quarta-feira, maio 31, 2023

Toma lá, que é democrático!...


Um estimado amigo e contertúlio, além de confrade pirata,  enviou-me o seguinte alerta acerca da nossa sanitarização "democrática" em curso, neste caso pomposamente encapotada em "combate ao discurso de ódio":

 

Resolução da Assembleia da República n.º 51/2023

Recomenda ao Governo que crie um grupo de trabalhoe adote um plano nacional para combater discursos de ódio

A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que:

1 - Crie um grupo de trabalho multidisciplinar, interministerial e com representantes de entidades da sociedade civil e da academia com trabalho na área dos discursos de ódio para elaborar recomendações de ação para o Governo.

2 - Adote um plano nacional de ação específico, com base nas recomendações do grupo de trabalho referido no número anterior e tendo em conta as obrigações internacionais e nacionais nesta área.

3 - Garanta que a atuação do Observatório Independente do Discurso de Ódio, Racismo e Xenofobia abrange as diferentes categorias suspeitas de crimes previstos no artigo 240.º do Código Penal, incluindo o discurso de ódio sexista.

Aprovada em 5 de maio de 2023.

O Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.


  Bem como o enquadramento "inquisitório" no actual Artigo 240 do Código penal, cuja actual redacção, devidamente refinada, reza assim: 




Artigo 240.º
Discriminação e incitamento ao ódio e à violência

1 - Quem:
a) Fundar ou constituir organização ou desenvolver atividades de propaganda organizada que incitem à discriminação, ao ódio ou à violência contra pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física ou psíquica, ou que a encorajem; ou
b) Participar na organização ou nas actividades referidas na alínea anterior ou lhes prestar assistência, incluindo o seu financiamento;
é punido com pena de prisão de um a oito anos.
2 - Quem, publicamente, por qualquer meio destinado a divulgação, nomeadamente através da apologia, negação ou banalização grosseira de crimes de genocídio, guerra ou contra a paz e a humanidade:
a) Provocar atos de violência contra pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física ou psíquica;
b) Difamar ou injuriar pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física ou psíquica;
c) Ameaçar pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física ou psíquica; ou
d) Incitar à violência ou ao ódio contra pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física ou psíquica;
é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos.


Em resumo, o Dragoscópio está na ilegalidade e, se lhes der para aí, comete ilícitos criminais. Uma vez que uma das bandeiras - simbolizada na negra hasteada no lado superior esquerdo (imagine-se) - deste blogue consiste precisamente no combate à ultra-pasteurização cultural (eufemismo para terraplenagem), à hipocrisia política, à censura badalhoca mascarada de preceito legal e civilizacional (como este excremento legislativo atrás exposto eloquentemente documenta), não deve ser nada difícil à esbirraria de plantão escabichar não sei quantas infracções e heresias ultra-laicas.

E quando digo "Dragoscópio", que é um espaço público, entendo não apenas os autores, mas também os comentadores expressos que (tirando um caso conhecido e mais que justificado) não estão sujeitos a filtro. Afinal, todos aqui escrevemos e lavramos de nossa justiça. Acreditando, entre o cândido e o tanso, na tal "liberdade de expressão" constitucionalmente consagrada? A mim, que é a parte que me diz respeito, não me apanham nessa. Nem nessa nem nas outras. Aliás,  só me dignifica e fortalece que me censurem, que me apupem, que me proscrevam para o limbo dos danados e penas penadas. Maior honra nesta vida duvido que exista!...

Para acabar, que uma porcaria destas não merece muito: que defesa temos contra isto? Bem, assim por alto, e logo de avanço, a própria figura que o "Estado", tripulado por estas lombrigas, faz, refaz e perfaz a toda a hora: ódio aos russos, ódio aos árabes de conveniência, ódio a povos que já nem existem, apologia da guerra da Ucrânia (ou do Iraque, ou da Líbia, ou do Kosovo, ou onde quer que a Nato entenda despejar bombas ou arsenais); negação do genocídio palestiniano, sírio, etc. Portanto, se estas bestas quadradas querem impor a lei, comecem por dar o exemplo, cumprindo-a. Assim, é mais treta para encher verbo e para simular que são altamente civilizados, na medida em que imitadores guinchantes da última anglo-macacada em digressão coprocircense mundial. 




terça-feira, maio 30, 2023

Lembram-se do Donald?


