terça-feira, março 21, 2023

A Coisa, ou Arma de Distracção Maciça

 





«Is 14-legged killer squid found TWO MILES beneath Antarctica being weaponised by Putin?»

Mas se julgais que o Vladimir Vladimirovitch Putin anda apenas a treinar lulas gigantes para atacar o oxidente estais redondamente enganados. Há toda uma panóplia de horrores e abominações em rampa de lançamento. Os ingleses (versão paleo ou neo) - quem mais? - revelam-no, a cada vinte minutos. Cavadelas delirantes? Minhocas radioactivas também não faltam.

Podem atestar aqui de todo o vasto cardápio, capaz de fazer corar de inveja qualquer ala dos furiosos dum qualquer super-hospício para casos incuráveis.

Mas há apenas um item que que me deixa particularmente deslumbrado. E não, não são as baratas robóticas: é mesmo a "estupidez".  O autor da revelação é duma lógica inabalável. Basta ler a conclusão do artigo:










Agora, os meus caros leitores reparem num detalhe nada despiciendo: toda esta paranoia colectiva e colectivizada com o Santo Putin que acabo de apontar não é pós-intervenção da Disneycrânia: é de 2018. Pior, este magnífico artigo sobre a "belo-estupidez" é de...2016!!

À presente data, nem sequer se pode dizer que a histeria aumentou por aí além (exceptuando talvez a parelha de muares Milhafres/Rogeiro). O que se pode asseverar, sem margem para dúvidas, é que a estupidez, a oxidente, de tão assanhada, furibunda e ribombante, constitui não apenas a principal arma com que o bloco de Aleste está equipado e promete consecutivas razias, como deveio mesmo a arma de distracção maciça...por excelência!

PS: Outra certeza que importa registar duma vez por todas, é que esta russofobia (mascarada de putinoclastia obsessiva) não tem nada a ver com a intervenção de 2022. Vem de longe. Rasteja debaixo das pedras há muito tempo. Já eram velhacos e decrépitos - a cair de podre -, os filhos da puta. Com a SMO (special militar operation) aproveitaram apenas para sair do armário. Instaurado o carnaval, no meio do bacanal e da confusão, sempre acreditam que passam mais desapercebidos.

As armas e os barões encalhados




« Uma investigação da TVI detetou que o próprio Governo está consciente do problema e sabe que a Marinha precisa de mais 30 milhões de euros por ano para manter os navios operacionais. Só que a situação é caótica. De acordo com a lista oficial a que a TVI teve acesso exclusivo, das duas corvetas que a marinha possui, só uma está disponível. Em cinco fragatas, existem apenas duas operacionais e mais grave ainda. Portugal não tem nenhum dos dois submarinos que comprou a funcionar. Já o estaleiro da Marinha em risco de ficar inoperacional por falta de trabalhadores

Mesmo tratando-se dum "investigação da TVI" não deve andar muito longe da realidade. Ora, quando até a TVI tropeça na verdade dá para ter uma ideia da dimensão do descalabro em curso. Caso para perguntar, o que raio anda a fazer o tal almirante de águas paradas, fora o desmultiplicar-se em iniciativas indecorosas e entrevistas à comunicação social de trazer à tiracolo? 
Pelos vistos, nada. A sua função é mesmo essa: não incomodar nem fazer ondas.  O vácuo governamental que o patrocina e promove sabe que favor com favor se paga. Porque convém não esquecer que estamos na presença dum comissáurio político em comissão de serviço. Aliás, todo o processo de incubação e trampolim que o conduziu ao presente cargo foi duma safadeza exemplar. Entre o faz-de-presidente, o primário-ministro e o titterington feroz, qual triunvirato da corda,  a forma bardina e capciosa como sacanearam sanearam a anterior CEMA deu brado nas touradas. A comunicação social de trazer pela trela tratou de varrer para debaixo do tapete. Afinal, o quase almirante da altura, nas funções peregrinas de veterinário-em-chefe, acabava de salvar o gado nacinhal duma tremenda epidemia de gambosinos. 

Entretanto, na área do Exército o estado próximo da sucata também não anda longe. Dos cerca de 37 blindados Leopard que existiam em stock, só três ou quatro (na verdade, dois) funcionavam (quando havia dinheiro para gasolina, presumo). Calculo que os sistemas de artilharia também não devem estar menos degradados e empanados algures, a criar ferrugem.

Perante esta calamidade geral de coisas, quais são as prioridades do (des)Governo? 

Fulminantes: Depois de conceder uma linha de crédito de 250 milhões de euros aos psicopatas de Kiev, integra agora grupo de 18 países que vai comprar munições de artilharia para a a mesma súcia. Sim, os dois últimos Leopard que ainda, vagamente, funcionavam... também os despachou para lá. 

A situação, que já não era séria, agora também deixou de ser desesperada: limita-se a ser cadavérica. 

domingo, março 19, 2023

Em directo do TPI...

 


The (freak) Show must go on!...


sábado, março 18, 2023

Junkies da propaganda

 


O estado de bandalheira reiterada, ufana e despejada a que o "Oxidente" chegou tem o seu último capítulo, particularmente alucinado, no "mandato de captura" de S.Vladimiro pelo Tribunal Internacional da Treta.

E isto verifica-se em múltiplos paradoxos ilustrativos:

1. Nem a Rússia, nem a China, nem a Índia, nem, tão pouco, os Estados Unidos, entre muitos outros, reconhecem o Tribunal da Treta (os Estados Unidos e a Rússia até assinaram inicialmente o Estatuto, mas retiraram-se dele entretanto).

2. A própria Ucrânia, pasmem, também não ratificou nem reconhece o TPI. Nem nunca assinou. O que, aliás, se compreende perfeitamente: 8 anos de crimes continuados contra civis aconselham-no vivamente.

3. O nível do elenco do inenarrável conjunto de esbirros à disposição é formidável. O procurador é um tal Karim Khan. Um causídico, adivinhem, "inglês". O respeito pela lei, esse, é superlativo... Basta atentarmos, por exemplo, nalgumas regras básicas para o funcionamento e jurisdição do dito TPI: 

Traduzindo: um tipo dum país que não é parte da jurisdição do Tribunal, por alegados crimes perpetrados num país que também não é parte, vê-se objecto dum mandato de detenção. O Oxidente não perdeu apenas a compostura: perdeu a tramontana. Está agarrado à propaganda.

Dá para aquilatar da seriedade deste hospício onde estamos metidos, não dá?

