quinta-feira, novembro 30, 2023

Obituário

 Faleceu ontem, com 100 anos. Não é para todos. Goste-se muito, pouco ou nada, foi um dos políticos americanos mais influentes da segunda metade do século XX. Neste momento, como lhe compete, lá segue à toa, rebocado pela barca do diabo. 

Deixou-nos, não obstante, várias expressões lapidares. E deveras educativas.

Uma, muito conhecida, é aquela "ser inimigo dos Estados Unidos é perigoso; ser seu aliado é fatal".

Outra, menos conhecida, mas igualmente límpida:  "control energy and you control the nations".

Algumas mais:

- «O que importa não é a verdade, mas aquilo que é percepcionado como sendo a verdade":

-  « O Poder é o maior dos afrodisíacos»;

- « Dos políticos, 90%  de corruptos dão mau nome aos restantes 10%»

E a melhor de todas:

«Para as outras nações, utopia é um passado grandioso e irrecuperável; para os Americanos, está apenas para lá do horizonte».

Refiro-me, como já devem ter calculado, a Henry Kissinger. 

PS: Aquela do Poder como afrodisíaco (necro-transudação fétida  do Marquês de Sade) deve estar na origem da violação em série de nações e na fornicação compulsiva de povos e governos. 

19 comentários:

passante disse...

Assim uma espécie de Metternich, a presidir à política externa do império justamente antes de este se tornar impotente?

dragão disse...

Eventualmente.

Anónimo disse...

Quando se é elogiado por Putine e Xi só mesmo a barca do diabo para o rebocar!
Quanto ao poder ser o maior dos afrodisíacos e as supostas violações em série de nações e fornicações compulsivas, julgo que o Sr Dragão faz análise com visão metoo. Aquele Wenstein em tempos eram só apaixonadas … foi-se o poder, desfez-se o querer, passaram a fornicadas!
Anónimo da poesia

Figueiredo disse...

Faltou esta:

«...é indiscutivelmente o pior Primeiro-Ministro na recente história política, mas será o nosso homem na Europa...» - Henry Kissinger sobre Durão Barroso

muja disse...

Levará o cabrão à trela?

dragão disse...

Muja,

Essa não é uma questão pacífica. Talvez sim, talvez não.

Não sei se sabe, mas o Kissinger estava na Shit List.

Em determinada altura terá mesmo declarado: «If it were not for the accident of my birth, I would be antisemitic.... Any people who has been persecuted for two thousand years must be doing something wrong.'"»

dragão disse...

Anónimo da poesia,

devo inferir que o Poder funciona enquanto afrodisíaco para as nações, que correm a fazer-se copular à descrição pelas mega-potências (neste caso, Estados Unidos), dado que com isso entendem melhorar as respectivas carreiras e saldos bancários? Portanto, não há violação, apenas sedução geo-política?...

É uma perspectiva que não deixa de ser interessante.

muja disse...

Resta saber se esse something wrong significa alguma coisa de mal ou apenas alguma coisa mal... Se fazem a mais ou não fazem que chegue...

dragão disse...

Pois... Não me surpreenderia muito que fosse a segunda.

Anónimo disse...

Salazar afirmou em tempos mais ou menos isto: “um povo que tenha a coragem de ser pobre é invencível.” Portanto sedução ou ambição no fácil é a reposta certa.
Certamente que Putine é o grande copulador do momento, Irão, Síria, RCAfricana e uns quantos na região do Sahel estão em forte orgia!
Anónimo da poesia.

dragão disse...

E essa é, sem dúvida, a mais enigmática e abissal afirmação de Salazar. Uma nação deve ser como uma senhora honrada.

Mas acho que não está a ver bem o S.Vladimiro. Soa demasiado parecido à RTP1. Ou então, se está, sou eu que estou a ver completamente errado. Não seria a primeira vez, mas tenho uma montanha de dúvidas a esse respeito (até porque venho observando e estudando a figura há muitos anos).

Quanto ao fácil, convém sempre rememorar aquela anedota da prostituta perante o juiz, no tribunal:
Juiz - Então a ré é uma mulher de vida fácil...
Prostituta - Fácil, senhor dr. juiz? Experimente vossa excelência cartar com um bêbado por dois vãos de escadas acima, metê-lo na cama, despi-lo e depois tentar fazê-lo endireitar a gaita até se vir, e diga-me se é fácil!...

:O)

Anónimo disse...