 

De pequenino se adestra o suíno. Parece que estava lá quando liquidaram o Kennedy...e voltou a estar quando mandaram as Torres abaixo, com toda a cegada subsequente. Mera coincidência ou  conveniência?

segunda-feira, maio 29, 2023

A Livre escravidão contra a autoridade

 Os "nossos" jornalistas, em reportagem directa da Turquia, a propósito das eleições locais, passaram o tempo de emissão e emitirem uma antipatia concertada pelo Erdogan. Não deixaram de manifestar profunda azia e desconsolo com a vitória do mesmo. Algumas razões para, por exemplo, a Cândida Pinto, menoscabar o senhor:  que é um promontório autoritário; que o custo de vida duplicou de custo; que controla os media turcos. Felizmente, em Portugal não temos esses problemas: o custo de vida não disparou; não existe autoritarismo, apenas democracia devidamente lubrificada; e os media, benza-os o mercado, são completamente livres, espontâneos, virtuosamente imparciais e devotados à busca da verdade (e realidade) dos factos. O facto de repetirem ad nausea e compulsivamente a mesma agenda dos media controlados e incubados pelo (des)Governo Americano, onde quer que vão e de câmara e microfone em riste se apresentem, só atesta dessa imaculada virtude e portentoso carácter. Do mesmo modo, certifica do autoritarismo do referido cripto-déspota, e de todos os inúmeros da mesma igualha que, metodicamente, cogumelam por esse mundo fora: sabemos que são autoritários (normalmente por despromoção) quando não executam, caninamente, os ditames preclaros, beneméritos e inexoráveis da santa democracia americana. Em síntese: qualquer governante com veleidades de soberania manifesta evidentes traços e torpes desígnios de autoritarismo. Não entende que Autoridade no Mundo só existe (e deve existir) uma. O livro do Apocalipse já anuncia o facto, o fato e o cargo, com certificado e alvará, mas quem é que ainda lê livros nestes dias?...

Assim, Salazar era autoritário; Franco era autoritário; a certa altura descobriu-se que o Xá da Pérsia era autoritário; Orban é autoritário; Assad é autoritário; Erdogan é autoritário; e  Putin é o mais repugnantemente autoritário de todos.  Em contrapartida, o anão Zelicoiso é o baluarte, a epítome,  a encarnação viva, enfim, o buda da democracia...americana. E ficamos conversados sobre este assunto.

Acreditem, não obstante, numa coisa: O pior não é o LGTBIQeETC. Esse é só um dos ingredientes do clister mental com que nos entretêm e mantêm confusos. A finalidade, o horizonte culminante é mesmo o BDSM universal. E isso é que nos devia, no mínimo, preocupar.

sábado, maio 27, 2023

Sósia de ocasião

 A pseudo-Ucrânia, vulgo Natoquistão, agora também engendrou um pseudo-Porquinho Práktico



 Nota: Chamar nazis àquela escumalha indicia apenas uma manifestação de optimismo exacerbado. Afinal, tudo bem espremido, estamos a falar, em bom rigor, de pendurezas invertebradas no olho do cu dos nazis. Ou seja, vermes a escorrerem do orifício terminal dum cadáver já bastante decomposto. Algo, portanto, da estrita ordem da badalhoquice radical.

