quinta-feira, junho 30, 2022

Política lírica

 


«Johnson Claims Toxic Masculinity To Blame For Ukraine War»



Masculinidade tóxica, diz ele. Se em vez do Putin estivesse a Natalia, nada daquilo aconteceria. A culpa é da testosterona, portanto. O secretário da Defesa, se não estou em erro, da mesma ilha caquética, veio logo corroborar o soba, taxando de "machista" o odiado Vladimir. Em contrapartida, o anão Zelote mais seus telemanipuladores de plantão, entre os quais se destaca o esguedelhado e microcéfalo Johnson, constituem-se como exemplos acabados de delicadeza e pacifismo remeloso. Autênticas ovelhinhas, mansas, lanudas e seminaristas. Um enlevo de criaturas inofensivas! Além disso, não sei se já alguma vez assistiram à porta-voz  dos Negócios Estrangeiros Russo, a Maria Zakharova... Dá-me ideia que estivesse ela no topo e provavelmente Londres, ou Kiev, já teriam sido vaporizados. Acreditem: Putin é o mais moderado lá do sítio.
Em todo o caso, tenho uma ideia melhor. Para o Oxidente, claro, tudo para o Oxidente, nada contra o Oxidente. E no encalço do brilhante desarrincanço do Boris & Cª. Assim,  de modo a evitar estes riscos e tentações bélicas, por irrupção exacerbada da testosterona, faz-se aos políticos (os masculinos, bem entendido) oxidentais o que se fazia aos cantores líricos, em Itália, antigamente (os famosos castrati, de voz maviosa): capam-se. Capam-se muito bem capadinhos. E logo em pequeninos. Não que eles geralmente cresçam muito ou ultrapassem a altura do homúnculo - algo raquítico, por sinal -, mas mesmo assim...
Obstar-me-ão, mas castrados funcionais já eles são, em especial os europeus. Pois, objecção esmagadora e contundente, essa, caros leitores. Fico sem argumentos. Excepto este: restará sempre uma compensação: passam a dirigir-se às massas, igualmente descolhoadas e descerebradas em geral, com voz maviosa, de soprano alto, uma autêntica ópera bufa.  Pelo menos, na estética, sempre é um avanço. E, na política, uma transparência e verdade inauditas: não corremos mais o risco de se fazerem passar por homens, induzindo, quem quer que seja, em erro.

Mas ocorre-me, entretanto, outra solução talvez menos trabalhosa e complicada: condicionar o acesso à carreira política apenas a jornalistas. Auto-castrados militantes,  por natureza e vocação, estão logo à partida isentos de qualquer tendência masculina e, ainda menos, machista. 

PS: Parece que o Abominável Vladimiro das Neves já respondeu ao Boris fofinho, embora despenteado: lembrou-lhe a Maggie Thatcher (Dama de Ferro, prós amigos) e aquela operação nas Malvinas. E teremos todos que reconhecer: além de ultrapassar o Boris em matéria de testosterona, cumulava com uma quantidade imensamente superior de miolos. Simplesmente porque a senhora sempre tinha alguns.

quarta-feira, junho 29, 2022

A Nova-Esquerda do Arco-da-velha




Já o escrevi aqui, há um bom par de anos atrás: o prefixo neo (que, em teoria, pretende significar "novo"), na realidade do nosso tempo, e em aplicando-se aos diversos "ismos", traduz, outrossim, "não". Assim, onde se lê neo-liberalismo, neo-conservadorismo, neo-nazismo, deve entender-se não-liberalismo, não-conservadorismo, ou não-nazismo. Este "não" implica mais que um oposto, ou contrário, antes uma falsificação, uma contrafacção, um embuste. Na verdade, aproveita-se uma aparência de para traficar e impingir um conteúdo programático que pouco ou nada tem que ver com a essência original da coisa. Não é difícil perceber isto no caso mais extremo dos exemplos, o neo-conservadorismo, mas mesmo no exemplo neo-nazi, como já aqui postei e elaborei vastamente acerca do assunto, a distância que medeia entre o original e a pseudo-descendência é a mesma que vai do histórico ao carnavalesco. Em síntese, o neo-liberalismo é, propriamente dito, um pseudo-liberalismo, como o neo-conservadorismo é um pseudo-conservadorismo. Ou seja, respectivamente, um falso-liberalismo e um falso-conservadorismo.

Ora, posto isto, se pensarmos na famigerada Escola de Frankfurt, estaremos perante aquilo que, dum modo geral, é muitas vezes definido como o Neo-marxismo. E, da mesma forma que os anteriores, um pseudo-marxismo, propriamente dito. Passo a explicar com detalhe...

Cruzei-me um dia destes com um vídeo onde se pretendia expor em que consistia o "cultural marxism" (o vídeo era anglofónico). Apontava-se a Escola de Frankfurt, e a sua "teoria crítica", como a fonte para esse fétido manancial. De resto, este tipo de alegações e generalizações parece ser numeroso na internet, segundo me pude aperceber. Academicamente, a peça era muito pobre, como frágil  é, não raras vezes, a elaboração desses enredos. Os detractores, por isso mesmo, aproveitam, e taxam de "teorias da conspiração" e "anti-semitismo" os teorizadores, e estes, por seu turno, misturam alhos com bugalhos e limitam-se, no melhor dos casos, a alguma verosimilhança do estilo "si non é vero...".

Acontece que, de facto, "cultural marxism" é, com rigor, uma contradição em termos. A cultura não era exactamente o motor da explicação marxista, nem tão pouco o lubrificante da sua engrenagem teórica. Materialismo puro e duro, onde a economia é determinante e a dialéctica história o seu palco, a falta de consideração e respeito por, digamos assim, "questões culturais", consiste até numa das grandes críticas que se lhe pode fazer e, frequentemente, é feita. O marxismo, portanto, é uma coisa e aquela rapaziada  (todos ou quase todos da tribo especial, com efeito)  da Escola de Frankfurt é outra. Marx, de resto, e convenhamos, ter-se-ia quedado como um quase  objecto de fantasia  na feira do pensamento sociopolítico, ao estilo dum Fourier ou dum Saint Simon, caso não tivesse aparecido o cavalheiro Lenine e transformasse a receita num prato cozinhado com serviço de balcão e restaurante -  entenda-se, um método de conquista do poder. A partir daí, a acção do marxismo no mundo tornou-se efectiva, mas já com um novo élan e embalagem: marxismo-leninismo. Mais que marxistas, todos e quaisquer partidos comunistas são marxistas-leninistas. Ah, sim, mas também há os socialistas e sociais-democratas, mas aí o marxismo ou está na gaveta ou no armário, e se é do marxismo que falamos...

Ora, os pseudo-marxistas da Escola de Frankfurt, é verdade, arrogam-se a críticos tanto do "comunismo/stalinismo", quanto do capitalismo. No primeiro caso, porque depois de Stalin, e duma determinada purga deste, a União Soviética deixou de ser o paraíso  na terra; no segundo, por causa, sobretudo, dum determinado  conceito: cultura/civilização. E aqui entramos na análise do cromo mais destacado do bando, nesta matéria: Herbert Marcuse.

Marcuse arma, mais até do que ao neo-marxista, ao freudo-marxista. E trata de falsificar ambos. Quer dizer, o mesmo que Marx faz a Hegel, faz o nosso trampolineiro de arribação a Freud e a Marx. É verdade que Marx lança a zaragata na sociedade, Freud introjecta-a no próprio indivíduo e na família, mas ambos, apesar de tudo, apresentam um fim determinado: a cura, da sociedade e do indivíduo. Por mais delirantes que sejam, e são, partem de alguns princípios e alvejam determinados fins. Marcuse nem chega a pensador: mero propagandista,  empreende a zaragata perpétua, no indivíduo/família tanto quanto na sociedade - que se converte na mera projecção da esquizoforia (fragmentação imarcescível) do sujeito.

Para aí chegar, o ponto de partida é o conceito de civilização em Freud. Civilização ou cultura, nesta caso, são sinónimos. E Freud sustenta que civilização = repressão. É através da repressão dos instintos e pulsões primordiais, enfim, do inconsciente, que a civilização se vai construindo. É na construção e estabelecimento de tabus e proibições, que o homem deixa de ser canibal, incestuoso, homicida, infanticida, pedófilo, etc. Portanto, os aparelhos de repressão, da consciência moral aos códigos legais, mais respectivos tribunais e polícias, são necessários e constitutivos da civilização. Do mesmo modo, os excessos ou ausências de repressão conduzem à anomalia - psíquica ou social.

