segunda-feira, dezembro 31, 2007
Telenovela paquistanesa
Feliz Aniversário!
De Mestre Bu.
Para a Inês, que faz hoje anos.
Convém que não descures a educação musical, cara discípula. Afasta-te da Pop, ainda mais daquela que sempre se mascarou de rock.
Estes não são os King Crimson, faltam lá o monstro Fripp e o sub-monstro Bruford, pelo menos, mas é o Wetton, baixista e vocalista dos Crimson; e esta foi a única versão completa que se pôde arranjar duma música que foi feita para a Eternidade e não apenas para a feira: Starless and Bible Black.
Que faças muitos, além dos 25 que agora completas e que eu esteja cá para te abençoar e proteger de maus olhados.
Starless
Sundown dazzling day
Gold through my eyes
But my eyes turned within
Only see
Starless and Bible black
Ice blue silver sky
Fades into grey
To a grey hope that oh years to be
Starless and Bible black
Old friend charity
Cruel twisted smile
And the smile signals emptiness
For me
Starless and Bible black.
domingo, dezembro 30, 2007
sábado, dezembro 29, 2007
A ASAE-DGS
sexta-feira, dezembro 28, 2007
Entrevista a Benazir Bhutto, em 02 Nov 07
Ao minuto 6.12, surge a misteriosa declaração:
«Omar Sheikh the man who murdered Osama Bin Laden»...
Arqueologia Musical - I. Soft Machine
Há quem diga que influenciaram os Floyd, há quem diga o inverso.
Seja como for, músicos levados da breca!
quarta-feira, dezembro 26, 2007
O TOP MAIS 2007
São eles:
1. Senadora Hillary Rodham Clinton
2. Deputado John Conyers
3. Senador Larry Craig
4. Senadora Diane Feinstein
5. Ex-Mayor de Nova Iorque Rudy Giuliani
6. Governador Mike Huckabee
7. Lewis “Scooter” Libby
8. Senador Barack Obama
9. Deputada e presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi
10. Senador Harry Reid
terça-feira, dezembro 25, 2007
Eu não acredito em Deus
Ora, Deus não é objecto de conhecimento, nem, tão pouco, de crença. Quer isto dizer, logo à partida, que não pode haver uma “ciência de Deus”, nem um “feiticismo de Deus”. Isto, apesar de ser isso o que por aí, e desde tempos imemoriais, sobremaneira abunda e efervesce. Um ídolo, mais ou menos perverso, que oscila entre o totemismo da Razão e o totemismo da Tribo. E, pior que tudo isso, um fetichismo a querer fazer-se passar por ciência, e uma ciência a querer tornar-se fetichismo.
Todavia, Deus não se acredita, nem se calcula: celebra-se. Respira-se. Vive-se. Muito mais que convicção, é acção. Não me imagino a calcular, contabilizar e catalogar as batidas do meu coração. Nem me imagino a proclamar a cada minuto que tenho fé, que rezo, que rogo ao Além para que ele não páre no minuto seguinte.
Suspeito que a questão fundamental não é se “eu acredito em Deus”. Acreditar é “dar crédito” – quem sou eu, um ser efémero que vive por empréstimo, para conceder crédito a Algo que me transcende? Haverá maior acto luciferino que proclamar “eu dou crédito a Deus”? Significa fazer de Deus um devedor meu: Alguém que tem dívidas e deveres para comigo. Não raramente, obrigações. Pervertidamente, é inverter e perverter a Ordem Cósmica: fazer da criatura, credor. Fazer do facto, fazedor. É transformar a própria Vida – e toda a metafísica que nela habita – numa mera relação contratual. Num agiotismo espertalhão. Num Fundo obrigacionista. Em que mercearia forjaram um "deus" destes?
Desenganemo-nos: a questão fundamental não é se eu acredito em Deus, mas, isso sim, se Deus ainda acredita em mim. Se eu, reles e mísero humano, cada vez mais longe do meu coração, cada vez mais afastado e disperso da minha própria raiz e da minha Palavra, ainda sou digno de crédito. Se ando perdido na confusão à procura do caminho para casa; ou se, viciado e embrutecido no caos, me tornei habitante dele. Se ainda procuro alguma verdade, ou se, pura e simplesmente, me tornei toxicodependente da mentira. Só uma cegueira veemente, uma estupidez grosseira pode transportar-nos a essa ideia peregrina de que me compete acreditar em Deus, como se ele precisasse do meu crédito para alguma coisa. Obrigar alguém a uma crença é negar Deus, é proclamar o seu contrário. Um Deus obrigatório é um Deus obrigado, convertido, sujeito dum contrato, em suma, proto-estado providência e, simultaneamente, super-agência de interesses. Porque, disso pelo menos não me resta qualquer dúvida, a crença em Deus deu origem à crença na liberdade, ou à crença na democracia, ou na salvação do mundo por obra e graça duma qualquer crença.
