A ciência continua a maravilhar-nos. Agora surgiu um novo contraceptivo masculino, que vai ser testado em milhares de homens. Trata-se dum implante à base de hormona feminina progesterona e será experimentado este mês em milhares de voluntários, nos Estados Unidos e na Austrália. Quanto ao efeito, pretende-se que reduza o número de espermatozóides.
Acho muitíssimo bem. No caso dos Estados Unidos, dada a péssima qualidade geral dos espermatozóides, devia mesmo reduzir drasticamente a sua produção. Conviria até que se estendesse a toda a população masculina norte-americana. E, já agora, seria pedir muito que tivesse como efeitos colaterais uma esterilização generalizada a curto prazo?...
De resto, isto de inseminar implantes femininos nos testículos da gadeza masculina do nosso tempo chega a soar a redundante: grande parte já só tem aquilo como mero adereço decorativo; lá bem no fundo já são perfeitos e convenientes mulherzinhos donos de casa.
Faz, pois, todo o sentido que comecem também a tomar a pílula.
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
INJÚRIAS
Agora parece estar a gerar-se grande polémica, nos Estados Unidos, à volta do filme de Mel Gibson, "The passion of the Christ".
"A Anti-Defamation League (ADL, organização judaica americana) manifestou a sua preocupação pela possibilidade de o filme contribuir para propagar ideias anti-semitas: "Ficámos entristecidos por ver que 'The Passion of the Christ' apresenta um retrato sem ambiguidades do povo judeu como responsável pela morte de Jesus. O filme não deixa dúvidas a este respeito", lia-se num comunicado da ADL. "
O filme, diz-se, procura ser uma réplica fiel dos textos evangélicos.
Francamente, depois da teta de Janet Jackson, só nos faltava mais isto. Não lembra ao diabo: insinuar sequer que terão sido os judeus a enviarem Jesus pró suplício. É uma afronta, uma injúria! Toda a gente sabe que foram os alemães.
Ainda pra mais, um tipo que diz: "É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha, do que um rico entrar no Reino do Céu", só podia ser um perigoso esquerdista e, de certeza, um palestiniano avant la lettre!...
"A Anti-Defamation League (ADL, organização judaica americana) manifestou a sua preocupação pela possibilidade de o filme contribuir para propagar ideias anti-semitas: "Ficámos entristecidos por ver que 'The Passion of the Christ' apresenta um retrato sem ambiguidades do povo judeu como responsável pela morte de Jesus. O filme não deixa dúvidas a este respeito", lia-se num comunicado da ADL. "
O filme, diz-se, procura ser uma réplica fiel dos textos evangélicos.
Francamente, depois da teta de Janet Jackson, só nos faltava mais isto. Não lembra ao diabo: insinuar sequer que terão sido os judeus a enviarem Jesus pró suplício. É uma afronta, uma injúria! Toda a gente sabe que foram os alemães.
Ainda pra mais, um tipo que diz: "É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha, do que um rico entrar no Reino do Céu", só podia ser um perigoso esquerdista e, de certeza, um palestiniano avant la lettre!...
sábado, fevereiro 21, 2004
NEOCONs OU ...
Dizia-me o Dinossauro, um dia destes:
-"Pois é, Dragão, meu velho, isto das gerações deve obedecer a ciclos, ora de avanços ou bebedeiras, ora de retrocessos ou ressacas! Agora estamos na ressaca, (no fim dela, espero bem) e o que não falta pr'aí são os Neocons, de que esse José Manuel Fernandes parece ser porta-voz proeminente!..."
Era um comentário inocente, mescla de dialéctica freudo-marxista à moda de Marcuse com aguardente velha em fase terminal de Alzheimer. Com aquilo dos Neocons ele referia-se aos "Neo-conservadores", invertebrados rastejantes, de provavel origem alienígena que, ultimamente, se têm tornado infestantes. Ao mesmo tempo, que ele exercia este seu desabafo, desfilava nos écrans o tal J.M.Fernandes, com a sua fronha característica (situada algures entre o monhé e o cigano), emitindo opiniões características sobre uma qualquer enormidade que ele achava muito justa.
Falava-se mais para passar o tempo, enquanto se iam rilhando uns tremoços e emborcando uns canecos, e a coisa teria morrido por ali. Teria, de facto. Se o Caguinchas, para variar, nesse dia, não estivesse com as antenas sintonizadas e a morder, todo manhoso e de cenho franzido, o desenrolar da conversa. É certo e sabido que qualquer vocábulo novo que oiça, ainda pra mais com imagem associada, lhe fica por muito e vasto tempo a ricochetear na moleirinha.