quinta-feira, maio 25, 2023

Da recessão à despolonização

 A Alemanha entrou em recessão. À velocidade de degradação e invertebragem que a coisa vai, não tarda muito a Polónia entra na Alemanha. De resto, a Polónia, num grau quase tão básico como a pseudo-Ucrânia, patenteia ainda mais gritantemente, há séculos, uma sedimentação nacional baseada estritamente no ódio. Apenas o ódio a une e congrega (nada mais a distingue, cultiva ou anima). Só que os pseudo-ucranianos, por frete e prostituição mental, limitam-se a um único ódio ocasional e de conveniência: o ódio aos Russos. Já os Polacos, arreigada e obsessivamente, entregam-se a dois, qual deles mais atávico e assediante: o ódio aos Russos e o ódio aos Alemães. No fim, já todos sabemos como a coisa acaba. Mas, entretanto, e com as inerentes e geralmente sanguinolentas peripécias intermédias, é também o seu grande e único mérito histórico: criar o acordo e a cooperação entre aqueles que abomina. Aceitam-se apostas sobre quanto tempo vai demorar até à próxima "despolonização geral".  E, às tantas, chegámos a um tal ponto de surrealismo aplicado que os postais mais alucinantes arriscam-se  a ser os mais íntimos da realidade futura.

segunda-feira, maio 22, 2023

Evolução dos meios

 


Se a guerra, como dizia o Clausewitz, é a continuação da diplomacia por outros meios, já a "informação", nestes tempos actuais, é a falsificação e a usurpação delirante de ambas... por todos os meios.


domingo, maio 21, 2023

O Horror! A tragédia!...

 


«Commander-in-chief of Ukrainian Armed Forces said to be in critical condition after being wounded»

O mundo oxidental contém a respiração: terão os russos acertado no Porquinho Práktico? Terá o porquinho Práktico feito explodir um míssil (kinzhal, de preferência)?... campeia a angústia e a aflição. Ou como dizia o outro: "O horror! A tragédia!..."

Outra questão transcendente: se abateu o pérfido míssil, tê-lo-á feito sozinho ou na companhia do seu estado maior suíno? Foi só o Práktico ou a vara completa?...

Adenda - Retirado duma caixa de comentários:
«Where's Waldo ? Where's Valerii ? Where's Elensky ? Where did the billions go ? Where is the adult supervision? Where's the coke I need a line? Oh, that's Elensky's line !!!»

sábado, maio 20, 2023

Artemoskv

 



Antes que me esqueça: parece que Bakhmut mudou de nome. Duma forma completa e definitiva. O - como eles dizem, naquela língua miserável - "super-uper-duper" exército Natoquistanês foi derrotado e varrido por uma companhia privada militar. Deviam estar mais alegres os nossos liberalóides de aluguer: afinal, ficou demonstrada a virtude da iniciativa privada sobre os esbanjamentos estatais de índole neo-sovietizante, sob gestão penculiar. O Pale of Setlement global está de luto. Nada que um bom chorrilho de petas e tretas avulsas não resolva.

Nota: é urgente -que digo eu? - imperioso, que o morsa desdentada e o seu sinistro dos negócios estranhos, o Titterington feroz, enviem os nossos F-16 o quanto antes. Segurem-nos senão eles desgraçam-se!...

Pausa musical (de elevada edificação ética)

 Odeio Pop com todas as minhas forças.  É algo que me dá vómitos. Excrementos como os U2, Blurr, Radiohead, Coldplay e porcarias dessas  - que me irritam ainda mais por se quererem fazer passar por algo mais que a rasquice estética e melopoia que são - despertam em mim instintos sombrios e uma urgência de acabar com aquilo por qualquer meio ou arma. Perdeu-se uma grande oportunidade de bombardear o concerto dos Coldplay em Coimbra - sim, sobretudo aquele onde o morsa desdentada bateu palminhas! Desiludem-me muito, os russos, mais os seus mísseis preguiçosos. Nunca aparecem onde são realmente precisos. Bem, na verdade, até vão aparecendo, mas é lá demasiado longe para as nossas necessidades mais prementes.

Sou um fundamentalista anti-Pop, um taliban popfóbico? Pois sou. Constitui mesmo uma das minhas regras de vida. Mas, claro, como todas as regras, vazadas a formas de metal fundido pelas colunas do Tempo (rapturei esta a mestre Pessoa, quando delirava acerca da maçonaria) tem uma excepção.

Que é a que se segue. Com uma dedicatória especial às leitoras. E coroada duma moral implícita muito óbvia: a perfeição, mesmo vestida de pop, é sempre deslumbrante. Porque rara. 