Logo a abrir, na sua obra mais conhecida, "Eros e a Civilização", Marcuse diz ao que vai: rever o tal conceito de civilização (cf. S. Freud, "Mal estar na Civilização") que, segundo ele, é o maior ataque, mas, ao mesmo tempo, a maior defesa da civilização europeia - patriarcal e autoritária. Trata-se então de adaptá-lo, retirando-lhe a parte "má", o carácter defensivo. Toda a repressão devém, assim, uma maldade que urge combater. A dialéctica marxista da classe dominada e classe dominante (trabalho/capital)  é transposta ad-hoc para a dialéctica princípio do prazer/princípio da realidade, isto é, reprimido/repressor.  O "dominado", vítima da repressão, transporta na sua própria consciência as estruturas da repressão aí projectadas pelo repressor. A neo-revolução principia, pois, pela remoção e recusa dessas "estruturas repressivas" na consciência e, a partir daí, na própria sociedade. Não admira então, como a questão da "produção", em Marx, descamba na questão da "sexualidade", em Marcuse. Toda a civilização europeia tem que ser criticada, desmantelada, negada, porque traduz todo um aparelho, percurso e estruturação  repressivos. Há uma realidade que inibe, criminosamente, o prazer. Debaixo da calçada, a praia. Mero retrocesso alucinado ao "bom selvagem", de Rousseau? Mais, muito mais: bilhete no TGV para o caos de Hesíodo.

E basicamente é esta a receita ou disvangelho da "nova-esquerda", mais as psicoses, neuroses e paranoias sociais - do estilo LGTBQQIA+&ETC, agendas esverdeadas, ateísmo, retorno ao paraíso perdido da pedofilia + ene diarreias mentais  associadas. E tudo isto com carácter de urgência, exigência e perpétua acção. Não é por acaso que, mais uma vez, o trotskismo teve uma descarga preciosa e aromática (tal qual como nos neoconas), só que agora a revolução permanente converte-se na perpétua fragmentação e na zaragata civil sempiterna. Os militantes deram lugar aos activistas - matéria ruidosa animada duma qualquer sobrexcitação neurótica. Um descontentamento, uma insatisfação para a eternidade, algures entre a frigidez incurável e o sadismo altruísta. O ser humano reduzido e confinado à sua dimensão mais estúpida: a adolescência. Entertain us, clama, sombria, a canção dos Nirvana, my libido... A imbecilização/infantilização que já profetizava Nietzsche e que, doravante, em termos freudeanos, se resume a uma cega regressão e feroz cristalização na fase sado-anal da psicogénese. O lema desta romaria em quatro palavras: regressão contra a repressão. Nada é poupado, muito menos a própria linguagem. Pré-história, aí vamos nós! 

Depois, a própria constituição de qualquer minoria é, em si, um efeito de iluminação e legitimação automática contra a repressão (a maioria, porque sempre estamos a falar no espaço "ocidental"). Quer dizer, toda a minoria é uma vanguarda e isso confere-lhe um estatuto de prioridade e superioridade (moral, legal, cultural) intrínsecas. E instantâneas. Basta activar a causa e ei-la soberana.

Porém, o mais sinistro e irónico de toda esta cegada é que todos os avatares e horrores da putativa repressão andro-patriarcal, isto é, civilizacional, são assumidos agora pelos bandos e comanditas anti-civilizacionais,  só que à avessas e em regime de kit tribal: toda uma nova-censura/polícia/delação/inquisição/legislação/vigilância preside à demolição do abominado edifício. Os novos-revolucionários mais não são que novos-torcionários, novos e exacerbados esbirros que operam auto-investidos das plenipotências do bufo, quadrilheiro e juiz, tudo esprimido e concatenado na mesma circunvolução histérica entre o umbigo e o olho do cu.


PS: Aqui há tempos deitei dinheiro à rua comprando uma porcaria intitulada "Critica da Razão Cínica", dum tal P. Sloterdijk. Consegui ler 130 páginas, o que foi um esforço considerável de estoicismo e parafilia. Uma merda absoluta, a transpirar iluminismo e não sei quê da tal "teoria crítica" como se fosse perfume de passerelle. Jamais me perdoarei pelo esbanjamento. Só para que saibam. Entretanto, uma última nota: onde esta caterva menciona "crítica" entendam "censura". Criticar, para estas comadres, é censurar e nada mais que isso. O maior alvo de todas as críticas é o passado. E os antepassados.

terça-feira, junho 28, 2022

Como destruir a Rússia

 O que se segue é retirado dum artigo de 2019, acerca dum documento, também de 2019, elaborado pela Rand Corporation, um dos principais tinque-tanques do rilhafoles americórnio. Se repararem bem, é a receita completa para o actual cozinhado no Leste Europeu.


«According to their analysts, Russia remains a powerful adversary for the United States in certain fundamental sectors. To handle this opposition, the USA and their allies will have to pursue a joint long-term strategy which exploits Russia’s vulnerabilities. So Rand analyses the various means with which to unbalance Russia, indicating for each the probabilities of success, the benefits, the cost, and the risks for the USA.»

1. Rand analysts estimate that Russia’s greatest vulnerability is that of its economy, due to its heavy dependency on oil and gas exports. The income from these exports can be reduced by strengthening sanctions and increasing the energy exports of the United States. The goal is to oblige Europe to diminish its importation of Russian natural gas, and replace it by liquefied natural gas transported by sea from other countries.

Comentário: Seguiram a receita à risca. Não está a resultar (tirando a parte da estupidez europeia, que correspondeu na perfeição), mas como só conhecem esta receita, insistem. E vão insistir ad nausea. A peça pode ser quadrada, o buraco redondo, mas o chimpanzé não desiste.

2. Another way of destabilising the Russian economy in the long run is to encourage the emigration of qualified personnel, particularly young Russians with a high level of education.

Comentário: As Pussy Riots? E mais quem?...A prole dos oligarcas entretanto falecidos?...

3. In the ideological and information sectors, it would be necessary to encourage internal contestation and at the same time, to undermine Russia’s image on the exterior, by excluding it from international forums and boycotting the international sporting events that it organises.

Comentário:  Mais uma vez, receita seguida com fervoroso fanatismo culinário. A questão é que, no fim do dia, a Rússia está a ficar mais popular no "resto do planeta", ou seja, perante três quartos da humanidade quem está cada vez mais isolado e mal visto é o arrogante e destrambelhado Ocidente.

4. In the geopolitical sector, arming Ukraine would enable the USA to exploit the central point of Russia’s exterior vulnerability, but this would have to be carefully calculated in order to hold Russia under pressure without slipping into a major conflict, which it would win.

Comentário: Novamente a receita. Armaram a Ucrânia, treinaram e zombificaram os ditos cujos, mas o conflito rebentou e, sim, como diz a receita, os Russos vão ganhar. Portanto, começa a cheirar já a esturro, o petisco. E como estão a escalar todos os dias, e tresloucadamente, corre-se mesmo o risco de deitar fogo à cozinha.

5. In the military sector, the USA could enjoy high benefits, with low costs and risks, by increasing the number of land-based troops from the NATO countries working in an anti-Russian function.

Comentário:   Sempre a receita... E os vassalos caninos, digo, aliados, estão lá para isso e mais que seja, e não param de ladrar ao urso.

6. The USA can enjoy high probabilities of success and high benefits, with moderate risks, especially by investing mainly in strategic bombers and long-range attack missiles directed against Russia.

Comentário:  Aqui a receita está um pouco a oeste da realidade de 2022: a tecnologia de mísseis/contra-mísseis, e a espacial dum modo geral, dos russos é superior à dos USA. 

7. Leaving the INF Treaty and deploying in Europe new intermediate-range nuclear missiles pointed at Russia would lead to high probabilities of success, but would also present high risks.

Comentário:  Deve estar aí a rebentar este passo da receita. Mas um tal excesso de picante, é mais que certo, tornará o prato intragável.