Não espanta – e constitui evidência ubíqua ao longo da nossa vida: quem mais perdido anda, é quem mais enche a boca de salvação; quem mais escravo age, é quem mais atafulha a boca de liberdade; quem mais totalitário e intolerante arfa, é quem mais atesta a bocarra de democracia; quem mais idolatra o próprio umbigo (pessoal e clubista), é quem mais proclama o seu amor assolapado ao outro, à humanidade. Confundem fé em Deus com bajulação a Deus. E celebração com suborno.
segunda-feira, dezembro 24, 2007
FELIZ NATAL A TODOS, Ó EXCELENTÍSSIMOS!...
Ao escol da humanidade que constituem os leitores, comentadores e críticos deste meu humilde ringue (excepto, naturalmente, aqueles que estão -neste momento e pela noite fora - a receber a visita dos armários moldavos), desejo um Feliz Natal!
domingo, dezembro 23, 2007
Vamos às prendas - III
Numa pausa excepcional nos meu afazeres de ser rude, obnóxio, selvaginoso e anti-não-sei-o-quê, quero aproveitar enquanto a Svetlana foi visitar a família à Ucrânia, para, na medida em que a Irina no permite, deixar aqui um agradecimento especial a uns certos meliantes que andaram para aí, como de costume, a mentirozar a meu respeito. Fora essa tendência efabulante, até são uns rapazes desempenados, sobremaneira na pena e no verbo, que se reclamam nacionalistas e fazem eles muito bem. Eu, infelizmente, não me posso reclamar porque, sendo O Nacionalismo por antonomásia, tal está-me implicitamente vedado. Passo cartas de corso e já não é mau.
Mas vamos a eles. Os Sete Magníficos.
Ao Bruno Oliveira Santos, ao FSantos, ao Corcunda, ao Paulo Cunha Porto, ao Mário Martins, ao Pedro Guedes, que escreveram, e ao Manuel Azinhal, que não escreveu mas mo transmitiu telepáticamente, vai o meu "obrigado, malta!". E já que a maré está de feição, aproveito para desejar um Feliz Natal a todos.
Como bónus -e para os indemnizar do tempo perdido a darem cabo da vista com as minhas barbaridades e heresias -, aqui ficam as prendas:
Para o Manuel Azinhal,
http://br.youtube.com/watch?v=m3gd6uCD2FM
sexta-feira, dezembro 21, 2007
Vamos às prendas - II
Vamos às prendas - I
Pegadas
Já quebrei com mil espadas
contra as ameias do futuro,
sigo as minhas pegadas
e não encontro quem procuro.
Já esconjurei mil ciladas
esgota-se-me o esconjuro.
Sigo as minhas pegadas
e não encontro quem procuro.
Já visitei mil moradas
e em nenhuma eu figuro,
sigo as minhas pegadas
e não encontro quem procuro.
Já embosquei mil e uma estradas
mas o bicho é inaturo,
sigo as minhas pegadas
e não encontro quem procuro.
Já raiaram mil alvoradas
e não se acabou o escuro,
sigo as minhas pegadas
e não encontro quem procuro.
Algures, para além das palavras
sei que existe um silêncio puro
lá, onde acabam as minhas pegadas
sei que há-de estar quem procuro.
- Rui Ulisses de Castro
Auto-guilhotina ou haraquiri existencial, eis a questão
Camarada Psiquiatra Proletário,
quinta-feira, dezembro 20, 2007
Armários irrequietos
quarta-feira, dezembro 19, 2007
Fantasia social
Como todos sabemos, uma das grandes injustiças e carências deste país é a falta dum "Dia Mundial Contra a Homofobia". Ciente dessa tremenda lacuna, a ILGA avançou com uma petição global que atingiu agora o Palramento português.
Da bondade desta iniciativa não me vou, por enquanto, pronunciar. Aproveito antes para elaborar acerca dalguns mal-entendidos mais que evidentes. Gritantes mesmo. E com estridência.
Eu devo
«Sovando, curarei por toda a parte
se a tanto me ajudar o Engenheiro e a Arte.»
terça-feira, dezembro 18, 2007
A Questão fundamental
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Breadjacking
Não tarda muito, começam os assaltos às padarias. Carcaças e cacetes, bem como pães saloios, serão transportados em furgões blindados, das empresas de segurança especializadas em Transporte de Valores. Temo bem que a seguir ao Carjacking irrompa o Breadjacking.
O Caos premeditado
Upgrade
Passaram a snifar cocaína. Ou a emborcar fármacos. É o progresso. E não polui.