Resumindo: quando o Medvedev compara o papel emitido por um tabernáculo desta dimensão a papel higiénico está, com exagero desmedido, a ser optimista. Papel higiénico, apesar de tudo, ainda seria alguma coisa de limpo e útil. Na verdade, é papel de jornal velho. Onde embrulham as emissões, particularmente soltas e fétidas, daquilo a que chamam "direito internacional". Juntamente com o peixe fresco do tempo da avozinha.


quinta-feira, março 16, 2023

Hierarquias da Farinha Amparo

 



Começo por uma visita à minha memória, num episódio que se passou comigo. Portanto, não é retórica nem ficção: aconteceu na realidade. No regresso duma operação, cuja aproximação ao objectivo tinha decorrido em moldes particularmente penosos, demorados e cansativos (furtividade e surpresa oblige), seguíamos, eu e o meu grupo de Comandos, em passo acelerado, de modo a chegar a horas ao ponto de heli-recolha. A certa altura, já com uns valentes quilómetros nas pernas, apercebo-me dum burburinho à retaguarda. Ordenei alto e fui averiguar o que se passava. Ora, o que se passava é que o tipo do rádio estava a grunhir com outro sobre a hirsuta questão de quem devia levar o rádio, assaz desconfortável, nos próximos quilómetros. O do rádio estava exausto e o outro baldava-se à combinação prévia (porque no fundo já ia tudo entre exausto e quase exausto). Encarei friamente as duas abetardas e o que acham que fiz? Do alto da minha autoridade de comandante do grupo determinei que fulano assim e sicrano assado? Montei uma tribunal ad-hoc, com jurados, defensor e acusação, para apurarmos a verdade dos factos? Mandei uma coronhada num e um pontapé noutro e rosnei para acabarem com o escarcéu senão era pior? Alguma outra sugestão disciplinadeira? 

Bem, nada disso. Aposto que já apostavam na violência, mas a verdade é que, salvo raras excepções, sempre fui mais dado à acção psicológica do que à física. Lá está, os meus conhecimentos avançados de metafísica (e ainda há quem se persigne e empalideça quando eu informo que ao amor à Sabedoria sempre juntei a paixão pela guerra de contra-guerrilha. No fundo, as duas faces da mesma moeda). Mas deixemos estas considerações intempestivas e passemos ao concreto pretérito simples. E neste o que eu fiz, apurada a questiúncula e logo após o olhar duro da praxe, foi ordenar ao que levava o rádio: "Dá cá o rádio!"

Encararam-me ambos, juntando o temor prévio ao espanto actual.

-"O rádio, meu alferes?..." - gagueja, o portador.

- " Pois, ó fulano. O rádio! Dá cá essa merda. Eu levo isso. Não quero é mais barulho nem cenas de gajas! E passo acelerado como deve de ser!..."

Remédio santo. Escândalo instintivo entre as tropas. Nem pensar!... Agora já ambos disputavam o privilégio de levar o rádio. Até o do morteiro, indignado com a pusilanimidade, argumentava que se eles não tivessem vergonha na puta da cara, até ele carregava com o aparelho.   Determinei então, salomonicamente que se revezassem, a cada 15 minutos. Porém  o radista, doravante pletórico de brio, obstinou-se em levar o rádio até ao fim da jornada, sem abdicar dele  por nada deste mundo. E  pronto, assunto resolvido; e lá galopou tudo, na santa paz do Senhor até ao ponto de recolha.

Agora imaginem, se fosse hoje, e a fazer fé no episódio dos marujos, como seria?...

O grupo parava, assentava arraiais no descampado, e, presumo, armavam-se duas facções: os que estavam com o do radio e os que estavam com o alferes. 12 no primeiro grupo, com um cabo e um furriel, entre eles; os restantes 12 no segundo. Os primeiros argumentavam que não havia condições para continuar e elencavam os obstáculos inegociáveis: pés inchados e cravejados de bolhas; músculos fatigados e à beira da exaustão; O terreno inóspito e sem qualquer tipo de pavimento propício à marcha; insectos perigosos e animais selvagens emboscados;  noite cerrada, propiciadora de tropeções, acidentes e traumas incapacitantes; velocidade de marcha imprópria para pessoas; condições climatéricas adversas; chefia insensível às leis do trabalho e marimbante nos direitos humanos, de perfil autoritário, sarcástico e homérico; etc. Os segundos, entre o indiferente e o resignado, aceitavam ainda assim prosseguir, sobretudo porque tinham fome e queriam tomar banho. Clamores ao bom senso e à disciplina por parte do oficial; inúteis.  Queixumes redobrados e listas reivindicativas (com retroacções e coiso e tal), por uma comissão de furriel e cabo, na outra ponta. Em catadupa. Não custa imaginar muito que lá resvalava tudo para um impasse. Desamparado, o alferes comunicava com a Companhia. Atendia-o o capitão e ficava a saber que o grupo de combate não retirava nem saía de cima. O capitão, aflito, após baldados impropérios ao rádio, enviava pedidos lancinantes de socorro ao comando do Batalhão. Deste ao Estado-Maior era um instante. Finalmente, o Chefe do Estado Maior do Exército, acordado e alertado pelos jornalistas, ficava a saber do incidente e vinha em pessoa colocar a tropa nos eixos. Que é como quem diz, nas solas em movimento. 

Calculo que estejam a apreciar o ridículo - mais até que o ridículo, a inversão de todos os princípios da hierarquia  - de tudo isto. Quer dizer, o patético - uma vez ascendendo na hierarquia, qual fumo fétido - devém obsceno. O problema com o grupo de combate não era um problema do exército: era um problema meu. E o meu dever, a minha responsabilidade, em suma: a minha autoridade era resolvê-lo. Quando o exército me entregou um grupo de homens para comandar, delegou em mim uma quantidade de autoridade inerente ao meu posto na hierarquia. E o meu posto era comandante de grupo de combate. 25 militares, cinco equipas. Ninguém, a não ser eu, dava ordens a esses homens. Eu dava e zelava para que elas fossem cumpridas. Recebia-as de superiores meus, numa cadeia que vinha desde a chefia da Nação até ao último soldado na base. Se os meus subordinados não cumprissem, a responsabilidade (e, a limite, a culpa) não era deles: era minha. Eles podiam até ter sede, ter fome, ter sono, ter medo: mas eu é que não podia. Ali, ao leme, naquele pequeno leme, estava mais que eu: estava um povo e um soberano (como diz o poema do Mostrengo). Ser oficial não é ser uma fancaria qualquer, e é bastante mais que uma mera vaidade, privilégio ou posto numa qualquer burocracia fardada.

Transpondo, então, para o caso da Madeira e da NRP Mondego, vislumbram agora o problema em toda a sua evidência? Não houve falta de disciplina: houve falta de autoridade. O comandante do navio recebeu uma ordem e não foi capaz de fazê-la cumprir pelos seus subordinados. Depois, a responsabilidade imediata é acima dele, do seu comandante directo: que, além de não ter tomado medidas rápidas e eficazes de saneamento da situação, não tratou de contê-la. Se já era mau, o primeiro-tenente não ter resolvido o problema, pior foi que toda a hierarquia acima do primeiro-tenente só parece ter contribuído para criar com ele alarido, alarme e vergonha públicos. Tudo isto culminado por um Almirante péssimo e absolutamente inenarrável, digno da república das bananas, que vai ostentar,  numa espécie de gloríola castigadora para deslumbramento das porteiras, taxistas e cabeleireiras da nacinha, a sua completa falta de competência, espírito de corpo e sentido das responsabilidades. Ou seja, foi a auto-desautorização grosseira  da hierarquia da Armada - que é o mesmo que dizer, a sua total auto-desresponsabilização. A verdade é que a Armada não foi capaz de fazer sair um determinado navio numa determinada missão.  O almirante da farinha Amparo, ao descer, à posteriori, aos embaraços dum mero primeiro-tenente, mandando às malvas a própria cadeia hierárquica, não está a combater a indisciplina nas fileiras: está, outrossim, a fomentá-la, a justificá-la e a celebrá-la com solenidade. No afã de aparecer às câmaras e fazer derriços à opinião pública, esqueceu-se não apenas da farda, mas da própria roupa interior.


