! Fortes suspeitas de fenómenos paranormais, discos fantasmas ou ectoprojecções telecinéticas. Eventualmente o Homem-Invisível está metido nisto (tripulando sabe Deus que engenhos evasivos com camuflagens ultra xpto, estilo Predador (I, II e III) )... isto não vai ficar por aqui, não vai não. 

Super-actualização: pronto, eu não dizia: já pairam sobre a China, os misteriosos aliões! Já estivémos mais longe do salve-se quem puder. Dragões e gajas boas, primeiro! (na 1ª Classe!)

sábado, fevereiro 11, 2023

Pandemias e apocalipses





«Researchers Claim New Algorithm Will Prevent a Robot Apocalypse»

Com respeito a pandemias em digressão mundial, segundo um dos seus principais patrocinadores, um tal Gates, aguardamos a próxima em grande expectativa. Será gripe plus, será meningite extra, será sarna dos ornitorrincos? Nas casas de apostas, conjuram-se de antemão fortunas (e ruínas).

Quanto a apocalipses, o futuro, em contrapartida, já se vislumbra com alguma transparência: depois do zombi, o robot. Ou seja, quem escapar aos morto-vivos vai ter que arrostar com os nem ligados-nem desligados. Vou ficar a assistir lá do Além.

Ficheiros Secretos




Agora abateram um OVNI. Isto já mete conspirações transplanetárias  contra a segurança amerdicana. Como já não bastasse a guerra à Rússia, à China e à Realidade, decidiram também atirar-se aos Extraterrestres. Estes bem tentaram camuflar o disco numa forma menos chamativa, mas debalde.

Nas palavras  dum dos lunáticos de plantão:

«Este objeto, do tamanho de “um pequeno carro”, representava “uma ameaça à segurança do tráfego aéreo”, referiu John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.»  

Há cá um destes tráfegos aéreos no Alaska...

Os Estados Unidos não estão nada bem, nem se recomendam.


Actualização: Emergem fortes indícios de, afinal, o "OVNI" ser, na realidade,  um balão meteorológico americano. A ser verdade, e aposto que sim, esta guerra aos extraterrestres insere-se, de facto, na guerra contra a Realidade. Depois de metralharem os próprios pés e as costas dos aliados, desataram agora aos tiros aos próprios balões. Aliás, a III Guerra Mundial já começou, mesmo antes da intervenção russa na Disneycrânia e, com efeito, outro confronto não patenteia que a luta até à morte ente o Oxidente e a Realidade. Têm-lhe um ódio figadal!

sexta-feira, fevereiro 10, 2023

O Terrorismo, esse franshising

 



Escrevia aqui eu, em Outubro de 2015:

«franshising terrorista, em prol da "segurança americana" funciona em duas componentes: a dos terroristas avulsos e a dos governos terroristas (enquanto não se implanta o governo terrorista, recorre-se ao terrorismo avulso).»



É verdade que escrevo muitas asneiras, como, aliás, é fatal à minha condição humana. Infelizmente, devia escrever muitas mais. Por mim, se só escrevesse asneiras e absurdos seria óptimo. Era sinal de que o mundo iria bem melhor: era prova de que os meus vislumbres pessimistas não passavam disso mesmo: blagues literárias, geralmente bem redigidas (enfim, tem dias), mas sem qualquer âncora na realidade. Garanto-vos, ficaria eu bem mais feliz se, passados uns anos, descobrisse que, afinal, tudo não tinha passado de ficção minha, excesso de imaginação, ou singular estupidez. Seria um pouco como quando se acorda dum sonho mau.

O problema é que, cada vez mais, e para grande desespero meu, dou com o mundo a coincidir com os meus pressentimentos e presságios. Acreditem que, longe de me encher de qualquer espécie de tola vaidade intelectual, antes me inunda de tristeza e angústia. É como se fôssemos num comboio que vai, descarrilado, a despenhar-se num abismo e não pudéssemos fazer nada para impedi-lo.

A frase em epígrafe foi inspirada na guerra da Síria (teve novas edições na Líbia, como antes no Iraque, no Afeganistão e pelos quatro cantos do mundo... Angola, lembram-se?). Mas agora cai que, nem luva, no (des)Governo da Ucrânia, da Alemanha, da Polónia, dos Países Bálticos, da Holanda, da França, enfim da União Europeia em geral, excepto a Hungria. Só que na Europa, a implantação do (des)Governo terrorista nem carece do prévio (e sanguinolento) terrorismo avulso: basta a chantagem organizada, a confeitaria mediática eleiçoeira, a ameaça velada ou o baixo comércio de carreiras, cargos e favores. As "democracias" europeias dispensam o chicote: vão de trela, coleira, açaime e, à maneira dos S.Bernardos alpinos, até com a barriquinha ao pescoço, atestada da prestável vaselina.

A tradução da actual manobra americana na Europa, para mal dos nossos pecados, não anda muito longe disto: a transformação duma guerra civil a leste numa guerra civil europeia, onde os governos terroristas europeus (da Nato, mas não só) promovem, operam (e subsidiam) a tentativa de derrube do único Governo legítimo e ainda em funções no continente europeu: o Governo Russo.

Como vêem, não é nada de muito complicado.