sexta-feira, janeiro 26, 2024

Anabismotomia da Revolução - 5. Do Fundamento ao a-fundamento (antifundamento)




 De modo a melhor entender o que se segue, não perdem nada em ler, como introdução, este postal de 2008: "Palavras com raiz - Regra."

Uma das grandes tragédia de Sofocles, e um dos grandes textos da nossa cultura, versa o confronto entre a lei da cidade e a regra divina. Ou dito em termos de justiça: aquilo que a pretende e aquilo que a fundamenta. Por outro lado, as leis da cidade, bem como a justiça a elas inerente, varia com as próprias flutuações históricas (políticas, económicas, sociais) da polis. Todavia, aquilo que a fundamenta, não: permanece e perdura enquanto houver cidade, ou memória dela. Antígona (é esse o título da tragédia) versa sobre esse valor superior, porque mais profundo, determinante e precedente, que é a regra. E afirma uma verdade insofismável e eterna: uma lei que não observe, que não respeite, que atente contra essa validação fundamental, superior, presidente, manifesta uma justiça não legitimada, uma autoridade ilícita, falsa, meramente opressora. Ou seja,  conformando não uma justiça, mas uma injustiça.

Este predomínio do fundamento - a arqhé - (numa analogia actual para melhor compreensão: da arquitectura sobre o edifício) é o que sobremaneira se traduz no termo "hierarquia" - que significa "consagração do fundamento". É isso que na antiguidade, como ainda na Idade Média, reflecte toda e qualquer construção legal: O Divino como zénite e fonte da hierarquia, isto é, Deus antes e acima. Tudo Dele e Ele acima de tudo; as monarquias na terra como concessionárias e réplicas da monarquia celeste.  De resto,  o Olimpo é uma monarquia, tanto quanto o cristianismo o é. Aliás, seguramente, não foi ao judaísmo que os cristãos foram buscar a ideia de "Deus Pai", ou, posteriormente, o Cristo Rex. Mas o fundamento, desde a antiguidade, cuja excelência reside no divino, possui também um carácter duplo: o divino e os heróis fundadores humanos, raiz primordial e principal da existência da própria cidade. Foram eles, sob os auspícios divinos (ou a Graça de Deus, como dirão os medievais), que a fundaram e é deles que provém a génese e o poder  ser enquanto expressão do exercício da justiça, da autoridade, do significado e duma história. A cidade, como o cosmos, é um organismo vivo, cuja nobreza superlativa coincide com o seu nascimento. Assim, o genos (a estirpe) e a dynasteia (a potência) manifestam, enquanto história, enquanto caminho, trajecto e projecto comunitário, esse actualizar permanente do acontecimento fundador. O significado do divino e dos fundadores traduz esse continuado permanecer e perdurar duma raiz que sustenta, nutre e revigora. (Veremos adiante, num próximo capítulo, como o fito visceral da revolução é "erradicar" - isto é, arrancar pela raiz - as fundações da cidade. Passa-se assim da cidade fundada, terrena, para a cidade flutuante, voadora, aérea, da distopia).

