quarta-feira, agosto 31, 2022

O Avesso é igual ao direito


Envergonhados da defensiva suicida, os ukramericanos decidiram dar um murro na mesa e, de supetão, passaram à ofensiva suicida. Os russos agradecem. Assim escusam-se àquela trabalheira e barulheira toda de terem que arrancá-los a canhão dos buracos. É uma razia mais rápida e bastante mais amiga do ambiente. Portanto,  o planeta, aliviado,  também agradece.

PS: Se é que consigo discernir alguma lógica nesta cauboiada, deve processar-se qualquer coisa como isto: disponibilizam o maior número possível de equipamento e armamento às garras do urso, para este estragar sem conserto,   que é para depois virem com o choradinho lancinante do "mais armas! mais armas!", depressa, estamos à rasquinha, ai que a demokracia se fana, e pronto, à pala de mais armas, lá vem mais uma pipa de massa, distribuem uns com os outros, os anglorruptos e os ukrascroques, 70/30, e se não é o paraíso na terra, anda lá próximo. Dizer aos ukranóides (e respectivos telecomandantes) que a propaganda não ganha sozinha a guerra é inútil. E eles dispensam o remoque. Sobretudo porque não é a guerra que almejam ganhar: é dinheiro. E nesse ramo estão a ir muito bem e a vencer de abada.

Fast & non-stoping Lies

 «In war-time, failure to lie is negligence, the doubting of a lie a misdemeanour, the declaration of the truth a crime.“

Facts must be distorted, relevant circumstances concealed, and a picture presented which by its crude colouring will persuade the ignorant people that their Government is blameless, their cause is righteous, and that the indisputable wickedness of the enemy has been proved beyond question. A moment's reflection would tell any reasonable person that such obvious bias cannot possibly represent the truth. But the moment's reflection is not allowed; lies are circulated with great rapidity. The unthinking mass accept them and by their excitement sway the rest.»

- Arthur Ponsonby (o "guru" da propaganda angloxidental)


Não é que a propaganda seja um exclusivo oxidental: simplesmente, no Oxidente, à presente data, o açambarcamento, a saturação e a avalanche de meios e tempos de antena de propaganda beira o totalitarismo desinformativo. Acontece ainda que o fenómeno não se restringe ao "tempo de guerra": precede-o, antecipa-o e, mesmo depois de encerradas as hostilidades no terreno, prolonga-o e martela-o. A falsificação da verdade é apenas o aperitivo para o prato principal: a falsificação da própria História. E o pior género de propaganda nem é aquela mascarada de reportagem ou jornalismo: é aquela travestida de ciência académica. É como ir do encobrimento e escamoteação de factos à sua pura invenção ab nihil ou, não raro, ad contrarium.

terça-feira, agosto 30, 2022

Cenas do surreal ucrotidiano

 1. Dizem que Homero (ou um anónimo, ou um outro sujeito de Halicarnasso) terá escrito a Batracomiomaquia, ou seja, a épica batalha entre as sapos e os ratos. Uma não menos épica contenda entre gays e transexuais , em Kiev, como haveria de ser registada para a posteridade? Proktomaquia?...

2.  Outra refrega não menos épica. Agora em Odessa. Entre os Cangadores e Despachantes oficiais de carne para canhão e os candidatos altamente involuntários a tal suicídio obrigatório por amor ao saque do santo anão? Fobomaquia?...

3. Em contrapartida, um voluntário heróico e disposto a tudo. Andava a arrumar carros e prometeram-lhe droga grátis com fartura. Visivelmente empolgado, o fulano. Mitromaquia?...

Em menos de Nada




« Our old “friend”  Muqtada al Sadr aka Mookie announced he is withdrawing from Iraqi politics and his supporters stormed the Presidential Palace in the Green Zone and are threatening the U.S. Embassy. The situation is chaotic. There are some reports that the United States Embassy is being evacuated via  helicopters. There is a contradictory report claiming the Americans are still hunkered down in the Embassy.»

Várias centenas de milhares de mortos e destruições superiores às de meia dúzia de terramotos de grau 9 na escala de Richter depois, a democracia instalada no Iraque, pelo Combinado Oeste, lá continua o seu caminho triunfal na direcção do paraíso terrestre. Entretanto, na Líbia, a democracia está cada vez mais viçosa; e, no Afeganistão, resplandece que é um mimo. Tudo isto, é preciso nunca esquecer, graças às benevolentes sulfatações de "valores oxidentais". De lamentar apenas, em todo este quadro fecundamente idílico, a situação da Síria, onde um regime iliberal e autoritário ainda esperneia. E alguma ordem persiste.

Quanto à bandalheira caótica é apenas aparente e pretexto para análises ínvias e malquerentes da perfeição no mundo. No fundo, o que verdadeiramente se passa é que  estes países, redimidos e resgatados às garras iliberais e autoritárias, se parecem cada vez mais com os Estados Unidos. Esse paradigma universal. À bomba, se preciso for.

E faz lembrar até aquele personagem mítico que, à medida que criava o caos no mundo, também o mesmo se ia instalando dentro de si. Ao contrário de Deus, para quem, segundo os neoplatónicos medievais (Escoto Erígena, sobretudo), a Criação era uma espécie de espelho que desdobrava para se contemplar, o outro apenas tentava preencher o seu absoluto nada... através da destruição. O absoluto em vão.


segunda-feira, agosto 29, 2022

Propaganda e realidade

 


A mais recente pérola do Boris Mongo (ou Boris The Clown, para os mais esotéricos):

"Foi a invasão da Ucrânia por [Vladimir] Putin que assustou os mercados energéticos. É a guerra de Putin que está a causar custos aos consumidores britânicos", explicou o chefe do governo do Reino Unido. »

É preciso levar em conta que o Palhaço Boris vai continuar a desgovernar o Reino Unido (o que eles mais que merecem), só que agora por interposta abécula (a Liz-Truz).  Quanto à bojarda... mas é evidente, claro que foi o urso  que enervou os mercados. São muito sensíveis e delicados, os coisinhos. Até uma mosca os assusta, quanto mais um plantígrado carnívoro à solta. Suspeito que os súbditos de Sua Majestade, um dia destes (alguns já principiaram), vão começar a apresentar um grande e retorcido manguito a estas figurinhas de estalo mai-la sua desfaçatez impenitente. Porque, até um certo ponto, a maluqueira ainda pode ser descontada à propaganda da moda. Mas agora já soa a desatada diarreia... Mental e moral. Valia mais tentar limpar as patas à parede.

Sobretudo, porque pior que o urso Putin, muito pior mesmo, é a propaganda russa - entenda-se,  segundo os mongos de plantão, tudo o que destoa ou desafina do despejo oficial; tudo o que se tenta varrer para debaixo do tapete, ou esconder no armário da censura filtragem informativa ultrapasteurizada.  E é muito mais ameaçadora, contundente e feroz porque grande parte dela tem um nome específico: Realidade.  A qual, repito, é  fodida. 






Rigor CNN




 Prestem atenção. Acham que eu não consigo ter o rigor informativo da CNN (ou da BBC, ou do NYT...)?  Desenganem-se.

Olhem só, com uma perna às costas...

peguemos em duas notícias avulsas, por exemplo:

a) «Rússia queima 10 milhões por dia de gás que poderia enviar para a Europa»

b) «Telescópio James Webb detetou, pela primeira vez, a presença de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera de um exoplaneta, isto é, um planeta fora do nosso sistema solar!»

