O escaravelho-das-bolas, aliás besouro esterqueiro ou escaravelho-sagrado, eruditamente catalogado como geotrupes stercorarius, é, ao que parece, um insecto coleóptero grande, 10 a 25 mm de comprimento, com cor negra ou quase negra, e o corpo revestido por quitina espessa e coriácea. Também sei, se não me falha a memória, que as patas anteriores possuem espinhos que lhe permitem escavar as tocas, geralmente situadas debaixo do esterco. Dedicam, estes valentes animaizinhos, a globalidade da existência a construírem bolas de excremento, que empurram com ávara e gulosa devoção, pois não apenas se servem delas para alimento, como também, pasme-se, para reprodução. Com efeito, inebriados em só a Natureza sabe que fantasias, utilizam-nas, sucessivamente, como matriz e berçário, quer dizer, depositam nelas os ovos e incubam nelas a prole.
A um escaravelho-das-bolas, também conhecido no Brasil por Rola-Bosta, não se explicam coisas, muito menos fenómenos ou sequer fábulas (pequenas histórias de intuito moralizador): A quitina espessa e coriácea não o permitiria. Contempla-se apenas, o cornúpeto hexápode, em todo o seu esplendor coleccionante. Admira-se no seu afã agenciador, na sua saga estivadora, na sua carreira bizarra. Surpreende-se em toda a sua pujança micro-hercúlea. Não podemos mesmo deixar de louvar o seu carácter laborioso, industrial. A esfericidade, não obstante fétida, da sua obsessão. São, de resto, tantos e tão espantosos os nanoprodígios, que chega a correr-se o risco de parecer insignificante uma elementar divergência de opinião, ou mais exactamente: de perspectiva. Precisamente aquela que vai do homem ao insecto e que se traduz neste irrisório detalhe: é que enquanto para nós aquilo que ele, nanopaquiderme, rola à frente da nanotromba com frenesim de buldózer, não passa dum minúsculo berlinde de bosta, para ele, tudo o indica, quiçá por um complexo sistema de compensações, congrega e esgota a substância (e a ficção) de todo o seu mundo.
Foi isto que me ocorreu escrever, depois de ler esta pérola aromática.
O que eu, já agora, recomendava ao autor é que, ao menos, abrisse três covinhas no chão da tese e convidasse uns amiguinhos, também dispépticos e coriáceos, para a jogatana no quintal. Na sua ideia de Portugal não cabe decerto um império, mas, que diabo, sempre dá para jogar ao bilas, ou nem isso?...
O que eu, já agora, recomendava ao autor é que, ao menos, abrisse três covinhas no chão da tese e convidasse uns amiguinhos, também dispépticos e coriáceos, para a jogatana no quintal. Na sua ideia de Portugal não cabe decerto um império, mas, que diabo, sempre dá para jogar ao bilas, ou nem isso?...
8 comentários:
É verdade, pá (o do pérola) a culpa é do Salazar. È culpado por tanta ignorância e mesquinhes!
Só uma informação(zinha), ó pá – O ataque aos territórios portugueses da Índia não foram mais do que um acto cobarde (desculpável pelos seus iguais) do Néru-zito que precisava de uma vitória militar fácil pois não teve tomates de replicar convenientemente os ataques chineses a norte do território indiano.
A chacina cobarde (desculpável…) perpetrada pela UPA no Norte de Angola não merecia nenhuma reacção! Devíamos ter feito como o Neru e contra-atacado onde nos desse mais jeito (nas berlengas por ex.)!
Estes cabrões não se enxergam.
Mas desculpa a minha ignorância, tá-bem pá (o da pérola).
P.S. – o da pérola não deixou escrever lá no antro dele!!!
Legionário
Quintessência dragoscópica.
Eu sei que preferias que viesse para aqui zurzir no estilo; chicotear a verve; vilipendiar a substância do escrito.
Mas desta vez, ri-me. Ri-me a valer com o presunto coriáceo e logo que abri o blog e li o título, lembrei-me do escaravelho de Poe.
Nem sei porquê, mas foi isso que me ocorreu. Talvez por causa do desenho. E quando me lembro de Poe, fico mais descansado.
Wow, I was just messing around and found your page!
Very nice.
If you are interested, go see my Aftershave related site.
It isnt anything fancy but you might still find something of interest.
eh eh eh Genial, Dragão! Faço minhas as palavras do Jose´. Também gosto muito do Escaravelho Dourado, do Poe - o qual, à sua maneira, também andou no seu tempo com as mãos enfiadas na merda.
Um abraço!
Não te amofines dragão cobardola (que escondes a cara para estalo atrás de um nick-name), sem a PIDE (que te guradava o Império) vais ter de viver com opiniões diferentes. João Tunes
Eu, de facto, não tenho cara para "estalos", porque estalo é coisa de betinho, de coninhas. Se ainda ameaçasse com um murro de homem, combinávamos já uma entrevista. Também não tenho a PIDE, pelo que tenho que viver,e vivo até muito bem, com opiniões diferentes da minha.
Em contrapartida, o camarada Tunes, tem cara (de cu, pela amostra presente) mas decididamente não tem pingo de vergonha nela; não tem a PIDE, mas personifica-a na perfeição, já que não admite, sob pena de estalos, quem discorde dos axiomas que emite sob a capa modesta de opinião.
Você faz como os cãezinhos de Pavlov, reage por reflexo condicionado? Não raciocina antes?
É digno de comiseração. Mas não abuse.
Também há prémios nóóóbeis para teses?
...admira-te!
O gajo vai no bom caminho e como dá a cara...de cú!
Legionário
bólinhas!
Enviar um comentário