terça-feira, dezembro 30, 2014

Spes ultima dea




Antes que me esqueça... Um Bom Ano Novo a todos!...

segunda-feira, dezembro 29, 2014

O Mercado a disfuncionar

Prestem atenção a uma coisa chamada "derivatives market". Donde destila uma outra chamada "derivatives debt". Parece que não é coisa pequena. Mesmo nada. E atesta dois fenómenos curiosos: 1. Que a economia de casino continua em força (os famigerados CDS, por exemplo, são infestantes na Europa); 2. Que, em boa verdade, ninguém confia no "funcionamento puro e inefável do mercado" a não ser os toinos da paróquia e outros pacóvios neo-deslumbradinhos - e tanto assim é que o "funcionamento do mercado" consiste precisamente, e em larga medida, num acautelar contra o seu "funcionamento puro", ou num especular com certas irregularidades artificialmente induzidas nesse mesmo "funcionamento". Em bom rigor, a disfunção e a rotura  é que dão dinheiro.
Mas vamos ao que interessa...Efeitos disto a curto/médio prazo: aposto noutra crise financeira/económica. Só que agora pior. Eventualmente com socorrismos bélicos à mistura. O que é que eu percebo de economia? Tanto quanto os economistas: nada. A minha vantagem é da ordem da pura sorte ao jogo: até hoje não falhei nenhuma. Isso e a não completa analfabetice perante certos sinais. Se falhar esta, serei o primeiro a congratular-me. E aceito que me felicitem efusivamente. Acreditem que sou o mais infeliz e contrafeito dos espectadores de catástrofes.

domingo, dezembro 28, 2014

Absurdotomia dum hipopote

"Objecção contra a ciência: este mundo não merece ser conhecido."
                                                                                           E.M.Cioran



Um tipo vai ali passar o Natal e quando regressa descobre que o taxaram de protozoário, zero invejoso e, pasme-se, "pintelho anónimo"... Todo este vitupério hirsuto, ao que parece, em defesa de Carlos Abreu Amorim e da "classe política em geral".
Bem, tomo o "protozoário" por verborreia snob de um oxiúro. É sabido que as lombrigas, do alto ambulatório dos seus aquários ilustres, gostam sobremaneira de diminuir, menoscabando, os humildes peões. Não é para ser levado a sério. Mera basófia de verme motorizado, enfim.
Idêntica condição poderemos atribuir ao "Pintelho anónimo" (o helminto queria muito provavelmente dizer pentelho, capilaridade púbica). Porque, em bom rigor, o anonimato é inerência do pentelho. Ninguém, em seu perfeito juízo, consegue numerar os seus cabelos íntimos, quanto mais baptizá-los. Dispensava-se, pois, a redundância. Mas como estamos perante um parasita particularmente afectado. não é descabido presumir que arraste a sua pedantícia farfante ao ponto de distinguir o simples pentelho do "pentelho de tal". Para quem tem como horizonte máximo o orifício anal do hospedeiro...
Agora, senhores, "zero invejoso" é que me intriga e aturde. Ainda mais quando se trata, segundo a acusação, duma nulidade invejosa que, alucinadamente, inveja aquilo que despreza.  Caramba, ou bem que inveja, ou bem que despreza, não será? Mesmo a raposa perante as uvas distantes, não inveja: cobiça; e não despreza, desdenha. Ora, vai um abismo de distância entre um dragão e uma raposa. Tanto quanto ser a mais rotineira das realidades invejar-se aquilo que se ambiciona, não aquilo que se despreza. Despreza-se, neste país e neste mundo, a pobreza, a antiguidade, a honestidade, a coerência, a lealdade, a ingenuidade, a fraternidade, a verdade e a justiça mais que tudo; ora, não consta que alguém as inveje.
Claro que o helminto, no seu desfile jactante, cavila que lhe invejamos o pedestal, que lhe cobiçamos a atmosfera, que, enfim, conspiramos na sombra para lhe usurpar a gulodice. Mas, pronto, isso são as angústias naturais do parasita.
Todavia, ainda assim, admitamos, ab absurdo, que nos assolava a tal invejosice tão ao gosto do argumentário pimba. E ponhamos de parte a "classe política em geral", que é termo algo nebuloso e abstracto; atenhamo-nos concretamente ao hipopótamo em questão, digo questinha. "Zero invejoso", porém, é demasiado genérico, quiçá metafísico; convém especificar. Inveja de quê?  
Eu proprio fui assertivo e específico quando circunscrevi  a figura no grau de toucinho. Se ainda fosse liberal, estaria naturalmente bacon, mas como deixara de o ser, impunha-se destituí-lo de todo e qualquer anglicismo. O que fiz com alguma caridade, dada a quadra. Banha ruidosa,  embora mais realista, teria sido bem pior; e catalogá-lo na ordem dos presuntos ou fiambres indiciaria, claramente, um mero exercício de wishfull thinking. Pelo que ficou toucinho. Voador, bem entendido. E ficou muito bem, ninguém duvide. 
Por conseguinte, se eu desprezo este paquiderme palramentício porque - segundo a hipótese absurda do mesmo, ou dalgum colega, familiar ou adepto - o invejo, elucidem-me, se faz favor: Que qualidades invejáveis o habitam? Invejo-lhe,  exacta e concretamente, o quê? O físico atlético? A fotogenia? A estatura moral? A coerência inoxidável? A cultura vastíssima? A tolerância almocrévica? A inteligência aparatosa? A tribunícia parlapatita? O apetite voraz? O poder a reboque? A irresistibilidade junto do belo sexo? A coluna no Correio da Manhã? O trampolim no Blasfémias? A  manjedoura do erário? A alcatra na bancada? O hipismo eleitoral? O charme boçal? Em suma, o quê?!
Pois, já agora convém que eu saiba, já que não sei mais nada,  porque raio ou carga de água um tal aglomerado de parvoíce enxertado num tão rotundo cepo de corticite imarcescível, não sendo digno de mais nada, é apenas digno de inveja. Curioso, no mínimo, não?!...

