quinta-feira, agosto 25, 2022

O Mundo somos Nós (e decidimos experimentar o suicídio)




 “O que estamos a viver atualmente é uma espécie de grande ponto de inflexão ou uma grande reviravolta. Estamos a viver o fim do que poderia ter parecido uma era de abundância. O fim da abundância de produtos de tecnologias que pareciam sempre disponíveis, o fim da abundância de terra e materiais, incluindo água”, disse o líder francês, segundo o “The Guardian”.

Para Macron, a França, a Europa e o mundo talvez tenham sido muito “despreocupados” com as ameaças à democracia e aos direitos humanos e a “ascensão de regimes iliberais e fortalecimento de regimes autoritários”.


É o fim do paraíso ao virar do mercado, a cornucópia prometida que o amanhã, em fátua promissória, chilreava. Tudo por causa das "ameaças à democracia e aos direitos humanos" e à vaga gigante de - diz ele - "regimes iliberais" e "regimes autoritários". E de quem é a culpa? Nossa, claro está. Além de, mais uma vez, acenarmos de longe à "abundância", vamos ter que pagar, com juros e alcavalas, as suas férias prolongadas (da tal abundância, não confundam) em parte incerta. Compete penitenciarmo-nos para expiação dessa nossa culpa, imensa culpa, única e exclusiva culpa. Os nosso queridos e abençoados governos vão, mais uma vez, flagelar-nos, fustigar-nos e mortificar-nos, em dose dupla ou tripla, sem paliativos, em primeiro lugar, por pedagogia - para nos ensinarem e amestrarem no devido repúdio aos "iliberais e autoritários" que infestam sabe-se lá onde; e depois por amor, acrisolada paixão... sim, pela "democracia e os direitos humanos". Para começar, em todo este prodigioso empreendimento, os nosso extremosos líderes, extremamente sensíveis e amoráveis de todas estas abstrações do paleio, estão a tornar-se cada vez mais iliberais e autoritários concretos (isto, no caso transitório, em que ainda não foram substituídos por outros menos delicados). Instauraram a censura nos mass-media, apelaram à caça às bruxas, ostracizaram, sancionaram e perseguiram toda e qualquer  veleidade de liberdade de imprensa (a pouca que teima em resistir), entregaram-se à desinformação e intoxicação concertada, mandaram às malvas a separação de poderes, despacharam para as urtigas toda a balela sagrada dos mercados, etc. Porque, subitamente, e a toque de caixa, tudo obedece doravante não a uma lógica, mas a um capricho, uma birra. Pior, uma espécie de frenesim epiléptico. E mesmo o método científico já não vigora: foi cancelado. Experimenta-se uma treta - chamemos-lhe sanção -, não resulta, não funciona, atinge mais o atirador do que o alvo. Dedução: vamos insistir, vamos repetir até à exaustão, até ao desvario total. No delírio "comunicacional", somos um tsunami sancionador que só visto; na realidade, auto-sancionamo-nos. Ou seja, impotentes de alcançar o objecto odiado, espancamo-nos a nós próprios até à inconsciência. Mutilamo-nos e esfolamo-nos todos por uma ribanceira abaixo. Está a doer? É porque ainda não rebolámos o suficiente.   Não é ciência porque nem sequer é racional, apenas transtorno psíquico. Maluquice. Não funciona, mas isso não interessa: inventamos que sim, decretamos que sim, repetimos sem descanso que sim, que funciona às mil maravilhas, e ai de quem se atreva a duvidar! Melhor ainda: é uma vacina contra o iliberalismo e a autoritarice, essas pandemias ultra!... Pelas leis do mercado e do capitalismo, a competitividade, a  concorrência e, consequentemente, o lucro e a moral (passe a redundância) são determinados pelos custos de produção; e o preço da mercadoria, tanto ou mais do que do trabalho, decorre do preço da matéria prima e da energia (na produção e distribuição). Mas nós, doravante, descobrimos a roda e a pólvora: afinal, um fornecedor que nos abastece a metade do preço cria-nos uma perigosa dependência; outro que nos trafica e impinge ao dobro e de pior qualidade, desintoxica-nos, liberta-nos, é nosso amiguinho e só quer o nosso bem. E temos que nos zangar muito com o primeiro, a pretexto de qualquer trica que nem sequer nos diz grande respeito, por devoção aos interesses do segundo. Por outras palavras: a auto-destruição económica redime-nos; a vassalagem política, digna dum réptil,  engradece-nos e infla-nos de geopotência. Não há lógica nisto, nem uma superior moral (porque moral é coisa que nunca foi para aqui chamada): apenas estupidez, arrogância toina, incompetência grosseira e reiterada, estratégia rastejante. E nem sequer ousemos taxar de alta traição toda esta incúria dos interesses dos representados, porque, destes "representantes", nada de elevado germina, e mesmo a traição reflecte apenas a baixeza e a venalidade crónica, e inesgotável, da espécie. Contas não prestam, nem, pelos vistos, sabem fazer: apenas prestam vassalagem aos seus bandulhos de carreira e aos seus tutores sociais e proxenetas políticos.