Faltou dizer uma verdade intemporal: sempre invejei este gajo, sobretudo as miúdas do coro deste gajo. E viva a Vida!


O Dylan, já agora, escreveu algumas grandes musicas (desde que, em muitos casos, não interpretadas por ele). Esta, só para acabar, foi mesmo escrita para o Ferry. Revelou-se agora. E fez-se-lhe justiça. Grande album, by the way... Dylanesque. 



A mulher... a eterna e misteriosa mulher. Que  nos traz ao mundo e nos faz peregrinar através dele. O Céu e o Inferno na mesma estação. 

sexta-feira, maio 19, 2023

O evangelho segundo os mongos

 Quem o proclama, é Santo Boris da Esguedelha: lamber as botas a São Vladimiro é uma coisa degradante. Shame on the frogs! Em contrapartida, lamber o cu ao anão Zelento constitui um requinte de civilização. Já o anilingus porfiado e sôfrego sobre o Pastor Biden, esse, ó crentes, garante passaporte vip para o Paraíso dos Mongos e neoconinhas em geral. Escutai a voz da salvacinha!...

quinta-feira, maio 18, 2023

Porque sou ateu

 Porque não acredito na Ciência. Toda Poderosa, correctora do céu e da terra. Nem, tão pouco, na sua filha, a Tecnologia, concebida a poder de punheta e que foi divinizada, ao enésimo escalão, no bordel do comércio a correr. Também não creio, nem por um instante, na Santa Propaganda, nem na Inteligência Artificial e, muito menos, nos papagaios e porta-vozes de serviço à Comunicação Sociopata. Quanto aos seus santos de pau carunchoso, sacerdotes de vão de escada do pensamento para a sub-cave do lixo e ídolos de bosta, quero, sinceramente, que se fodam e vão todos para o caralho.

Por isso sou, e me confesso publicamente, assumida e irremediavelmente ateu. Ateu mesmo, com todas as letras. E sei que estou condenado a aturar um circo de imbecis apupadores, mentecaptos ruidosos e mongos irrecuperáveis. Amen.


terça-feira, maio 16, 2023

Rua da Betesga

Betesga - s.f. rua estreira; beco sem saída; corredor escuro; cubículo; tabernória.



« I counted 30 Patriot PAC-3 MSE launches here.

The FY2024 costs of these per missile is about $$5,275,000
That was $158,250,000 fired in about two minutes. And as we see, the battery or something else likely got blown up. So it failed in its mission.»

O Combinado Oeste anda a torrar dinheiro à tripa forra.  Às tantas, o sarrabulho na Ucrânia semelha uma espécie de trituradora-laboratório-ginásio montado pelos Russos, para seu usufruto e conveniência, no calendário e ritmo que mais lhes convém. Destroem, testam e treinam. Paulatinamente, já vão na erradicação violenta do terceiro exército Natocraniano, recorrendo ao mínimo de recursos humanos e sem necessidade de grandes e dramáticos combates ou correrias: limitam-se a esperar que as outras bestas, fanatizadas e intoxicadas pelos efeitos alucinogénios da própria propaganda se apresentem no campo de tiro (de seguida, é só regá-los opiparamente com a artilharia pesada); com método e parcimónia gradativa, lá vão experimentando a sua panóplia e, sobretudo, a do adversário Nato (corrigindo vulnerabilidades e limitações naquela, estudando e explorando contra-medidas nesta); finalmente, adestrando e temperando as suas tropas em combate real e debaixo de fogo, numa guerra já quase a sério. E não é séria porque, como diz o tal lema que eu sempre admirei, é apenas desesperada. Desesperada, por um lado, para os russos, porque não lhes sobrava alternativa: ficar à espera era a morte garantida do artista (como aquela história da nêspera que estava deitada na cama à espera, para ver o que acontecia... veio a velha e comeu a nêspera). Porém, desesperada, absolutamente desesperada ,  a raiar mesmo a histeria paroxística,  é sobretudo para os Natocraniões: à falta de argumentos sérios, enclausuram-se e barricam-se na fantasia e na mentira relapsa e contumaz. Tentam colmatar lacunas abissais na estratégia, na logística e até na engenharia com a fabricação hiperactiva de tretas e galgas de fazer corar um mitómano empedernido. Acreditam, piamente, que a verdade se confina à repetição esmagadora e diluvial da mentira. E que a realidade se submete, submissamente, à propaganda de conveniência da loja dos 300. É a velha história de enfiar o Rossio na Rua da Betesga. Não é o Rossio que se fode: a betesga é que não aguenta. Mais fácil seria passar um neoconas pelo cu da agulha. E já nem se trata, actualmente, de um sem número de mentecaptos de trazer por causa ter perdido por completo a noção de ridículo: é pretenderem, a todo o transe, converter o ridículo na glória - destronar Zeus para lá meter Ixion; que é como quem diz, tomar Juno pela nuvem. Só que, nisso, até nem estariam a ser originais (afinal, é uma tendência, já com uns anitos). A sua descoberta polvorenta consiste, na verdade, em que o próprio ridículo agora desfila montado e ajaezado: respectivamente, no espalhafato e no histrionismo farisaico. Passaram, assim, da falta de noção ao absolutismo e solipsismo da noção: fora do ridículo já nada mais existe. Nem é possível. Ou autorizado.