A prova disso, se necessária fosse, aconteceu ontem à noite.
Estava a tasca -aliás ciber-tasca-, a rir-se com mais um telejornal, quando surge o tal José Manuel Fernandes, a convite do pivot de serviço, para contar já não sei que piada. Num salto, excitado, o Caguinchas adoptou uma pose indicadora de perdigueiro alarmado e bradou:
-"Olhem, lá está ele: o Neoconas!!..."
Ninguém se atreveu a corrigi-lo. Com a cara de conas que o tal neocoiso tem, seria muito difícil desconvencê-lo.
-"Pois é, Dragão, meu velho, isto das gerações deve obedecer a ciclos, ora de avanços ou bebedeiras, ora de retrocessos ou ressacas! Agora estamos na ressaca, (no fim dela, espero bem) e o que não falta pr'aí são os Neocons, de que esse José Manuel Fernandes parece ser porta-voz proeminente!..."
Era um comentário inocente, mescla de dialéctica freudo-marxista à moda de Marcuse com aguardente velha em fase terminal de Alzheimer. Com aquilo dos Neocons ele referia-se aos "Neo-conservadores", invertebrados rastejantes, de provavel origem alienígena que, ultimamente, se têm tornado infestantes. Ao mesmo tempo, que ele exercia este seu desabafo, desfilava nos écrans o tal J.M.Fernandes, com a sua fronha característica (situada algures entre o monhé e o cigano), emitindo opiniões características sobre uma qualquer enormidade que ele achava muito justa.
Falava-se mais para passar o tempo, enquanto se iam rilhando uns tremoços e emborcando uns canecos, e a coisa teria morrido por ali. Teria, de facto. Se o Caguinchas, para variar, nesse dia, não estivesse com as antenas sintonizadas e a morder, todo manhoso e de cenho franzido, o desenrolar da conversa. É certo e sabido que qualquer vocábulo novo que oiça, ainda pra mais com imagem associada, lhe fica por muito e vasto tempo a ricochetear na moleirinha.
A prova disso, se necessária fosse, aconteceu ontem à noite.
Estava a tasca -aliás ciber-tasca-, a rir-se com mais um telejornal, quando surge o tal José Manuel Fernandes, a convite do pivot de serviço, para contar já não sei que piada. Num salto, excitado, o Caguinchas adoptou uma pose indicadora de perdigueiro alarmado e bradou:
-"Olhem, lá está ele: o Neoconas!!..."
Ninguém se atreveu a corrigi-lo. Com a cara de conas que o tal neocoiso tem, seria muito difícil desconvencê-lo.
sexta-feira, fevereiro 20, 2004
O BURACO NEGRO
A notícia diz assim:
"Primeira prova do apetite de um buraco negro captada pela ESA e NASA
Dois observatórios espaciais de raios X, da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), testemunharam o massacre de uma estrela por um buraco negro cheio de apetite".
O fenómeno insólito é situado "na altura em que a estrela se aproximava da galáxia RX J1242-11, que fica a 700 milhões de anos-luz da Terra (...)"
O buraco negro terá emboscado a pobre e incauta estrela, que acabou devorada em menos de nada.
Nisto tudo, há um grande equívoco...Ou melhor, uma imprecisão: é que a 700 milhões de anos luz da Terra, à deriva em pleno espaço, só pode mesmo ser Portugal. E o buraco negro, vórtice de massa sinistra e voraz, está bem de ver, eu caia aqui ceguinho, se não tem a tromba chapada do (des)governo do Durão Barroso!...
Enfim, mais um triste episódio do confronto entre a luz e a massa.
"Primeira prova do apetite de um buraco negro captada pela ESA e NASA
Dois observatórios espaciais de raios X, da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), testemunharam o massacre de uma estrela por um buraco negro cheio de apetite".
O fenómeno insólito é situado "na altura em que a estrela se aproximava da galáxia RX J1242-11, que fica a 700 milhões de anos-luz da Terra (...)"
O buraco negro terá emboscado a pobre e incauta estrela, que acabou devorada em menos de nada.
Nisto tudo, há um grande equívoco...Ou melhor, uma imprecisão: é que a 700 milhões de anos luz da Terra, à deriva em pleno espaço, só pode mesmo ser Portugal. E o buraco negro, vórtice de massa sinistra e voraz, está bem de ver, eu caia aqui ceguinho, se não tem a tromba chapada do (des)governo do Durão Barroso!...
Enfim, mais um triste episódio do confronto entre a luz e a massa.
