- Mateus, 26, 34
Neste dia que simboliza a treva, um testemunho ainda sobre o "entusiasmo", pela pena do último grande homérico do nosso tempo: Ernst Jünger.
«Todo o grito de ódio é suspeito, é fraqueza. Só a bravura reconhece a bravura!
Uma última coisa: o êxtase. Este, que é próprio do santo, do grande poeta e do grande amor, é também o apanágio da grande bravura. O entusiasmo arranca a lama viril para além de si própria, tão alto que o sangue ferve e bate contra as artérias, submerge o coração de espuma escaldante. É uma embriaguez acima de toda a embriaguez, um arrebatamento que faz soltar todos os vínculos. É um frenesim sem deferência nem limites, só comparável às forças da natureza. O homem torna-se então semelhante à tempestade que ruge ao mar em fúria, ao ribombar do trovão. Funde-se no Todo, precipita-se para as portas sombrias da morte, como um projéctil para o alvo. E, quando as vagas negras se entrechocam como para o engolir, há muito que perdeu consciência da Grande passagem. É como se a vaga tornasse a cair no seio do mar salgado.»
- in "A Guerra como experiência interior".
Como é óbvio, uma cultura da bravura é o contrário duma cultura do medo. Ou seja, é o contrário da nossa cultura actual. Melhor dizendo, desta anti-cultura. Voltarei a este assunto.
9 comentários:
Bravos conheço muito poucos...
Mais mulheres que homens.
Boa Páscoa
Isabel
Caro Dragão
Como já deves ter constatado sou particularmente crítico em relação a alguns dos teus escritos.
Contudo, existe sempre um momento na vida em que tem que se ser sério.
Por isso te digo que estou curioso pela sequência da frase
"Todo o grito de ódio é suspeito" (algo que já uma vez afloraste noutra ocasião quando escreveste
"Se aponto um excremento, em poltrona ou altar, é para me rir dele. Para nos rirmos, eu e os que comigo gargalham. E quanto mais adorado, mais idolatrado e campeão da Jet-seita, mais riso merece. Mas a boa distância, de largo, que o alcance da pestilência não é pequeno. E sabendo que é sempre preciso redobrada atenção, não se vá descarrilar no bizantinesco caso da ralhadela desarvorada ao dejecto mais não soar que àquela velha e típica frase: "está verde, não presta, só os cães o podem tragar!")
Caro Timshel,
as palavras minhas em que deves meditar não são essas. Tudo isso, irremediavelmente, te transcende e sobrevoa a grande altitude. Enfim, são coisas que não te dizem respeito.
Concentra-te antes nesta frase:
«beatos exibicionistas, papa-hóstias de passerelle e demais top-models da virtude.»
Estas sim, estas é que te convêm. Procura ver se te assentam.
Cara Isabel,
não me admira essa sua constatação. Dado que os homens estão cada vez mais amaricados, não resta às mulheres alternativa senão virilizarem-se. Eu até imagino a cara dum espartano ou dum romano clássico se ressuscitasse e visse que nós até já mandamos as mulheres para a guerra.
Um excelente Páscoa também para si.
não me assentam bem
estão um pouco apertadas
és um alfaiate de má qualidade
pelo contrário, sou um benemérito: tanto quanto uma fatiota, forneço-te um bom estímulo para fazeres exercício. Mental. Estás um verdadeiro bácoro.
E enganas-te se pensas que podes resolver isso apenas com jejuns e iogurtes.
É das hóstias. São bombas calóricas. Devias também papar umas. Faz bem à bílis.
A Guerra é tanto de Homens como de Mulheres, assim como o Serviço Militar.
A Nação deve estar "em Armas"!
"Um cobarde é alguém que se fia que não faz. E não faz mesmo. Vive com isso contente sem pudor. De um asco de felicidade. Um tímido é diferente. Um tímido fia-se que não consegue. Odeia-se e despreza-se por isso mas, para não conseguir, faz coisas que fazem o mais bravo dos mortais tremer e desvanecer de horror.
É possível um covarde se forçar à bravura. Mas um tímido não se força, farta-se. E quando se farta, qual irascível serpente, abraçada ao cadáver que outrora foi, olhos flamejantes, sem pejo ou temor algum da morte, marcha da tumba contra o Inferno. Porque finalmente Vive..."
Morrer até não poder mais...
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