Voltando, não obstante, ao início e à questão comezinha: afinal, quem paga a tripa forra? Ora, quem havia de ser? Os do costume: os otários. Que, em grande medida e larga escala, com as suas bandeirinhas rascas da "ucrânia", até merecem. O problema é o que levam no arrastão. O que vai com a enxurrada.


quarta-feira, maio 10, 2023

Enquanto não se reúnem em catacumbas

 


«Geração sem tabaco até 2040»

Principio por declarar que fumo. Cachimbo. Depois de almoço e, às vezes, depois do jantar. Na juventude fumei cigarros, de preferência sem filtro, o mais forte que houvesse - geralmente Gitanes (Sagres, Porto, Paris também marchavam). Mas nunca fui grande fumador, daqueles que despacham vários maços ao dia. Era mais a seguir ao café. Caía bem o cigarro. E depois como fui sempre grande atleta (futebol, natação, atletismo, xadrez, hipismo de alcova, etc), a maior parte dos meses nem fumava. Digamos que havia uma espécie de estação ao ano.
Todavia, agora, como estamos cada vez mais livres, é o que se vê: o fumador  foi degradado a tabagista e a terrorista já falta pouco (se é que alguma coisa). 
De molde a contribuir piedosamente para toda este novo fundamentalismo anti-tabágico (em mais uma declinação saloia do anglo-puritanismo de sargeta) , quero aqui apresentar algumas modestas propostas. Que são como se segue:

1. Com carácter de urgência, a criação de uma Polícia anti-tabágica, com poderes de investigação, detecção, perseguição, detenção, tortura e visita ao domicílio, por sorteio aleatório e dispensa de mandato judicial;

2. Estabelecimento dum Tribunal Inquisito..., digo Revolucionário para maiores; e a reabilitação da Tutoria para menores; 

3. Agravamento do quadro legal, sobretudo no desembaraço e radicalismo penal. Qualquer fumador comprovado deve ser estigmatizado com um sinal público de identificação, banido do emprego, despejado da residência por justa causa, interditado  no acesso a qualquer recinto desportivo ou de espectáculo; vedado de entrar em transportes públicos, ou de conduzir na via pública; denunciado e pelourinhado nos mass-media aos gritos; destituído de todos e quaisquer direitos cívicos, bem como acesso a crédito bancário ou subsídio estatal; caso tenha filhos, estes devem-lhe ser retirados e entregues à assistência social para adopção.

4. Estabelecimento de salas de fumo para os casos tratáveis, com recurso a terapia de substituição, através de substâncias alternativas de desmame - por ordem de gravidade: canabis, cocaína, heroína e, finalmente, nos fumadores limite, fentanyl;

5. Para os casos dados como irrecuperáveis, internamento em campos de concentração, de preferência em zonas insulares e inóspitas... As Ilhas Selvagens, por exemplo.