8. By calibrating each option to gain the desired effect – conclude the Rand analysts – Russia would end up by paying the hardest price in a confrontation, but the USA would also have to invest huge resources, which would therefore no longer be available for other objectives. This is also prior warning of a coming major increase in USA/NATO military spending, to the disadvantage of social budgets.

Comentário: Esta, de tão evidente, recorrente e verificada, dispensa mais comentários.


This is the future that is planned out for us by the Rand Corporation, the most influential think tank of the Deep State – in other words the underground centre of real power gripped by the economic, financial, and military oligarchies – which determines the strategic choices not only of the USA, but all of the Western world.


Falta apenas dizer que estes cromos da Rand Corp, como os da generalidade dos Tinque-tanques americórnios, percebem geralmente corno das questões geopolíticas que dissecam. O que fazem é corresponder a quem lhes paga (o Governo Americano e certos oligarcas lá do sítio) com fatos e receitas à medida dos seus aleives e fantasias. "Sai uma Rússia de fricassé?... Não está-me a apetecer antes em hamburguer!..."

Lendo um pantagruel destes, fica no ar um aroma que se resume numa palavra: Hubris.

domingo, junho 26, 2022

G7, ou Clube dos Balhelhas e Gagás

 O festival continua. Cada cavadela, cada minhoca. Agora vão sancionar o ouro. O Gerontossauro decretou e os servos do globo - os outros 6 do G7-, fazem como as focas: batem palmas e empinam bolas no focinho (à falta de as terem no sítio devido):

«Having sparked hyperinflation in European gas prices and record energy costs around the globe with their poorly conceived and implemented Russian energy sanctions which have backfired spectacularly, allowing Moscow to reap record energy export profits and China and India to buy oil far below spot prices while leaving US motorists paying record prices at the pump, on Sunday the Biden admin alongside the G-7 announced that they will ban Russian gold imports to "further impose financial costs on Moscow for its invasion of Ukraine."»

Acontece que os russos não têm como principais clientes do seu ouro os anormais do G7 (a maior parte deles nem dinheiro tem para mandar cantar um cego, quanto mais comprar ouro)... E o principal cliente do ouro russo é... o Banco Central da Rússia:

«the biggest buyers of gold in recent years have not been G7 countries (United States, France, Canada, Germany, Japan, the United Kingdom and Italy), many of whom naively sold much if not all their gold in the recent past and have refused or simply don't have the funds to restock; instead purchases have all been by developing nation central banks (like India and Turkey, and of course China which however has a habit of only revealing its true gold inventory every decade or so) who have been quietly preparing to do what Russia is doing by dedollarizing and instead allocating capital into a counterparty-free asset.»  (...)

«As for Russia, its central bank has been an aggressive buyer of gold, not seller, and if anything Biden's decision will only make the gold market the latest to follow the example of oil and bifurcate: cheaper for Russian-friends and much more expensive for Russian enemies.»

Mas a parte mais engraçada, e a minha preferida é mesmo esta:

»As for "punishing" Russia, here is a chart of the US vs Russian current account balance: guess who is at a record surplus and who is at a record deficit.



Isto já não é apenas decadência. Raios me partam, se não augura mesmo  o estado terminal dela.
(Olha, continuo inteiro... estamos lixados!)

sábado, junho 25, 2022

Weimar 2.0

 


«Energy Crisis: EU Passes Carbon Emissions Bill ...»


Redução de 55% nas emissões, ah valentes!
A escavação continua. O fundo ainda é dois andares abaixo...do fundo. Mas isto já não é apenas mais uma exuberante exibição de estupidez pura e dura. É, sobretudo, inútil porque redundante e, comprovadamente, desnecessário. Dado o cenário garantido das anteriores cavadelas, todo o festival de hara-kiri sancioneiro, as emissões reduzem-se por si, natural e automaticamente. É só fazer as contas: Fecham fábricas, colapsam indústrias (as poucas que restam), reduz-se garantidamente o tráfego - de mercadorias, de particulares no desemprego, na aflição, na ruína -, viaja-se menos em turismo; com a seca, ainda por cima, as vacas, coitadas, também se devem peidar menos, e por aí fora. Vai ser mesmo uma despoluição do caraças  e a todo o - não direi gás, porque entenderam amputar-se dele, mas, seguramente -  vapor. 
Brinco? Exagero? Lá estou eu?...
Pois, oiçam só o ministro da esquizofrenia da locomotiva europeia (transita mascarado de ministro da economia da Alemanha, mas isso é apenas a prova de que os doidos fanaram a chave do manicómio):

E de quem é a culpa? Claro, é do Putin. Vai ali um inimigo meu a correr, engatilho a arma para lhe pregar um tiro, um bem repenicado tiro e, pum, acerto na minha própria cabeça. A culpa é dele, está-se bem a ver (vocês, pelo menos, estão; porque eu, com o encéfalo desfeito, e a escorrer mioleira pelos olhos abaixo, tenho alguma dificuldade).

E chia ainda ele, sibilino, quase a terminar:

Pois, ó meu grande montículo ambulante de substância mole e fétida, até é capaz de ser assim mesmo. Reduz a população à miséria e vais ver onde eles te mandam enfiar a "liberal democracy" da treta. 
Weimar 2.0, aí vão eles!  E não se pode dizer que não mereçam.


sexta-feira, junho 24, 2022

Da Fake-meat à Fake-people e volta

 


a) «Supremo Tribunal dos EUA libera porte de armas em todo o país»


Olhando assim, de relance, para as duas notícias dir-se-ia que a mais assustadora seria a primeira. Afinal, se ponderarmos o gatilho fácil e o ímpeto massacrante endémicos à sociedade americana, caso lá vivesse, eu, pelo menos, com a perspectiva do arsenal à solta, não ficaria propriamente tranquilizado. Não que eu seja exactamente contra isso, apenas, muito provavelmente, trataria de adquirir um Javelin e várias granadas defensivas na dark web (parece que o preço tem vindo a baixar, dado o excesso de oferta)... Pelo sim, pelo não... Como diria Jarry, o facto de sermos prestáveis e civilizados, não impede que sejamos prudentes.
No entanto, o ex-presidente Barak Coiso (assim de repente até parece nome de drone), esse dumucrata fervoroso, irrompeu em lágrimas, clamando todo um terror apavarotado de "milhões de americanos", com as armas? Não, com a decisão do Supremo sobre o direito das mulheres a desembaraçarem-se. Quer dizer, o cenário dum tresloucado, digo, vários, de M16 ou pistolão em punho, não assusta. Mas uma portadora de embrião inconveniente, não poder entregá-lo, em modo expresso, para abate, isso, que horror, é apavorante. Quase de borrar as calças!...
Vejamos, o tal Supremo nem proíbe que as oclusas dêem cabo do minúsculo invasor das suas sacrossantas vísceras. Apenas transfere para a órbita dos Estados essa legislação. Por conseguinte, até estão a descentralizar, ou regionalizar, ou outsourcizar, o que decerto é mais democrático (e market friendly). Até porque o Texas, o maior estado de todos - e o mais importante, de longe, na minha soberana opinião, porque é a pátria dos ZZTop -, pois, o Texas, dizia eu,  já ameaçava referendo e secessão, à conta da agenda "dumucrata", sobremaneira, e fogosamente, aberrante. O Texas (e os Estados do Sul, dum modo geral), lá terão decerto muitos defeitos, mas ainda têm algumas virtudes (ao contrários dos restantes, exceptuando talvez o Montana). E se falarmos da música, então, são virtuosos como o caraças e jamais perdoarei aos russos se pulverizarem  aquilo do  mapa!... 
Consequentemente, os tais do Supremo, para variar, pesaram bem as coisas - dum lado a guerra civil, do outro a descentralização - e optaram como manda a prudência, o decoro e o interesse público. Detalhe de transcendente importância: o aborticínio continuará legal  na Califórnia e na Florida, as duas principais estâncias balneares da grande nação, pelo que as prenhas aflitas,  atormentadas em estados menos liberais,  poderão tratar, simultaneamente, do desembaraço e do bronze nas belas praias e resorts daqueles dois destinos turísticos de eleição.
Por outro lado, e nunca será demais realçá-lo, esta é já, sem sombra de dúvida civilijaxional (o x não é erro ortográfico; nem o J), uma questão obsoleta. Como as meninas, desde a mais tenra idade, devem passar a ser metodicamente educadas para mudarem ou abdicarem de sexo, o risco de engravidarem será cada vez menor, até que se chegue à solução ideal de se banir a reprodução biológica natural, dando lugar a reprodução sintética. De resto, não sei se os meus amigos já se aperceberam, mas vai de vento em popa a exploração  da carne artificial - cultural meat (ou fake-meat) . É mesmo, dizem, um dos negócios do futuro. Não é por acaso que o distinto e prognosciente Bill Gates, à semelhança da Monsanto, nele tanto tem vindo a investir. Depois, como, graças aos tremendos saltos anti-civilizacionais, tudo se resume e degrada a mera carne, produzir um hamburguer ou um cultural baby, qual a diferença?
Só coisas estupendas e maravilhosas ao virar da esquina.