Pois bem, se retirarmos o divino do sistema, teremos qualquer coisa como o esquecimento e apagamento da "arché", e a sua falsificação/substituição pela "techne´" - o artificial.  A lei deixa de estar precedida e submetida a uma regra perene e imutável.  Doravente, auto-funda-se, isto é, começa por estabelecer o seu próprio fundamento artificial (uma constituição, por exemplo), e é simultaneamente lei e regra, mudando e "evoluindo" ao sabor das as modas, volúpias e caprichos dos mandarins da cidade, ou civinautas. É um facto que deixa de haver possibilidade de conflito entre a regra e a lei, porque deixam de existir planos diferente de justiça. E não tendo o plano inferior de responder ou respeitar quesitos acima, antes e fora dele, pura e simplesmente, desregula e regula conforme lhe apetece.  Por um lado exorbita, por outro disparata. Deixa de haver autoridade legítima, mas apenas autoritarismo;  deixa de acontecer justiça, mas apenas uma forma mais ou menos grave  de injustiça.  A techné de que se servem o falsificadores, tiranetes e creontes de serviço à mixordeira legal tem agora o nome solene de "ciência do Direito".  O esquema redutor da polis que serve de abrigo a todas estas tranquibérnias e parlapatices responde pelo pomposo epiteto de "estado".  Que o seu último grito (grunhido ou guincho, vá-se lá saber) se autoproclame "estado de direito" diz tudo acerca da peça.  Significa que o estado se arroga fundamento, seguimento, estabelecimento e acabamento de si mesmo.  Ou seja, que o autoritarismo está a atingir o seu êxtase: o totalitarismo. E que a injustiça está a alcançar o seu extremo: os  fundilhos da aberração. 

Seria fácil, de tão ostensivo e evidente, apresentar exemplos práticos actuais de tudo isto, sobretudo entre as novas legislações woke, os mil e um decretos sanitarizantes e securitários, os climo-códigos apocalípticos,  previamente os desconstrutivismos ocidentais, a panóplia holocáustica, etc, etc.  Tudo isso vertido em letra de lei mosaica, numa verdadeira orquestração de sargeta global a que eu costumo taxar de "oxidente".  Mas o problema é que a coisa já vem com o balanço e a embalagem de séculos, não apenas contínuos, mas também numa espécie de cronofacção quântica, de aleação, flashback, e saltos.

O que transportou a este "estado de coisas" foi, em larga medida, aquilo que conduziu à Revolução Francesa. Esta funcionou como uma espécie de ventoinha para todo esse excremento pseudo-redentor do mundo, obra  industrial dum exército remeloso e mirmitónico de reformadores de vão de escada, visionários de piaçaba e proxenetas da virtude, todos eles, sem excepção, almocreves e amoladores da salvação de pechisbeque ao domicílio para autómatos acéfalos, porno-puritanos e danados militantes. A salvação do povo pelos representantes do povo.  As juntas e os tribunais de salvação nacional, pública, cívica. Auto-fundação e auto-digestão... Em suma, todo um pseudo-fundamento: um povo a quem se cortou previamente a cabeça e espoliou da alma. Um povo que, de ora em diante, já não tinha justiça alguma a quem recorrer, nem a do Rei, nem a de Deus. Nem neste mundo nem no Outro. Que se via, sem apelo nem recurso, remetido a caos, matéria, ruído, vazio, agonia, exaspero puro, de mera vítima ou cúmplice do Libertino-rex, do sado-sacerdote ou ministro de plantão presidencial ao açougue. Num certo sentido, é uma refundação ao Caos e é uma refundação ao puro e neo-verbo de... encher.  Mas, de facto, é como dizer que o fundamento doravante é a matéria. Que é o mesmo que proclamar que é tudo e coisa nenhuma, ou seja, é o que for. Ninguém se espante: os representantes do povo emergiram no mesmo instante, e do mesmo veneno dissolvente, em que o povo deixou de ser um povo e passou a ser uma massa amorfa em fermentação automática e destino efervescente.

Só que a destruição também segue um método, também cumpre uma lógica. Pode ser o avesso, geralmente é o contrário, a adversão tanto quanto a aversão, mas um par-odos, não obstante. O fio de Ariadne que permite escapar ao labirinto também pode servir para  voltar para dentro dele. Só que, desta vez, precisamente, para queimar e refundir o fio, apagando a memória e liquidando qualquer hipótese de regresso. É preciso voltar para reanimar a Besta. E adorá-la em banquete. Simpósio, como diziam os gregos.  