Espero ter sido de utilidade aos grandes libertadores e profetas eleutéricos da nossa pátria, talibãs fofinhos e acéfalos, e aqui me despeço, com um grande Puta que os Pariu para todos eles/as!!

E agora vou fumar uma bela cachimbada. 

PS: Um dia destes, acordam ainda mais grunhos e mongos, e desatam a marrar com o chá, o café ou a salada de agrião. 


terça-feira, maio 09, 2023

A ameaça e o adubo

Escutado há bocadinho, em viagem: "Os perigos do populismo como ameaça à democracia". Enfim, o grande mantra do extremo-centro da corda. Traduzindo: "O populismo como ameaça ao Populismo", isto é, o populismo artesanal, de feira, como ameaça ao Populismo industrial, ultra-pasteurizado. Já oligarquias, oligopólios, cartéis, monopólios, trusts, irmandades do gardanho e outras finuras que tais, essas, não ameaçam... Pois claro que não: adubam.

domingo, maio 07, 2023

O Último alemão sensato



 «Só um tolo aprende com os seus próprios erros: um homem sábio aprende com os erros dos outros»

«O que se aprende com a História é que ninguém aprende com a História».

«Nunca esperem que uma vez que lucrem com a fraqueza da Rússia, a coisa dure para sempre. A Rússia  sempre veio cobrar as suas dívidas. E quando vier, não se fiem em acordos assinados para justificação. Não valem sequer o papel em que estão escritos. Com os russos é jogar limpo, ou não jogar de todo.»

«O segredo da política? Fazer um bom acordo com a Rússia.»

«As pessoas nunca mentem tanto como depois duma caçada, durante uma guerra ou antes de eleições.»

«Deus tem um providência especial para ébrios, loucos e os Estados Unidos da América.»

«Pode destruir-se a consciência-nacional dos polacos no campo de batalha. Mas se lhes derem poder, eles acabam a destrui-la eles próprios.»

«Nunca lutem com os russos. A cada fino estratagema que lhes atiremos eles respondem com imprevisível brutalidade.»

                                                      - Otto Von Bismarck

PS: Como Vlad, o Empalador, que viveu entre os turcos otomanos, ou Átila, entre os romanos, também Bismarck viveu algum tempo entre os russos, pelo que ficou a conhecê-los bem.

quarta-feira, maio 03, 2023

Kremlinologia


 A mosca varejeira zumbe, espalhafatosa, sobrexcitada, ensaiando acrobacias gulosas sobre a bosta. Enquanto, imperturbável, mais acima, em silêncio, a aranha vai tecendo a sua teia.

Ou, noutra analogia mais simples: o martelo e a bigorna aguardam.

terça-feira, maio 02, 2023

Suicídio Assistido

 


«Man reportedly kills himself after artificial intelligence chatbot “encouraged” him to sacrifice himself to stop global warming»

Como se já não bastassem os chatos, agora também temos Chato-botes à descrição.

Mas quero aqui deixar bem expresso o seguinte: é preciso uma época ser muito estúpida para o artificial (ainda por cima chato-bote) se arvorar a inteligência. Isto é, a normalização da próprio oxímoro "inteligência artificial" constitui o maior atestado da imbecilidade metida a oráculo. É preciso que todos nos prostremos em modo rastejante e vermicular para que, subitamente, um anão marreco possa ser considerado - e. não tarda, idolatrado - como um gigante. Poderíamos  falar em lógica artificial, cálculo artificial, ou até, de modo genérico, em pensamento artificial (afinal, o pensamento engloba todas as faculdades e operações, desde as mais básicas às mais elaboradas). Agora inteligência, nem nas próximas cem encarnações!...

O que houve, de facto, e tudo isto atesta num estágio avançado, foi uma terraplenagem mental, massiva e massificada (pelos frita-miolos de serviço) dos "consumidores", "contribuintes", "eleitores" e otários em geral. Para um semi-lobotomizado ou auto-mutilado, qualquer imbecil parece um génio.