terça-feira, dezembro 23, 2014

Impressões de Natal

Coragem para a vida e destemor perante a morte - parece-me uma síntese possível dos ensinamentos de Jesus. Não é fácil. Nem tinha piada nenhuma se fosse. Afinal, a selecção espiritual, ao contrário da selecção natural, não é para  todos... Quer dizer, Deus, ao contrário dos evolucionistas, consegue distinguir os homens dos macacos, dos micróbios e das ratazanas. Em resumo, a selecção espiritual é só para as pessoas. É claro que estas, depois, são de uma enorme diversidade. Aristóteles, na sua ética realista e extremamente perspicaz, divide a humanidade em três classes essenciais: aqueles que encontram a felicidade na satisfação dos prazeres venais; aqueles que a encontram na satisfação dos desejos políticos; e aqueles que a buscam na sabedoria. Naturalmente, neste mundo, os últimos são - e sempre foram - os menos numerosos e os mais insatisfeitos de todos. Mas, genuína e paradoxalmente, também os mais felizes.

Há, assim, muito naturalmente, quem se contente na emulação com coisas inferiores, de modo a sobressair mais facilmente; e há quem,  muito espiritualmente, não encontre sentido senão na emulação com entes superiores, de modo a procurar melhorar-se e refinar-se. É um caminho árduo e muitas vezes penoso, o segundo. Mas tem uma superlativa vantagem: não conduz à mediocridade, como o primeiro.

Entretanto, ao reparar, algo perplexo, no sermão do Papa Francisco aos cardeais romanos, não pude refrear o seguinte comentário íntimo: "Aqui está algém que, claramente, não tem medo da morte!"