PS: E notem um dos formidáveis milagres da fake-meat: salva-nos do apocalipse pelo flato bovino. Prostremo-nos em hossana, irmãos!...

quinta-feira, junho 23, 2022

Transhumanismo INC

 




2SLGTBQQIA+....

Desafio-vos, ó leitores: que raio enuncia o acrónimo  em epígrafe?

Intrigado, tive, eu próprio, que ir investigar...ao google. Para estas ultra modernices ultra sofisticadas, nada como o google. Ripostou-me, de lá, o motor de busca:

Two Spirit/Lesbian/Gay/Transexual/Bisexual/Queer/Questing/Intersexual/Asexual/Plus

O Plus, segundo a última contagem, parece que rondava à volta dos 70 géneros, e fermentando.

Calculo que isto, sendo o último -na verdade, o penúltimo - grito da disciplina Moral & Religião no Portentado Ocidental (vulgo USA), ainda não chegou aos subúrbios, coisa que, geralmente, ainda leva uns anitos. Mas agora com a internet, parece que é mais rápido. Por conseguinte, deve estar aí a rebentar.

Mas, dizia eu, não é o último grito, porque o "último grito", segundo os gritadores de plantão, é, registem: SSI. Traduz-se por Syntetic Sexual Identities.  As duas bestas que aparecem na fotografia acima, a Jennifer (que nasceu James) e o J.B. Pritzker, são os principais apóstolos deste novo apocalipse. Existe todo um "investimento" à volta do fenómeno (coisa de triliões USD), patrocínios e promoção social em barda, legal também, e toda uma indústria farmacêutica a rebocar o circo. Enfim, se tiverem um estômago forte, podem acompanhar aqui , ou aqui, alguns detalhes da frankenstoinoforia. Não li tudo. Confesso que, de rilhafoles-city, já nada me surpreende. E pornografia, apesar de tudo, ainda prefiro a clássica. Todavia, por descargo de consciência, peguei em todos os nomes que lá apareciam e fui investigar o background: todos de ascendência judaica. Nem uma excepção. Puta de coincidência!... Realmente, quando se trata de vanguarda, ninguém os bate.

Alguns excertos peculiarmente óbvios:

«Through investments in the techno-medical complex, where new highly medicalized sex identities are being conjured, Pritzkers and other elite donors are attempting to normalize the idea that human reproductive sex exists on a spectrum. These investments go toward creating new SSI using surgeries and drugs, and by instituting rapid language reforms to prop up these new identities and induce institutions and individuals to normalize them.»

«We are making God as we are implementing technology that is ever more all-knowing, ever-present, all-powerful, and beneficent.»

«I found exceedingly rich, white men with enormous cultural influence are funding the transgender lobby and various transgender organizations. These include but are not limited to Jennifer Pritzker (a male who identifies as transgender); George Soros; Martine Rothblatt (a male who identifies as transgender and transhumanist); Tim Gill (a gay man); Drummond Pike; Warren and Peter Buffett; Jon Stryker (a gay man); Mark Bonham (a gay man); and Ric Weiland (a deceased gay man whose philanthropy is still LGBT-oriented).»

Etc,etc.


Em jeito de epílogo, e para moral da história, ocorre-me discorrer sobre a etimologia. Da palavra "aberração".

Do latim "aberrare" (ab-errare)- desviar, afastar, sair do caminho. Este descaminhar ou desencaminhar, este andar ao acaso, à toa (cf. Gil Vicente)* é a negação, ou, pior, a perversão, do "odos" grego. Se pensarmos na nossa civilização como a "odisseia", em que o princípio e o fim coincidem - Ítaca, a que os cristãos chamarão Deus -, o que define o caminho é o haver um sentido, uma razão, um fio condutor. Sem esse fio, o homem torna-se condenado ao labirinto e à Besta que lá habita. Ora, o "ab-errar" é igualmente um "ab-ratio", uma "ab-razão", ou seja, uma des-razão, um arrazoado, em suma, um absurdo. Um não haver sentido, nem orientação, nem princípio, nem fim. Não é sequer uma nova linguagem: é a negação da própria linguagem. Estamos ao nível da destruição radical e absolutamente malignizante da sua estrita possibilidade. O Ruído que usurpa e cala a Voz Humana. A partir daqui, quando os bárbaros chegarem, só uma certeza persistirá: Já vêm tarde.


* "À toa"  significa ir puxado por um cordel/baraço, que é como a barca do Diabo leva a reboque um determinado barquinho que, a limite, não ascende ao céu, nem aufere da dignidade mínima para descer ao inferno. Simboliza o nada. Vulgarmente, mais conhecido por dinheiro.


quarta-feira, junho 22, 2022

Reduzir a carvão

 Segundo creio a Alemanha é actualmente governada por uma coligação de três partidos: Os sociais-democratas, os amigos do negócio e os verdes. Logo à partida, soa assim um bocado a saco-de-gatos, dado que os verdes e os amigos do negócio representam o oposto em termos ambientais (e todos sabemos como o ambiente é sacrossanto por estes dias).  Mas como aquilo não serve para nada, quem governa a Alemanha não é o governo alemão, a balbúrdia acaba por ser irrelevante. Entretanto, como os russos, em resposta às sanções tresloucadas, começaram a cortar o gás: já se postula, neste pseudo-governo alemão, o regresso em força ao carvão.

Dir-se-ia que os tais Verdes jamais tolerariam ou patrocinariam um retrocesso civilizacional destes. Em nome do amor acrisolado à Ucrânia, vamos matar mais depressa o querido planeta? Vamos emitir carbono como se não houvesse amanhã?... Não se espantem. É mesmo assim: por essa mesma paixão ensolapada, estão até dispostos, e não param mesmo de escavar nesse sentido, de arriscar o holocausto nuclear, o que, convenhamos, em termos de poluição e agressão ao ambiente, é mesmo do mais radical e desenfreado que se possa imaginar. E conceber.

Porém, não se trata de amor. Experimentem falar com algum destes zombis puguessistas da hora a ferver, e rapidamente percebereis, que ali não há amor a coisa nenhuma, sequer a uma causa: tudo se resume e revolve à volta dum ódio. Tudo dele emana e nele se concentra, destila. Memória, razão, prudência, o que seja, vai tudo de roldão, dissolvido instantaneamente nos vapores daquele ácido corrosivo: já não estamos ao nível de qualquer ditadura do proletariado, agora é sòmente a tirania do ódio. Neste caso, ódio ao Putin. A coisa já nem sequer alcança os níveis da mania: trata-se apenas duma super-birra. A selvajaria pura da chamada "cultura do cancelamento" não vai além disso. Acesso de guincharia do jovem símio furioso com qualquer coisa que o estímulo condicionado o convoca a detestar. Dostoievski, Tolstoi, Tchaikovsky, Tchekov, Shostakovich, Prokofiev, vai tudo de escantilhão. Para o índex, para o esgoto, para o gulag democrático. E se estes vão, imaginem os russos vulgares!... Cresce a indignação porque raio ainda não estão a exterminá-los, os nossos mísseis e aviaozarrões justiciabundos! Porque diabo não estão já reduzidos ao caos, à idade da pedra (como reclamava ainda há pouco o judeu Kasparov, a chispar peçonha)!... Em suma: a birra é tão grande, o estímulo tão aguilhoante, que estão dispostos a escaqueirar esta merda toda, isto é, a Europa inteira sobretudo!...