E, em modo silogístico, repimpem-se. Temos pois a) premissa maior; b) premissa menor, e agora a  c) conclusão, estupenda e necessária. Do estilo:

c) «Poluição criminosa da Rússia, não ameaça apenas o nosso futuro: já atinge planetas noutra galáxia, conforme James Webb acaba de reportar!»

ou outro c) « Rússia alia-se a extraterrestres numa conspiração transgaláctica contra os nossos valores, a democracia e a nossa estranha forma de vida! -  como nos conta James Webb, em directo, de Androtox 2."

ou ainda um alter outro c) "Putin apanhado  inundar a Europa livre e democrática derretendo o Ártico! O fumo já chega a Androtox 2, na galáxia do lado, segundo James Webb!"

Querem mais rigoroso e CNN (ou BBC,  etc) que isto? Impossível.


domingo, agosto 28, 2022

Frankamente


 Mas isto é claramente uma conspiração global de magnas e tremendas proporções. E não abranda, só acrescenta novos cataclismos a cada dia que passa. Soltam o urso, fritam o planeta, a Greta aquilo, prendem o Querido Dealer e põem o santo anão a ressacar, e agora... agora isto. Um dos evangelhos é falso? Por amor de Deus, ou do diabo, seja, por respeito aos "vossos " valores... Isto é lá coisa que se diga, quanto mais se escreva!... A seguir vão arremessar-nos o quê - que a Anita vai à praia, ou a Anita no Comboio, ou a Anita vai de férias, ou (na versão catita e ultramodernaça) a Anita vai ao hospital fazer um aborto, ou a Anita muda de sexo -, enfim, vão desferir-nos que a Anita não existe? Eh pá, tenham vergonha!...

Uma nota meramente lateral e puramente exótica: o Ildefonso Caguinchas está farto de me dizer, com aquele olhar esperto e sacana que Deus lhe deu (aliás, ele também explica que Deus se chama assim, porque, precisamente deu uma série de coisas), mas diz então ele: Dragão, tu, se fosses um gajo esperto, de olhinhos, o que fazias era escrever um Diário da Ana Franga altamente! Uma pipa de massa que abifavas, garantuti!..."

O enredo, segundo ele, resumir-se-ia a mais ou menos nisto: uma menina - cuja mãe é rameira e trabalha num bordel-, vive escondida num armário donde espreita os visitantes, a mãe e as colegas. Regista o tempo, os pratos, as acrobacias especiais, as conversas, as urgências (não sei o que raio seja), os acessórios, em suma, faz a contabilidade geral, com original e cópia para arquivo, e depois, pela fresta do armário, liberta a factura. Que é apresentada, a cada visita, ao respectivo cliente. O rasgo genial deste projecto literário, segundo o alucinado autor do enredo, é que o Diário da catraia é, simultaneamente, um livro de facturas e uma pornotragédia.

O que é que se responde a um gajo destes?...


sábado, agosto 27, 2022

Sic Transit Gloria Mundi, ou O Querido Dealer

 



Extra! Extra!...

O Horror! A Tragédia!... Foi detido o querido dealer! O Querido Dealer, meu Deus! Já não nos bastava o urso violento, o apocalipse iminente, a Greta Roth-child, agora também o Querido Dealer!... 

«ZELENSKY’S DRUG DEALER DETAINED»

Mas ele droga-se? Nem por sombras. Toda a gente sabe que ele só usa a penca como símbolo heráldico da supremacia atávica da tribo. Ia lá agora conspurcá-lo com inalações de narcobarão!... Só pode ser propaganda putinesca, desinformação ursofila, alerta! Às armas, kamarãos!...  Ah, mas as elites mundiais agora fazem como os narcobarões e os gangs do Bronx?! Eh pá, não sabia. Pronto, já não está cá quem falou. Pode então drogar-se à vontade, o santo anão, que isso, adicionando à penca heráldica, só lhe confere sentido de estado e comunhão dos "vossos valores". Fica, mais que uma penca distinta, uma super-penca! Slavia cocaína!...

Entretanto, um dos hagio-assessores do santo anão, o mundialmente ciber-famoso  anjo Arestovitch, já veio esclarecer o mistério:

“Well, listen, we even have valiant … what to call them… yes, soldiers in war who can’t do without stimulants. You know, it’s scary and hard there… that’s why so everyone or almost everyone (are addicted). The one we are talking about now (i.e. Zelensky), he is, if you wish, the most important fighter with the orks (Russian servicemen) right now… He is the commander-in-chief and in general the main figure in Ukraine. There is a much higher level of responsibility and even fear … No, not fear, of course, but anxiety for the fate of all Ukrainians. And he is a living person, not a cyborg… he needs to pass all this through himself. Therefore addicted – not addicted… No one has the right to condemn him for this. There’s no need to even discuss it at all. And let’s all be on it!”. (Cf. no Youtube)

Portanto, amiguinhos, Disneyfrades, além de desempenhar, com denodo e primor, a "aldeia global do Astrelenky", que resiste, irredutível, ao Império  do César Júlio Putin,  também tem uma "poção mágica". Eis revelado o segredo. Slavia poção! E tomam todos a poção, porque a coisa não é para menos. Sem uma ajudinha química, como podiam estes tomba-gigantes sequer subir ao palco!...  São uma espécie de Rolling Stones do Metralha Metal! Do presidente postiço às tropas no terreno, é tudo a bombar!...

Mas isso, pensando bem, deixa-me alarmado. E a todos os apologetas, lambuzadores pagos e chupa-cricas de plantão deve deixar sobrehistéricos e ultra-excitados (porque histéricos já é o seu estado normal, se calhar também snifam, que sei eu...) Senão, acompanhem-me, sff: Se lhes tiram a poção, como é que eles prosseguem o show? Hein? Sobretudo, o santo e super anão... Ainda perde aquela voz gutural de grão-fuhrer, o olhar relampejante e revirabundo de chanfrado evangélico, e desata num qualquer falsete mariquinhas, cacarejante, em nada catalisador dos drogados patrocinadores do Oxidente, nem, ainda menos, dos toxicodependentes acachapados nas linhas de combate. O próprio Rogeiro, coitado, tem uma depressão. Está na hora da mobilização, kamarãos! É preciso sair à rua, chamar a Greta, convocar a BBC, a CNN, o Expresso, a SIC, a RTP, e, no mínimo, avançar com uma petição global: "Libertem o Querido Dealer! Já! Salvem a Democracia, o Planeta, o futuro da Via-Láctea!..."  Ou, para os mais progressistas ainda: "A luta continua, Querido Dealer para a rua!". Assim mesmo. Sem tibiezas nem hesitações!...

Quanto à parte mais sombria da coisa ( há sempre um negrume inquietante, hoje em dia, a pairar sobre qualquer questão)... Onde é que o Querido Dealer vai buscar a droguinha boa, democrática, oxidental, ultrapasteurizada pela bênção implícita dos "vossos valores"? Pois, seremos levados a supor que quem oferece os instrumentos musicais, a aparelhagem  e as luzes psicadélicas para o concerto, deve oferecer também os estimulantes químicos, que é como quem diz, o kit da afinação. Por outras palavra, quanto daquela vasta maquia dos biliões e biliões e camiões de biliões da ajuda americórnia é para comprar droga? Droga boa, santa, detergente da melhor qualidade e proveniência, entenda-se... nada de confusões! Droga essencial e necessária ao esforço da guerra santa, da cruzada democrática, liberal, pela salvação da "vossa" alma, importa nunca, jamais!, esquecer!... Os ucraninosos, coitados, dão o corpo, o esforço desumano, a vida (aos milhares) ao manifesto. !"Vós" só lhes pagais a droga,  que é o mínimo, convenhamos; coisa pouca, insignificante, irrisória, perante tamanho sacrifício. Não há dinheiro que pague; nem droga que chegue. 

Por outro lado, e já que falamos nestas matérias estupefacientes, como não reconhecer que os Estados Unidos constituem um baluarte do progresso e da democracia. Reparem e reconheçam, que diabo: aos tipos da UPA, quando vieram massacrar os nossos compatriotas, pretos e brancos, em Angola, só forneceram o sermão e a liamba. O armamento, os desamparados e ululantes zombies, tiveram que desenrascar, remetendo-se às catanas do estojo pessoal. Em contrapartida, a estes ucranistões luzidios, os amerdicanos, imensamente evoluídos, já abastecem tudo - sermão, armamento de ponta e droga de elite. Digam lá que não é um progresso do caraças!...