PS: Faltou dizer o mais edificante: nova vitória, outra machadada significativa no Aquecimento Global. Sim, porque o pior, como todos sabemos, não é o tabaco matar: é derreter os polos.
domingo, dezembro 16, 2007
Tapetes e Armários
Naquele dia, discutiam o local onde deveria decorrer o próximo jantaréu de confratricidiação.
-“Em casa do Manuel Fernandes não pode ser!” – Proclamava Fernando Manuel. – Tem os armários cheios de esqueletos!... Aquilo dá calafrios. Um tipo nem se consegue concentrar nos argumentos, quanto mais na tese!...”
-“Bem, na do Fernando Manuel também não entro! – Ripostou o acusado . – Debaixo dos tapetes e da carpetes é só ossadas. Um tipo não anda, crocanteia. Já não falando atrás de televisão, que mais parece um aterro carcaçário. Impossível debater num tal necrotério!...”
-“Jantareia-se na minha. – Conciliou Nandel, afagando a trunfa. – Garanto que nem os armários nem os tapetes hospedam tais horrores. E na véspera, podeis ficar desde já seguros, mandarei fazer uma desinfestação, logo seguida de esterilização e aromoterapia.“
Tentados pela propaganda, até porque nunca lá tinham estado, Manuel Fernandes e Fernando Manuel concordaram. Seria em casa de Nandel Meda Capilar.
Foi assim que no dia combinado, à hora costumeira, Manuel Fernandes Cabelo Empastado e Fernando Manuel com Dry-Look compareceram em casa de Nandel Ferman Sobrejuba Pujante, para o sarau logomáquico.
Numa apresentação prévia do imaculado palco, Nandel esmerou-se a exibir a higiene completa que reinava em armários e tapetes. Nem sinal de esqueletos; nem resquício de ossadas. Tão pouco odores ou aromas nauseabundos, sequer longínquos; ou gemidos subterrâneos. Tudo aquilo estava um brinco de meter inveja a uma enfermaria vip. Mesmo do sótão, por mais que apurassem os ouvidos, nenhum rumor de fantasmas acorrentabundos gotejava.
A única minudência vagamente contraditória deste estado idílico aconteceu quando Manuel Fernandes cabelo empastado, no seu jeito impetuoso característico, abriu subitamente uma porta e levou com uma autêntica avalanche de ossadas e restos humanos variados em cima. De facto, num aluvião inaudito, centenas de peças dum qualquer puzzle esquelético, claramente armazenadas em regime de ultralotação, irromperam pela nesga aberta.
Enquanto os bombeiros não chegavam para resgatar o rival ao desmoronamento, Fernando Manuel aproveitou para zurzir sardonicamente o dono da casa:
-“Ah, com que então não tinha esqueletos no armário!... Grande aldrabão!... Não tinha era poucos.”
-“Desculpe, mas não menti! Era a pura das verdades! – Protestou Nandel, serenamente. – Disse que não tinha armários com esqueletos e, como, aliás, tinha acabado de mostrar, nem um metatarsozinho de criança neles consta!...”
- “Ah, mas ainda insiste no tremendo mentiroteio... É preciso ter uma distinta lata!- Escandalizou-se Fernando Manuel com Dry-Look. – Então, este monte de osteo-entulho que acaba de desabar em cima do Manuel Fernandes cabelo empastado, jorrou de dentro de quê? Foi só ele abrir a porta e catrapumba!...”
- “Pois, precisamente. – Tornou Nandel Trunfa Levedada. – Isso só corrobora o que acabo de dizer. A porta que ele abriu não é de nenhum armário.”
- “Ora essa!, não é de nenhum armário?!!”
- “Não. É da casa-de-banho."
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Corin Telhados ou o Talking Ed
quinta-feira, dezembro 13, 2007
A Admirável Escola do Amanhã
Tratado da saúde
quarta-feira, dezembro 12, 2007
O Índex
Anteontem aconteceu-me um episódio intrigante:
A partir do Portugal Contemporâneo, carregando no link do Rua da Judiaria, tentei aceder a este último. O resultado (que podeis comprovar) foi este:
Forbidden
You don't have permission to access / on this server.
Apache/2.0.59 (Unix) Server at ruadajudiaria.com Port 80
Que raio significava aquilo? Significava que os visitantes do Portugal Contemporâneo estavam interditados de visitar o Rua da Judiaria?
Até que ontem, a título de novo teste científico, no último postal cá da casa, coloquei um link para o Inefável Josué, na tal Rua da Judiaria. Experimentem clicar em "hanuká"... E - ó maravilha! - lá resplandece a gloriosa tabuleta:
Forbidden
You don't have permission to access / on this server.
