Porque é que as chamadas doenças do sistema imunitário - patologias como a febre do feno, asma, diabetes e esclerose múltipla, entre várias outras menos vulgares e mais sinistras -, têm vindo a proliferar nos países desenvolvidos, ao contrário dos países por desenvolver?...
Desde há dez anos que os cientistas que estudam o assunto chegaram a uma conclusão: excesso de higiene. O que até para o leigo é quase intuitivo: se a função faz órgão, e faz, então o sistema imunitário, em deixando de ter intrusos com quem se ginasticar, atrofia-se, destrambelha-se e, ao estímulozinho mais extravagante, desata a atacar o organismo que é suposto defender. Por outras palavras, sem funções, torna-se disfuncional. Disfunciona.
Experimentem criar uma planta na natureza, ao ar livre e outra da mesma espécie numa estufa. Qual das duas, uma vez adulta e exposta à intempérie, é mais resistente e adaptada? É a de melhor raça? A de genes campeões? Raça o olho do cu! Genes o centro da peida! É a que se treinou e fortaleceu ao longo da vida (neste caso, da infância e da juventude). É a que se habituou ao combate contra as dificuldades. É a que desenvolveu resistências às adversidades. Resumindo: é a que viveu! Nas plantas, como nos homens, o mimo, o apaparicamente, a superproteção do parque artificial são bons para criar enfos, repolhos artificialmente insuflados que, à primeira ventania, choram pela mãezinha, pela estufa, em suma, pelo paraíso perdido. Quer física, quer mentalmente. Em perdendo a redoma, perdem a vontade e o viço.
"O que não me mata, fortalece-me", dizia Nietzsche. E eu, activamente, subscrevo. Nos antípodas dos higienistas de todas as brigadas. Mas sobretudo destes frenéticos do euroclismo burrocrático. Em nome da fobia à morte, andam a incutir-nos o medo à vida.
E no fundo, não pretendem criar gente mais saudável: querem apenas gente mais dependente. Mais viciada em higienismos, drogarias e sulfatações. Encurralada em cidades, as grandes estufas. Os Grandes Aviários.
16 comentários:
"Em nome da fobia à morte, andam a incutir-nos o medo à vida."
Grande e certeira afirmação.
Completamente de acordo, ó Dragão. Sempre disse isto e bem que me chateiam a cuca pelo primarismo. Mas é assim mesmo- flores-de-estufa são contra natura.
E o medo à vida é proporcional às idas ao médico da caixa.
(encanita-me tanto a vida plastificada, que acho uma autêntica anormalidade a outra mania do ar condicionado, em vez de abrirem as janelas)
É como aquele carro eléctrico pós moderno que um meco pseudo artista conseguiu que a Câmara comprasse. Nem se pode abrir as janelas para ver a paisagem.
Já anda por cá uma nova espécie de robots disfarçada de gente de carne e osso.
À atenção do Dragão, a edição do jornal Público de hoje, Domingo.
http://feioporcoemau.blogspot.com/2008/01/ateno-quem-que-deixou-passar-isto-na.html
Parece-me bastante importante o tópico que escolheu. É sem dúvida um problema que devia merecer mais a nossa atenção, como sociedade.
Contudo, gostaria de partilhar o seguinte:
Não é só o "como crescemos" que influência a nossa vida; é evidente que, ao contrário do diz, os genes também contam. O interessante seria por as coisas de outra maneira, por exemplo:
- sabemos que evoluímos na natureza;
- quando se evolui na natureza estabelecem-se relações biológicas com outras espécies (por exemplo, só na nossa boca existem cerca de 700 espécies de bactérias);
- essas relações podem ser de cooperação ou de competição (de cooperação dava como exemplo as bactérias do nosso intestino, que sem elas dificilmente sobreviveríamos e de competição dava como exemplo alguns vírus e, já agora, os piolhos;*
- estamos ainda longe de compreender as relações que se estabelecem entre as espécies, porque é certo que no mundo natural tudo tem um lugar e uma função;
- o estudo da biologia é ainda feito a um nível muito pequeno, não tem, na maioria das vezes, a dimensão necessária para que se perceba "a floresta";
Assim, se o nosso sistema imunitário foi estimulado para crescer fazendo múltiplas interacções com outras espécies, como sejam vírus e bactérias, é lógico pensar que se hoje os nossos sistemas imunitários não estão sujeitos a essas interacções alguma coisa de diferente deverá ocorrer porque a "relação" foi alterada - desequilibrou-se.