No fim do século XIX, um dos profetas visionários do nosso tempo, na literatura, foi um cavalheiro chamado Alfred Jarry. Devemos-lhe o termo "ubesco" (termo que se viria a tornar muito actual durante o século XX e ganha contornos ainda mais inquietantes neste alucinado século XXI). Esse adjectivo decorre do título da sua obra mais conhecida. "Ubu Roi". Há algo de McBeth grotesco e truão no Ubu de Jarry. A figurinha da actualidade que  melhor lhe assenta, até enquanto casal (afinal, o senhor Ubu é todo um tandem/parceria  com a senhora Ubu), é o anão Zellensky mais a anoa Zellenka. E ainda por cima toda a acção (na irrealidade quotidiana) decorre praticamente na mesma região da peça de teatro: a Polónia (onde podemos integrar, historica e etnicamente, a ucrânia ocidental).
Muito sugestivamente, a certa altura do texto, cintilava a "Canção da Desmiolação":

Fui marceneiro -e dos bons! -
Por muitos anos e bons.
A minha esposa exercia
de modista a profissão
e a vida sempre corria
sem qualquer aflição.
Se não chovia, aos domingos,
com os fatos mais janotas
Nós íamos passear,
e era um regalo, um consolo,
ir ver andar a engenhoca
para extracção do miolo.

(Refrão:)
Olha a máquina a girar
olha o miolo a saltar
olha os ricos a chorar

(Coro:) Hurrah! Cornotutu! Viva Mestre Ubu!

Nossos filhos lambusados
de bolos e rebuçados,
a brandir em sobressalto
bonecos de papelão,
trepavam connosco ao alto
do carro, e tudo seguia,
em ruidosa alegria,
para o local da função.
Lugar à cotovelada
nosso grupo disputava,
mas à cautela eu trepava,
sorrateiro como um gato,
a um monte de tijolos,
para não sujar o fato
com o sangue dos miolos.

(Refrão e coro...)

Mal começa a brincadeira,
a mulher e eu ficamos
salpicados, todos brancos
de pasta de mioleira
que os pimpolhos vão comendo,
e pulamos, todos, vendo
a agitação do parolo
De vinóculo na mão
A observar o miolo,
E pulamos, já sem tino,
Com as f'ridas atraentes
E o espectáculo do pino.
Mas que topo, de repente,
Mesmo ao pé da engenhoca?
Parece a fronha dum bode
que guardo na retentiva.
Meu velho -digo- ora viva!
Não esqueci o teu bigode.
Foste tu que me roubaste:
Não vou ter pena dum traste!

(Refrão e coro...)

De repente, a qu'rida esposa,
A puxar-me p'lo casaco,
Diz, raivosa: -ó gordo, vá,
Rápido, agora, entra já,
faz-lhe engolir, que ele gosta,
uma mancheia de bosta!
Aproveita, que o parolo
Está de costas para ti
A ver saltar o miolo!
Ao ouvir este conselho
genial, eu logo faço
muita força da fraqueza,
e atiro sobre o ricaço
um grande bolo de mérdia,
que acerta, mas no nariz
do parolo, ó infeliz!...
(Caprichos tem a matéria...)

(Refrão e coro...)

E logo p'la multidão
sou pisado e despejado
por cima da vedação.
Num desesperado mergulho,
pró porão escancarado
donde ninguém há voltado
p'ra mostrar o seu orgulho.
Acontece cada uma
quando se vai ao domingo
Acompanhado ou sozinho!
Vai-se arejar a pluma,
dar um ou outro tirinho
por interesse ou desenfado,
Sai-se escorreito, vivinho,
E volta-se defundado!

-Alfred Jarry, "Ubu-Roi" (Versão e adaptação de Alexandre O'Neill)

A estupidificação geral e festiva tem consequências.

PS: Mas, no fundo, Deus escreve direito por linhas tortas: se o Chato Bote persuadir estes wokes e anormais todos ao suicídio, já se ganhou qualquer coisa. Abençoadinho seja! Vamos curar a Estupidez cultural com a estupidez artificial.