Apache/2.0.59 (Unix) Server at ruadajudiaria.com Port 80
Ah, a volúpia de ser indexado!
terça-feira, dezembro 11, 2007
O Holocausto Americano (qual Darfur, qual carapuça!,,,)
segunda-feira, dezembro 10, 2007
A Cimeira
Os comentários ficam a vosso cargo...
A minha preferida também é a seguinte:
Mas esta também não está mal:
domingo, dezembro 09, 2007
Os paisanos e a paisagem (rep.)
«E para que a igualdade seja um valor superior, a política deve-se orientar pela defesa dos mais fracos e dos mais desprotegidos: os embriões, os pobres, os deficientes, os idosos, os menos capazes, todos aqueles que se encontram mais desfavorecidos.»
Força-me a um reparo essencial:
Os embriões, os pobres, os deficientes, os idosos, vá lá, ainda dou de barato - quanto mais não seja, enquanto bibelot retórico. Agora os "menos capazes", francamente, não sei que mais é que o Timshel, ou quem quer que seja, pode reivindicar para eles. Do governo central ao poder autárquico, da administração pública à gestão desportiva, das forças de segurança às fraquezas armadas, os "menos capazes" já açambarcam praticamente todos os cargos de chefia, vice-chefia, direcção, gestão, ministério, assessoria e coiso-e-tal da nação (corrijo, da "nacinha"). De facto, a densidade de "menos capazes" nesses meandros inefabilíssimos, estou em crer, só será suplantada por certas aglomerações mirmitónicas geralmente conhecidas como "marabunta".
Por conseguinte, a fazer fé nesta fantasia "timsheliana", fruto certamente dum cocktail explosivo -e seguramente alucinogéneo - de hóstia consagrada com Pet Shop Boys, Deus o abençoe, Portugal, sem sombra de qualquer dúvida, lidera o pelotão ufano do "igualitarismo supino". Aliás, se juntarmos aos "menos capazes" triunfantes, todo o enxame coalescente - de "indigentes mentais", "pobres de espírito", "tetraplégicos morais" e "caquéticos juvenis" - que os reforça, apaija e inexpugnabiliza, então, mais que na liderança galharda, a Lusitónia pedala já, isolada, qual locomotiva resfolegante e toirabunda, em fuga desarvorada ao pelotão. Ou seja, da supremacia mundial abalança-se, com todo o seu arcaboiço boçal, à hegemonia avassaladora do planeta, os dois polos incluídos.
Isto deveio mesmo um país de tal modo igualitário, que colocar na presidência ou no governo um doutor-engenheiro ou um trolha das obras é rigorosamente indiferente, igual ao litro. Qualquer badameco lustroso que só aparentemente desfila, acelera e telefona na postura vertical, neste cóio de mediocridade soberana, neste ambiente de terraplenagem cultural, neste império da sabujice exo e endomilitante, ninguém duvide, pode ser ministro, secretário-geral, nababo, empresário-deus, PCA, vedeta, campeão, barão do jet-set, presidente da câmara, da república da Igreja Universal do Chuto na Bola, tudo! É claro que nem todos podem ser ao mesmo tempo, mas se houvesse tempo podemos estar certos que todos acabariam por exercer à sua vontade. Aquilo exala, mas turbilhoneia. Numa espécie de vórtice, de buraco-negro, de ralo hiante e centrípeto.
Não entendo pois a luta preocupada do meu bom amigo. O seu afã na instauração de algo que já existe e resplandece por toda a parte.
Em bom rigor, desfavorecida, aqui, só já se vislumbra uma pobre e desgraçada entidade: este pedaço de chão - sob este bocado de céu a velar esta míngua de esperança -, que padece conspurcado e flagelado por uma tão sórdida e descategorizada amostra de gente.
É que tais paisanos já nem na paisagem se integram: estragam-na.
PS: Musicalmente, se eu mandasse, este gajo, o Timshel, era logo internado num Campo de Concentração. Mas politicamente, não obstante a fábula esquerdista em que se fantasia feito fado dos subúrbios, devo reconhecer que é um castiço. E para arranjar motes, não há melhor.
sábado, dezembro 08, 2007
Inoculações e cripto-inoculações
sexta-feira, dezembro 07, 2007
Showbiz
Falta de ocupação, isso sim.
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Debate de ideias
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Filhos duma punheta menor
É uma história real.