Feliz Natal!

segunda-feira, dezembro 22, 2014

Estar ou não estar, eis a questinha

Desconhecia que o Carlos Abreu Amorim era liberal. Aliás, tenho a certeza: fosse o que quer que fosse é que ele não era. Em bom rigor, o verbo ser e ele não se conjugam, são mesmo incompatíveis. O seu verbo exclusivo e obsessivo, como o de tanta fulanagem que por aí chafurda, é o "estar". Ele nunca foi: estava. Estava liberal; agora está qualquer outra coisa qualquer - mais conveniente, lubrificante e trampolineira, por certo. Um dia destes está ministro. O Camilo e o Eça têm descrições eloquentes deste tipo de fauna palramentar. Videirinhos balofos e gelatinosos, vivissecavam eles. Toucinhos em ascensão, digo eu.

domingo, dezembro 21, 2014

Mistérios da República

Duas ou três palavrinhas sobre o ex-ministro da nacinha. Em seu devido tempo, quando o figurão se encontrava no auge do  poder, zurzi-o aqui sem contemplações.  Não pelos sucessivos fait-divers que lhe foram catabichando, mas pela qualidade patente da sua acção (des)governativa. Estou-me perfeitamente nas tintas para as habilitações académicas do sujeito, bem como para os primores estéticos dos ex-projectos do engenheiro. Podia até ter sido uma desgraça em ambos, desde que, na qualidade de governante, fizesse alguma coisa de jeito pelo país. Não fez. Foi uma nulidade  quase completa,  uma calamidade em andamento, com a agravante de não ter acautelado o óbvio mais que ululante: a bancarrota. Bem pelo contrário, sprintou para ela com a fogozidade tresloucada dos Titanics. Ele e todo um país descerebrado que via na vaselina do crédito uma espécie de retroprotector solar infantil. Ainda por cima, os mesmos que logo adiante, com geminada toinice empedernida, fantasiariam a troika com ou ouropéis angélidos dum comité de benfeitores e curandeiros ao domicílio. Tem sido o que se vê.
Mas agora encarceraram a criatura. Por corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, dizem. Como? Assombro-me eu. Podia repetir? Corrup-quê?! Ção?! Entre nós? Ora, isso não existe. Ou se existe não é crime: ninguém vai preso por isso. Pelo contrário, ganha asas, velas, vai de vento em popa... Até aos mais altos cargos da nacinha. Na política, mas também na finança, na magistratura, na comunicação social e até, com não menor vigor, nas artes. "Corrompem-me, logo existo", chega a ser lema nacinhal. Adubo das elites, pois... Corrupção, entre nós, é só um plebeísmo para "importância". Há os que têm importância e os que têm inveja; o restante não existe. Eu próprio, descobri ao longo desta vida, não existo. Não conto. Eu e gente como eu. Que não se deixa corromper ou que nada possui que o justifique.
Por conseguinte, eu que julgava piamente que o pinócrates não continha quaisquer virtudes, agora fiquei na dúvida. Prenderam-no. Certamente não foi por corrupção ou branqueamento. Afinal, estamos numa república com um Cavaco a presidente, um Passos Coelho a Pimeiro-coiso e um Paulo Portas a vice-coiso. Vegetamos num lugarejo em que o Correio da Manhã vence tiragens e a TVI bate recordes de audiência. Padecemos a extorsão instalada duma Nova-Pide económica mascarada de Autoridade Tributária e ISS. Mais que mergulhado na estupefacção, dou comigo perplexo, intrigado, confundido, às aranhas... tentando espiolhar, afinal, que virtude insuspeita e misteriosa habita o arrecadado engenheiro e comentador aos domingos. Alguma há-de ter, não, para padecer um tão evidente pelourinho.

