Goste-se ou não deles, os ingleses são peritos nestas coisas. Retiradas estratégicas é com eles. E são ainda mais hábeis e experientes em perder batalhas. Mas, no fim, ganham geralmente as guerras. Ao contrário dos portugueses (estes modernos, entenda-se), são duma tenacidade exemplar. Emblemática. Podem moê-los de pancada, sová-los impiedosamente... Como fizeram os alemães, nas Segunda Guerra, relembre-se... Não desistem. Há qualquer coisa que remonta a Anteu nos ingleses: quanto mais apanham, mais parece que se fortalecem. Levaram porrada séria dos Boers, até dos Zulus, mas no fim, o costume. Portanto, se depois de tirarem o pé que tinham na ombreira da porta da EURRSS, decidirem castigá-los, eles até agradecem. Se bem que eu não consiga imaginar que raio de castigo é que uma Europa de eunucos que nem a Turquia consegue meter na ordem, ou sequer impor o mínimo de decência no quintal da Palestina, vai aplicar à Grã-Bretanha. Vão largar o Deutsche Bank desaçaimado na City of London, imagino...
Mas garante-nos, com alarido, o Coro de papagaios trágidos da eurotanga: Vai desintegrar-se, o reino Unido, é mais que certo. A Escócia faz não sei o quê. Escafede-se a Irlanda para parte incerta. Já estou a vê-los, aos ingleses, de cabeça perdida e em genuflexões suplicantes. Com o desespero, a angústia e o pavor da ruína, até são capazes de ir meter a Austrália e a Nova Zelândia no prego. Ou as Falklands no ebay, sem esquecer a Bermuda grande, eventualmente no OLX.... Meu Deus, e Gibraltar, esse rochedo altivo, em que leilão árabe (com penca ou sem ela) terminará ele?... Mas, apesar de tudo, ainda ficam com Gales, a Ilha de Man e Santa Helena. Dá sempre jeito uma Santa Helena. Em último caso, fogem para lá todos, na Royal Navy.
E os Mercados, senhoras, cavalheiros e meninas, como eles fustigarão os insolentes ilhéus! Pois, calculem, os inefáveis mercados, cujas tendências suicidárias já são por demais evidentes, agora vão entrar numa vertigem de autoflagelação. Haverá actos de canibalismo (gourmet e não só) na City. Coitada da Libra. De esterlina, vai passar a estrelada!... Não tarda, vendem-na a pataco, ou amanhece ao nível da rupia, do metical ou, sei lá, do Bolivar (na melhor das hipóteses, asseguram-nos, do ringgit...) A própria City vai transformar-se numa cidade fantasma, ou numa "village", no melhor dos casos.
Todavia, não deixa de ser bizarro... Os mercados fustigaram a Grécia porque ficou, fustigaram Portugal porque nem à chapada e a chicote de lá saíria, fustigaram a Rússia, a China e a República Centro Africana (todos os meses) porque não pertencem; fustigaram até o Estados Unidos sabe Deus porquê, e agora vão fustigar também os Britânicos porque saem? A verdade é que saiam, fiquem, ou nem por isso, são fustigados. Na medida em que os tais mercados se converteram num flagelo já não valem como argumento. É irrelevante o que um país faça em termos de acordos internacionais perante um flagelo. Esteja o céu para aí virado, apanha com ele e pronto. É como os furações, os terramotos ou as enxurradas.Ou seja, os Mercados já pertencem mais ao domínio da metereologia do que da economia. Digo da metereologia porque estou a ser simpático: o termo rigoroso é astrologia (bruxaria e candomblé se estivermos com exactidões).
Entretanto, ó da guarda: isto pode causar um efeito dominó na EURSS... Oxalá! Rezo a isso todos os dias com todas as minhas forças. Este gulag de comichões, de chatos e mais comichões, comichionários e comissáurios? Puta que o pariu, tamanho insectódromo de gado lobotomizado, burrocratizado e capado até à medula!...
O certo é que já desabou sobre o Reino Unido e arredores toda a espécie de granizo mediático, em forma de promissória ululante com catadupas de flagelos e punições colectivas que se abaterão sobre os hereges britânicos. O próprio Ihavé está de carranca e ameaça com terríveis pragas. Uma ideia com pernas para andar, muito europeia e democrática, é repetir-se o referendo até que brote o resultado certo. Mas o prémio a cavilesa mais patusca vai para o governo demissionário do pighead-fucker lá do sítio: porque sai da Europa, o Reino Unido vai ser submetido a austeridade e sanções orçamentais (mascaradas de aumento de impostos), que é, recorde-se o tratamento a que são sujeitos... os países do Sul? (alvitrareis vocês) Não, todos aqueles que não façam o que o Alemanha quer. Ou seja, porque sai, o Reino Unido leva como o mesmo tratamento dos que não têm tomates (nem o discernimento elementar) para sair. Estamos perante análise política, ou argumento de novelas ao estilo "Guerra dos Tronos"? Tem imensa piada como o coro de capados, nomeadamente porcoguês, projecta naqueles que ousam levantar a garimpa, o estado rastejante e lombricóide da sua prostração acéfala, amorfa e sabuja. Porque sai da Europa (outro "fim de história" para mongos de arribacinha) o Reino Unido fica condenado a portugalizar-se, ora toma!... Ou pior: vai ver-se grego!... A besta do Freud não explica a mente das pessoas normais, mas explica seguramente a tripalhada mental destas bestas.
Tenho uma última má notícia para o coro da tragédia do cuspo: quando os ingleses abandonaram uma organização europeia séria - no caso a Igreja Católica Romana -, vejam só as terríveis desgraças e hecatombes que lhes aconteceram!... Os tipos comem "Uniões europeias" ao pequeno-almoço. Porque se saírem de vez, a seguir podem ficar tranquilos, hão-de arranjar maneira de semear a discórdia e a dissenção como só eles sabem. E é muitíssimo bem feito!... Quem vende a alma, só merece pontapés no fundilhos do corpo.
Toda esta algazarra tem apenas um significado muito simples e concreto: cagufa! Guincharam à Grécia, saiu-lhes a Inglaterra!...
PS: Isto não significa que já esqueci o Ultimato deses filhos da puta. Jamais! Ainda há dias vibrei intensamente com a carga monumental de porrada que os holligões russos pregaram nos holligans ingleses. Que patadas olímpidas e devastadoras!... Foi o melhor do Europeu até agora. Isso e o Ronaldo a desarmar o grunho da CMTV. Por mim, barda merda o futebol! Aquilo dá sono. Deviam organizar-se era combates de claques. Nos estádios, nas ruas, nos aeroportos, isso sim, era desporto sério.