PS: É claro que, quando transpus o episódio do meu passado para um imaginário presente, esqueci um detalhe crucial: a certa altura a comissão reivindicadora estava quase a ceder aos argumentos da razão. Só que o furriel agitador calava o apaziguamento com esse argumento irrefutável. "Agora, camaradas, já não é possível voltar atrás! Nem por sombras! Já chamei o Correio da Manhã!...


PS2: Um último assombro do Almirante. Aproveitou a visita estrombólica para segredar  orbi et orbi a seguinte pérola retórica:  o navio russo andava a espiar os cabos submarinos.  Havia, assim, uma razão imperiosa para o navio sair em patrulha oceânica: espiar o navio espião. O que apenas agrava a dimensão da falha. Só que fica por perceber, entretanto, um certo número de coisas. Porque é que os russos, tendo submarinos absolutamente furtivos, não espiam, tranquilamente, com eles. Talvez o almirante, que no currículo até andou pelos submarinos, desconheça o facto: que os russos têm submarinos. Ou então, quem sabe, os submarinos não são o meio mais indicado para explorar as regiões debaixo de água. Já nem falando no caso de os cabos submarinos com interesse estratégico estarem situados no Atlântico Norte, acima dos Açores. E estando alguns navios patrulha estacionados nos Açores, porque raio enviaram o da Madeira? Só para gastar mais combustível e atentar contra o ambiente?... 


quarta-feira, março 15, 2023

Tubaronices do costume?



Esta miúda não dorme. Uma explicação alternativa. Se foi assim ou assado, não sei; limito-me a beber-lhe os ares. 

Entretanto, outras curiosidades rotineiras:

« So Israel's 2 largest banks were mysteriously able to move a billion usd out of SVB before the us govt halted withdrawals for everyone else»


terça-feira, março 14, 2023

A penca e a coifo-kipá

 



Entretanto, num manicómio perto de si... Não perca a estreia:

«Após o colapso da Rússia e a captura dos Urais, destruiremos a China” "A Ucrânia deve expandir suas fronteiras até os Urais e iniciar uma guerra com a China", disse Yuri Sirotyuk, ex-deputado da Verkhovna Rada e membro da Legião da Liberdade.»


FIM DE SEMANA MESMO ALUCINANTE!... Um planeta desprevenido, invadido por psico-palhaços e bobos assassinos... Tenha medo, tenha muito, muito medo!... 

Anti-heróis do mar

 


«Marinha falha acompanhamento de navio russo após recusa de militares»


O estado bélico do "oxidente" e seus miniontes (onde Portugalinha se destaca). O perigoso quebra-gelos russo passeou a seu bel-prazer sem ser devidamente cuscado pelo nosso intrépido vaso de guerra. Sabe-se lá o que os hediondos russos terão perpetrado na ausência do vigilante... Como se  não bastassem as orcas de roda dos veleiros, agora temos também quebra-gelos à solta. E depois ainda falam de aquecimento global. O certo é que os navios da república estão como a república: prontos para a sucata. Ou para serem trespassados à Disneycrânia, passe o pleonasmo.
Mas para a próxima, caramba, não hesitem. Mandem avançar a força estratégica de reserva: o Titterington no comando, com o Milhafres hirsuto a braçar ao remo do bote (e soltando pragas - eventualmente gasosas - à capitão Ad-Hoc). O cefalópode Rogeiro? Esse, vai atrás, a nado. E à toa, como o judeu vicentino. Até porque o intelecto, inversamente proporcional à desfaçatez, não dá para mais.


PS: A nau em questão, NRP Mondego, parece que entrou ao serviço em 2019. Tratando-se  duma barcaça dinamarquesa recauchutada. Na volta, os marujos recusaram-se a ir ao mar porque o esquentador estava avariado; ou então porque acharam a missão, além de parva, ridícula. O Titterington que fosse. Em qualquer dos casos, deus os abençoe. 

segunda-feira, março 13, 2023

Investimentos de super-risco, pois claro

 


Voltando ao assunto do tal banco americórnio que desabou...

É praticamente confirmado que tudo resultou, mais uma vez, não apenas de investimentos de risco, mas, pior um pouco, de super-risco. O quê, ao certo? US Treasury bonds. Obrigações do tesouro americano. 

Ou seja, andaram a financiar, entre outras peralvilhices, os empréstimos sem fundo à Disneycrânia - entenda-se ao buraco negro que se locupleta em redor disso.

Uma bela altura, de facto, para os euro-tratantes se armarem em penduras do ânus imperial.

Já estou a reforçar o meu investimento pessoal na horta e pomar. Penso mesmo em alargar a uma micro-pecuária de subsistência. Tudo devidamente guarnecido dum feroz e esclarecido sistema de defesa. Em último caso, declaro a independência. 


Adenda: O First Republic também já entrou em queda livre:

«First Republic Bank falls nearly 70%, trading halted after collapse of SVB, Signature»


domingo, março 12, 2023

Duas com piada

 

1.



2.

Ricochetes sancioneiros

 


«Como o Silicon Valley Bank colapsou em apenas 48 horas»


O banco das startups e dos unicórnios foi ao charco. Colapso fulminante. Não tenho qualquer dúvida que não existe actualmente qualquer banco no mundo que resista a uma corrida aos depósitos. Posso estar enganado, oxalá esteja, mas mantenho a aposta. Aguarda-se agora algum efeito dominó. Para tentar compreender estes fenómenos do arco-da-velha, esqueçam os economistas. Vão directo aos astrólogos. 

PS: E, para cúmulo, não era russo, o tal banco, vejam lá bem!...

