LobotomiaSim, tudo vai bem
vivo numa ilha
sem mais ninguém,
o sol cá brilha
como convém
É uma maravilha
a vida que aqui se tem.
Sim, tudo
okaygostar de mim
é a única lei
A vida é assim
porquê não sei
correr sem fim
viver sem lei.
Sim, tudo normal
o teu bem é o meu mal
vivo refém
dum animal
sem pai nem mãe
sem sul nem sal.
Sim, tudo feliz
a besta ensina o seu aprendiz
menino ou menina
quase por um triz,
Implanta a vagina
promove o nariz.
Lobotomia, teleporcaria
sem dor nem anestesia,
Lobotomia, merdocracia
sem cor e sem fantasia,
Lobotomia, lobotomia...
Sim, tudo baril
é o 25 mil de Abril
até eu me sinto tão primaveril
neste labirinto
ou será funil?...
Sim, tudo bem bom
salta-se a barreira do som
Doura-se a asneira
beija-se o
batonInveja-se à rameira
o supremo dom.
Sim, tudo
au point,
debaixo da saia da mamã,
cada qual cobaia do seu ecrã
na bicha para a praia
do amanhã.
Sim, tudo bué fixe
quem vier depois que se lixe
pelo cano abaixo
como a Alice
por amor dum tacho
na velhice.
Lobotomia, teleporcaria
sem dor nem anestesia,
Lobotomia, merdocracia
sem cor e sem fantasia...
Lobotomia, lobotomia.
PS: Podia lá eu faltar aos festejos. Pena que não oiçam a música, porque isto tem música (é a face desconhecida - e ultimamente bastante activa - do Dragão). Mas não perdem pela demora. Venho acarinhando um certo número de ideias pérfidas e tenebrosas que ainda resultam em sinfonia a bordo. E agora desculpem-me, mas tenho uma guitarra à minha espera.
PSS: Ah, e não caiam no basismo de julgar que estou de luto pelo regime anterior: estou de luto por este desgraçado país. O regime anterior já era uma amálgama de muitos defeitos e algumas virtudes. Por isso mesmo, a última coisa que precisávamos era de um vil sucedâneo com os defeitos multiplicados e as virtudes banidas.