PS: Chamo a atenção para as tatuagens emblemáticas e idiossincráticas do Querido Leader. Deve pertencer ao Azov... Serviço Especial Logístico. 


PS2: Entretanto, os próprios americórnios começam a apresentar sinais claros de desorientação por ingestão de substâncias entorpecentes. No caso, um funcionário da Embaixada Americana, em Moscovo (vale a pena ver):

«The Central Committee of the Russian Foreign Ministry called on the State Department to pay extra to employees of the US embassy in Moscow for "unbearable working conditions" "The fight against us is exhausting," the Russian FM commented on the video with the drunk US diplomat.»

E o Lavrov tem um sentido de humor corrosivo. Já chegamos àquela parte em que o urso está no gozo. E o pratinho que ele tem para gozar.

Roth... quê?




« Swedish eco-activist Greta Thunberg (20) is a great-granddaughter of the notorious banker Lionel Walter Rothschild, son of the first Baron Rothschild. Previously, this fact has drawn the attention of journalists who researched the genealogical tree of the famous family.

By the way, the net worth of Greta’s parents is estimated at $3 million – that we know about. Not bad for a modestly successful opera musician and her stage actor husband.

According to the Rothschild family, Greta Thunberg is indeed the great-great-granddaughter of one of their most famous representatives, but her environmental activities, they assured, are not related to her origins and are not financed by the house in any way.»

Em primeiro lugar, caros leitores, o aviso sanitário:

É preciso nunca esquecer que segundo aquele panfleto da ONU, com o real patrocínio do Penca Grande Rotary Club, (nem sequer digno de funções higiénicas, diga-se, a tal folha, mas enfim...) toda e qualquer referência aos Rothcoiso é "teoria da conspiração". Portanto, nada de desatarem já para aí com grungunlóquios e conjecturas, senão ainda pespegam aqui com o tasco nalgum "fato chequing" a sec, desses que agora  bigobroderejam por aí que nem ciclopes alcaiotes e eu é que me dano. Senso, tino. 

Agora a notícia... Será mesmo verdade? Bem, isso por um lado explicaria o retardamento mental da miúda. Dizem que é do inbreeding. Isso e uma certa tendência para o autismo e outras desordens genéticas. Tanto acontece nas realezas genuínas como nas de imitação. Só que naquelas é às vezes; nestas é quase sempre. Aliás, se não sair retardada a criança, acusam logo a mãe de infidelidade. Estou a exagerar? Pois estou. Muito ligeiramente.

PS: Outro bom título para o postal seria "Da desordem genética à desordem mundial"... 

PS2: Já agora,  outro indício suspeito, que me leva a suspeitar que esta notícia  pode, eventualmente, ser verdadeira: as suecas até são, não raro, giras e apetitosas. E altas. Esta tal Greta, em contrapartida, é um verdadeiro estafermo ambulante, com uma fisionomia patibular, semimonga e semianã. E aquele olhar frio e esqualar... um bocado arrepiante, não? 


PS3: Nisto do marketing da treta, de modo a manipular o pagode tontinho, os ucranistões por exemplo, são barras. É todo um upgrade de estalo. Para efeitos de propaganda (que é no fundo o único departamento de todo o seu Estado-Maior da Tanga), usam modelos profissionais. Olhem só para esta formidável para-quedista:

Aqui sim. Até dá gosto. Um tipo enche-se mesmo dum entusiasmo pela causa que, das duas uma, ou corre a alistar-se nos russos para se render à beldade; ou nos ucranianos, para ronronar-lhe em combate. Agora vou ali debater estes assuntos com a Svetlana.



sexta-feira, agosto 26, 2022

Iluminismos & Apoteoses

                                                                                                              Finis  coronat opus


Li o trecho adiante, algures, num artigo onde se tecia uma vasto conjunto de evidências (e que serve aqui apenas como exemplo de múltiplos outros no mesmo registo. Só que este, como vim a averiguar, é escrito por um tipo da esquerda clássica, pura e dura, o que torna a coisa ainda mais interessante).  Assim, a parágrafos tantos, expostos os efeitos deploráveis, todos eles factuais e verificáveis, eis que irrompe, segundo o signatário, a causa principal (a mesma, repito, que vejo apontada, em coro, por um vasto espectro, que vai da esquerda aos paleodemocratas e light conservadores): a morte do Iluminismo. Quer dizer, depois da "morte de Deus", teríamos  agora, no meio deste descalabro de proporções quase bíblicas, qualquer coisa como a "morte do Seu assassino". Transcrevendo:

« The prime cause of the war in Ukraine, the war against Russia is the decline of the combined West, economically, spiritually, culturally, a decline that is accelerating for all to see. The West I once knew, or thought I knew is dead, the west of the Enlightenment, of Reason, of Morality, a decline others have spoken about since the late 19th century, as observers of society and philosophers told us over and over what was happening to the lives of ordinary people which became dominated by the immorality of elites who care nothing for them, who control the state, and see their citizens only as a means to make money for themselves.»

Ora, estou em crer, é quase, senão praticamente, o contrário. Eu explico. O Combinado Oeste (isto  faz lembrar certos pratos nas antigas cervejarias) poderá até estar em avançado declínio económico, espiritual e cultural. Nos dois últimos será mesmo mais que declínio: é esquizofrenia e gangrena generalizada. Já quanto à vertente económica parece-me mais discutível: afinal, imprimem o dinheiro que lhes apetece, roubam impunemente, desde os próprios cidadãos aos estados e pseudo-estados alheios, e não parece que isso vá acabar tão cedo. Provavelmente, até vai agravar-se nos próximos tempos, como, de resto, tem vindo a agudizar-se nestes últimos anos. Sobretudo, essa rapacidade feroz, sobre os otários internos. Agora, isto, este entulho amoral que o articulista deplora, longe de manifestar o óbito da coisa, é, bem pela inversa, o corolário lógico e o estágio avançado do tal Iluminismo, racionalista e fariseu até à medula. São os valores da Revolução Francesa em todo o seu esplendor desabrochado. Esse Combinado Oeste luminoso - não chorem os nostálgicos! -, longe de moribundo, está aí com todo o viço, e vício! Para quem goste do prato, o pitéu está mesmo de lamber a beiça, estalar a língua e arrotar por mais. Quantas estrelas michelin houver, quantas ele rapa. Um verdadeiro triunfo da haute-cuisine, por um congresso de chefes de elite. Canibais? Bem, não se pode ter tudo.

E a alegação das elites não colhe. As elites, a serem elites, são, necessariamente, elites de qualquer coisa, neste caso, um povo ou comunidade. Elites de coisa nenhuma não são elites. Já a matemática ensina: nada vezes nada é nada (0x0=0). A pseudo-elite mais não exprime que a reverberação da massa, a mera nata da ETAR (estação de tratamento de águas residuais). É só a espuma mais superficial,  visível e vaidosa  do paul fétido. Sendo que, na maior parte dos casos, nem isso: resume-se ao mero excremento à tona, emergindo com vaidade e pesporrência, e emitindo, exalando e, acima de tudo, detalhe fulcral, cobrando como se de um sol se tratasse. Não excede o gang, o gang-bang, o bang-bang, enfim, a seita evangélica de doutrina efervescente e carregar pela boca. E são gang para efeito de competição; são gang-bang para efeito de representação (sobre os otários/vassalos) e são, por fim, bang-bang, para efeito de exportação. Pensem por exemplo no modelo de ponta, hodierno, de tudo isto: os Estados Un(g)idos... E digam lá que não é na mouche!...

