Uma digníssima portuguesa, Deus a proteja e lhe dê muita saúde, acaba de dar à luz - pela terceira vez! - numa ambulância. Um dos bombeiros socorristas, emocionado, confessou que já era o segundo parto da mesma passageira a que assistia. ( Se dependesse dele, provavelmente, o recém-nascido seria baptizado "Déjavu". O que, não sendo a criança de raça afro-europeia, era capaz de ocasionar desgosto nos familiares).
Fenómenos destes, porém, mais que à perplexidade, transportam-me à meditação. E a primeira elucubrança que me ocorre é que a nenhum outro povo se ajusta tão bem a expressão inglesa "on the road" como ao nosso. Os portugueses são, de facto e cada vez mais, um povo na estrada. E se até aqui lá iam principalmente telefonar, existir e morrer, agora, numa vertigem magnetizada, também lá vão nascer. Em suma, nascem, telefonam e morrem na estrada. Um ciclo vital completo. E quando assinalo a estrada, por favor não abstraiam as bermas respectivas. Porque se dum lado, até hoje, por tradição, estacionavam as mães dos eleitos, em aluguer, a ganhar calo e tarimba na treva, doravante, no outro, gemem as mães dos eleitores, em apertos, esmifrando as entranhas no prodígio de dar à luz. Equilibra-se assim a via rápida, o fluxo concorrente entre o lucro egoísta e o altruísmo laborioso. Resumindo, vão brotar uns na orla defronte donde são concebidos os outros.
2 comentários:
muito bem!
muito bem!
clap! clap! clap!
(mas é mesmo, lol, incontinência urinária pura a gargalhar)
E muitos portugueses são concebidos nas bermas das estradas pois que putas é o que graças a Deus não falta neste cantinho abençoado...
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