Duas lésbicas decidem brincar às casinhas. Reunido o apartamento, a mobília, o trem de cozinha, o kit de bricolage, o jogo de godemichés, só faltam os nenucos. De preferência reais, daqueles que se mexem sozinhos. Nada mais simples: contratam um dador de esperma e uma delas, a que faz de mulher, engravida por inseminação artificial. A que faz de marido rejubila e apoia. O dador, um bombeiro de Enfield, no Norte de Londres, alivia-se para um frasco e não pensa mais nisso.~
Nos dois anos seguintes, com a bênção da ciência e o bafo presepial da modernidade, nascem um menino e uma menina . E emergem os primeiros desentendimentos, proliferam desavenças. A lésbica-marido, além de não lavar a loiça, não quer mudar fraldas. Começa também a ter ciúmes dos brinquedos da outra. Eu podia continuar o romance, mas não tenho tempo. Vamos directos ao epílogo: ao fim de quatro anos, o casal realiza a finalidade do matrimónio hodierno e divorcia-se.
«A man who donated sperm to a lesbian couple is being made to pay child support, despite having no involvement in the children’s lives.
Andy Bathie, 37, a firefighter from Enfield, North London, provided the sperm after being assured by Sharon and Terri Arnold that he would have no personal or financial involvement with the children. But now he is being forced to pay thousands of pounds in maintenance by the Child Support Agency, although he has no legal rights over the boy and girl, aged 2 and 4, born to the couple, who have now split up. »
E lixou-se, o bombeiro, por duas boas razões:
1. Por a punheta não ter sido anónima;
2. Porque a luta dos activistas LGTB é uma luta por direitos, não é uma luta por deveres.
terça-feira, dezembro 04, 2007
Degenerado
segunda-feira, dezembro 03, 2007
O Abominável Ad Hominem das Névoas
Rebentou a peixeirada na Atlântico. Num tique-tanque daquela dimensão, com tal volume de águas, não é de espantar. Mas isso, digo já, pouco me interessa.
«Os Ataques ad-hominem são
1. falta de educação
2. denotam falta de argumentos
3. denotam incapacidade para sequer perceber o que é um debate de ideias.
4. Revelam um total desconhecimento de uma boa teoria da informação e do conhecimento.»
Ora bem, começo por declarar que não sei a que arte marcial o Miranda se refere quando soletra "ataques ad-hominem". Das que conheço, e ainda são uma quantas, não faz parte. Nunca por lá a vi, tal técnica, golpe ou kata. Não é kung-fu, não é Jiu-jitsu, não é Karate, não é judo, nem é muay-thai. Nem muesli. Também não é boxe. Será wrestling? Será xadrez - uma variante sinistra anti-siciliana ou um truque rococó do gambito de dama? Será luta na lama? Será na cama? Sutra? Bruta? Gruta? Será luta livre, digo liberal? Será esgrima? Será play-station? Será playback? Ou play-adiante? Será tourada? Será lambata? Street-fight? Street-racing? Break-dance? Luta de galos? De frangos? De quê? Ocorre-me agora: será Vale-tudo? E há só para hominem, ou também há para senhorem? E para gajem?... Será murro, pontapé, cabeçada?... Raid, razia, cerco, carga tresloucada?...
Enfim, por mais voltas e manivelas a que submeta a cachimónia não vislumbro a que ciência trauliteirante pertencerá esse temível - bem como vil, reles, ordinário e badalhoco - "ataque ad hominem". Será uma fórmula erudita, muito erudita, para descrever o tão célebre quão famigerado coice às partes baixas, vulgo tomates? O Engenheiro Ildefonso Caguinchas já me está para aqui a buzinar aos ouvidos: "O que o gajo quer dizer é que 'há-dominó', pá!", mas o engenheiro, como todos sabemos, não é de confiança.
Declaro-me vencido. Não sei que arte marcial, jogo ou desporto colectivo será.
O que conheço, muito vagamente (e sem ser no sentido bíblico, naturalmente) é o "argumentum ad hominem", também conhecido por "ex concessis". Schopenhauer, no seu tratado erístico, até o denomina por Estratagema 16 e descreve-o da seguinte maneira: «se o oponente faz uma afirmação, deve procurar saber-se se ela não estará de algum modo, nem que seja aparentemente, em contradição com algo que ele disse ou admitiu anteriormente, ou com os princípios de uma escola ou seita que ele haja aprovado e elogiado, ou com os actos dos adeptos de tal seita, quer sejam sinceros ou não, ou com os próprios actos e pretensões dele. Por exemplo, caso ele defenda o suicídio, deve bradar-se logo: "Por que não se enforca?" Se ele sustentar por exemplo que Berlim é um local inóspito, diz-se-lhe: "por que é que não parte na primeira carruagem?"»