De resto, desenganem-se. E chorem. Não se trata da morte do assassino de Deus: trata-se,  outrossim, da sua apoteose. 




quinta-feira, agosto 25, 2022

O Mundo somos Nós (e decidimos experimentar o suicídio)




 “O que estamos a viver atualmente é uma espécie de grande ponto de inflexão ou uma grande reviravolta. Estamos a viver o fim do que poderia ter parecido uma era de abundância. O fim da abundância de produtos de tecnologias que pareciam sempre disponíveis, o fim da abundância de terra e materiais, incluindo água”, disse o líder francês, segundo o “The Guardian”.

Para Macron, a França, a Europa e o mundo talvez tenham sido muito “despreocupados” com as ameaças à democracia e aos direitos humanos e a “ascensão de regimes iliberais e fortalecimento de regimes autoritários”.


É o fim do paraíso ao virar do mercado, a cornucópia prometida que o amanhã, em fátua promissória, chilreava. Tudo por causa das "ameaças à democracia e aos direitos humanos" e à vaga gigante de - diz ele - "regimes iliberais" e "regimes autoritários". E de quem é a culpa? Nossa, claro está. Além de, mais uma vez, acenarmos de longe à "abundância", vamos ter que pagar, com juros e alcavalas, as suas férias prolongadas (da tal abundância, não confundam) em parte incerta. Compete penitenciarmo-nos para expiação dessa nossa culpa, imensa culpa, única e exclusiva culpa. Os nosso queridos e abençoados governos vão, mais uma vez, flagelar-nos, fustigar-nos e mortificar-nos, em dose dupla ou tripla, sem paliativos, em primeiro lugar, por pedagogia - para nos ensinarem e amestrarem no devido repúdio aos "iliberais e autoritários" que infestam sabe-se lá onde; e depois por amor, acrisolada paixão... sim, pela "democracia e os direitos humanos". Para começar, em todo este prodigioso empreendimento, os nosso extremosos líderes, extremamente sensíveis e amoráveis de todas estas abstrações do paleio, estão a tornar-se cada vez mais iliberais e autoritários concretos (isto, no caso transitório, em que ainda não foram substituídos por outros menos delicados). Instauraram a censura nos mass-media, apelaram à caça às bruxas, ostracizaram, sancionaram e perseguiram toda e qualquer  veleidade de liberdade de imprensa (a pouca que teima em resistir), entregaram-se à desinformação e intoxicação concertada, mandaram às malvas a separação de poderes, despacharam para as urtigas toda a balela sagrada dos mercados, etc. Porque, subitamente, e a toque de caixa, tudo obedece doravante não a uma lógica, mas a um capricho, uma birra. Pior, uma espécie de frenesim epiléptico. E mesmo o método científico já não vigora: foi cancelado. Experimenta-se uma treta - chamemos-lhe sanção -, não resulta, não funciona, atinge mais o atirador do que o alvo. Dedução: vamos insistir, vamos repetir até à exaustão, até ao desvario total. No delírio "comunicacional", somos um tsunami sancionador que só visto; na realidade, auto-sancionamo-nos. Ou seja, impotentes de alcançar o objecto odiado, espancamo-nos a nós próprios até à inconsciência. Mutilamo-nos e esfolamo-nos todos por uma ribanceira abaixo. Está a doer? É porque ainda não rebolámos o suficiente.   Não é ciência porque nem sequer é racional, apenas transtorno psíquico. Maluquice. Não funciona, mas isso não interessa: inventamos que sim, decretamos que sim, repetimos sem descanso que sim, que funciona às mil maravilhas, e ai de quem se atreva a duvidar! Melhor ainda: é uma vacina contra o iliberalismo e a autoritarice, essas pandemias ultra!... Pelas leis do mercado e do capitalismo, a competitividade, a  concorrência e, consequentemente, o lucro e a moral (passe a redundância) são determinados pelos custos de produção; e o preço da mercadoria, tanto ou mais do que do trabalho, decorre do preço da matéria prima e da energia (na produção e distribuição). Mas nós, doravante, descobrimos a roda e a pólvora: afinal, um fornecedor que nos abastece a metade do preço cria-nos uma perigosa dependência; outro que nos trafica e impinge ao dobro e de pior qualidade, desintoxica-nos, liberta-nos, é nosso amiguinho e só quer o nosso bem. E temos que nos zangar muito com o primeiro, a pretexto de qualquer trica que nem sequer nos diz grande respeito, por devoção aos interesses do segundo. Por outras palavras: a auto-destruição económica redime-nos; a vassalagem política, digna dum réptil,  engradece-nos e infla-nos de geopotência. Não há lógica nisto, nem uma superior moral (porque moral é coisa que nunca foi para aqui chamada): apenas estupidez, arrogância toina, incompetência grosseira e reiterada, estratégia rastejante. E nem sequer ousemos taxar de alta traição toda esta incúria dos interesses dos representados, porque, destes "representantes", nada de elevado germina, e mesmo a traição reflecte apenas a baixeza e a venalidade crónica, e inesgotável, da espécie. Contas não prestam, nem, pelos vistos, sabem fazer: apenas prestam vassalagem aos seus bandulhos de carreira e aos seus tutores sociais e proxenetas políticos.

E depois, analisemos bem: temos que fazer guerra, desinsofrida e assanhada, aos russos porquê? Porque eles espancam a nossa marionete? Fomos esfregar o zé roberto no focinho do urso. Esperávamos o quê? Um arrolhar de pomba? Saiu patada da grossa, está a esfarrapá-lo todo?... E ainda por cima ao ralenti, só para nos prejudicar ainda mais?... Pois, de facto. Olhem, é a vida. Temos pena. Mas antes a marionete que nós. Experimentámos, não resultou. Metemos a viola ao saco e esperamos por melhores dias, outras oportunidades. Se com esta marionete já está mais que visto que não vamos lá, salva-se o que se pode e adia-se o sarrabulho. Vai-se montar a feira em local e momento mais oportunos. É assim. Sempre foi assim. Ou será que nos tornámos marionetes da marionete? E ambas manipulada por um pseudo-bonequeiro  que, por seu turno, é marionete sabe-se lá de quem? Do diabo, seguramente. Que se fodam as marionetes, não é? E, tudo bem pesado, será que merecem mais que isso? 

Ah, mas esta não é uma marionete qualquer, é uma marionete santa, pulcra, isenta vitalícia de mal e pecado, e funciona com um mecanismo de dupla geofunção: é simultaneamente vodu e tabu!... - Obstar-me-ão.  

Bem, extraordinária, abracadabrante, coisa nunca vista, terei mesmo que reconhecer, eu próprio, que é. Nacionalista peregrina, xenófoba histérica, racista delirante, até nazi peçonhenta na medula, exterminadora da oposição, misturadora de poderes em larga escala, censora, terrorista, genocida, enfim tudo aquilo que é abominado e banido entre nós, só que ao quadrado... mas essa, presumo, deve ser a parte "tabu". O que significa que o Combinado Oeste (li isto algures e acho-lhe um piadão) se tomou de enlevo narcísico pela sua própria negação ao espelho (a imagem do espelho, aliás, é, em si, uma inversão óptica do objecto)? Atracção mórbida pelo abismo, neste caso, pelo fundo do esgoto sem fundo? Ao mesmo tempo que se agita, chocalhando os "nossos valores", a marioneta nega-os, descarada e desenfreadamente, na prática. Será uma espécie de catarse colectiva? A marionete carrega todos os nossos demónios e transporta-os para o deserto como o bode expiatório em tributo a Azazel. Purifica-nos, assim, a todos. Sentimo-nos limpos, sentimo-nos seguros, graças ao zé roberto? E eis que se abre, em mola, a portinhola da função "vodu": acreditamos, supersticiosamente, fetichisticamente, infantilmente, que a marionete funciona como o anti-Putin, ou seja, à medida que fica crivada, zurzida, esfarrapada é o Putin que alvejamos, que conduzimos a um estertor fatal e inexorável?  Estamos a matar a Rússia, por vodu, no boneco da Ucrânia? É isso? Tem que haver uma explicação, que diabo. E se é essa, tudo indica que sim, pronto: longe de mim menoscabar. Entre isso e tomar neurolépticos... De resto, já a Dona Amália nos alertava para "estranhas formas de vida". E se tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado, quem sou eu para contrariar.