sábado, dezembro 20, 2014

Para que fique bem claro

Há pouco tempo, a seita que nos desgoverna acusava o PS de estar a resgatar Sócrates. Convenhamos, na sua qualidade estanhada de associação de malfeitores, o PS não dispunha, nem de perto nem de longe, dessa miraculosa capacidade. Podia tentar as piruetas e funambulices que bem entendesse, os pensos e cataplasmas que mais lhe aprouvesse, que jamais, em tempo algum, alcançaria tão descomunal prodígio. E, não obstante, eis que Sócrates resplandecia, mais que resgatado,  redimido, indultado, repimpão! Por que artes e magias, senhores? Ora, por obra e graça daqueles que, pelos vistos, possuíam a peçonhenta receita para tão quimérica alquimia... Exactamente, os mesmos que acusavam o PS de tentativa: Passos Coelho e respectiva pandilha. Para que precisava o PS de tentar algo já tão profusamente realizado? 
Na verdade, o actual desgoverno não apenas resgata Sócrates com todas as suas forças: resgata Miguel de Vasconcelos, Cristóvão de Moura, o Conde Andeiro, o labrego que traiu Viriato e toda a resma de traidores, vendidos, aleivosos, cobardes e renegados que, séculos a fora, conspurcaram e aviltaram esta infeliz nação.
Resgata ainda, com  destreza não menos inaudita, os comunistas,  bloquistas e demais verduras palrantes... Todos eles, doravante, e por contraste, enfileiram no rol das forças patrióticas, moderadas e alcandoram-se até, pasme-se,  com inusitada regularidade, a promontórios de prudência, probidade e sensatez. A sério, os tipos da Primeira República eram gigantes benfazejos ao pé destes escroques completamente destituidos de ponta de vértebra ou pinga de sangue quente. E tudo isto calafetado duma olímpica burrice, duma alarve incompetência e duma tonitruante desfaçatez.
Esta gentalha, em bom rigor, conseguiu mesmo o inconcebível: estar para lá da possibilidade do insulto. Tudo o que disséssemos ficaria àquem da realidade; soaria a suavização e encómio. Por isso não insisto no baldado esforço.
Desenganem-se apenas aqueles que presumam nesta praga o mal absoluto. Essa pureza do mal não está ao alcance da humana condição. Até porque se lhes vislumbra, nestes magarefes, pelo menos, uma virtude: ao contrário dos antecessores, depois deles já não é possível advir um pior.

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Tanatoscopia

Temos muito que conversar... Deste neo-cartesianismo à portuguesa, onde a Dúvida Metódica deu lugar à Dívida metódica; deste neo-feudalismo europeu, onde o servos da gleba revivem nos servos da Dívida; deste neo-totalitarismo global onde a homogeneização mercantil, a chicote da finança, depois das fronteiras, se prepara para digerir, à ignóbil maneira da aranha-lobo, o que resta da diversidade dos povos, das culturas e da independência dos estados. É, temos muito que conversar, que reflectir, que meditar. Infelizmente, já não se trata mais de análises ou contra-análises, de exames ou contra-exames, mas, simplesmente, de uma autópsia. De um  mero exercício de tanatoscopia, se assim se pode dizer.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

Rói-te, ó Fénix! Rói-te toda!...

Se a Fénix renasce, em que é que um dragão é menos que uma fénix, fónix?!! Ãh, não me dizem?...

Sem mais preâmbulos nem destilações:
Declaro encerrado o justo período de silêncio,  e proclamo, solenemente, a reabertura das hostilidades. Acabei agora mesmo de desenterrar o machado de guerra e estou a poli-lo e afiá-lo com todos os requintes. 
Além do mais, como dizia o Fred, não é em redor dos fazedores de grandes barulhos que gira o mundo - é em redor dos engendradores dos grandes silêncios. Por isso mesmo, fiz um enorme e profundo silêncio para ver o mundo todo a girar e robolar à minha volta. Acreditem - pasmem até, se quiserem : não vi grande merda. Bem pelo contrário, como dizia eu: isto não evolui nem progride, deteriora-se.
O Caguinchas manda cumprimentos. Não pode estar presente porque anda a fugir ao Fisco. Alguém foi delatar junto deste que o Ildefonso lhe andava a montar a esposa...à borla..



sexta-feira, dezembro 12, 2014

Agora é a sério.




Em 18 de Dezembro de 2003 iniciava-se o Dragoscópio. Em 18 de Dezembro de 2014 reiniciar-se-á. Que Deus nos ajude!...