Mas decerto não é a isto que o João Miranda se pretende referir. Pela descrição que faz, sobretudo no ênfase primogénito à "falta de educação" (a subentender quiçá o ataque pessoal), só me ocorre aquele que Schopenhauer, no mesmo tratado, cataloga como "Último estratagema". É o chamado argumentum ad personae, descrito assim: "quando percebemos que o oponente é superior e que não iremos ganhar, tornamo-nos pessoais, insultuosos, grosseiros. Tornar a questão pessoal consiste em passar do tema da disputa (uma vez que se perdeu a partida) para o próprio oponente, atacando a sua pessoa de todas as maneiras possíveis: poderia chamar-lhe argumentum ad personae para o distinguir do argumentum ad hominem (...)"
Em todo o caso, vou conceder que, por limitações do google ou da wikipédia, se integre o argumentum ad personae num sub-departamento do argumentum ad hominem. Mesmo assim, ao recapitularmos o diagnóstico joão-mirandês, ver-nos-emos constrangidos às seguintes objecções:
1. Não é forçoso que o argumentum ad hominem constitua falta de educação; apenas no caso de resvalar para o argumentum ad personae é que isso eventualmente acontece (e amiúde ocorre, como foi agora o caso);
2.Não denota "falta de argumentos" porque ele próprio é um tipo de argumento. O que denota é uma falácia, caso aquele que o emite seja grosseiro bastante para não saber mascará-lo e aquele que o recebe seja subtil o suficiente para dele se aperceber. Se for o contrário, subtil o emissor e grosseiro o receptor, o resultado, geralmente, é este último remeter-se à rosnadela desconfiada ou ao silêncio confuso; se ambos forem grosseiros, o mais provável é aquilo degenerar em peixeirada ou ciber-rixa. Por outro lado, o facto de ser falacioso não constitui entrave ou objecção especial ao utilizador, seja ele grosseiro ou subtil: não consta que o caro João Miranda seja muito escrupuloso no recurso a falácias (o facto de serem por regra subtis, justiça lhe seja feita, apenas abona da sua solércia, não tanto da sua honestidade intelectual);
3. Também não é imperioso que denote "incapacidade para perceber sequer o que é um debate de ideias", porque as pessoas não são anjos armados de razão pura, nem, tão pouco, máquinas calculadoras de silogismos, andaimadas em "critérios de verdade" ortopédicos à maneira dos fedelhos com arames na dentuça. Não são conhecidos, até à data, ambientes ultra-pasteurizados para o debate. Os "argumentos" são, por isso mesmo e invariavelmente, das academias às tabernas, manifestações mais de vontades, birras, intuições, manias, interesses, modas e preconceitos do que de "razões purinhas e lavadinhas" que, desde o senhor Immanuel Kant, nenhum pensador com os alqueires bem medidos resgata ao reino cristalizado da fantasia (onde pertence, entre outros, na ala dos perigosos, o delírio neo-positivista); e com certeza, vosselência, um ultra-liberal encartado, não me vai requerer uma explicação para esta preponderância do "interesse" e do "egoísmo" sobre as acções dos indivíduos (a não ser que me diga que um debate é uma inacção...);
4. Finalmente, se o "desconhecimento de uma boa teoria da informação e do conhecimento" impede o debate de ideias, não se percebe que raio andou a humanidade a debater, por exemplo, no tempo de Platão ou Aristóteles. Calculo mesmo que Platão nem terá tido tempo para debatê-las, assoberbado que estava a concebê-las. Na vintena de séculos seguinte também não houve debate, porque, entre outras coisas, ad hominem é um termo inglês, pelo que não tinham como arremessá-lo uns aos outros.
Falta apenas acrescentar que o argumentum ad hominem, além de não ser necessariamente uma falta de educação para com o alvejado, pode também nem ser sequer uma falácia.
Exemplifico:
Se eu proclamar que "o João Miranda é um asno" estou a usar um claro argumentum ad personae que, além de falacioso, é grosseiro. Profiro, sem dúvida, um insulto ao João. Tem lá as suas manhas , mas não evidencia, pelo menos dum modo escandalosamente acima da média nacional, ser burro nenhum. Mas se eu disser: "o CAA é um bácoro" não estou, de modo algum, a usar um argumento ad personae: estou, isso sim, a esgrimir um argumentum ad pecum, isto é, estou a ser injusto e grosseiro para com o suíno. Do mesmo modo, se eu afirmar que a Câncio é uma turbo-sopeira frenética estou, definitivamente, a usar dum argumentum ad personae, mas não estou a ser falacioso nem injurioso, porque, simplesmente, estou a dizer a verdade. (Não a verdade absoluta, bem entendido, mas a verdade possível de extrair duma observação científica, com quanta certeza, rigor e minúcia o conhecimento humano actual disponibiliza ao entomólogo).
Jurisdição
A senior lawyer for the American government has told the Court of Appeal in London that kidnapping foreign citizens is permissible under American law because the US Supreme Court has sanctioned it.»