E depois, analisemos bem: temos que fazer guerra, desinsofrida e assanhada, aos russos porquê? Porque eles espancam a nossa marionete? Fomos esfregar o zé roberto no focinho do urso. Esperávamos o quê? Um arrolhar de pomba? Saiu patada da grossa, está a esfarrapá-lo todo?... E ainda por cima ao ralenti, só para nos prejudicar ainda mais?... Pois, de facto. Olhem, é a vida. Temos pena. Mas antes a marionete que nós. Experimentámos, não resultou. Metemos a viola ao saco e esperamos por melhores dias, outras oportunidades. Se com esta marionete já está mais que visto que não vamos lá, salva-se o que se pode e adia-se o sarrabulho. Vai-se montar a feira em local e momento mais oportunos. É assim. Sempre foi assim. Ou será que nos tornámos marionetes da marionete? E ambas manipulada por um pseudo-bonequeiro  que, por seu turno, é marionete sabe-se lá de quem? Do diabo, seguramente. Que se fodam as marionetes, não é? E, tudo bem pesado, será que merecem mais que isso? 

Ah, mas esta não é uma marionete qualquer, é uma marionete santa, pulcra, isenta vitalícia de mal e pecado, e funciona com um mecanismo de dupla geofunção: é simultaneamente vodu e tabu!... - Obstar-me-ão.  

Bem, extraordinária, abracadabrante, coisa nunca vista, terei mesmo que reconhecer, eu próprio, que é. Nacionalista peregrina, xenófoba histérica, racista delirante, até nazi peçonhenta na medula, exterminadora da oposição, misturadora de poderes em larga escala, censora, terrorista, genocida, enfim tudo aquilo que é abominado e banido entre nós, só que ao quadrado... mas essa, presumo, deve ser a parte "tabu". O que significa que o Combinado Oeste (li isto algures e acho-lhe um piadão) se tomou de enlevo narcísico pela sua própria negação ao espelho (a imagem do espelho, aliás, é, em si, uma inversão óptica do objecto)? Atracção mórbida pelo abismo, neste caso, pelo fundo do esgoto sem fundo? Ao mesmo tempo que se agita, chocalhando os "nossos valores", a marioneta nega-os, descarada e desenfreadamente, na prática. Será uma espécie de catarse colectiva? A marionete carrega todos os nossos demónios e transporta-os para o deserto como o bode expiatório em tributo a Azazel. Purifica-nos, assim, a todos. Sentimo-nos limpos, sentimo-nos seguros, graças ao zé roberto? E eis que se abre, em mola, a portinhola da função "vodu": acreditamos, supersticiosamente, fetichisticamente, infantilmente, que a marionete funciona como o anti-Putin, ou seja, à medida que fica crivada, zurzida, esfarrapada é o Putin que alvejamos, que conduzimos a um estertor fatal e inexorável?  Estamos a matar a Rússia, por vodu, no boneco da Ucrânia? É isso? Tem que haver uma explicação, que diabo. E se é essa, tudo indica que sim, pronto: longe de mim menoscabar. Entre isso e tomar neurolépticos... De resto, já a Dona Amália nos alertava para "estranhas formas de vida". E se tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado, quem sou eu para contrariar.

Ah, mas os russos matam civis!... E os israelitas matam o quê - insectos?...


PS: Preparemo-nos, pois.  Há indícios duma espécie de tempestade perfeita no ar. É o fim duma era, diz, pomposamente, o Macromicróbio. Esperemos apenas que ele, e os da sua igualha,  desapareçam com ela, pelo mesmo ralo fétido da História. Debaixo da calçada, agora, ainda é a praia?... É pois. Do Sri Lanka e tudo.

8 comentários:

Unknown disse...