Voltam ao carvão? Isso não é nada, é zero. Se servir para fazer mal aos russos, que se foda o planeta. Ele que espere, temos uma urgência mais urgente entre patas. Mas 50% do carvão, na Alemanha, é importado da Rússia... E dizem que na Polónia chega aos 100%... Eh pá, não compliquem!... 

Importante é odiá-los ainda com mais força!

terça-feira, junho 21, 2022

Mass-shooting

 

«At least 6 dead, 42 injured in weekend mass shootings across US»


Bem, parece que afinal a III Guerra Mundial está mesmo aí a rebentar. E segue em tudo um paralelismo com a Segunda. A única diferença é que a guerra civil preambular desta vez, no lugar de Espanha, decorre nos Estados Unidos. E não são nacionalistas contra republicanos, é mesmo todos contra todos.
A ressacarem a falta de mass-shooting no exterior, os amerdicanos entregam-se ao mass-shooting doméstico. A essência da guerra, no Ocidente, descambou mesmo nesse requinte: matar civis. O efeito perverso nos próprios civis americanos é de assinalar: faltando-lhe imagens tranquilizadoras das suas pujantes forças armadas nos mass-media, entregam-se eles próprios, com pundonor, à tarefa.
Imaginem o que será de Israel no dia em que as IDF, por algum capricho ou greve, deixarem de massacrar palestinianos... Nem quero pensar.

segunda-feira, junho 20, 2022

O Mamute na sala

 Mais um peso-pesado - ex-CIA, com uma larga e importante carreira no sector -, que vem descrever o óbvio ululante, na sua dupla dimensão:

a) A Rússia vai triturar o Zombistão;

b) E - aqui, sim, deveras preocupante, tão preocupante e ruidoso que até me acordou -, uma campanha de propaganda e desinformação compulsiva, como não há registo nos anais da História...

«One of the most disturbing features of this US-Russian struggle in Ukraine has been the utter corruption of independent media. Indeed Washington has won the information and propaganda war hands down, orchestrating all Western media to sing from the same hymnbook in characterizing the Ukraine war.  The West has never before witnessed such a blanket imposition by one country’s ideologically-driven geopolitical perspective at home. Nor, of course, is the Russian press to be trusted either. In the midst of  a virulent anti-Russian propaganda barrage whose likes I have never seen during my Cold Warrior days, serious analysts must dig deep these days to gain some objective understanding of what is actually taking place in Ukraine.

Would that this  American media dominance that denies nearly all alternative voices were merely a blip occasioned by Ukraine events. But European elites are perhaps slowly coming to the realization that they have been stampeded into this position of total “unanimity”; cracks are already beginning to appear in the façade of “EU and NATO unity.” But the more dangerous implication is that as we head into future global crises, a genuine independent free press is largely disappearing, falling into the hands of corporate-dominated media close to policy circles , and now bolstered by electronic social media, all manipulating the narrative to its own ends. As we move into a predictably greater and more dangerous crises of instability through global warming, refugee flows, natural disasters, and likely new pandemics, rigorous  state and corporate domination of the  western media becomes very dangerous indeed to the future of democracy. We no longer hear alternative voices on Ukraine today.»

O mais arrepiante é o ponto a que isto chegou: um unanimismo fogoso, desinsofrido, acéfalo, como se a tão badalada imprensa livre, à escala Ocidental, tivesse encetado, em bloco, em procissão sacra, festiva e miseravelmente, todo um processo colectivo e amalgamante de auto-lobotomia cognitiva e invertebração moral.

Mas vale bem a pena ler o artigo todo.



América

 Numa palavrinha apenas... Pelo mais alto representante do circo.


domingo, junho 19, 2022

Advertências da História

 

«Há advertências sintomáticas que a História dirige a uma sociedade ameaçada ou à beira de perecer: por exemplo, o declínio das artes ou a ausência de grandes estadistas. Por vezes as advertências tornam-se palpáveis e directas: o âmago da vossa democracia e da vossa civilização viu-se privada de electricidade durante umas escassas horas quando muito; ora, eis que subitamente surgem nuvens de cidadãos americanos pilhando e violando, tal é a finura da película, tais são a fragilidade de vossa estrutura social e a ausência de saúde interna!
Não é amanhã ou qualquer dia que a batalha - física, espiritual e cósmica - pelo nosso planeta se travará: essa batalha já começou. Desencadeando o assalto decisivo o Mal universal já está em marcha e já faz sentir a sua pressão enquanto os vossos "écrans" e as vossas publicações continuam a estar cheios de sorrisos de encomenda e de copos erguidos em saúdes. Todo este regozijo, é para quê, afinal?»
- Alexandre Soljenitsyne, "O Declínio da Coragem" (1978)


Quanto a estadistas, no "colectivo Ocidental" do presente, nem grandes, nem médios, nem pequenos... Na verdade, nem amostra de estadismo que seja. Mais lembra a ala dos furiosos e delirantes alucinados de qualquer hospício.  Sobre o declínio das artes, é preciso mesmo acrescentar alguma coisa?

Quanto ao Mal, todo aquele ajuntamento de íncubos, entre o sabatt e a missa negra, do World Economic Forum - com os rastejantes do costume, do Soros ao Schwab, passando pelo Gates e arredores, está para quaisquer genuínas elites da Humanidade, como os anteriores estão para o estadismo.   A civilização, como organismo, foi tomada pelos vermes. Uma revolução já não basta: tem que ser mesmo um clister. Daqueles que só Deus tem poder para ministrar.

sábado, junho 18, 2022

Insólito

 Há qualquer coisa de insólito nisto, mas é um facto: todos adoram vir para Portugal. Excepto o primeiro-Ministro portugês.

sexta-feira, junho 17, 2022

A Máscara

 

«Reino Unido aprova extradição de Julian Assange»

É lamentável, que digo eu, é desumano, indecoroso, obsceno, como essa democracia liberal primogénita, ou quase, se prepara para entregar Julian Assange - um ser humano digno de estátua, louvor e comenda vitalícia por serviços prestados à humanidade e à transparência nos negócios públicos e actividades políticas - nas garras e mandíbulas dum feroz tirano transnacional, predador inveterado, por interposto exército, de criancinhas, idosos e senhoras grávidas como  é o sr. Vladimir Putin!... Esse facínora! Esse Hitler superlativo e recauchutado!... Ah, não é ao sr. Putin?... Então só pode ser o Assad, essoutro monstro!... Também não?... O Mancha Negra do Irão?... Negativo?... Bem, não digam... O soba antropófago Somali?... Frio?... Ah, já sei: o amorável Líder da Coreia de Cima?... TAMBÉM NÃO??? Então quem, pôrra?!!...

Os semi-antigos diziam que um dos maiores truques do diabo consiste em fazer-se passar por anjo, ou então induzir os homens a crerem que não existe.

Não há totalitarismo mais perigoso do que aquele que se mascara de democracia último grito.

quinta-feira, junho 16, 2022

O Ocidente, ou Da Desesperança

 Partindo do postal anterior, em especial do conceito de "coacção", poderíamos talvez indagar o seguinte: o 25 de Abril de 1974 enformou a materialização dalgum tipo de coacção? E por quem?

Facto é que houve uma tentativa de "coacção política interna", por parte dos especialistas da coisa, em Abril de 1961. Ficou conhecido como a "Abrilada", e consistiu numa tentativa de golpe militar, pelo General CEMG Botelho Moniz mais os seus apaniguados, com o beneplácito americano.

O golpe falhou, não é fake news, nem teoria da conspiração, falhou mesmo, e Salazar, arrumando a casa e assumindo ele a pasta da Defesa, fez a célebre declaração "Para Angola e em força!"

O que estava em jogo e viria a estar sobremaneira nos anos seguintes, até 1974, não era se o regime era isto ou aquilo, censurava ou não censurava, regredia ou progredia: o busílis tinha outro nome: Ultramar Português. O resto era paisagem.