O Rei, como o Papa, não valia por aquilo que era enquanto mera e humana existência. Houve Reis bons e Reis maus, Papas bons e Papas péssimos, enquanto humanos que eram e foram. A sua essência todavia estava acima da sua mera existência física: antecedia-os e superava-os. Aquilo de que eram símbolo e representavam verdadeiramente estava antes deles e prosseguia depois e para lá deles. Corporizavam um vínculo a algo acima que os subordinava enquanto poder temporal e poder espiritual - a verdadeira separação de poderes, como vertido das próprias palavras de Cristo: "A Deus o que é de Deus, a César o que é de César". O trono e a coroa régios, a cadeira e as chaves papais transcendem a mera pessoa do rei ou do pontífice. São eles o príncipes, quer dizer, os primeiros e os principais de todos nós a cumprir em nome de todos nós um dever e uma obrigação, estes sim, soberanos. Porque, na realidade, há uma dupla representação no Papa, como no Rei: aquele representa Deus sobre toda a Igreja, tanto quanto a Igreja perante Deus; o Rei representa Deus sobre o reino e os súbditos perante Deus. Por muito mau que seja o representante, o representado e a representação não desaparecem nem diminuem. São eternos e superiores a tudo isso. Pretender o contrário equivale a imaginar que se faz desaparecer a mensagem porque se  mata ou menoscaba o mensageiro.

A ideia da morte de Deus é tão frívola quanto inútil. Se O matámos por via da Revolução não estávamos a ser nada originais: já O tínhamos morto antes, na cruz, rodeado da mesma saliva, alarvidade e peçonha. A preferência ululante por barrabazes e borra botas mentais também não foi nova. Poderemos até matá-Lo todos os dias, tanto quanto proclamar a nossa soberba napoleónica em cada novo mundo transformado em hospício. Não diminui nem altera nada daquilo que é eterno e soberano. Tem quase infinitas voltas, o labirinto; mas apenas uma entrada e saída. Não importa o quão afastado -ab-ratio - nos projectemos, o quão para longe fujamos para nos espojarmos na imundície. Podemos até apagar todos os símbolos e, no fundo, aquilo que verdadeiramente somos junto com eles. A Eternidade tem todo o tempo do mundo e a salvação, bem vistas as coisas, consiste simplesmente em não nos perdermos. Em não seguirmos o canto das sereias, as tentações do deserto ou os flautistas da revolução.

O que a ciência moderna, os enciclopedistas e todo o racionalismo exacerbado e antroponanista que, desde as entranhas da idade média até ao vulcão dos iluminados, porfiaram, com insídia metódica, foi o ataque à hierarquia cósmica, fundada na Terra e apontada ao Céu. Em nome duma terraplenagem tecno-eficiente, sustentada no dinheiro, apontada ao império do deus da morte e encetada por uma não-classe, de párias, réprobos e resgatados à sordícia medieval, agora metidos a vanguarda imarcescível da panturra demiúrgica, em perpétua feira e fétida romaria pelo enxurdeiro dos séculos. Plutocracia, ou o triunfo das pseudarquias.

Da ascensão desta não-classe, bem como da sua metamorfose em pantaclasse (ou classe única) -neonobreza (financeira), neoclero (científico) e neopovo (publicitário), é o que trataremos de seguida. 


PS: Não deixa, entretanto, de ser curioso que também a cultura dita judaica, já lá vão uns séculos, passou dum tempo de fundamentação divina (de acordo às regras básicas da Torah), para uma época, que dura até aos dias de hoje, de rabinização jurídica e pseudo-fundação legal (sob controle apertado e hermético dos técnicos e psicomassagistas do Talmude). Na Europa, a partir da Revolução, ocorre, se calhar não apenas por analogia, uma "rabinização" da justiça,  cedendo, as regras ancestrais, lugar a um talmudismo laico e balalaico, de que a declaração universal dos direitos do homenzinho constitui marco particularmente fariseu.


15 comentários:

passante disse...

Isto começou a descambar quando se passaram a escrever poemas, em vez de os memorizar.

Com a imprensa foi o descalabro total.

