Já não nos bastava o alcoolismo, as farmácias, as religiões, o futebol, a TVI e a toxicodependência nas drogas duras, para nos devastarem a juventude. Agora irrompeu também a toxicodependência nas drogas hiperduras, que resulta na auto-lobotomia por meios de quimioretórica e súciopolítica. A mais destrutiva delas é a neopanglossina, mixórdia ultrassintética capaz de torrar os neurónios e queimar as sinapses a um monge de Shaolin, em menos de duas doses ou inoculações. São fáceis de reconhecer, estes super-junkies: Os sintomas são uma crença parola e deslavada no melhor dos mundos possível, e que esse mundo fica nos Estados Unidos da América. Entranha-se de tal modo no puré mental do drogado que nem que um B52 lhe venha despejar bombas em cima, ele continua a jurar a pés juntos que melhor mundo não há.
Para tentar atenuar socialmente tão nefastos efeitos e contribuir para uma profilaxia desse vício corrosivo, decidimos criar, aqui, no Dragoscópio, uma sala de Contra-chuto (para contrapor às inúmeras salas de chuto que pululam na blogosfera).
Assim, para a nossa primeira sessão, escolhemos uma transcrição do "The Guardian".Diz assim:
«On the other hand, America has eight million people with no job, 40 million individuals with no health insurance, 35 million living below the poverty line, and a population that exists mainly on junk food.»
Isto é, e passo a traduzir: O paraíso, afinal, tem 8 milhões de desempregados, 40 milhões de pessoas sem apoio médico, 35 milhões de miseráveis e a população inteira, de 200 e tal milhões, a nutrir-se à base de porcarias. E a beber limpa-canos.
Não perca o próximo episódio.
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