quarta-feira, outubro 19, 2005

Aurea mediocritas

«São pouco viris, e por isso as suas mulheres se virilizam. Pois só aquele que é suficientemente viril pode libertar a feminilidade na mulher.
E eis a pior hipocrisia que jamais encontrei entre eles: mesmo aqueles que comandam simulam as virtudes dos que obedecem. (...)
A virtude, para eles, é o que torna modesto e dócil: assim, fazem do lobo um cão, e do homem o melhor animal doméstico do homem.
"Instalámo-nos no justo meio termo" - eis o que me diz o seu esgar de satisfação - "a igual distância entre o gladiador moribundo e o porco refocilando no seu prazer".
Mas isto é mediocridade, mesmo quando se lhe chama justo meio termo.»

- Nietzsche, "Assim Falava Zaratustra"

14 comentários:

MP disse...

O Nietzsche é o 'maior' :)

FCS disse...

No entanto, não há identidade nenhuma entre "justo meio termo" e "mediocridade". A ideia do justo meio termo está antes intimamente ligada com o simbolismo do centro, do equilíbrio e da justiça. A "mediocridade", na mesma ordem de ideias, está antes colocada sobre a circunferência, ou seja, o ponto mais afectado pelas contingências e pelo devir.

timshel disse...

sou juiz em causa própria e portanto suspeito

mas tenho uma enorme simpatia pela mediocridade

dragão disse...

Caro FCS, a "justa medida" aristotélica da virtude (enquanto nem defeito, nem excesso) não tem correspondente na "meio termo" latino, nem no que daí decorreu.
Julgo que o Nietzsche se refer ao segundo, sobretudo às sequelas do seu tempo que, infelizmente, é também o nosso.
Com muita pena minha, não é a ética de Aristóteles a que se pratica neste nosso tempo. Vá falar em aristocracia (mesmo do espírito) aí à turba e vai ver a algazarra em que se mete.

dragão disse...

Então, ó Timshel, vives no melhor dos mundos. Portanto, não sejas hipócrita: em vez de críticas, canta hinos.

zazie disse...

porque é que o Tim não desenvolve a ideia. Ele lá deve saber do que está a falar...

acho que já andamos à volta destas coisas há uns tempos atrás.

Não lhe chamaria mediocridade mas o heroísmo nela. O herói das pequenas coisas vulgares, que se limita a carregar o fardo.

Era isto, Tim?

timshel disse...

eheh, a santificação do quotidiano

acertaste em cheio zazie

zazie disse...

é pá quando precisares de representante para o quotidiano diz. Já fiz o trabalho para a outra cena do matrimónio ":O))))

zazie disse...

ahahaha não deixa de ser uma tarefa de porta-voz de uma certa banalidade mas enfim....

":O)))))

dragão disse...

Eu ao cu-otidiano não acho grande interesse. Aí, estou com o Caguinchas: Prefiro mesmo o cu da Jennifer Lopez.

zazie disse...
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zazie disse...
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zazie disse...

Ehehehe
eu também sou capaz de não lhe encontrar interesse e foi por isso que uma vez debati o assunto com o Tim

Defendia a ideia do bigger than life.
Mas já me arrumaram com o heroísmo do homem vulgar que tem a tal existência banal porque tem de cuidar de uma família, de ir á labuta, de se anular nessa pequena missão terrena de pequena responsabilidade. E que ainda sim pode sonhar-se herói de mil e uma coisas e aguentar o fardo alegremente.

No meio disto ia jurar que a mediocridade passa ao lado.

A mediocridade anda sempre aos pulinhos, anda sempre à boleia, bajula muito para conseguir umas migalhas. Olha, incha ":O))

Ao pé disso a santificação do quotidiano tira-lhe a máscara da soberba.

Roberto Iza Valdés disse...
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