Considerando o contexto da frase, de 1962, a minha interpretação é:
As opções que temos perante nós: manter a independência e continuar a construir o Portugal pluricontinental, sem o qual caímos na exiguidade ou
Vender a soberania aos americanos, a troco de apoio político/financeiro, a opção generalizada na Europa pós 1945 (a França ainda tentou resistir uns anitos.
Recorde, Caro Draco, que o embaixador americano propôs isso mesmo a Salazar , que o mandou pastar.
Imagino os passarocos a esvoaçar nos gabinetes da altura, felizes por trocar o Ultramar (dava muito trabalho) por sinecuras e prebendas em Bruxelas etc…

Miguel D

Anónimo disse...

Para mim nada tem de enigmático, apenas a percepção de que a frugalidade, a humildade e o desapego material tornam o Homem, a sociedade, uma força capaz a qualquer provação e liberta de medos ou estorvos.
Putine foi um líder admirável naquilo que fez pela Rússia. Fora o que vejo é orgias com ditadores e senhores de guerra, miséria e indiferença. Dele tenho uma certeza: quem não o serve cai da varanda ou explode no avião!
Quanto à suposta vida difícil da dita ou outros queixosos, tem bom remédio, troque de vida. Se não troca é porque está contente!
Anónimo da poesia

dragão disse...

Miguel,
isso mesmo; e também o que refere o anónimo poético. Agora tentem explicar ou defender isso perante a generalidade dos "portugueses" (hoje ou mesmo em 1962). Entendem ser pobre como uma obscenidade e a pior das condições raciais que imaginar se possa.

Anónimo da poesia,
ainda bem que reconhece o essencial. E uma Rússia forte é essencial para a Europa e o mundo.
Quanto às defenestrações e explosões aeronáuticas, ainda não vi nenhum que não estivesse a pedi-las encarecidamente. E aquilo na Rússia não é brincadeira de meninos - a distância entre o santo e o mártir é muito ténue. Todavia, o homem, à boa maneira do nosso D.João II, tem tratado dos oligarcas como convém.
De resto, com S.Vladimiro estou eu descansado. O meu problema é o sucessor. A seguir a um grande homem raramente sucede outro.

PS: Não sei se já reparou no que ele está a enfrentar à escala global.

Anónimo disse...

Essencial para a Europa é que os europeus arregacem as mangas, se façam gente e arranjem líderes desassombrados e lúcidos. Não precisamos cá de americanos, russos ou outra coisa qualquer para nos farolar a existência.
É que para mim o problema não é a influência ou poder americano, é não sermos capazes de tomar o nosso destino. E pela amostra dos desejos sinto que muitos querem é um paizinho novo!
Pois eu não estou nada descansado com S. Putine. O Prigozhin parece que já tem um ícone!
E mais a mais, um grande Homem, um grande líder, vê-se na forma como consegue projectar e estruturar um futuro sólido/válido para lá da sua existência. Toda a perversidade, arbitrariedade, sofrimento e intolerância semeadas acabarão por vir ajustar constas.
Anónimo da poesia
PS: inferno por Francisco Bingre
“Há no centro da Terra ampla caverna,
Reino imenso dos anjos rebelados,
Lago horrendo de enxofres inflamados,
Que acende o sopro da Vingança eterna.”

dragão disse...

«Essencial para a Europa é que os europeus arregacem as mangas, se façam gente e arranjem líderes desassombrados e lúcidos. Não precisamos cá de americanos, russos ou outra coisa qualquer para nos farolar a existência.»

Estamos então de acordo. Eu também não preciso dos russos para nada, a não ser ajudar a correr com os actuais suseranos parlapatões daqui para fora. O tal Putin não é da minha devoção: é do meu interesse. Faço-me entender?

É que uma coisa é o plano ideal, das ideias, virtudes fantásticas e abstracções; outra é a realidadezinha suja e porca onde acordamos todas as manhãs, enterrados até ás orelhas.

Por outro lado, permita-me a sinceridade: quero que os europeus se fodam! Sou português. Não sei que treta é isso da "europa". Europa também é e sempre foi a Rússia. Contentava-me já com o milagre de nos aparecer um líder lúcido e desassombrado. Português, essencialmente. Enfim, alguém minimamente vertebrado também já fazia a festa.

Nem rei nem lei,
nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –

Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro

é a hora!

Dispenso-me de indicar o autor.

Anónimo disse...

De acordo, com a ressalva de que ajudas ou alianças podem acarretar facturas indesejáveis. A mais antiga aliança do mundo está aí como aviso!
Depois, interessante ou triste como o “nevoeiro” de Pessoa, tal como nessa época de pós-falência da república, ainda permanece actual.
Anónimo da poesia

Anónimo disse...

https://youtu.be/SIOn2WsSHw8?si=Ul1h2Jbr-BjQjEIv

Vivendi disse...

Um híbrido Nazi/Sionista que tramou bem Portugal.