domingo, dezembro 17, 2023

A Regressão puguessista

 Mais uma pitada de Chesterton:

«O problema de quem faz da descrença profissão não é deixar de acreditar em alguma coisa, mas passar a acreditar em demasiadas.»
E é por isso mesmo que, por exemplo, o ateísmo frenético dos nossos dias e o puguessismo em geral, ao contrário duma qualquer lucidez ou exibição racional de ponta, apenas exprimem uma credulidade exacerbada - uma infantilização perversa, dado que descabida, rançosa e senil. Em bom rigor, portanto, uma imbecilização desatada. Pois, de facto, todo o puguessismo patenteia uma regressão -  na estrita acessão psiquiátrica do termo. Uma fuga à realidade que se tenta compensar através dum delírio "objectivista", quer dizer, uma diarreia de coisificações mais ou menos efémeras, inúteis ou fetichistas para compensar e preencher um crescente vazio vital e espiritual. Em síntese, o expediente da objectivismo contra a cultura personalista. Todo o sujeito é banido: no cosmos, no mundo, na vida e na gramática. O artificial, o acessório, o acidental, o predicado simulam e contrafazem a realidade. Traduzindo: as pessoas (de Deus ao Homem) são o problema; a solução está nos objectos. Trata-se do problema atirando objectos para cima das pessoas  - objectos, entenda-se,  não apenas coisas fabricadas  enquanto aparelhos ou utensílios, mas também coisas fabricadas enquanto leis, programas, ficções, modas, superstições, ou, no jargão mais recente e liberabundo da banca inefável, produtos. Note-se, aliás, a esquiso-competição entre os dois projectos votados à desagregação humana: os socialistas arvoram a resolução na forma de atirar dinheiro para cima do problema; os liberalóides alardeiam que se resolve com o despejo de produtos financeiros. O efeito prático é o mesmo comunismo - o da miséria mental; no primeiro caso, reforçado pela penúria económica; no segundo, agravado pela indigência cultural e social. O socialismo acaba por nunca exceder a incubadora do liberalismo; o liberalismo redime, recicla e ressegrega o socialismo e ambos, em tandem, apenas servem de veneno dissolvente à trans-oligarquia  e ao cancro financeiro global.

2 comentários:

Anónimo disse...

Permita acrescentar a esta muito bem esgalhada dissertação três notas:
a) os ateístas são em si mesmo devotos de uma crença mais negra, disforme e treslouca.
b) o socialismo é um boa ideia que só funciona se consumido em micro-doses homeopáticas.
c) o liberalóide nunca largou o biberão e, de tão insigne, guarda o comprimido eutanasiante no bolso à espera que alguém lho meta na boca quando pedir.
Anónimo da poesia.

Figueiredo disse...

Fez recentemente 105 anos do assassinato do Sr.º Presidente da República de Portugal, Sidónio Pais, por parte dos liberais/maçonaria/jesuítas.

O assassino, de seu nome, José Júlio da Costa, esteve ligado à organização anarquista «Comuna da Luz».