* piolhos há-os de muitas espécies, que atacam muitos outros tipos de animais e plantas, contudo a nossa interligação com estas espécies de parasitas já é tão intima que, já existem duas ou três espécies de piolhos que se especializaram nos primatas e, por isso também em nós, seres humanos. Não atacam nem o cão nem o gato, por exemplo. As tais relações inter-espécies existem de facto.
Sugiro uma brigada especial dentro da ASAE para estudar estas temáticas e ajudar a definir qual a bicheza que podemos eliminar e qual devemos preservar...
eh eh eh eh
Sempre achei curioso o facto de muitas doenças de pele (e outras como a "tinha") atacarem muito mais os povos nórdicos, quando era suposto desenvolverem-se mais com o calor.
Há-de ser da falta de sol... aquilo também é uma natureza a dar para o enviesado...
eheh
É isso ó Dragão, por isso é que esta merda cheira toda mal.
As florezinhas de estufa como o sampaio (que chorava por tudo e por nada, aquela puta), o sócrates que além de não ser eng. é um granda paneleirão, o silva que nem falar sabe, ...
Já não há homens e mulheres, só gajas de cona e bigode e paneleiros.
Quando me perguntam porque é que o pnr aceitou gajos como o m. machado, eu respondo: para não se tornarem todos uns paneleiros traidores, de cú bem aberto como você!
"There are at least three sets of reasons lo explain the findings that agriculture was bad for health. First, hunter- gatherers enjoyed a varied diet, while early farmers obtained most of their food from one or a few starchy crops. The farmers gained cheap calories at the cost of poor nutrition. (Today just three high-carbohydrate plants - wheat, rice, and corn - provide the bulk of the calories consumed by the human species, yet each one is deficient in certain vitamins or amino acids essential to life.) Second, because of dependence on a limited number of crops, farmers ran the risk of starvation if one crop failed. Finally, the mere fact that agriculture encouraged people to clump together in crowded societies, many of which then carried on trade with other crowded societies, led to the spread of parasites and infectious disease. (Some archaeologists think it was crowding, rather than agriculture, that promoted disease, but this is a chicken-and-egg argument, because crowding encourages agriculture and vice versa.) Epidemics couldn't take hold when populations were scattered in small bands that constantly shifted camp. Tuberculosis and diarrheal disease had to await the rise of farming, measles and bubonic plague the appearance of large cities."
http://www.sacredlands.org/jared_diamond_01.htm
A ilustração deveria ter sido mas é um redil com cordeirinhos brancos, pá todos brancos não senão dizem que se anda a apagar a história.Brancos com 10% de pretos.
De Nietzsche, sobre este assunto, prefiro "A pedra mais bela, o diamante, é também a mais dura" (ou qq assim).
Fico chocado com os adolescentes hodiernos, criados para serem amélias, que têm a força de um criança de colo e a flexibilidade de um idoso acamado. Daqui não vai resultar boa coisa, não.
ó Dragão, não tem nada a ver com o assunto, mas há coisas que me intrigam. Porque é que os is e éles deste novo tipo de letra do template ficam sem cor?
Acho que já percebi, é do Calibri...
estouxim,
Muito bom esse artigo do Jared Diamond, bastante provocador e creio eu, certeiro.
"Are twentieth century hunter-gatherers really worse off than farmers? Scattered throughout the world, several dozen groups of so-called primitive people, like the Kalahari Bushmen, continue to support themselves that way. It turns out that these people have plenty of leisure time, sleep a good deal, and work less hard than their farming neighbors. For instance, the average time devoted each week to obtaining food is only 12 to 19 hours for one group of Bushmen, 14 hours or less for the Hadza nomads of Tanzania. One Bushman, when asked why he hadn't emulated neighboring tribes by adopting agriculture, replied, "Why should we, when there are so many mongongo nuts in the world?"
Espero que os homens de aviário nunca consigam exterminar completamente estes pequenos nichos de homens livres, pois eles são a única e diminuta esperança de salvação.
Diz bem, ó "estouxim".
É a velha luta entre as culturas do ócio contra as culturas do trabalho, ou seja, da "negação do ócio" - do negócio.
E o problema é que, como já referia Aristóteles, sem ócio não há filosofia, isto é, sabedoria.
Decerto sabe como se dizia "ócio" em grego antigo: scoleh. Donde provém a nossa palavra "escola".
As voltas que o mundo dá. E as distorções que a cultura sofre.
Brilhante... No fundo, nós somos todos uns franganotes
Deixem de tomar banho! Pois é melhor feder vivo de que morto.
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