E com a alfabetização em massa soaram as trombetas do apocalipse.

Mais notícias às 11.

Anónimo disse...

Belíssimo, tomara eu ter pedalada para acompanhar...

Uma dúvida: a “regra” a que o Meu Caro se refere corresponde ao “nomos”?

Miguel D

dragão disse...

Viva. Miguel!

Boa pergunta.

O "Nomos" é mais da ordem da Lei (enquanto fundada).E nesse sentido também pode significar "regra" - lei regulada e reguladora.

A regra, no sentido mais íntimo e valioso que aqui trato, se reportarmos aos gregos, é mais aquilo que funda - arche - princípio, fundamento, poder, autoridade, cargo, reino. Mon-arquia, ainda hoje o profere. Ou an-arquia, que é, no fundo, o arregimentamento em que vivemos e os media documentam todos os dias. E é por vivermos em an-arquia que o estado é cada vez mais histriónico, ubíquo e intrusivo. É pirómano e bombeiro, simultaneamente.
Quando no anterior regime, que era verdadeiramente um regime (que tinha os seus defeitos e limitações, como qualquer regime excepto o reino angélico), se estabelecia Deus-Pátria-Família, estava a estabelecer-se umm palco de regras que remetia à fundação. D.Afonso Henriques era cristão antes de ser rei. E estavam a circunscrever-se estâncias orgânicas de poder e autoridade. o Pai Celeste, a Pátria e a pai de família. Hoje assistimos à paterfobia, o desmoronamento de todos esses axios de outrora. Em nome da mat-éria.

A regra emerge com a polis, é-lhe anterior e preside ao seu nascimento. Naturalmente. sem regra ou esquecendo-a, não há, verdadeiramente, política. Não podemos debater para onde vamos ou como vamos, se não sabemos (porque esquecemos, apagamos ou renegamos) aquilo que somos. Não tendo a mínima capacidade de deliberação nem sequer dispomos da possibilidade de escolha. Aristóteles explica.

Uma última nota, com interesse para o Muja, se ele andar por aí: a mesma palavra que entre os gregos referia "lei fundada", ou regra, também dizia "moeda": nomisma.

Samaritano da Silva disse...

Caro Dragão, permita-me a pergunta: O que sugere, que voltemos à Idade Média?

dragão disse...

Caro Samaritano,

não necessariamente. Mas mesmo que o sugerisse estava a ser menos radical que os actuais pastores do oxidente que, tudo indica, projectam que retornemos à Idade da Pedra.

Repare, o que é que nos distingue da Idade Média, assim de imediato? Os meios.
Temos imensamente mais meios do que eles. Todavia, eles tinham uma vantagem sobre nós: tinham princípios e fins. Bem definidos. Ora, nós temos meios que são, numa espécie de vertigem mecânica, princípios de outros meios e os nossos fins, pelos vistos, é termos cada vez mais meios. Mas todos os meios nunca chegam, são sempre insuficientes e, pior, obsolescem rapidamente. Aliás, cada vez mais depressa: não tarda, compramos e deitamos ao lixo.

Pois bem, e nem sequer o sugiro, é uma necessidade para efeito da própria sobrevivência da espécie: é fundamental qued recupermeos os princípios e os fins. Isso em nada atenta contra os meios, muitos deles são até benéficos se bem orientados. E á aí que entram os princípios e os fins: na adequada orientação dos meios. Estes existem ou para servir o Homem (e Deus), ou para se servirem dele.

Fui claro?

passante disse...

> sobrevivência da espécie

Eww, que nojo.

Vamos deixar "o planeta" aos bichinhos fofinhos, como diz no primeiro livro da CNN.

Mas só depois de ajustar o termóstato a uma temperatura que eles gostem.

(Eu às vezes suspeito de alguma marosca, mas decerto não nos iam enganar em coisas tão importantes.)

marina disse...

não sei se conhece o livro que anda a fazer furor em frança

"Dieu, la science, les preuves" de Olivier Bonnassies e Michel-Yves Bolloré

a tese é que as mais recentes teorias cientificas apontam claramente para um Criador.

dragão disse...