Em teoria, Portugal era aliado dos Estados Unidos. Estava até na NATO, membro fundador e tudo - a única "não democracia" do clube, pasme-se! -  (por via das Lages e do seu alto valor estratégico), mas isso, na prática, como ficou justamente exposto no postal anterior, não o isentava de ser coagido. Pelo que, gorada a "coacção política interna" de 61, os americórnios passaram a desfilar todos os outros estilos: coacção diplomática (circo da ONU, propostas de aquisição a pataco, semi-ultimatos via embaixador, etc), coacção psicológica (os mass-merdia aos gritos e às denúncias sonoras, por seca e Meca mais arredores), enfim: um fartar vilanagem. Só faltou mesmo desatarem aos tiros, abertamente - a tal coacção militar; se bem que o tenham exercido por proxy army, no caso a UPA, em Angola. Um caso, aliás, em tudo semelhante, ao presente circo da Ucrânia, ou ao anterior da Síria, e por aí arrecuante. A sensação de estar a combater zombis  não é, portanto, assim tão recente, embora nunca perca a actualidade. Só muda a embalagem: a mixórdia é sempre a  mesma. E o marteleiro também. Se é o imarcescível que procurais, aí o tendes.

Entretanto, alguns apontamentos sobre esta coacção americana, pós 1961, pelo testemunho do nosso ministro dos negócios estrangeiros da altura:

6 de Maio de 1965 -« Salazar ficou particularmente irritado com os americanos: com efeito, Williams (o dos sabonetes), disse a Garin que a nossa política em África estava a pôr em perigo a segurança dos Estados Unidos. Por outro lado, um americano de alto nível (Salazar não me disse quem) teria afirmado ser necessário modificar a situação interna portuguesa, na Metrópole.»

31 de Dezembro de 1965 - (Lamenta-se Salazar) «Tenho muitos receios para 1966. Vai ser um ano muito difícil. Talvez mais do que os anteriores. Isto da Rodésia vai ser uma crise grave, complexa, prolongada. quem sabe se, por acto do Ocidente, não estaremos a assistir ao princípio do fim do homem branco em África?! Talvez seja propósito dos Estados Unidos e da Inglaterra destruir toda a África, utilizando para o efeito a subversão e a autodeterminação e o comunismo, sabendo que depois de tudo destruído a África há-de voltar a apelar para a Europa e para o Ocidente - mas então só para os grandes. E assim se eliminaria Portugal da África. Sinto alguma revolta quando penso que já não existirei para denunciar isso.»

4 de Outubro de 1966 - «Prolongada entrevista depois com o embaixador dos Estados Unidos. pela primeira vez, uma pequena fricção: mas tudo acabou em sorrisos de parte a parte. Tese americana é sempre a mesma: eles defendem a liberdade do mundo, e portanto de nós todos, e fazem grandes sacrifícios para isso, e assim todos lhes devemos estar gratos; nós, portugueses, defendemos estreitos interesses de Portugal, o que é absolutamente secundários, e fazemo-lo de uma forma que é contrária aos ventos da história e dos interesses daquele mundo que os Estados Unidos defendem; estamos deste modo a prejudicar tudo, e até a nós próprios, devendo por isso estar reconhecidos àqueles, como os americanos, que sobre nós exercem pressões para que mudemos de política e entremos num caminho benéfico para a humanidade.»

Podia continuar por algumas horas, mas julgo bastante para avaliarmos do requinte da coisa. Então esse último relato quase alcança a geopoesia das Caldas. E todavia reflecte fielmente a abordagem, melhor dizendo, o recheio com que ainda hoje embalam a pílula, o baton com que, invariavelmente, pintalgam as fuças à porca.

Vendiam-nos armas porque eramos parceiros na NATO... Mas não as podíamos usar em África. Candidamente, Salazar interrogava-os: então mas podemos usá-las para combater os soviéticos na Europa, mas não podemos usá-las para  combatê-los em África?... "Claro que não, Dr. Oliveira. Porque é do nosso exclusivo e soberano interesse que cace gambosinos apenas aqui na Europa. Em África, nem pensar nisso. Estaria a combater-nos também a nós, que estamos, de fino direito e recorte, na parceria, na joint-desventure internacional."

Não me parece incorrer em erro clamoroso se considerar que a perspectiva que Salazar tinha dos americanos não era exactamente dum aliado. «Os americanos, ou conseguem matar-me, ou eu morro. Caso contrário, terão de lutar anos para conseguirem deitar-me abaixo.» Não deitaram. Deitou-o a cadeira e a própria vida com as suas leis eternas e imutáveis. Permitam-me uma confidência de pouco valor: o meu falecido pai, que Deus tenha, conheceu pessoalmente o Dr. Oliveira Salazar e ara amigo pessoal de algumas pessoas dele próximas. Uma vez perguntei-lhe sobre isso da cadeira e ele respondeu-me: "Qual cadeira, qual carapuça! Foram eles..." O que quer que ele queria significar com o "eles" nunca mo disse. O "eles", suspeito bem, teria a ver com o mesmo "eles" do caso Delgado. Inside Job, como sói dizer-se. Mas aqui é mesmo a minha "teoria da conspiração". Pessoal e intransmissível. E não tem mais valor que esse. Até porque acaba por ser irrelevante, ou quase, para o que aqui vamos dilucidando.

Voltando atrás. A perspectiva, dizia eu. Um realista, o Dr. Salazar. Dos quatro costados. Com o qb de Maquiavel. Mas, sobretudo, uma visão muito clara e lúcida da "independência". Independência sem soberania é impotência geopolítica. Podemos assistir a esse espectáculo degradante na União Europeia dos nossos dias. Países não independentes, numa união não soberana, em vassalagem rasteira a um Império de Fancaria e Fantochada. Ora, sendo um realista consumado, não via os americanos nem como aliados, nem como inimigos: via-os como eles eram. E são. Curiosamente, uma das definições mais certeira que pude constatar nos últimos tempos sobre os tais, passo a transcrevê-la:

«O Oeste demonstrou que não tem aliados nem inimigos - tem apenas um inimigo: quem quer que se oponha aos seus interesses materiais. Comunismo, Islamismo, Nazismo, China, Rússia  ou qualquer outro não são inimigos do Oeste. Se obedecem aos interesses do Oeste, são amigos; se se opõem a esses interesses, são inimigos. Noutras palavras: não têm princípios nenhuns.»

Foi o Presidente Assad, da Síria, outro dos monstros fabricados e fantasiados pelo "Oxidente", que disse isto. Quem quer que o dissesse, mesmo o Tio Patinhas, o Mancha Negra ou a Fada dos Dentes, seria igualmente na mouche. Traduza-se apenas o "Oeste" pelos Estados Unidos. Poupemo-nos a coberturas e cortejos carnavalescos.

Uma palavrinha para definir toda aquela cegada prometida à catástrofe (esperemos apenas que não seja global): materialismo. Esse não ter princípios, como justamente apontado, condena também a não ter fins - por isso a guerra sem fim, a competição sem fim, o ódio sem fim, a mentira sem fim - a limite, o caos. E do caos percebo eu. É mesmo a minha especialidade académica, desde Hesíodo. Ora, onde não há princípios, nem fins, sobram os meios. Os meios como princípio e fim deles próprios; meios para outros meios, utensílios e instrumentos ad infinitum. Isto, se pensarmos na Grécia Antiga como berço da Civilização Ocidental, temos a anti-civilização, ou então chamar-lhe ocidental é já, na etimologia, taxá-la de crepúsculo, morte, local do homicídio - a morte do Homem, corolário fatal da morte de Deus. Mas mesmo nisso, nesse consumar duma tragédia milenar, estaríamos provavelmente a ser optimistas. A morte seria já, de si, um fim, o desfecho de algo que principiara algures, neste caso, na Grécia de Homero. Ora o materialismo e o seu Ocidente sem principio nem fim, é algo que não morre porque nem vive: é puro artificial, absoluto sintético.  E é também, mais ainda, na medida em que abdica de princípios e causas (cf. Aristóteles), algo impossível de definir, sequer de pensar, dizer ou lembrar. Um inominável paredes meias entre o nada e o caos. Os medievais, especialmente na Alta Idade Média (antes dela ter desabado) chamar-lhe-iam a negação da Obra de Deus. A corrosão da alma humana pela Des-Criação. Havia até um tutor para este tipo de fenómenos que eles tinham em mente e eu me dispenso de enunciar.