Sempre estranhei o curiosíssimo "alheamento" da mass-merdia internacional face a esta parelha repulsiva - tanto no particular como no político.
É comparar com o tratamento dado a Trump, Bolsonaro, Berlusconi, Orban, etc.

Carlos Conde disse...

Excelente texto, Dragão.


Como combater as insónias provocadas pela guerra:

https://www.youtube.com/watch?v=FEoobEVZfRY

Vivendi disse...

manuel Macron alerta os franceses sobre ″o fim da abundância″

Acabou-se o tempo dos champanhes e foie gras.
Estes gajos gozam com isto. Acabou mas não foi para ele...


A revolução liberal francesa essa deve terminar da mesma forma que começou.
Na GUILHOTINA.

Vivendi disse...

CV do panasca liberal...

Banqueiro. Em 2010, Macron tornou-se sócio do Rothschild & Cie Banque na França. Sua primeira responsabilidade no Rothschild & Cie Banque foi auxiliar na aquisição da Cofidis pelo Crédit Mutuel Nord Europe. O período de Macron como banqueiro foi curto, porém intenso.

Anónimo disse...

" Estamos a matar a Rússia, por vodu, no boneco da Ucrânia ."

Touché

Figueiredo disse...

Por favor, não publique esse tipo de imagem como a que está presente na publicação, porque isso faz reavivar uma situação bicuda:

- The Trogneux mystery

https://freewestmedia.com/2022/02/10/the-trogneux-mystery/

Entretanto o Escritório de Auditoria da Hungria, produziu um importante relatório sobre o esquema da chamada «educação rosa» que se tem generalizado nas escolas, e a super-representação de mulheres no Ensino Superior:

- Hungary officials warn education is becoming ’too feminine’

https://www.theguardian.com/world/2022/aug/26/hungary-officials-warn-education-is-becoming-too-feminine

É espantoso que este relatório Húngaro sobre o ensino, aplica-se claramente à realidade Portuguesa, onde o facilitismo e a mediocridade dos programas lectivos é por demais evidente e intencional.

Experimentem entrar numa sala de aula nas universidades Portuguesas, e verão que a maioria dos alunos são mulheres, ao contrário dos homens que são muito poucos.


marina disse...

o coiso macron deveria contratar o inspector clouseau para descobrir quem escondeu a abundância , porque ela não acabou , a Natureza é abundante , ela foi raptada. e sugiro o inspector clouseau porque é um mistério muito fácil de resolver.

Ricciardi disse...

O especialista da selva e do mato ainda acredita no pai Natal. Como quem diz: acredita piamente que as sanções não incomodam a Rússia. Vai na conversa fiada do Kremlin que tem jeito para a propaganda e depois passa a acreditar do pai Natal, nas fadas e nos duendes.

Ouça bem o que lhe digo. I shall say it once.

O petróleo e o gás que as arábias, os gringos e demais produtores deixam de vender para os novos clientes da Rússia (China e Índia) terão de encontrar outro destino.

Se as arábias deixam de exportar para a China e Índia passam a exportar para outros lados (Europa, por exemplo).

O especialista mira o curto prazo e não alcança a substância das coisas. Parece que tem orgasmos autoinfligidos (punhetas mentais) sucessivos com cada frase que vai escrevendo e perde a clarividência.

Mire para lá do agora, oh especialista da selva e do mato. Pois agora os russos fecharam a torneira do gás. O pessoal fica sem gás...até arranjar alternativas. E os preços upa upa... sobem até começarem a descer.

Pois é exctamennte isso que se pretende. Arredar a russia do fornecimento de gás. Eles lá e nos cá.

Eles que vendam aos desbarato para quem quiserem e que sejam muito felizes. Mas lá. E nós cá.

Filhos da puta que invadem países e fazem o possível e o impossível por atacar alvos civis não podem coabitar nos negócios com gente de bem. Eles lá, nós cá.

É neste pequeno pormenor que se distingue um filho da puta verdadeiro. O filho da puta verdadeiro mata a eito, militares e civis e não tem valores morais. A vida dalguem para o filho da puta vale zero. Para que poupar vidas de civis se mantando se alcança o objectivo mais rápido?

Se Israel fosse a proceder desse modo filho da puta já não existiam palestianos. Mas não, quando estão quase a carregar no gatilho para explodir meia dúzia de terroristas e se aparecerem uns civis de surpresa, esperam que eles passem.

Heil.

Rb