segunda-feira, maio 30, 2005

Impressões da Belogosfera

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Em tempos, eu, sempre disponível para canduras, ainda acreditei que aquilo do "blasfémia" era um blog. Depois, quando aquele turbo-pensador do João Miranda entrou a bordo, convenci-me que não: com efeito, era um fórum, e o pitoniso Miranda, investido de dotes oraculares, o seu pujante moderador.
Afinal, enganei-me de ambas as vezes. Na verdade, é uma barraca daquelas da feira popular, com um funâmbulo metido numa canga, a cuja cara a malta atira tartes, bolos cremosos e outras porcarias. A função do funâmbulo é irritar o passante, largando-lhe invectivas e bojardas. Quanto mais estapafúrdias e irritantes forem, melhor. Mais o transeunte se agarra às munições e desata no sôfrego bombardeamento. É uma estratégia de mercado, dizem. Exerce uma poderosa atracção sobre a potencial clientela. E resulta. Confesso que um tipo tem de apelar aos mais sagrados deveres para se arrancar dali. Eu próprio tive de recorrer a firme austeridade e vontade hercúlea para o efeito. Aquilo vicia.
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Entretanto, até a minha visão do apocalipse sofreu um abalo profundo e alterou-se drasticamente. Agora, já não estou na espectativa, como profetizado, de um confronto final entre a Luz e as Trevas. Não, palpita-me que é mais uma diálise entre o João Miranda e o Julio Machado Vaz.
Qual vai de trombeta e qual leva na mão a taça de ouro a transbordar, eles que decidam.
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PS: Também já me disseram que o excelso bloguista extrai os argumentos a partir duma tômbola. Numa hibridação perfeita, ancorada algures entre a lógica totoloto e a poesia Dada (de dadaísmo, entenda-se).
Concedo que, se assim é, não deixa de ser um método fascinante.

1 comentário:

Ricardo Alves disse...

Concordo com a análise que faz.