PS2: Isto da pocilga da Disneycrânia levanta uma questão: pode um buraco negro atrair/engolir outro? Era ouro sobre azul. Curiosamente, a bandeira dos Kievitas.

sábado, março 11, 2023

Um Mongo to rule them all

 



Creio não exagerar, nem faltar minimamente à verdade, se disser que estamos todos destroçados com esta deplorável notícia: O anão Zelicoso não foi convidado para a cerimónia dos óscares. Como dizem os nossos confrades de além-mar: esnobaram-no. Está bem que a área dele é, decididamente, o circo e a pornochachada com animais. Mas, mesmo assim, pareceu-me duma grande crueldade. De modo a consolar a criaturúncula diminuída, deixo aqui um apelo aos Titteringtons e Hipoprimários da nossa praça: eh pá, depressa, aproveitem a magna oportunidade e  convidem-no para a cerimónia do 25 de Abril. Juntamente com o Lula e, já agora, também o Pinóquio I, o Sócrates e o Pinóquio II, o Coelho, farão o perfeito bouquet do regime.  Na assembleia e na Praça do Municídio, na Tele e nos jornais, nos streamings e nas redes. Assim, vão ver, não restarão descontentes nem insatisfeitos. Primeiro instala-se o reboliço e a peixeirada, com o Circo do Lula e os Pinóquios. Todavia, no auge do granel, toca a corneta, entra em cena o anão Zelicote e ides vê-los todos em êxtase, babando e remelando a rigor -  os da esquerda mascarada de esquerda e os da esquerda travestida de direita.  Um mongo to rule them all. Uma verdadeira unanimonguidade!

sexta-feira, março 10, 2023

A estocástica aplicada




"Estocástico"... Sabem o que é? E, mais crocante ainda: Terrorismo estocástico, hem, que vos parece?

Preparem-se. Porque, assim como alguns outros termos bárbaros, não tarda aí em força. No "paraíso terreal" já ameaça velocidade de cruzeiro. E, pior que isso, de "cruzada" (ou melhor dizendo, como é uma arma de arremeço da esquerda woke , de chifrada).

Neste mundo - mesmo quando se esfarrapam todos no sentido contrário, a armar ao puguesso a vapor - a fatalidade das circularidades, recheadas de ironia, acaba sempre por prevalecer.  O fascismo - assim mesmo, com todas as letras - foi uma derivação extravagante do socialismo. A esquerda chucha murcha, agora em versão chupeta woke, descamba - só não digo a passos largos porque os anelídeos são desprovidos de patas - no fascismo. Assim, com todas as letras.

Só que, como compete a todo e qualquer bom totalitarismo orweliano, actuam por emboscada sonsa e meta-sarrafada,  sempre mascarados atrás de semânticas peregrinas e conceitos velhacos de carregar pela boca. Terrorismo estocástico não tem grande segredo: é só mais uma suavização abstrusa de "censura", "proscrição política", ou "inquisição laica". Para arreio, usufruto e regalo de eunucos mentais de guarda ao eco-harém.


PS: vejam se percebem a lógica da batata: actos terroristas aleatórios deixam de existir. Há todo um consequencialismo estatístico ao virar da esquina. Todo aquele que contrarie ou de alguma forma coloque em causa a "narrativa oficial", torna-se "estatisticamente responsável" e, consequentemente, incriminável por qualquer acto de "terrorismo aleatório" (o aleatório é o mesmo que "estocástico"). Quer, dizer, as (meta)autoridades adquirem um poder absolutamente discricionário sobre quem lhes é conveniente perseguir. Aposto que conhecem um caso muito actual e mediatizado disso mesmo. Aliás, um, não: vários.


quinta-feira, março 09, 2023

Reptilianos de (muito) baixa extracção

 

«A teoria da conspiração sobre a existência de um povo "reptiliano"»


Ora essa, não é teoria da conspiração nenhuma!... Trata-se, isso sim, duma verificação empírica sem margem para quaisquer dúvidas ou cepticismos. E há vários exemplares públicos, notórios e densamente comprovados. Querem a imagem dum, aliás, duma?...  Ei-la:



PS: Não sei se conhecem um filme já antigo do John Carpenter: "Eles vivem". Permanece duma actualidade atroz. Aliás, quanto mais antigo fica, mais realista parece.


quarta-feira, março 08, 2023

Déjà Vu(doo)




 «Meanwhile, in Tbilisi, protesters are tearing down fences and trying to break into parliament.»


Portanto, em Tbilisi, capital da Geórgia, as forças "democráticas", devidamente subsidiadas, instigadas e organizadas pela Central do Caos, e com a metodologia afável, serena e amiga do ambiente que as caracteriza, já estão em movimento. Não tarda, é avistada uma bruxa gorda e psicopata a distribuir bolinhos pelos palhadinos a soldo do Oxidente e da sua cloaca de valores abaixo de zero.

É urgente abrir uma segunda frente, enquanto a versão Kiev Disney-army  3.0 não imita o destino das duas anteriores. Para já, vai muito bem lançada. Pelo que o tempo aperta.

PS: A lei que serve de pretexto à canalhada aos berros é mais que justa e muito bem esgalhada. Vai-lhes ao cerne. O Canibal Soros deve estar aos uivos.

Adenda:

«Georgia Is Targeted For Regime Change Over Its Refusal To Open A “Second Front” Against Russia»

Geo-sinonímia de conveniência

 


(«Intelligence Suggests Pro-Ukrainian Group Sabotaged Pipelines, U.S. Officials Say»)

Agora os americórnios, através de uma das suas bocas de esgoto principais, apresentam uma versão suavizada, para audiências disney, do "quem rebentou o Nord Stream".  Afinal, não foram eles; mas, calcule-se, um "grupo pró-ucraniano". Já ouvi por aí criaturas cépticas e mal intencionadas e murmurarem que não passa duma reles tentativa de sacudirem água do capote... para cima do "bode expiatório mais à mão". Francamente, não podemos estar sempre a ver neles más intenções e mentiras descaradas. Na verdade, até estão a ser sinceros, acreditem. Foi, de facto um grupo - melhor dizendo, um bando ou quadrilha - pró-Ucraniano. Mais conhecido por NATO. Ali Baba e os Quarenta ladrões, qualquer dia, ninguém se admire, também cumpre como sinónimo alternativo. Na nova carta às Nações Urdidas. 

segunda-feira, março 06, 2023

Entre a aleivosia tribal e o arroto da exo-espécie

 


Repito a definição actual, e nunca é demais repeti-lo: "Antigamente, um anti-semita era alguém que não gostava de judeus; agora, anti-semita é alguém de quem os faz-de-judeus não gostam." 

Entretanto, «A própria empresa, fundada por um dos homens mais ricos de Israel, perguntou se não poderiam cancelar os espetáculos do ex-Pink Floyd.»

Que tolerante e democrático!...Que respeito pela Arte e pelas sacrossantas leis do Mercado!... E até pelo direito ao Trabalho!...

Mas ficamos a saber que também já temos um museu do holocoiso:


Todos sabemos o que significa quando os parasitas se sentem todo-poderosos e com direitos despóticos sobre o organismo hospedeiro. Entenda-se, quando os parasitas começam a arrotar...

PS: Tinha-me escapado esta pérola.

"Nosso país"? Como nosso? Que eu saiba, Waters não vai tocar em Israel. Aliás, odeiam-no por isso mesmo, por se recusar a ir lá tocar e apelar ao boicote por parte de todos os outros artistas. Porque se é o "nosso" enquanto pseudo-portugueses, ou portugueses de conveniência, no que a Comunidade "Judaica" do Porto se distinguiu ainda recentemente através de esquemas e fraudes de índole criminosa na angariação de putativos sefarditas a granel paga a peso de ouro, então tudo isto não passa de mais um exibição pública  e espalhafatosa de mera e reles chutzpah.

domingo, março 05, 2023

O Livro de Pantagruel dos Socialismos

 



A ideia do socialismo é bem mais antiga e complexa do que parece. Vulgarmente, associa-se às teorias e experiências políticas mais ou menos marxistas e daí decorrentes. Em tese efabulatória, trata de distribuir a riqueza com uma espécie de justiça - que consiste em retirar aos capitalistas acumuladores e repartir pelos produtores espoliados e necessitados. Tirar aos ricos para dar aos pobres. Robin dos Bosques vem-nos à ideia. Dado que os ricos são poucos e os pobres são muitos, não é difícil de propagandear. Da prática é melhor nem falarmos.