Ah, mas os russos matam civis!... E os israelitas matam o quê - insectos?...


PS: Preparemo-nos, pois.  Há indícios duma espécie de tempestade perfeita no ar. É o fim duma era, diz, pomposamente, o Macromicróbio. Esperemos apenas que ele, e os da sua igualha,  desapareçam com ela, pelo mesmo ralo fétido da História. Debaixo da calçada, agora, ainda é a praia?... É pois. Do Sri Lanka e tudo.

quarta-feira, agosto 24, 2022

Fardos

 «The Trials is a new play that opened last week. The rough story: In an unspecified near future, a jury of teenagers is putting members of the previous generation on trial for crimes against the climate. The offences apparently include flying around the world, working for oil companies or having “non-vegan children,” to which the “defendants” all admit guilt and plead special circumstances, rather than claiming they did nothing wrong. The sentence they face is death – literal execution – in an openly Malthusian population reduction exercise. The teenaged jurors, who all announce their preferred pronouns when introduced to each other, don’t all agree the system is justified or right, but the very fact it is even a subject of discussion is a warning sign, normalizing some very dangerous ideas. And, as usual, it is the unquestioned assumptions of the piece that sell the real message: climate change is real and man-made and going to destroy the planet, and we should all feel terribly guilty about the world we’re potentially leaving to our children. I would agree with that last part, but it has nothing to do with climate. There’s a comedic silver lining, at least: Consider how monumentally terrible it must be if the Guardian only gave it three stars

Já são dois fardos de culpa, imperdoáveis e irredimíveis, para o "comum cidadão ocidental": um, no passado, o holocoiso, e outro no futuro, o apocalixo climatétrico. O presente consiste, basicamente, em carregar com esses esmagadores fardos, pela existência, em expiação... Por auto-flagelação (da memória) e jejum mortificante (da verdade). Ou seja, penar sem perdão nem salvação. Porém,  como dizia o outro, consegue enganar-se muita gente durante muito tempo; mas não se consegue enganar toda a gente durante todo o tempo. Por isso, um dia, é fatal: tudo vai esfarelar-se pela retrete. Quer dizer, vai acabar mal. Muito mal.

Já agora, isto, é o quê - fake nus?:

«Led by a Nobel Prize laureate, more than 1,100 scientists and scholars have signed a document declaring climate science is based more on personal beliefs and political agendas than sound, rigorous science.

The World Climate Declaration states climate science “should be less political, while climate policies should be more scientific.”

“Scientists should openly address uncertainties and exaggerations in their predictions of global warming, while politicians should dispassionately count the real costs as well as the imagined benefits of their policy measures,” the declaration reads.»

terça-feira, agosto 23, 2022

O Faducho Desgraçadinho, ou Entre o Sangue e o Cuspo




 É um dos registos mais básicos de toda esta rataria ululante, a lacrimejar-se às carradas, pelas pernas abaixo, por 'mor ao Ucranistão fofinho, desgraçadinho, todo ele a escorrer democracia e, ai jasus, os "nossos valores". Quanto aos valores deles, destes oxiúros ideológicos, nada a opor: são exactaqualmente isso. Mais até que lídimos representantes, genuínos e espalhafatosos expoentes de ponta. Torcionarismo militante, hipocrisia descarada, nazismo recauchutado, psicopatia impante, corrupção com fartura, não falta lá nada. Agora, quanto aos "coitadinhos", vamos lá a factos. No quadro adiante, alguns dados comparativos, à partida para a actual Operação Russa de "desmilitarização e desnazificação"...


Portanto, na realidade, as forças do Ucranistão eram à partida, mais bem armadas, preparadas e com experiência de guerra (no Donbass) que os exércitos de Itália, França e Alemanha em conjunto. Em matéria de artilharia, então, superavam os anteriores  três e ainda mais os bifes da Grã-Bretanha a cavalo. Superior à chusma ucranicoisa, na Europa, só mesmo a Turquia, porque a Rússia, como sabemos, nem sequer é deste planeta ou espécie, quanto mais do continente.

Para além disso, andaram oito anos a armar-se, a fortificar-se e a treinar-se para serem o colosso temível que, em fevereiro de 2022 se preparava para limpar o Donbass e, numa segunda fase, a Crimeia. Eles, o colosso tremendo, e  aqueloutro colosso ainda mais colosso que é a Nato por detrás deles. A bombar. Toda uma joint-venture descomunal, terrífica, invencível. Os ucraniões, devidamente lobotomizados, reprogramados e ensandecidos, lançaram-se, pois, na aventura, cheios de peito. Uma espécie de potência novo-rica, patabrava. Quantos são?... Acontece que os russos não são exactamente a Líbia ou o Iraque. E têm uma propensão ancestral para desmancha-prazeres. Bem como contas a ajustar. E isto quando mete contas antigas... Enfim, eis o anticlímax mesmo antes sequer do congresso.

Nesta altura do campeonato, estamos no seguinte ponto:

1. Os russos destruíram 90% (para não dizer 99) da traquitana ucranicoisa. Como a ucranistona luta por empurrão, os retro-afagadores já se esfalfaram e semi-exauriram todos a abastecer o "desgraçadinho" com quase outro tanto. Os paióis dos ex-satélites soviéticos já se esvaziaram até ao tutano. E mesmo na França, Alemanha, Itália, pouco resta. Metade dos blindados polacos foram, despachados de emergência. Resultado: dois terços da panóplia também já foi à viola - entre destruídos, inutilizados, capturados e, até, comprados. Convém não esquecer que, cerca de metade dos reabastecimentos nem chega à frente de combate. Os russos arrasam uma boa parte durante a viagem de socorro, a corrupção americraniana trata do resto (importa sempre não esquecer que estamos a falar dum dos (vastos) tugúrios mais corruptos do mundo, que herdou uma indústria militar ao nível da russa, mas que arruinou e delapidou entretanto). Quer dizer, os desgraçados dos febras para canhão entoupeiram-se, nas tais fortificações inexpugnáveis, e rezam. Fora os nazis, esses, estão só na retaguarda dos outros, a empurrá-los, a motivá-los e a abaterem quem tenha a veleidade de tentar sobreviver... retirando. Estes tremendos ouriços defensivos parecem ser muito suculentos e nutritivos: a artilharia russa chama-lhe um figo. Têm lá um guloso especial, sempre à cata de marisco, que despeja umas munições termobáricas que parecem ser um espectáculo digno de se ver. Excepto para os infelizes que recheiam os ditos propugnáculos indestrutíveis. Em Pesky, a coisa não terá demorado dias, nem horas: apenas minutos. Assim, e sempre no nosso espírito benemérito e pedagógico, convém reter em mente que os russos não precisam de andar a gastar gasolina desnecessária a perseguir ucranistões através do imenso território. Basta-lhes montar um balcão para aniquilação e abate, e eles correm a apresentar-se. Isto tem muitas vantagens, a mais pequena das quais não é certamente o evitar expor  colunas de abastecimento alongadas à guerrilha do inimigo. Com isto, calcula-se que cerca de 90.000 (este é o valor por baixo) de ucranistões desceram ao Hades; e feridos irrecuperáveis é multiplicar por três. Mas que é isto para os nossos geostratoinos de sofá, para as nossas claques de açougue, sempre fofinhas e a transbordar dos melhores e mais pasteurizados sentimentos? Nada. Cabe na cova dum dente. É toda uma bondade insaciável. Como o tal TOS-1, das termobáricas carícias. Portanto, quanto à "desmilitarização", os russos não vão bem: melhor seria difícil. Se pensarmos, sobretudo, que estão a pagar, no máximo, a 1 por 10 - traduzo: uma baixa por cada baixa causada ao inimigo - isto, num combate em que os outros é que estão super-entrincheirados, é obra. Para figurar nos anais da história militar e ser estudado como paradigma no futuro. Ou seja, o atrito está a funcionar às avessas. Também já era alturas do "às avessas" funcionar em prol da humanidade. E é ouvi-los guinchar todos os dias, aos valentões: Mais armas! Mais armas! Segurem-nos senão desgraçamo-nos!...E por aí fora. E logo tudo amplificado, ao enésimo decibel, sem sequer repararem que, a maior parte do tempo, esguicham uma coisa e o seu contrário.