Estimada Marina,

vou-lhe transmitir a minha posição pessoal, muito sincera, (nem sequer filosófica) sobre esse assunto.

O valor que essas revelações pró-Deus têm, para mim, é exactamente igual ao que as anti-Deus manifestam. Explicando melhor, há duas espécies de ateus: os que não acreditam porque se acham altamente sofisticados e evoluídos (quer dizer, racionais xpto), e os que para acreditar precisam da muleta da razão. Vai dar ao mesmo. O caminho para Deus não é pela razão: é pela Fé. Não se chega a Deus pela razão, portanto não se chega pela ciência. Estar a falar de Deus com cientistas básicos e simples é o mesmo que estar a falar da cor do céu com cegos. O que a ciência tenha a dizer sobre o assunto não vale grande coisa. O assunto nem sequer é da teologia (outro caminho directo para o ateísmo), se tanto, é da metafísica. Mas a metafísica que entente que o "Objecto" Supremo não é da razão, mas do intelecto activo, ou inteligência. Até porque Deus nem sequer é objectivável, transcende todas as nossas categorias do entendimento.

De resto, é simples: Deus deu-se ao trabalho de falar connosco. Ou confiamos Nele ou não. Cumpre-nos ser e obrar em conformidade. Mais acção, menos paleio!...

Em resumo, eu já não leio livros: só releio. E geralmente, por amor à sabedoria, com mais de mil anos. :O)))

PS: Sempre a venerá-la, porque, no fundo, nada predestinado à salvação como sustenta o Agostinho, não passo dum humilde pecador e idólatra!...


Samaritano da Silva disse...

«Fui claro?»

Transparente.

Vivendi disse...

O post foi bom!

Mas ter aqui o Dragão nos comentários a flamejar, é sabedoria pura!



Anónimo disse...

Posso não concordar com nada... mas a sua lógica é feroz!

Anónimo disse...

“O caminho para Deus não é pela razão: é pela Fé”
“Ou confiamos Nele ou não. Cumpre-nos ser e obrar em conformidade”
Simples e objectivo, sem espinhas. Espíritos grandes ou desempoeirados compreendem-no/sabem-no perfeitamente.

muja disse...

Ora, cá está.

O princípio, o fundamento. O que faz com que as coisas sejam como são e não como eles julgam que queriam que fossem.

Eu já tinha chegado a "ordem", que não anda longe de regra, tentando identificar o que os desvaira. Mas é isto, obviamente.

Aliás, seguramente, não foi ao judaísmo que os cristãos foram buscar a ideia de "Deus Pai"

Pois não. Nem é por acaso que todos estes desgraçados de antroponanistas abominem tudo e mais alguma coisa que lhes cheire a pai ou paternidade...

apontada ao império do deus da morte e encetada por uma não-classe, de párias, réprobos e resgatados

E agora fizeram uma legião de órfãos e filhos de mães solteiras, passe a redundância. E ainda a procissão vai no adro dos infernos. Basta, para ver o que isso dá, olhar para os pretos lá da americórnia que já são quase todos.

E há por aí não pouca rapaziada dita identitária que acha que a estirpe vem pelo ADN. O mesmo que os gajos agrafaram nisto e naquilo dum macaco para fazer as milagrosas boi-cinas... Porque as mães solteiras tugas com ADN zé do pipo vão dar muito melhor resultado, ó se vão...

Estamos feitos ao hã-burguér de soja...





zazie disse...

Ora bem, nem hora, sempre foram os taludes, montes deles e rivais. Editados cá antes da própria Bíblia.

Anónimo disse...

Só para dizer que voltei ao arquivo para reler esta posta e parece-me ainda melhor do que à primeira leitura.
Bravo!

Miguel D