Mas em boa verdade, o socialismo está por toda a parte. Chega mesmo a ser espontâneo. Só que em vez da forma universal, benta e única (uma espécie de catolicismo laico, imposto a força de Estado), decorre em múltiplas formas fragmentadas e, não raro, concorrentes, ou até inimigas. Vamos aos exemplos (e preparem-se que isto vai ser longo):

I. A Mafia. A extorsão, a exploração das diversas actividades para-económicas típicas da agremiação, têm como intuito a repartição e distribuição pelos associados. Estes, claro está, cumprem toda uma cadeia hierárquica e funcional necessárias ao bom andamento e proficiência do empreendimento. Quanto mais extorquirem, mais têm para repartir. O bem comum (deles) sai reforçado.

II. A Igreja católica. Também é uma forma de socialismo. Do Papa ao cura, passando por frades, freiras e seminaristas, todos se congregam numa organização que reparte, com a justiça inerente aos seus fundamentos e leis, a riqueza que angaria e administra. Espiritual, mas também material. Até porque do espiritual vai sobrando cada vez menos. Tanto mais porque rareando sobremaneira no topo, mais difícil se torna distribui-la (ou aspergi-la) na base.

III. Qualquer grande empresa cotada em bolsa. Socialismo puro. Do PCA ao accionista, toda uma máquina  de gerar - extorquindo aos clientes, otários  e a quem quer que seja - riqueza; para distribuir entre os sócios/accionistas/investidores. Distribuição é isso mesmo: distribuição; não tem que ser equitativa. Mesmo entre os piratas, gente muito mais  digna de respeito e louvor, os lotes da repartição não eram iguais para todos: o capitão auferia mais partes no saque; o contra-mestre e o piloto também recebiam mais que os simples marinheiros/cutileiros associados.

IV. Os partidos políticos. São todos socialistas. Em tese ou nomeada, apenas alguns, ditos de esquerda. Na prática todos. Um objectivo pragmático comum irmana-os em bloco: ascender ao poder, tripular o estado e distribuir riqueza, prioritariamente (ou avassaladoramente) pelos quadros e militantes da respectiva máquina agenciadora. Familiares, amigos, amantes e puxa-sacos, também.

V. As sociedades secretas (maçonaria ou opus dei, à cabeça). Mais socialismo é difícil. Funcionam tal e qual como os partidos políticos; e, através deles, angariam. Sistematicamente. A distribuição da riqueza começa, em solerte expediente, e como devem compreender, pela distribuição dos acessos à mesma. Quer dizer, cargos e lugares estratégicos.

VI. Os Clubes Desportivos (sobretudo de futebol). Aqui a riqueza traduz-se em troféus e conquistas gloriosas. Que são distribuídas pelos sócios e simpatizantes. Todos passam a sentir-se mais ricos, felizes e realizados, sobretudo durante as comemorações. E aclamações eufóricas e jubilosas dos jogadores e dirigentes.

VII. As grandes famílias. Aristocráticas, burguesas ou meramente burgessas, tanto faz: socialismo é com elas. Aqui o bem comum obedece a um critério de consanguinidade e matrimónio. A avidez é em tudo semelhante às sociedades secretas e aos partidos políticos. O modus operandi também. Serviu até de modelo inspirador aos anteriores. Quanto à distribuição da riqueza é efectiva, mas nem sempre pacífica, sobretudo quanto feita a título póstumo, vulgo "herança".

VIII. Tribos primitivas obstinadas  - quer vivam em áreas selvagens no estado de natureza e estágio alo-civilizado ( indígenas ou aborígenes de diversas latitudes), quer habitem nas urbanizações modernas, em estado de parasitismo, completamente imunes e impregnáveis à civilização (judeus ou ciganos, por exemplo). São fogosamente socialistas, sem excepção. Desenvolvem toda a espécie de estratagemas e ardis, com o intuito de extorquirem bens e serviços de turistas (voluntários ou casuais) ou hospedeiros. A diferença entre o socialismo cigano e o socialismo judeu mede-se meramente na escala e na vocação inerente. Aquele oscila entre local e regional; este arde em frémitos de expansão e agenciamento planetário, global. Está  mesmo, em larga medida, no âmago  motriz das variantes mais virulentas  do "socialismo único" e peregrino.

IX. Cartéis do narcotráfico. Um esquema socialista com muitas semelhanças à Mafia, mas sem o pedigree e as tradições ancestrais. Embora com uma distribuição da riqueza mais generosa entre os sócios e colaboradores, dizem. Um socialismo mais espontâneo e talvez com menor burocracia.

X. Os Mass-Media. Neste caso, trata-se dum socialismo bifronte, ou seja, que almeja socializar a riqueza das massas pelas administrações e a estupidez geral por todo o mundo. A coisa funciona supinamente. Com as massas cada vez mais estupidas e generosas. E o socialismo administrativo cada vez mais repimpado.

Em suma, e para conclusão, o socialismo é endémico e desembaraça-se às mil maravilhas, vicejando por toda a parte, desde tempos ignotos. Quem se atrever a negá-lo, encontra-se num estado avançado de putrefacção mental e devia ser despejado na lixeira mais próxima. Quer dizer, o socialismo não, os socialismos! O problema é querer metê-los todos no mesmo saco e declarar a panaceia universal, por efeito de pós de perlin-pin-pin e fórmulas abracadabrantes de estalo. Isto é, a desgraça é pretender substituir uma série de esquemas funcionais e testados por um único esquema alucinado e estritamente teórico, imaginário, vigarista.  Isso, registem duma vez por todas, nada mais é que a negação do fenómeno: é empreender à força que ele funcione ao contrário e contra todos os mecanismos que o estruturam e lhe dão sentido. E que sentido é esse? Precisamente o de uma associação discreta com fins de benefício para os seus associados à custa da generalidade dos não associados. Qualquer socialismo viceja e lucra, nada modestamente reconheça-se, quanto maior o número de não-sócios que possa e consiga explorar. Quer dizer, qualquer socialismo digno desse título, é exclusivo e opera enquanto exclusão de terceiros - e ordenhando-a. Pretender torná-lo inclusivo, além de delírio condenado ao fracasso, nunca conseguiu ultrapassar mais que o domínio da retórica. Porque na prática, lá está, a natureza criminosa e agenciadora vem-lhe ao de cima: rápida e inexoravelmente, a exclusão toma conta dos acontecimentos. Correm-se - a pontapé e bordoada - para fora do paraíso, contra-revolucionários, reaccionários, sabotadores, retrógrados, obscurantistas, agentes de tudo e mais alguma coisa, faxistas, fugitivos ao fisco, etc, etc. Até que só reste, na equação de facto, no caso da democracia, o partido (ou coligação) instalado, mais os diversos socialismos que dele se alimentam e retro-alimentam, bordejados de uma série de outros, ilegais de jure, mas funcionais de facto. O que, apesar de tudo, continua a tornar de certa forma apelativo este conto do vigário é o número enorme e sempre crescente de "excluídos" dos esquemas socialistas reais: o que coincide, de resto, com uma espécie de cúmulo da chutzpah (desfaçatez para os leigos) pelos difusores da Falsa-Fé, que se traduz invariavelmente nisto: "olhem, otários, temos aqui este sistema miraculoso que vos inclui automaticamente no acesso aos rendimentos e às mordomias... na simples forma destas rifas, cujo número, por acaso, é o do vosso BI!"  Cada vez mais desesperados e nihilizados, os otários já estão por tudo. Vão para a burla ponzi social como vão para a raspadinha.

