As palavras de Robert L. O'Connell, na sua "História da Guerra, Armas e Homens"", são eloquentes:
«Ao princípio, as coisas correram calmamente. Mas quando Bonaparte tentou instalar o seu irmão Luís como rei e procurou prender parte da família real espanhola, Madrid extravasou. Em três semanas, toda a nação ficou em estado de revolta.(...) Mas Napoleão etava decidido a ganhar. "se pensasse que me iria custar oitenta mil homens, não tentaria; mas não me custará mais de doze mil". Um quarto de milhão de franceses viria a morrer em Espanha, sem alcançar qualquer vitória.
Com efeito, como refere David Chandler, o próprio povo espanhol declarara guerra ao imperador. Um a um, napoleão foi derrotando os exércitos espanhóis, mas os populares, nas montanhas, combatiam com grande ferocidade, recorrendo ao terror e à emboscada sempre que possível. Os Franceses respondiam por sua vez com atrocidades, até que o conflito adquiriu todas as roupagens da agressão predatória: morticínio indiscriminado, envolvimento de mulheres em combates e mútua negação do estatuto de ser humano pelos adversários. Este triunfo da violência, visualmente capatado nos Desastres de Guerra por Francisco Goya, ergue-se como um monumento ao futuro militar. Assim como napoleão transcendeu o conceito de guerra do século XVIII, assim o povo espanhol abriu caminho rodeando o poder militar convencional. Travaram uma guerra de libertação nacional e cada um deles era um combatente potencial, ou guerrilheiro, como chamavam a si próprios.»
Desde então, a história tem-se repetido muitas vezes. E continua a repetir-se. As coisas, no Iraque, ao princípio, também pareciam calmas. O problema dos arrogantes, soberbos na sua imperial superioridade, é que não aprendem. Pelo menos, antes.
Aprendem depois, às próprias custas. O Cosmos e a Natureza têm todo o tempo do mundo para lhes ensinarem.
Sem comentários:
Enviar um comentário