No meio da santa paz e concórdia que estava a ser a democratização do Iraque, na versão Bush, eis que, subitamente e sem que nada o fizesse prever, irrompem relatos e imagens de atrocidades. A América e o mundo, o pentágono e o hexágono -e até o triângulo das Bermudas-, estão chocados. O caso não é para menos: Prisioneiros Iraquianos submetidos a práticas SM por parte da guarnição carcereira, durante o horário de serviço. E nós a julgarmos que as tropas dum país imaculado, mandatários duma democracia perfeita, só podiam ser sublimes. No melhor pano cai a nódoa, pois é. Excesso de hamburgueres e internet?, já perguntam alguns; síndrome do golfo?, interrogam-se outros; distúrbios na líbido?, conjecturam terceiros.
Temo, porém, que não se esteja a bordar o assunto convenientemente.
É preciso nunca perder de vista um detalhe essencial: era naquela mesma prisão, no recato daquelas paredes abomináveis, que os demoníacos torcionários do regime de Saddam torturavam e defenestravam as suas vítimas indefesas.
Se seres humanos modelares, irreprensíveis, colocados no mesmo lugar, desatam a fazer algo parecido, a culpa, há que reconhecê-lo, não é das pessoas: é do lugar. São aquelas paredes, aqueles tectos e corredores tenebrosos, aquelas grades e cubículos pavorosos que exalam um pestilência demoníaca qualquer, um perfume venenoso e obsidiante, uma atracção hipnótica e vertiginosa tal, que até o melhor dos seres humanos, o mais cumpridor dos funcionários, não demora a tornar-se possesso e zombie perverso, não mais mandatado pela santa democracia, mas telecomandado pela pulsão malfazeja e tiranizante. Só pode ser. Não vejo outra explicação....Aquela cadeia está assombrada. É a Amityville iraquiana.
Os americanos falam em mandar mais tropas e tanques pesados para o Iraque. Não discuto logística. Eles lá sabem.
Espero que mandem também um exorcista.
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