Assim, dado este belo, comprovado e imarcescível panorama, gritar contra a corrupção é como gritar contra a chuva. Ou seja, é o sinal mais evidente da hipocrisia estanhada e do estado de pataratice geral em que todo este circo patina e chafurda. Vai para uma série de séculos.

Por outro lado, reparai com atenção onde virdes um primata exaltado a bradar, estentóreo, contra o socialismo, aprimorai bem a lupa e a gamela do microscópio... Bate-se pela justiça e o progresso? Sem dúvida. Os dele. E do socialismo concreto dele. Todavia, afronta-o, sobretudo, a ideia do socialismo, do putativo socialismo universal, mero alarde psico-saurónico; e reconhece nela, com toda a justeza, a destruição do socialismo prático onde labuta, suga e de que se amamenta. 

Um por todos e todos por um? Sim, mas quantos menos (para distribuir a lotaria), melhor.



sábado, março 04, 2023

Odisseus, ou Ninguém para os polifamosos

 Dedicado às minhas "deslumbrantes leitoras", em especial, e  aos meus destemidos leitores, em geral.


Qual é o princípio e o fim de um círculo? Os Antigos gregos chamaram-lhe perfeição, ao movimento circular. A vida, as estações, os astros, a realidade ensinam para quem quiser aprender: o fim é só um recomeço. A Odisseia de Ulisses consiste em partir para chegar ao ponto de partida. A de Jesus também. O Eterno retorno, que fascinou Nietzsche, poderia traduzir-se em qualquer coisa, na linguagem de Borges, como o Jogo da Eternidade. O mais misterioso e inescrutável de todos os ludismos: o da Vontade de Deus. O proto kinoun akineton, o primeiro motor imóvel que vela  pela eternidade e comanda o Cosmos de uma forma musical, sinfónica - não mecânica, mas magneticamente: não por tracção, mas por atracção. Quando partir para o meu recomeço é esta a mais bela imagem que levo no pensamento desta vida. Tentei estar ao nível da pauta imaterial... procurei, nem sempre a preceito, não me afastar muito do ritmo desse Coração cósmico, que palpita e dirige na intimidade dos seres vivos. Contra todas as desgraças e infelicidades, que foram tudo menos poucas e ligeiras, e ainda me  emboscam para o resto dos meus dias, nunca perdi essa felicidade infinita de escutá-lo, imperturbável, inamovível, perfeito.

Há Dele, segundo Aristóteles, uma centelha eterna dentro de mim: o meu, digamos assim, "proto kinoun akineton" próprio, ou seja, o meu intelecto activo, isto é, a minha inteligência. É ela que me permite escutar o ritmo da batuta e decifrar a pauta invisível. Há os que a desenvolvem, e os que a atrofiam. Há os que se afastam e os que se aproximam. Os intelectualmente passivos e os intelectualmente activos. Há os que são matéria e nela reciclam; há os que são inteligência e na música celestial se vão reencontrar e sublimar. O fim de tudo, o culminar da realização humana?... Quando me desenlear de todas as impurezas, tudo o que eu não sou e, finalmente liberto de todas as prisões, me elevar para sempre, transformado em música pura. É de lá que venho. Onde me cumpre chegar.



sexta-feira, março 03, 2023

Para que serve a Filosofia...

...Conforme inquirição dum leitor, a pretexto já nem me lembra bem de quê...

Para que serve, então?

Anotem, sff:

Para enriquecer. Para conhecer mulheres deslumbrantes (mesmo no sentido bíblico do verbo). Para viajar a mundos e locais fascinantes, na companhia de seres inteligentes e imortais. Para desprezar o trabalho e toda a forma de escravatura, encapsule-se ela em que supositório for. Para experimentar a verdadeira independência. Para esmerar a arte de transformar falsos amigos em fiéis inimigos.  Para andar na guerra sem medo e na paz sem arrogância. Para saber que o mais importante é também o mais simples: que o fim e o princípio coincidem. Para compreender, com clareza, para que serve a honestidade - a intelectual sobretodas. Para não perder tempo com ninharias e ninhacastas. Para, enfim, entre mil e muitas outras coisas maravilhosas (que ficaria aqui um ano a enumerar), ser um homem digno da sua ociosidade essencial, no que apenas honra o padroeiro-mor de todos os ociosos genuínos deste mundo: Deus.

Chega?


PS: É  claro que Filosofia e  curso de Filosofia são duas coisas substancialmente diferentes (até porque a Filosofia não é uma coisa). O curso de filosofia, em qualquer universidade, é, de facto, um curso de história da filosofia (bem, mal ou pessimamente dado). Tive essa experiência já lá vão muitos anos. Lembro-me que logo no primeiro ano, um belo dia, escrevi no quadro antes da aula: "a filosofia começa onde o professor acaba". Estava a ser provocador, claro,  com o sangue na guelra próprio da idade. Mas não estava a faltar à verdade. Exorbitava claramente a minha autoridade na matéria, naqueles dias deambulares, mas hoje, passados muitos anos, devo reconhecer que o aforismo não falseia a realidade. Até porque nem fui eu que o escrevi: no fundo era o Nietzsche a escrevê-lo através de mim. E nos primórdios eu era, sem rodeios, um nietzscheano feroz. Fui-o, de resto, até ao dia em que me tornei um aristotélico sereno. Não há contradição: apenas o sabor mais cristalino da água quando bebida nas nascentes da própria serra.