Por outro lado, a própria raiz da palavra já parece incliná-la ao precipício. É do latim occidere que o Ocidente traz o estigma. A morte do dia, a matança da luz, o abater-se do sol, etc. Curiosamente, se fosse do grego, e não da Roma obscura (o latim é uma língua cujas origens se desconhecem), não diríamos Ocidental: diríamos  da Esperança (do grego esperos). A esperança de Ulisses ( de regressar a casa), a esperança de Jesus (de regressar à vida), a esperança do sol que há-de levantar-se na manhã seguinte. Em suma: um haver um sentido, para a vida, para a morte e para a viagem. E não apenas um absurdo, uma babilónia, um caos. E a carnificina a escorrer de tudo isso, que é nada. Porém, não há acasos nos ocasos. Ai de nós!...

Quando é que Salazar perdeu a esperança? Poder-se-ia perguntar. E há muitas declarações suas, especialmente nos anos 60, ou seja, no seu crepúsculo, que revelam um certo desalento com o que lhe havia de suceder, a ele e ao país - uma certa premonição que consigo ruirá o Estado Novo. O Estado Novo que, recorde-se, era suposto ter corporizado uma revolução nacional, uma transformação plena da nação. Mas também se poderá colocar a pergunta noutros termos: quando é que nós trocámos a Esperança pelo Ocidente?

Mas afinal o que significa a "Esperança"? É, mais ainda que fé, saber intimamente, que para lá da treva que se abate, chamada noite, outro dia virá. Que o negrume não é o fim do tempo nem da História. Precisamente nos antípodas desse acreditar dogmático e fanático, porque absolutamente cego e amorfo, que o Ocidente é o meio absoluto, isto é, ausência total e totalitária de princípio e fim arvorada a universo.

Qual era então a interrogação inaugural, que já me evadi?... Ah, sim, o 25 de Abril de 1974 enformou a materialização de algum tipo de coacção? 

Bem, conspiração houve. Os militares conspiraram, uns contra os outros e depois contra o governo. Contra a honra, também. Em barda. Os principais estrategas, ou assim eles julgavam, galopavam um paradoxo: tinham esperança no ocidente.  Mas era uma contradição viva, uma quimera a digladiar-se consigo mesma, que não augurava fulgurantes desenlaces. Tal qual se viu.

O Ocidente tratou-lhes da esperança. Esperar a próxima crise ou a próxima bancarrota também é uma "espécie" de esperança. A mais indigente a antitética de todas elas, mas, enfim, no mundo às avessas, até passa por luxo. Senão mesmo desígnio nacional. Nos intervalos, vão ser a Florida da Europa. Que por sua vez, vai ser o Novo Alasca dos Estados Unidos.

Quanto à coacção, e para terminar que isto vai longo, mas deu-me gozo, aquilo chega a um ponto que já passa por automatismo. E mais não escrevo.




terça-feira, junho 14, 2022

Da Coacção Soberana (Rep)

Este postal é uma reposição. De algo que  escrevi em 2015, aqui no Dragoscópio, a propósito, imaginem só, da "Ucrânia".


         ---- //----


 «Geopoliticamente, a América é uma ilha ao largo da grande massa continental da Eurásia, cujos recursos e população excedem de longe os dos Estados Unidos. A dominação por uma única potência, por qualquer das duas principais esferas - Europa ou Ásia-, é uma boa definição de perigo estratégico para a América, com guerra fria ou não. Tal agrupamento teria a capacidade de ultrapassar economicamente a América e, no final, militarmente. Seria necessário resistir então a esse perigo, mesmo que o poder dominante fosse aparentemente benevolente, pois, se as intenções alguma vez mudassem, a América achar-se-ia com a capacidade de resistência efectiva bastante diminuída e uma crescente incapacidade para moldar os acontecimentos

Henry Kissinger, in "Diplomacy", pp.709, trad. port. Gradiva 


Lendo isto, percebe-se muito bem o que os americanos andam a fazer na Ucrânia. O que não se entende é o que a Alemanha, com a Europa a reboque, lá faz. Quando o interesse da Alemanha e da França, especialmente,  seria precisamente o oposto, só se pode entender  a actual circunstância da seguinte forma: os governos da Europa não representam nem defendem os interesses dos seus próprios povos, mas são, isso sim, de alguma forma ou por acção de um qualquer dispositivo coercivo  obscuro, títeres de outros cordelinhos. Os mesmos, aliás, que manipula a "mão invsível" por detrás do aparato bélico americano. 

Só que convém perceber o real e completo significado de "bélico"...


«A coacção é hoje sinónimo de guerra, quer se caracterize pelo emprego da força militar, quer por uma qualquer aplicação de outros elementos do potencial nacional sem recurso ao emprego da força militar. (...)
As formas de coacção relacionam-se com os elementos do potencial nacional. Assim, a coacção pode ser exercida através de cinco formas principais: a coacção psicológica, a coacção diplomática (ou política externa), a coacção política interna, a coacção económica e a coacção militar. Esta classificação diz respeito aos meios empregados e não aos efeitos obtidos.
Estas formas de coacção podem ser empregadas isolada ou concorrentemente e, em qualquer dos casos, com diferentes gradações. A guerra diz-se total quando emprega todas as formas de coacção, embora tal não signifique que a acção militar seja nela a mais importante.»

- in Regulamento de Campanha - Operações, Vol I (do Estado Maior do Exército)


Os geostrategas de sofá acham que guerra pressupõe obrigatoriamente tiros, bombas e violência bélica. Como nos filmes onde cursaram e tiraram o brevet de think-tanquistas de alguidar. Na verdade, a coacção militar (aquela coisa com tiros e explosões) constitui geralmente um último recurso. Antes de irem lá dar tiros, onde quer que lhes contenda com a veneta, os americanos, por exemplo, exercem coacção psicológica (mass-media aos gritos), coacção diplomática (sanções na ONU, etc), coacção política interna (promoção de distúrbios, indução de protestos - revoluções primaveris ou coloridas) e coacção económica (sanções financeiras, bloqueios, proibição de exportações ou importações, expulsão de organizações internacionais, manipulações de mercado, etc, etc). Só depois disto tudo bem exploradinho é que avança o porta-aviões ou os F16. Neste momento os Estados Unidos estão em guerra com a Rússia em todos os departamentos de coacção, excepto na componente militar aberta. Pois, falta apenas esse detalhezinho para entrarmos na III Guerra Mundial. E só ainda não entraram nesse detalhezinho por causa de outro nada despiciendo: a capacidade russa em armamento nuclear estratégico. Os americanos estão também em guerra (actual ou potencial) com o resto do planeta, que se divide entre aqueles que são suavemente coagidos (como A União Europeia), e os que se encontram ou no estágio intermédio ou brutal de coação, conforme a respectiva atitude ou unilateral necessidade do superior e soberano interesse da potência hegemónica. Àqueles que se submetem mansamente à suave coacção, os americanos chamam aliados. Àqueles que exigem uma coacção brutal, chamam inimigos. Há apenas um com estatuto excepcional.

domingo, junho 12, 2022

Oximoros e anedotas

 



Mas alegremo-nos, o Mundo tem um oximoro novo: "British intelligence".


PS: Entretanto, em Mariupol 2.0, o drama, a tragédia:

«Soldado britânico morto em combate em Severodonetsk»


Notem o requinte da mensagem: se o tipo era um soldado britânico e não um mercenário, isso quer dizer que o  Reino unido está em guerra aberta com os russos? É capaz de não ser lá muito saudável para o toy army lá das ilhas. Faz até lembrar aquela anedota do tipo que começou a ver uma série de coelhinhos castanhos e mal cheirosos onde era suposto aparecerem coelhinhos brancos... Seguiu o rasto até detrás duma moita e só então decifrou o mistério: estava um grande urso a limpar o cu com os coelhinhos.


sábado, junho 11, 2022

State of the Art

 «À medida que a democracia é aperfeiçoada, o cargo de Presidente representa, cada vez mais, a alma íntima do povo. Num grande e glorioso dia destes, os vulgares tipos desta terra alcançarão finalmente o seu mais profundo anseio e a Casa Branca será então adornada com um completo retardado mental.»