Não vejo onde está a admiração. Qualquer país tem plena jurisdição legal nas suas colónias.
domingo, dezembro 02, 2007
Azares de cientista
(...) «The plane crashed in an area that was not on its scheduled route, according to Semsettin Uzun, the governor of Isparta Province. “We don’t understand how it landed there,” he said. »
(...) « “The body of the plane is there as a whole and the wings don’t exist; I have never seen anything like this.”»
Os acidentes dividem-se em duas classes: casuais e premeditados.
sábado, dezembro 01, 2007
O Amanhã que afinal não cantou: abortou.
- Aleksey Myagrov (Oficial da 3ª Repartição), "Eu pertenci à KGB"
Simbiose
sexta-feira, novembro 30, 2007
Não há duas sem três
Pois se funcionou das outras duas vezes, porque não há-de funcionar desta?
quinta-feira, novembro 29, 2007
Provérbios impopulares do Dragão
· Tristezas não apagam dívidas
· Vêem-se caras, não se vêem cotações
· Devagar se vê ao longe
· O silêncio é de outro
· A cavalo doido não se molha o dente
· Não guardes para amanhã o que podes foder hoje
· Os umbigos são para as ocasiões
· Em tempo de guerra não se limpam Karmas
· Cada maluco com a sua maria
· Cão que ladra não fode
· Contra flatos não há argumentos
· Da discussão nasce a cruz
· De boas invenções está o Inferno cheio
· De noite todos os patos são parvos
· Mudam-se os tempos, mudam-se as vaidades
· Não deites foguetes com fé na testa
· No papar é que está o ganho
· No melhor plano cai a nódoa
· O hálito não faz o monge
· O que não mata, engoda
· O Saber não ocupa lagar
· O futuro morreu de velho
· Olhos que não vêem, coração que não mente
· Cabrão fora, dia santo na gaja
· Quem fala, contende
· Quem morre por gosto, não descansa
· Quem espeta sempre alcança
· Quem mais jura, mais monta
· Quem te evita, teu amigo era
· Quem tem cu, tem mundo
· Um mal nunca tem dó
· A união faz a forca
· Ardor com ardor se apaga
· As aparências elegem
Adenda (a pedido do Luís Guerreiro):
* Diz-me em quem mandas, dir-te-ei quanto é
* A ração tem sempre cliente
quarta-feira, novembro 28, 2007
Crítica literária
Ionesco: “O crítico devia descrever e não prescrever”;
Montesquieu: “Os críticos são como aqueles generais maus que quando não conseguem conquistar um país, envenenam as suas águas”;
Valéry: “Crítico: o mais imundo biltre pode dar um golpe mortal. Basta que tenha raiva”;
Bierce: “ Crítico. Pessoa que se gaba de ser de satisfação difícil, porque ninguém lhe tenta agradar”;
Goethe: “Mata-o, o cão! É um crítico”;
Flaubert: “Um homem torna-se crítico quando não pode ser artista, assim como um homem se torna espião quando não pode ser soldado”;
Twain: “O símbolo dos críticos devia ser o besouro: ele deposita os ovos no esterco de qualquer outro, doutro modo não os podia chocar”;
Shelley: “Assim como o ladrão falido se torna receptor de bens roubados, assim o escritor falhado se torna crítico”
Ora bem, se alguma coisa esta amostra - deveras eloquente - atesta é do desprezo dos tipos competentes em literatura pelos especializados em crítica da mesma (julgo que ninguém colocará em causa a competência dos senhores em epígrafe). Shelley é até particularmente esclarecedor: quando um tipo não tem competência literária, dá em crítico. Com a mesma fatalidade, acrescento eu, com que um tipo sem competência conjugal, dá, primeiro, em coleccionador de hastes e, depois, em bêbado. Ou um indivíduo sem competência de qualquer espécie dá em político.
Resulta disto, como é mais que óbvio, que se há defeito de que nunca se poderá acusar um crítico literário é, precisamente, de falta de competência literária. Raia o absurdo. É o mesmo que acusar um crítico literário de ser um crítico literário. Quer dizer, mais que um truísmo, é uma sandice. Já que, como fica implícto, a falta dessa competência (literária) só abona em favor da sua competência crítica. É o seu certificado-mor de habilitação. E isso, ninguém duvide, é algo que qualquer literato minimamente competente sabe, mal lhe nascem os primeiros dentes: o crítico é tanto melhor no seu ofício quanto pior –mais medíocre, frustrada, impotente e aleijadinha - for a sua competência literária. Da mesma forma que a deficiência visual desenvolve a faculdade auditiva, a deficiência literária promove o frenesim crítico.