Neste contexto, e voltando à questão, dum ponto de vista académico, a dita questão, convém registá-lo, não honra quem a coloca, ainda menos nos termos um bocado boçais (o riso das sérvias Trácias, como escreveu Platão)   em que geralmente é feita. Por uma razão muito simples: a Filosofia não serve. É a senhora da casa. Para servir tem umas criaditas, entre a carochinha e a cripto-cinderela, que tratam dos serviços domésticos. Chamam-se "ciências" (exactas, sociais, em suma, ocultas e semi-ocultas, todas elas). Essas é que servem, que operam no domínio da utilidade doméstica e decorativa. A Filosofia apenas vela para que não partam nem estraguem demasiado. O que, convenhamos, em cada diz que passa, se torna cada vez mais difícil. É que Deus já nem se aproxima disto (tal o fedor), e a Filosofia, por natureza, segue-lhe sensatamente os passos.

quinta-feira, março 02, 2023

Do assassínio como uma fútil arte

A propósito duma notícia onde se lia: "homicídio por motivos fúteis". Aqui deixo alguns casos emblemáticos, 29 mais concretamente, com uma dedicatória, sempre devota e sincera, a Max Aub.


1. Matei-o porque...enfim, já nem me lembra porquê. Têm a certeza de que o matei? Morreu, foi?...Quem, a propósito?...

2. Matei-o porque sim. Foi um acto simbólico. Acreditei que o imenso tédio que me aborrecia podia morrer com ele. A fé enganou-me. O aborrecimento só piorou. Agora até me querem encarcerar por uma série de anos. 

3. Matei-o porque nunca tinha matado ninguém. Foi o primeiro que apareceu. Um homem não deve morrer ignorante de certas sensações fundadoras da civilização. Matei dois coelhos duma cajadada (foi com um cajado, sim, era o que tinha à mão): o homicídio e o surrealismo.

4. Matei-o porque estava a chover: achei que se travasse podia causar um acidente. Toda a cautela é pouca. Acelerei para não perder a aderência.

5. Matei-o para ver se ele sabia voar. Nem planar, quanto mais voar! Um perfeito calhau!

6. Matei-o discretamente. Não tão discretamente quanto gostaria, devo reconhecê-lo.

7. Matei-o às três pancadas. Podem dizer que sou um rústico, mas morreu na mesma.

8. Matei-o porque Deus não existe. E quanto ao livre-arbítrio, estou-me nas tintas. A verdade, é que não existindo Deus, tanto faz. Matar ou não matar, vai dar ao mesmo. Metem-me na prisão? E depois? Numa penitenciária já eu vivo e ainda tenho que me esfalfar todo para pagar a renda, a côdea, os impostos, as taxas, as pensões e o diabo a sete. Assim dão-me alojamento à borla, comida grátis, assistência médica, tv cabo, jogos de salão, videojogos e nada de contribuições nem impostos. Vão-me ao cu? No pior dos casos; mas comparado com espicaçarem-me e assarem-me pela eternidade, vou queixar-me de quê?...

9. Matei-o porque, enfim, é preciso motivo, é?... Andam a ver muitos filmes!...

10. Matei-o porque não o conhecia de lado nenhum. No fundo, eu não queria matá-lo, queria apenas não correr riscos. O risco de conhecê-lo, sobretudo.

11. Matei-o porque a frustração me transportou. Quem nunca viajou sem bilhete nem passe que atire a primeira pedra!...

12. Matei-o porque estava a pedi-las. Ele? Não, eu. Estava a pedir-lhe as sapatilhas Nike, cheio de pressa, e ele nunca mais se despachava a descalçá-las. Despachei-o eu.

13. Matei-o porque não tenho preconceitos. Nenhuns.

14. Matei-o porque a ele fugiu-lhe a boca para a verdade, a mim fugiu-me a enxada. Ficámos quites. E a verdade é que eu estou vivo e ele está morto.

15. Matei-o sem querer. Foi um acidente. Mas não me arrependo. Se não carrego a culpa, como poderia carregar o arrependimento? Demais, em tempo de paz, é importante manter as armas limpas.  Ter-lhe também limpo o sebo a ele, foi um excesso de higiene? Ou um requinte. Depende da perspectiva.

16. Matei-o porque, com franqueza, estava no local errado à hora errada. Ainda por cima a perguntar-me as horas... Tanto disparate junto clamava o devido correctivo. Acertasse nem que fosse em metade da equação, aquele banana, e a esta hora eu não teria acertado nele. 

17. Matei-o, é um facto. Neste universo. Mas num universo paralelo pode estar ainda vivo. Agora que penso nisso não sei se não devia tê-lo matado melhor.

18. Matei-o porque a televisão não se calava. Nem ele. Calei-os aos dois. Sou, como já devem ter reparado, de poucas falas.

19. Matei-o porque não conseguia dormir. Pu-lo no eterno descanso. Que querem, sou um mãos largas!... Quando é para dar, dou logo tudo.

20. Matei-o às prestações. Mas não cobrei juros. Sou um assassino? Do mal o menos: não sou judeu!

21. Matei-o porque era Sábado. Pôs-se a buzinar atrás de mim, no semáforo....e a zurrar, "então, ó panhonha, nunca mais é sábado?!" ... 

22. Matei-o porque não havia maneira de largar o multibanco. Pagar facturas, é uma coisa: masturbação de cartões é outra. Particularmente nojenta e obscena de se assistir, convenha-se. Aposto que também era pedófilo!...

23. Matei-o porque não resisti à tentação. Há plataformas vertiginosas e comboios do diabo! Querem apresentar-me a um juiz? Faria mais sentido apresentarem-me a um exorcista!...

24. Matei-o porque não sei, legalmente, em que consiste homicídio voluntário do Primeiro Grau. Se me tivessem explicado devidamente a teoria, decerto ter-nos-íamos todos poupado a esta sujidade empírica.

25. Matei-o porque gosto de segredos. E não tinha nenhum de jeito. Raios, acho que já falei demais!...

26. Matei-o porque disse mal de mim. O quê, exactamente? E isso importa?... Sei lá! Nem me interessa. Abriu demais a boca e eu fechei-lha. Remédio santo.

27. Matei-o porque estava muito calado a meditar. Coisa boa não era. Provavelmente, até devo ter evitado algum atentado terrorista ou catástrofe ambiental, não me admirava nada!... Os calados são os piores!

28. Matei-o para ensaiar.  Irromperem com críticas e julgamentos sem me darem sequer oportunidade de estrear a peça, parece-me duma alarvidade e incultura atrozes. Parece-me, não: tenho a certeza!

29. Matei-o para não perder a ocasião. Era preciso estar catatónico para não aproveitar um bocejo daqueles! 


quarta-feira, março 01, 2023

Anti-semitismo, do autêntico




« Israelis regularly organize lynching parties where they go out on the hills overlooking Palestinian communities and set up a picnic as they watch bombs mass murder them. "I'm just a little bit fascist", admits one of them in this clip»


Traduzindo: Os sionistas assanhados do Estado de Israel organizam regularmente pogroms. Contra os semitas residentes, vulgo palestinianos. Sabemos, por experiência comprovada de milénios, que a hubris atinge os seus píncaros na véspera de receber a visita retributiva da Nemesis.

Por outro lado, eis o paradoxo: o anti-semitismo autêntico é, simultaneamente, de imitação: os pseudo-judeus, ou melhor, os judeus de conveniência (da loja dos trezentos da História, a verdadeira) esmeram-se e excitam-se todos na emulação coquete dos nazis e dos cossacos. Regurgitando uma espécie de moral perversa: fazer aos outros tal qual nos fizeram a nós. Com juros,  claro está.