- H.L. Mencken

Já é para aí a quarta vez que eu posto a citação em epígrafe, dum dos meus americanos favoritos. Pois bem, contemplando o Gerontossauro da hora actual, no corolário dos antecessores, há  uma questão sobre a democracia americana que, legítima e premente, me assalta: será possível que consigam aperfeiçoá-la ainda mais?

Começo a ter algumas dúvidas.

sexta-feira, junho 10, 2022

A realidade é fodida

 



E, subitamente, no New York Times (Jew York Times para os amigos):

«U.S. Lacks a Clear Picture of Ukraine’s War Strategy, Officials Say»

Claro, já sabemos, a vitória tem sempre muitos pais; enquanto a derrota, coitadinha, acaba invariavelmente órfã.

Mas a questão essencial nem é que eles não saibam - não sabem, não querem saber e até têm raiva de quem sabe. Daí não resultaria dano maior do que a mediocridade confrangedora em que, compulsiva e sistematicamente, chafurdam - agências, inteligences, think-tanques e toda o jornalixo à pendura. Não, o problema é que eles começaram a acreditar na própria patranha desenfreada que impingem, desataram a crer na própria intrujice que aspergem, ad nausea, sobre o pagode ávido e semi-lobotomizado. Ou seja, começaram a fumar do próprio estupefacciente que traficam. Já não são eles que tripulam a mentira: é a própria mentira, automática e despótica,  que os pilota e transporta a eles. Uma espécie de possessão noticieira, que se manifesta numa incontinência desatada, num feedback permanente entre o orifício oral e o buraco anal. Em português: uma realimentação desinsofrida e directa do próprio esgoto.

Todavia, desmontemos esta tentativa tosca de alibi à pressa. Então aquela rapaziada (CIA, Pentagono, NATO & Compª, passem as redundâncias) andou 8 anos a preparar uma operação toda xpto - lavagem ao cérebro e zombificação expresso de hordas de ganzados militantes, ISIS 2.0 on steroids; fortificação monumental do Donbass, numa rede de bunkers, casamatas, abrigos e hiper-trincheiras ao nível duma linha maginot para chimpanzés -, treinou, armou, rearmou, assessorou e dirigiu em directo todas as grandes operações no teatro de operações, e agora vem proclamar que não sabia bem o que se passava, que a culpa é dos zombis de serviço?!... Os títeres é que fizeram merda, pasme-se.

Não tenho quaisquer dúvidas: os zombis, sozinhos, sempre teriam feito melhor figura. Afinal, vinham da mesma escola que os odiados russos. Não teria sido tão escandalosa a toinice táctico-estratégica. Ou, pelo menos, não se teriam enfiado, tão grosseira e toscamente, na boca do lobo. Aquelas luminárias do oxidente, ao fim de décadas, nem se deram ao trabalho de estudar o inimigo. A Realidade é fodida. E agora descobriram, à bruta, que o tigre de papel não mora em Moscovo. Pelo contrário, fita-os, esgazeado, do espelho da sua própria megalomania delirante.


quinta-feira, junho 09, 2022

E então as alternativas, pá?

 

«Oil Prices Are ‘Nowhere Near’ Peak Yet, Says Key OPEC Member UAE»

Traduzindo: O pico dos preços do petróleo está longe de ser atingido. Porque a economia chinesa está ainda a meio gás. Quando carburar em pleno, os preços vão disparar ainda mais. Aumenta muito a procura, mantém-se a oferta, logo...
2 euros/litro é um preço ruinoso que, a médio/longo termo a nossa treta de economia não aguenta. Imaginem acima ou muito acima disso.
Os árabes não vão aumentar a produção. Grande parte do aumento do consumo energético chinês, quando a coisa funcionar em pleno, não é difícil adivinhar de onde virá: Rússia, a preços de desconto (mesmo assim, altamente lucrativo para o tal país ridículo com uma economia abaixo da italiana). Ora, se o consumo aos árabes não vai subir muito, serão os primeiros a promover ainda uma maior subida de preços, para aumentar o lucro. Com os dois maiores produtores mundiais em sintonia, resta ao Império da Propaganda  coisar com Venezuela. 
A Europa? Como diria a vaca Nuland: Fuck the EU

PS: A certa altura o Império manda as agências de Ratos lixar (literalmente) esta EUSSR  de invertebrados e compra o quer houver de interesse a preço de saldo e liquidação geral.

PS2: Incêndio num dos maiores terminais americanos parece que fez subir o preço do gás... ainda mais.

PS3: A propósito do pedigree da Nuland: neta de judeus ucranianos. O Pale of Settlement não perdoa.

quarta-feira, junho 08, 2022

O rotundo mas feroz caniche



Em 21 de Maio de 2022: 

«Portugal concede apoio financeiro de 250 milhões à Ucrânia»

Em 08 de Junho de 2022:

«Segurança Social corta apoio alimentar a milhares de famílias.»


Pois, lá está , o dinheiro não estica. Ainda menos para quem vive de empréstimos. E isto de botar figurinha lá fora, armando ao barão da geocaridadezota e vociferando iracundos béu-béus ao monstro russo, sai caro. Sai mesmo por um balúrdio. A pressa do rotundo caniche em alcandorar-se aos úberes da burrocracia eurotonta, também, coitado, não ajuda. Raia mesmo a fronteira da pelintrice esfaimada. 

Portanto, no exterior, para anglo ver, sua excrescência deita calcanhares ao rabo, todo ufano, e larga a pedir dinheiro aos mercados... para despejar nos bolsos do regime do Zombistão. Mas cá dentro, ide bugiar, otários!, e tomai lá austeridade.  Que é para irmos treinando já, de antemão (em stress pré-traumático, como os coisinhos, o que só nos calafeta a alminha), para a próxima bancarrota. Veremos como se acastelam nuvens e aragens lá pelo outono...

Entretanto, por diversas e repetidas ocasiões, perante o estardalhaço roncante do personagem (não raro ao despique com a lombriga acólita), oscilei abalado por duas sensações concorrentes e avassaladoras: dum lado, a vergonha, imensa, perplexa, repugnada; do outro, um certo e justo temor... Ao menos que os americanos lhe ponham um açaime. Era o mínimo, que diabo. O alemão, embora grande, não faz mal a uma mosca. Mais sedado não poderia estar. Mas este pequenitates, quem o oiça, só ocorre uma de duas coisas: ou fugir para bem longe; ou munir-se de um bom pau.


PS: Mas também, que são 250 milhões ao pé das dezenas de biliões que os amerdicanos já despejaram e vão tornar a despejar?... Peanuts! Já a Darknet, essa, parece que vai de vento em popa:

«Darknet sales

It has never been easier to get hold of various NATO shipments – directly from Ukraine – to anywhere in the world to anyone with money. The assortment from Kiev includes rifles, grenades, pistols, body armour. Just one of the listed sellers already had 32 successful transactions to his name. (...)»


terça-feira, junho 07, 2022

Emolduramentos penais

 Na Noruega, esse promontório escandinabo do oxidente, aconteceu o seguinte:

«Norwegian feminist faces three years in prison for 'hateful' tweets criticizing transgenderism».

E que disse ela assim de tão grave? (Quer dizer, não disse, tweetou, o que é bastante mais ominoso).
Segundo pude perceber, que um tipo qualquer, transexual, se assume como lésbica, e que isso não é viável porque se trata dum gajo armado em gaja, e bla bla, por aí fora. Em síntese: um gajo não pode ser lésbica (e, ainda menos, e em consequência, candidatar-se a cargos no sindicato, ou liga protectora, ou lá o que seja, das jovens lésbicas). 
Anedótico? Grotesco? Trica de cabeleireiro? Tudo isto e mais cinco tostões. Todavia,  incorre em crime de ódio, a feminista; três anos de moldura pedal. 
Não vou sequer pronunciar-me (todo o avacalhamento soaria a irrisório) sobre o nível de aberração patética que todo este episódio ressuma. Mas dá para ver o nível de liberdade cada vez mais empolgante das tais "democracias oxidentais". Quando não estão a cancelar, andam a emoldurar. 

PS: E dá para aquilatar também da nova "hierarquia celeste": a classe dos LGTBI&Etc, registe-se, paira acima das feministas, assim como os serafins sobre os querubins. Lá no topo?, nem perguntem: aqueles cujo nome não se pode pronunciar.