Portanto, quando um tipo diz que falta a outro competência literária para fazer crítica literária está a incorrer em duas proezas simultâneas:
1. Está a confessar palonsamente a sua própria incompetência literária;
2. Está a reconhecer e a valorizar a competência crítica daquele que, nesciamente, desvaloriza;
Cabalística para cabalos
No Herald Tribune:
«Israel estabelece as perdas e danos do holocausto (240 biliões)».
Ou seja, seis, bem espremidos, dá nove; e nove, bem espremidos, dá 240. A multiplicar por 1000.
Ou se estabelece uma taxa como a da televisão, agregada à factura da electricidade;
Ou se adjudica uma percentagem extra nos combustíveis;
terça-feira, novembro 27, 2007
Razão e Presunção (rep.)
Todavia, quando descemos ao nível da micro-seita - de umas Testemunhas da Lógica, ou de uma "Igreja Universal" do Reino da Certeza, por exemplo -, tudo se transfigura. Crentes, beatos e sacerdotes não se distinguem. É tudo ao molho e fé no bolso. Movem-se todos num rebanho uniforme, mergulhados numa espécie de êxtase contemplativo da verdadeira Crença, robôs peregrinos e auto-depurados de quaisquer dúvidas, perfeitas máquinas de calcular destituídas de vontade e emoções. É o pensamento automático. O Vending-thinking, mais que o wishful-thinking. Um modelo vanguardista de chafariz: metem-se moedas e saem bicas mal-cheias ou sandes de Locke com presunto. Ou de apóstolos com fiambre.
Possuem a verdade. Mas não se contentam de possui-la, de emprenhá-la, de viver com ela em santo matrimónio e ter dela meninos. Precisam de ostentá-la, de dar com ela na cara de quem passa, de exibi-la em cinto-de-ligas e mini-saia. No fundo, sentem-se tanto maiores e mais soberbos quanto mais se confrontarem com a destituição e penúria alheias.
Mas ai de quem não goste do afago, ai de quem lhes diga que aquilo cheira a peixe podre e eles a varinas da ciência, bufarinheiros da objectividade, ciganos de esquina do silogismo!...
Heresia! Sacrilégio! Vilipêndio! Ó deusa, crime de lesa-Fé!...
Não, meus amigos, livrai-vos de criticar a superficialidade, a leviandade, a ignorância! Porque isso, com garantia ISO 9000, é irracionalidade, fujamos! E depois de vos darem com a Verdade inteira e absoluta nas trombas, pespegarem-vos com tamanha desfaçatez no focinho, vão por mim: não é pera doce.
Em resumo: há quem confunda razão com presunção. E presunção e água benta, cada qual toma a que quer.
Por muito que isto custe ao bispo Edir Macedo e aos seus pios emuladores na blogosfera.
segunda-feira, novembro 26, 2007
Emburrecimento irresistível
Portanto, se emburreço, não é do pescoço para cima: é da cintura para baixo.
Xenocultura
domingo, novembro 25, 2007
Underworld
O fascinante mundo do Tráfico de armas...
Uma entrevista muito educativa com o maior traficante mundial, Sarkis Soghanalian.
Só um pequenino naco para aguçar o apetite:
Método e berço
E entretanto retiro uma "pérola" da última homilia do "Glutão das hóstias":
«Existem áreas do conhecimento, e estou a pensar na pedo-psiquiatria por exemplo, que podem estabelecer conclusões, com elevado grau de probabilidade, sobre a ocorrência de um sofrimento mental indescritível e irrecuperável a uma criança com a sua separação dos pais afectivos.»
Ora bem, eu já aqui expliquei, mas não me importo de voltar a explicar. Explico quantas vezes forem precisas.
As "áreas do conhecimento" do estilo da pedo-psiquiatria, ou da geronto-psiquiatria, ou da embrio-psiquiatria, ou da psiquiatria em geral, não são de todo eficazes para estabelecer conclusões sobre o que quer que seja e ainda menos sobre sofrimentos mentais indescritíveis e irrecuperáveis. Nem por sombras. São excelentes, isso sim, para estabelecer, desenvolver, transmitir e burilar toda uma panóplia tortuosa de sofrimentos mentais. É precisamente disso que vivem. De, sobretudo, não descrevê-los e de cuidar para que se tornem irrecuperáveis. Pedir-lhes conclusões (isto é, diagnósticos lúcidos) seria o mesmo que exigir ressurreições aos cangalheiros ou virgindade a uma prostituta.
sábado, novembro 24, 2007
Ultra-negacionismo
sexta-feira, novembro 23, 2007
O Auto dos Nepotes
«O ministério da Educação contratou duas vezes o mesmo advogado para fazer o mesmo trabalho.