2. Alguns números adicionais para um bom entendimento (embora pedir isto a certos calhaus de excremento carbonizado seja pedir água a uma pedra). Os americórnios gastaram em toda a guerra do Iraque (a conquista), 5.000 projéteis de artilharia. Os russo gastam isso por dia, no Donbass. Às vezes, mais. Nos melhores dias, as baixas ucranicoisas rondam os 1.000/dia (mortos e feridos incapacitados). Neste momento,  proporção de artilharia ronda 30-40/1. Por cada peça dos fofinhos, os ursos despejam 30 ou 40 das ásperas. E estamos a falar de toda uma panóplia que chega aos obuses acima de 200mm, passando por baterias de lança-roquetes, os mais avançados superiores ao tão cantado HIMARS americano: lançam o dobro, com maior alcance e a mesma precisão. Quanto à aviação ucraniana é um não assunto. Seja o que for que eles levantem, os outros deitam abaixo. A que tinham já foi, a que vão recebendo, dos tais ex-satélites, vai indo pelo mesmo esgoto.

3. No principal teatro de operações, o Donbass, o grosso da acções militares são desempenhados por tropas ucranianas -LPR/DPR (cossacos, a maioria), chechenas e o  Wagner group. Os russos apenas fornecem apoio de artilharia, aviação, reconhecimento e alguns batalhões de reserva e choque (que vão rodando). No início do SMO, os russos avançaram com cerca de 200.000  tropas, de segunda linha, com armamento de segunda linha (o armamento mais avançado e as tropas de primeira linha russos têm sido mantidos em reserva, pró caso dum conflito aberto com a NATO). Segundo a doutrina militar, qualquer força atacante, mais ainda com intuitos invasores, deve atacar, no mínimo, a 3 contra 1; sendo o ideal 5/6 contra 1. Ora, os russos atacaram com 1 contra 3 e têm mantido essa discrepância. Na tomada de Mariupol, os atacantes eram em menor número que os defensores, por exemplo. A operação figurará como um caso de estudo no futuro e pode ser considerada, nos últimos cem anos, como a mais eficiente operação de guerra urbana.

4. A actual Nato, com os americórnios e tudo, não aguentaria, em ambiente de guerra convencional, mais que três semanas/1 mês contra as forças russas. A previsão de baixas na primeira semana seria da ordem dos 40.000. O oxidente não tem, à presente data, uma indústria de guerra capaz de assegurar uma guerra de largo espectro, alta intensidade e longa duração com um adversário equivalente. Por isso, o Oxidente, como é da doutrina dos últimos 60 anos, desde a Guerra Fria, teria que saltar para o patamar nuclear. MAD, lembram-se? Mutual Assured Destrution. Sendo que, neste momento, quem tem os principais trunfos, em matéria de mísseis e defesa anti-mísseis, não são os Estados Unidos. Estes, como derradeira carta de valor, apenas retêm a arma submarina. E estes dados são oriundos dos próprios americanos.

5. Os russos não pretendem conquistar a Ucrânia: apenas pretendem destruir-lhe as veleidades de potência militar hostil, estabelecer zonas tampão e caçar um certo número de facínoras. E isso foi sucinta e comprovadamente declarado à partida. O resto vai por arrasto e efeito dominó. Designadamente a mudança de regime. No fim do dia, muito provavelmente, a Novarrússia regressa à Rússia e o Donbass ou regressa ou torna-se independente. E entre ser uma região russa ou uma neocolónia americana, perguntem aos séculos e ao sangue o que é que faz mais sentido e tem mais peso? É uma luta, se calhar até à morte, entre o sangue e o cuspo.


PS: Segundo os russos, até hoje, destruíram:

268 aviões

148 helis

4377 Tanques

3335 Peças artilharia

818 Sistemas multi-rocket

5024 viaturas blindadas

1796 Drones


Portanto, os meus números são muito abaixo disto.

segunda-feira, agosto 22, 2022

Coincidências e vigarices

 Dois dias antes da fatídica explosão do carro de Dugin, a televisão ucraniana, no canal 1+1 (o mesmo que eleiçoou a anão Zelento) fazia dele uma espécie de Rasputine putiniano. 

Os ucranistões - a seita de Kiev - são peritos em inventar realidades paralelas. Eles e os progressistas que os manipulam, bem entendido. A coisa, assim vista de fora, quando transborda na comunicação social globoxidental, semelha uma espécie de aldeia dos macacos: um guincha, desata tudo numa ensurdecedora guincharia geral. Às tantas, já nem se destrinça quem é que guincha primeiro, ou seja, quem manipula quem. Se atentarmos ao nível das administrações - amerdicadanas e europeias - fica até a ideia que um bando de rogue intelligence (ou alienígenas, sabe-se lá, já estou por tudo, até pela teoria fetiche do Caguinchas) telecomanda uns através dos outros.  Mas adiante.

Querem-se implantar, básica e grosseiramente, duas vigarices: que Putin é o Kremlin; que Dugin é o "cérebro de Putin". Se pensarmos que toda esta "teoria da conspiração" é oriunda duma associação de zombies, ficamos, desde logo, esclarecidos.

1. Putin é um realista, moderado e, até há bocadinho, "pró-ocidental". O seu paradigma é Pedro, o Grande. Herdou o descalabro resultante de Catastroika, ou seja, a segunda debacle auto-inflingida pela Rússia: depois da Revolução de Outubro, a "democratização". Isto é, depois da ingestão de cianeto, a bebedeira de 605 Forte. Que o urso tenha resistido e sobrevivido às duas doses, só atesta da sua enorme força vital e resistência sobrehumana. Deviam meditar um pouco sobre isso, as bestas actuais do oxidente. Leiam o " A Rússia sob a Avalanche", de Soljenitsine, e está lá o caderno de encargos e o mapa de viagem de Putin. Eram até amigos. Todavia, o próprio Soljenitsine não é pacífico no actual Kremlin. Que não se resume ao presidente da Federação Russa. Inventar que Dugin é um novo Rasputine não passa de teoria de conveniência: convém à propaganda diabolizante do Vladimiro. Na verdade, escoraria mais num Maquiavel, ou até num Salazar, a fórmula putinesca de exercício do Poder. E uma das provas é que não se trata, em momento, tendência ou manifestação alguma, dum radical. A última dúvida que houvesse sobre isso, desfez-se agora na Intervenção Militar na Ucrânia: há bandeiras da Rússia, do Império Russo, da União Soviética e até de Cristo hasteadas nos blindados. Isto é o oposto do radicalismo, do sectarismo, da divisão. Pelo contrário, é a assunção plena do passado, sem traumas nem mutilações, e o prosseguir adiante. Precisamente o contrário do que se passa hoje connosco: patinamos no mero cuspir no passado, confinados num limbo algures entre a lobotomia e a amnésia, sem irmos a lado nenhum. E quem diz Portugal, pode mesmo dizer a Europa quase inteira.

