quinta-feira, fevereiro 19, 2015

A Indignidade é que paga as contas


«Políticos e dirigentes superiores ganham mais do que há três anos»

Por isso é que é preciso que o dinheiro venha, custe o que custar. E se o país é um preguiçoso compulsivo que não consegue cobrir as despesas, então que pague os empréstimos, juros e comissões beneméritas dos abastecedores financeiros. Pague e não bufe. Como lhe compete. O importante é que a nomenklatura instalada (em regime de alterne) não perca poder de compra. Pois não têm eles a missão áspera e desagradável de corporizar, destilar e pastorear toda a nossa vil e apagada indignidade crónica?...

Por isso, não venha agora  o Junker  com o "mea culpa" descabelado de que a "troika pecou contra a dignidade dos cidadãos de Portugal e Grécia"!... Alto aí e pára o baile! Digni quê?! Faz favor de não nos misturar com esses pelintras ociosos dos helénicos tardios. Dignidade não enche barriga e menos ainda a pança avantajada dos nossos guias e respectivas papadas braquiais. Aiás, dignidade não temos, não queremos ter e temos raiva de quem tenha ou algumas vez teve (como alguns desses pacóvios  dos nossos antepassados, a história os varra e o passado os descarregue num qualquer aterro sanitário da memória). Hoje em dia a indignidade -e quanto mais indigna e infame, melhor! - é que dá lucro ou garante carreiras e ascensões aparatosas. A dignidade é prós otários, prós totós. Armar ao digno é bom para candidatos a mortos-de-fome. À Troika só temos que agradecer mais esta bela oportunidade de sermos indignos. E, se deus- Mercado  quiser, em menos de um ano, a pretexto de novo despejo nas urnas, lavraremos mais um belo e rejuvenescido capítulo desta nossa saga da indignidade. É certo e sabido. Nunca falha. Podem até protestar e jactar na véspera os mais sublimes projectos, as mais nobres e beneméritas justiças, enfim, os mais dignos propósitos, mas no dia seguinte o importante e garantido é que prevaleça a indignidade do costume - com todo o sinistro, mas rentoso e suculento, cortejo de baixezas associadas - a traição, a mentira, a sabujice, a corrupção, o nepotismo, a cleptarquia, o desgoverno, a incompetência, o clientelismo, o amiguismo, o contactismo, etc, etc. Enfim, em boa verdade, toda essa panóblia em que, embora parecendo pobres, somos ricos. Uns mecenas!...Uns plutopatões das dúzias!... 
Pecar contra nós, Ó Junker? Tem mas é juízo. Somos alguns humildes, alguns borrabotas, alguns desgraçadinhos? Era bom, era. Tomaras tu ser um dos nossos gestores políticos (públicos ou privados, tanto faz; nem o diabo que os aperfilha, consegue distingui-los)!...

5 comentários:

Anónimo disse...

Porque será que esquerda em Latim e em Italiano é "sinistra"?
Porquê?

dragão disse...

Esquerda e direita agora é igual ao litro. Uma é sinistra, a outra é funesta. E o pagode anda nisso todo entretido. No fundo, bem no fundo, é como a galinha do Céline: gosta é de debicar na bosta.

Vivendi disse...

« E, no entanto, pelas suas ruins finanças e irregular administração o País foi julgado nos pretórios da Europa, umas vezes com alguma justiça, outras sem ela.

Pelas suas faltas de devedor e urgências de dinheiro teve de aceitar contratos leoninos e acordos cujas cláusulas se afastavam do teor normal entre pessoas ou Estados solventes.

Com a expectativa de novos pedidos de empréstimo se pretextaram conluios internacionais, em que se viu contarem pouco os direitos, a integridade, a soberania de uma Nação, suposta independente, segura e garantida. Tudo isso é História; »

Oliveira Salazar, Discursos. Volume Primeiro, 1928 - 1934, 5.ª ed., Coimbra, 1961, p. XIV.

Ricciardi disse...

Clap clap clap

Ricciardi disse...

Mas olhe q em linguagem dos marinheiros bombordo fica à esquerda.
.
Rb