Uma questão final: como sabemos que estamos perante um produto da Terra Santa? Quando o extermínio metódico é igualmente ufano e impune; e decorre sobre a bênção invisual do Oxidente, seja na Palestina, seja no Donbass. Ou seja, e no saguão do aforismo de Nietzsche que dizia que "não é a boa causa que santifica a guerra, mas a boa guerra que santifica qualquer causa", quando, como agora temos, a Guerra Santa canoniza a Terra e aqueles que, de colmilhos acerados,  a cobiçam.  

Entretanto, importa reter duma vez por todas: É incorreto e algo vesgo culpar o Combinado Oeste por moral farisaica em estado terminal ou dois pesos e duas medidas. Longe disso, pura coerência. Trata-se, isso sim, de desocupar as Terras Prometidas de indígenas ilegais e indesejáveis, sejam essas na Palestina ou nas ricas planícies e planaltos da Ucrânia e da Rússia.


Propaganza (que vela por nós)

 




Agora é tudo "História". Antes dos acontecimentos e independentemente deles. Mesmos a Física e as Ciências Naturais. 

terça-feira, fevereiro 28, 2023

O absurdo enquanto dogma



 


«Há mais honestidade e rigor nas ciências ocultas do que nas filosofias que atribuem um "sentido" à História.»

E.M.Cioran


Todas as pseudo-filosofias mais ou menos políticas  (até porque na essência e na dinâmica são todas anti-políticas e, sobretudo, filosofóbicas), da hora presente, mais até que atribuir um sentido, investem em impor uma explicação exclusiva: a sua. Esse impor tem a forma dum ditar. A História, conforme está a ser forjada, não recolhe dados dos acontecimentos ou organiza registos dos factos. Antes os antecipa e decreta: na forma duma ditadura da narrativa. Quer dizer, a Historia não funciona como ficção a posteriori, derivando de factos (como de resto seria da sua natureza funcional), mas como ficção a priori - e a priori no exacto sentido que Kant lhe dá: independente da experiência. Ou seja, já nem interpreta os factos: inventa-os; engendra-os previamente; e apresenta-os como pseudo-realidade - nem sequer alternativa, mas obrigatória. Passa, assim, de ciência social a ciência exacta, tão exacta como a matemática e - mais exorbitante ainda - tão absoluta como um dogma religioso.

Esta orto-história tem como fontes -  mais ainda que principais - exclusivas a boca de esgoto da propaganda reinante. Em rigor, este não é um fenómeno absolutamente novo, ou inaugural; mas o nível abrasivo e devastador de completa enxurrada em que se manifesta, esse, é que é dum viço inaudito. Até pela esmagadora panóplia de meios disponíveis para o efeito. E convém ainda acrescentar que se vem instalando e desenvolvendo a níveis paroxísticos sobremaneira no pós-2ª Grande Guerra Mundial.

Curiosamente, a origem do termo "propaganda" é deveras sintomático e anunciador. No ano de 1622, o então Papa Gregório XV institui a Congregatio Propaganda Fide, ou seja, a Congregação para propagação da fé. É dessa  propaganda  original que devêm todas as outras. Sendo certo que no nosso tempo já a coisa se deteriorou a vastíssimos níveis. A fé cedeu passo às múltiplas fezes e, no infrazénite, geralmente fétido, de todas elas, a fezada do momento. Tudo somado: estamos no avesso da propaganda original. Não apenas seu contrário, mas grotesca macaqueação.

No entanto, qualquer disputa, dúvida ou desvio dessa escatologia dogmática instalada continua a ser tratada como "heresia", "blasfémia!", "apostasia". Super-heresia, aliás, e tanto  mais quanto a Congregação para a Doutrina da Fé Laica, ultra-laica e Laica gigante, doravante dispõe de meios de vigilância, tortura e inquisição imensamente mais activos, invasivos e eficazes, continuando a subministrar, após auto-de-fé instantâneo (e efervescente), as penas de excomunhão (vulgo desemprego), queima em praça pública (vulgo cancelamento) ou pelourinho (com auto-flagelação e retratação pública, descalço).

Nos primórdios da blogosfera havia um blogue (o Anarca Constipado) que tinha um sub-título que sempre considerei o mais bem esgalhado de todos: "A situação é desesperada mas não é séria". Aplica-se, com a devida deferência, que nem uma luva à orto-história actual, ou seja, à propaganda da Fé Laica, ultra laica e laica gigante: é desesperada, cada vez mais desesperada, raia já o ponto do exaspero libertino... mas não é séria. Nesse sentido, desce mesmo abaixo do nível das filosofias "históricas" - os hegelianismos e seus derivados, entenda-se -: não demanda sequer atribuir um qualquer sentido à História, mas apenas confiná-la num completo sem sentido, isto é, num absurdo. 



segunda-feira, fevereiro 27, 2023

Vulneráveis, assediados e victimizados

 



"Pro-Israel group objected to display saying it made Jewish patients feel ‘vulnerable, harassed and victimised’"

É de partir a alma.

Decadência e os seus (re)agentes





 «The purge of heretical scholars and ideas in academia is intensifying.1 Many job applications now require loyalty oaths to woke orthodoxy in the form of “diversity statements.”2 In the humanities and social sciences, large numbers of faculty are being hired to engage in what is effectively leftist activism.3 Simply ranting about how much you hate conservatives, Christians, or straight white men can be considered “scholarship” and the basis for a distinguished career. Entire departments devoted to ideology-driven fields like gender studies have been established to promote “social justice” and provide sinecures to activists.4 Academic papers that undermine the woke narrative are being retracted,5 and journals are adopting implicit or explicit polices to ensure that crimethink is never published again.6 Many undergraduate and graduate programs have stopped asking for standardized test scores and are increasingly making admissions decisions based on race, gender, sexual orientation, and ideological conformity.»


Leiam o artigo todo. Vale a pena. Ainda para mais é um tipo de filosofia, pelo que sabe alinhavar um módico de palavras e conceitos. Radiografia completa. Há um método por detrás da loucura. Que já vem de trás. Agora apenas experimenta uma aceleração e um despudor resultantes da impunidade e da infecção generalizadas. Estamos já no ponto de necrose do tecido social. O Oxidente está completamente oxidado, intoxicado, carcomido, tomado pelos vermes - intestinais, hematófagos, cerebrais. Aos  poucos foram-se infiltrando nos órgãos estratégicos: os media e a academia, à cabeça. Telecomandados, telecomandam políticos frouxos e assustadiços, na melhor das hipóteses; venais e corruptos, em grande quantidade; mongos e assimilados, não raro. Qualquer excepção é rapidamente detectada, demonizada e perseguida. Por fim, cancela-se. Despede-se. Erradica-se do tecido gangrenado. Só interessa a podridão. Mental, sobretudo. Civilizacional, em regra. O horror normalizado tem destes requintes: manda para o desemprego e para o limbo do irrisório todos os pessimistas do passado. 

Decadência ou dissolução? Distopia em esteroides.