2. Por outro lado, o que não se perdoa a Putin não é uma qualquer putativa nostalgia de Império, como se ele já não tivesse território bastante com que se coçar. Ou como se ele é que andasse a infestar o mundo de bases, basinhas e basetas. O que é inadmissível é ele ter recuperado a soberania da Rússia. A soberania plena. A defesa intransigente dos interesses do povo dele contra os manda-chuvas globais, deuses de hospício auto-eleitos, por pluto-sufrágio  e criptarquia rastejante. Esse é que é o pecado imperdoável. Pior: o mais abominável dos exemplos planetários. O hediondo horror não é ele estar a conspirar ou planear um Império imaginário; não, o ominoso, aos olhos das bestas, é que ele está a levantar-se contra o Império efectivo, concreto, vigente. Felizmente, o Putin não é um santo,  senão estava lixado e, a esta hora, já teria experimentado o martírio inerente à categoria. Deus no-lo guarde assim, por muitos e bons anos.

3. Argumento extremo, a limite, admissível: Putin seria mais uma manifestação da dialéctica hegeliana: a tese - o Império; a antítese - a União Soviética; logo a síntese: a Federação Russa de Putin. Não vou muito por aí (Hegel faz parte dos meus ódios de estimação, juntamente com Descartes e vários outros), mas, se assim fosse, restar-me-ia um derradeiro voto: aguardemos que a Providência Divina nos conceda a Graça de alguém que faça a síntese entre a tese -  Estado Novo, e a antítese - a herpecracia instalada. Não é fácil, mas os grandes Homens são para as ocasiões.

4. Por fim, isto dos filósofos se meterem em política nunca deu bom resultado. Meterem-nos outros, sem procuração, nela, embora ainda mais frequente, tão pouco tem sido brilhante; longe disso. A filosofia está para a política como Deus está para o mundo: só funciona bem fora dele. Tal qual os faróis orientadores: se a luz guia está no próprio navio, é certo e seguro que vai acabar por naufragar contra os escolhos, durante a tempestade. Ou do mesmo modo que o maestro dirige a sinfonia de fora da orquestra.

5. Derradeira nota: com isto tudo, e apesar de tudo isto, o facto é que se promoveu Dugin. E lá se deu mais um passo na ficção paralela: Dugin existe, é importantíssimo, mais, é determinante. E, sobretudo, é mais uma prova incriminadora e denunciante do plano diabólico de Putin. Quem o acusa? O próprio Diabo.


PS: Por via das dúvidas, deixo a minha definição de "Filosofia". Como eu a entendo e pratico. Cito (-me): "Filosofia antiga é a mais desbragado dos pleonasmos. A filosofia germinou, floresceu e deu frutos na Antiguidade.  O resto são notas de rodapé.»  Acrescentaria apenas, em tom laminar, que um dos grandes problemas da humanidade é dedicar à filosofia a atenção inversa que dedica aos contratos bancários. E quanto mais pequenina a nota e a letrinha da nota...

domingo, agosto 21, 2022

Os Progressistas não perdoam

Um artigo de Alexander Dugin:

«THE UNITED STATES COURT AGAINST THE IDEOLOGY OF PROGRESS»


Um excerto, para abrir o apetite:

«The fact is that there is not just one American state, but two countries and two nations with this name and this is becoming more and more evident. It is not even a question of Republicans and Democrats, whose conflict is becoming increasingly bitter. It is the fact that there is a deeper division in American society.

Half of the US population is an advocate of pragmatism. This means that for them there is only one yardstick: it works or it doesn't work, it works/it doesn't work. That is all. And no dogma either about the subject or the object. Everyone can see himself as whatever he wants, including Elvis Presley or Father Christmas, and if it works, no one dares to object. It is the same with the outside world: there are no inviolable laws, do what you want with the outside world, but if it responds harshly, that is your problem. There are no entities, only interactions. This is the basis of Native American identity, it is the way Americans themselves have traditionally understood liberalism: as freedom to think what you want, to believe what you want, and to behave as you want. Of course, if it comes to conflict, the freedom of one is limited by the freedom of the other, but without trying you cannot know where the fine line is. Try it, maybe it will work.

That is how American society has been up to a certain point. Here, banning abortion, allowing abortion, sex change, punishing sex change, gay parades or neo-Nazi parades were all possible, nothing was turned away at the door, the decision could be anything, and the courts, relying on a multitude of unpredictable criteria, precedents and considerations, were the last resort to decide, in problematic cases, what worked/doesn't work. This is the mysterious side of the Americans, completely misunderstood by Europeans, and also the key to their success: they have no boundaries, which means they go where they want until someone stops them, and that is exactly what works.

But in the American elite, which is made up of people from a wide variety of backgrounds, at some point a critically large number of non-Americans have accumulated. They are predominantly Europeans, often from Russia. Many are ethnically Jewish but imbued with European or Russian-Soviet principles and cultural codes. They brought a different culture and philosophy to the United States. They did not understand or accept American pragmatism at all, seeing it only as a backdrop for their own advancement. That is, they took advantage of American opportunities, but did not intend to adopt a libertarian logic unrelated to any hint of totalitarianism. In reality, it was these alien elites who hijacked the old American democracy. It was they who took the helm of globalist structures and gradually seized power in the United States.

These elites, often left-liberal, sometimes openly Trotskyist, have brought with them a position that is deeply alien to the American spirit: the belief in linear progress. Progress and pragmatism are incompatible. If progress works, fine. If not, it must be abandoned. Here is the law of pragmatism: it works/doesn't work. If you want to move forward, move forward, if you want the opposite, no problem, that's freedom the American way.

However, the emigrants from the Old World brought with them very different attitudes. For them, progress was a dogma. All history was seen as continuous improvement, as a continuous process of emancipation, improvement, development and accumulation of knowledge. Progress was a philosophy and a religion.»




Entretanto, os CIA/MI6 (disfarçados de ucranistões ) fizeram explodir a filha do pensador russo. Este será o cenário menos sinistro. Espero que os russos percebam bem com quem se estão a meter e comecem a agir mais em conformidade. Depois de tentativas abertas de causar um desastre nuclear, de guerra química e de acções encobertas na Crimeia, agora já passaram ao terrorismo puro e duro. A santidade é assim: impune.

Quem "tratou" da viatura? Apostaria na Mafia russa. Convém não esquecer as redes do narcotráfico que a CIA entreteceu a partir do Afeganistão, durante as duas ocupações, soviética e amerdicana. A CIA faz outsourcing para certos serviços. E há toda uma rede de contactos, interesses e "facilitações"... E formas de alavancaria e chantagem. ( E aqui, agora sim, não há outra forma: temos que "teorizar" sobre a conspiração. E "teorizar" significa apenas isso: junto com a contemplação do facto, a tentativa de explicá-lo e, concomitantemente, entendê-lo. Com todos os riscos que daí emanam. E toda a nebulosa que o envolve.)


sábado, agosto 20, 2022

Extrema Unção

 


«Scholz vaiado por extremistas. Governo alemão antecipa "inverno de raiva"»


Qualquer manifestação de protesto, desagrado, ou mera discordância, na super-democracia actual em movimento, é de imediato taxada de "extremismo", "populismo", "conspiracionismo", etc.    Deve haver de tudo, mas, enfim, aceitemos até que assim seja. Então, nesse cenário, é caso para dizer: o extremismo é ubíquo, está por toda a parte, nos protestos de rua e nas acções de governo. Assistimos mesmo  a um choque fragoroso do descontentamento extremo contra a extrema estupidez.  Que qualquer coisa extremamente extrema resulte dum tal congresso, não me espantaria muito.

PS: Eu compreendo - sou, aliás, uma besta mitológica muito compreensiva - que os alemães se sintam, por um lado, desesperados e, por outro, audazes no desbravar de novos mundos. Desesperados, porque gastaram os últimos cento e quarenta anos a demonstrarem que são incapazes de se auto-orientarem geopoliticamente com um mínimo de senso e sentido de realidade. Mas partir dessa tragédia para a tentativa de confiar o leme da governação a alforrecas, não me parece, de todo, uma forma viável de resolver o problema. Isso não é audácia: é delírio. Não constitui melhoria: apenas fortíssimo agravamento da doença.


A troca

 

«EUA pedem libertação imediata de opositor russo Alexei Navalny»

Continuam com a chutzpah assanhada. Mas  se querem, minimamente, ser sérios, é fácil: Fazem uma troca. Eles libertam o Assange, os outros libertam o Navalny. Aliás, é mesmo para esse efeito que os russos não liquidam liminarmente as ratazanas: para trocá-las por algo de valor com o Imperador das ditas.

sexta-feira, agosto 19, 2022

Da Distopia à Mistopia, ou do Ódio à Vida

 


È seguramente uma Distopia. Mas não já apenas na literatura. Acordamos nela todas as manhãs. Cada vez mais predados, mais encurralados, mais danados. É todo um imundo e claustrofóbico hospício. De pesadelo.  E nós desempenhamos os internados: estamos ali para reparações, cirurgias, curas. É um processo interminável, sempre a requerer novos cuidados, novos testes, novas experiências. E o pior não é isso. O horror maior é que os curadores, os administradores, os médicos, enfermeiros e auxiliares do manicómio são os doidos varridos, os alucinados crónicos,  os alienados mais sádicos da ala dos furiosos. Foram-se libertando e ascendendo nas instalações, nos gabinetes, nas hierarquias, à medida que nós nos encafuávamos na mentira, na ilusão, no absurdo. Ao ritmo a que fomos abandonando a realidade, a memória, o senso, foram-se eles apoderando deles. A agora distorcem-nos, torturam-nos, apagam-nos ou reinventam-nos a seu bel prazer. Conforme lhes dá na gana, ou lhes decreta o aleive. Começaram por tudo isso que nós abandonámos, mas isso era só o aquecimento, o preliminar para a grande orgia. É em nós - dentro da nossa cabeça, no vazio da nossa alma - que agora operam. Que dissecam e implantam. Que lobotomizam a laser ou remendam com prótese plástica. Que brincam, mais ainda que aos napoleões de rilhafoles, aos deuses de pacotilha. Aos demiurgos de pechisbeque. Sobretudo vão-nos reduzindo na estatura, no tamanho...vão-nos miniaturizando à irrisão. De que outro modo caberíamos no sua arena privada de brinquedos?... No seu nanomundo delirante de fancaria, de plasticina fétida, de lego esquizoide - que se entretêm, ad nausea, a escaqueirar e reconstruir, a farejar e babar, por entre grunhidos desvairados e silvos reptilíneos como música de fundo. Enquanto, mais abaixo, na sub-cave, as jaulas do laboratório estão abertas. E os macacos, à solta, participam na orgia. Envergam farrapos de batas brancas, de açougue, e superentendem à ciência. Espancam os microscópios e guincham às centrifugadoras; bebem os tubos de ensaios e cospem receitas lovecraftianas; amarinham na biblioteca e mijam nas prateleiras; espreitam nas lamelas e masturbam-se com manchas psiquiátricas. E no meio de todo este caos ruidoso, sobrexcitado e ininterrupto, passa, em loop, uma gravação, onde uma voz sinistra, que alterna entre o infantil e o gutural satânico, vai declamando:

- O que é uma mulher?

- O que é uma família?

- O que é uma recessão?

- O que é o clima?

- O que é uma vacina?

- O que é o sexo?

- O que é uma pessoa?

- O que é ser humano?

- O que é uma atrocidade?

- O que é a democracia?

- O que é sagrado?

- O que é a verdade?

.....  ......

Vão amalgamar-nos pela enésima vez. Vamos aprender e decorar tudo de novo. Quando Aristóteles definiu que o antropos é o mais mimético dos animais e aprende tudo por imitação, não estava a ser apenas lúcido e bom observador: estava também a alertar para o meta-pitekos que palpita e conspira em nós. Se não nos guia e eleva o espírito - o spiro, o sopro vital - que nos aponta e associa ao éter, ao céu, seguramente nos arrastará a besta que nos puxa para a lama e o esterco da morte. Mas pior, mil vezes pior do que estar morto na natureza, é estar morto em vida aparente, artificial, postiça. Pior do que estar encarcerado no próprio corpo, é ser tiranizado por ele sob controlo remoto. Como os zombies do Vodu.

quarta-feira, agosto 17, 2022

As últimas da MacacoPox




 Segundo a "Lancet", emérita publicação científica (isto, nos dias que correm é 2 abaixo de astrologia e 3 acima de cartomancia, mas pronto), foi documentado o primeiro caso de transmissão homem-bicho, no caso um cão. Não quero ser mauzinho, nem sequer sarcástico, mas ajudem-me a interpretar a notícia:

Passa-se em França. Trata-se dum casal de homossexuais masculinos não exclusivos. Significa, penso eu, que acasalaram ou coabitam, conubiolam ou o raio que os parta, sem voto de fidelidade. Apresentaram-se no hospital  no seguinte estado (isto é um bocado nojento, mas cerrem os dentes):

«The men had presented with anal ulceration 6 days after sex with other partners. In patient 1, anal ulceration was followed by a vesiculopustular rash on the face, ears, and legs; in patient 2, on the legs and back. In both cases, rash was associated with asthenia, headaches, and fever 4 days later.»

«Monkeypox virus was assayed by real-time PCR (LightCycler 480 System; Roche Diagnostics, Meylan, France). In patient 1, virus was detected in skin and oropharynx samples; whereas in patient 2, virus was detected in anal and oropharynx samples.»

Mas a parte que me intriga vem a seguir: 12 dias depois, o cão do "casal", um greyhound qualquer, apresentou também sinais e sintomas, que vieram a confirmar-se, de macacoPox

«(...) their male Italian greyhound, aged 4 years and with no previous medical disorders, presented with mucocutaneous lesions, including abdomen pustules and a thin anal ulceration.»

Quer dizer, o tipo andou a escarafunchar no desgraçado do animal? E, caso afirmativo, Deus nos proteja, estaremos perante um caso de bestofilia gay, isto é, o coitado do cão foi convertido abusivamente - em bom rigor, pervertido - à causa? Dito noutras palavras: o cão é violado rotineiramente pela besta?... 



terça-feira, agosto 16, 2022

A bem da demokracia

 Tomem nota:

«SCL Group[1] (formerly Strategic Communication Laboratories[1]) was a private British behavioural research and strategic communication company that came to prominence through the Facebook–Cambridge Analytica data scandal involving its subsidiaries Cambridge Analytica and Crow Business Solutions MENA.[1] It was founded in 1990 by Nigel Oakes, who served as its CEO.[2] The company described itself as a "global election management agency".[3] The company's leaders and owners had close ties to the Conservative Party, the British royal familyBritish militaryUnited States Department of Defense and NATO and its investors included some of the largest donors to the Conservative Party.[4]»

(...)

«After an initial commercial success, SCL expanded into military and political arenas. It became known for alleged involvement "in military disinformation campaigns to social media branding and voter targeting".[12] SCL began targeting elections in developing countries in the early 1990s, and has engaged in psychological warfare in military contexts as a contractor for the American and British militaries during the Afghanistan War and the Iraq War.[13] It performed data mining and data analysis on its audience. Based on results, communications would then be specifically targeted to key audience groups to modify behaviour in accordance with the goal of SCL's client.»


Depois, oiçam a entrevista adiante com muita atenção... Estão lá muitas pistas e pontas soltas.