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
UM NOVO MILAGRE
Aqui, no Santuário de Nossa Senhora das Mordomias, assiste-se a mais um coro maravilhado ante novo prodígio da Santa. A notícia já chega ao DN, onde se anuncia: " a ministra da Justiça, Celeste Cardona, nomeou na semana passada dois jovens quadros, com pouca experiência e com salários máximos na Função Pública, para o Gabinete de Auditoria e Modernização, um gabinete que em tempos considerou inútil.
A mesma fonte acrescenta que a directora vai receber um salário de 5.541 euros e o sub-director 5.380 euros, montantes imediatamente abaixo do atribuído ao primeiro-ministro."
Mais palavras para quê? São artistas portugueses. Ficamo-nos por um comentário de rodapé:
Para estes cavalheiros, o Estado é uma coisa horrível que urge exterminar; mas já os dinheiros do Estado, esses, são um verdadeiro maná que cai do céu. É uma mãos largas, Santa Celeste!...Especialmente em se tratando do dinheiro dos outros.
A mesma fonte acrescenta que a directora vai receber um salário de 5.541 euros e o sub-director 5.380 euros, montantes imediatamente abaixo do atribuído ao primeiro-ministro."
Mais palavras para quê? São artistas portugueses. Ficamo-nos por um comentário de rodapé:
Para estes cavalheiros, o Estado é uma coisa horrível que urge exterminar; mas já os dinheiros do Estado, esses, são um verdadeiro maná que cai do céu. É uma mãos largas, Santa Celeste!...Especialmente em se tratando do dinheiro dos outros.
CONSPIRAÇÃO
De todas as pessoas que jogam no totoloto, consigo, pelo menos, imaginar duas categorias principais: aqueles a quem nada sai e atribuem à falta de sorte; e aqueles a quem nada sai e atribuem a uma conspiração qualquer, de contornos tortuosos e difusos. Claro está, eu incluo-me nos segundos.
É-me difícil conceber um universo completamente absurdo.
É-me difícil conceber um universo completamente absurdo.
quarta-feira, fevereiro 18, 2004
GESTORES
Antigamente, em épocas mais arriscadas e heróicas, as cabeças coroadas dessa Europa passavam uma autorização para roubar, pilhar e defenestrar pelos sete mares. Chamavam-lhes "cartas de corso"; e aos titulares "corsários.
Agora, nestes tempos pusilânimes, é tudo muito mais suave, mesquinho, hipócrita. Os governos passam as mesmíssimas autorizações, mas doravante em terra. Chamam-lhes "nomeações"; e aos felizardos que as recebem "gestores públicos".
Mais elevadas, mesmo, acho que são só as comissões...
Agora, nestes tempos pusilânimes, é tudo muito mais suave, mesquinho, hipócrita. Os governos passam as mesmíssimas autorizações, mas doravante em terra. Chamam-lhes "nomeações"; e aos felizardos que as recebem "gestores públicos".
Mais elevadas, mesmo, acho que são só as comissões...
CONFISSÕES JET
Algures, numa capa dessas revistas de frivolidades, Elsa Raposo, demolhada numa fonte do Rossio, tem o seguinte depoimento:
"O único homem que me marcou foi o João Lança Morais"!
Lá está... O ferro "Lança Morais" é sinónimo de distinção e garantia de qualidade. Nisto de ganadarias, nunca é demais salientá-lo.
"O único homem que me marcou foi o João Lança Morais"!
Lá está... O ferro "Lança Morais" é sinónimo de distinção e garantia de qualidade. Nisto de ganadarias, nunca é demais salientá-lo.
terça-feira, fevereiro 17, 2004
UMA IDEIA GENIAL
Ocorreu-me uma ideia que me atrevo a chamar de genial.
Trata do assunto mais importante da nação: Futebol.
Captado que está o vosso interesse e atenção, eis o projecto:
É sabido que Portugal tem neste momento os melhores e mais modernos estádios da Europa. Também tem uma taxa de desemprego filha da puta e uma seita de ladrões ao leme da nação, mas isso pr'agora não interessa. Pois, o que interessa é que tendo estádios magníficos, não tem , todavia, público com que os ornamentar. Domingo após domingo, só as moscas e meia duzia de maduros se dignam comparecer. Ao contrário de Espanha, por exemplo, onde os estádios estão sempre apinhados e, por causa disso, a economia vai de vento em popa. Aliás, esse é, reconhecidamente, o sinal de saúde e vigor duma economia: os estádios de futebol a abarrotar. Quando assim não acontece, é porque as pessoas estão deprimidas e ficam em casa na fossa, dizendo mal da vida.
Por conseguinte, para se acabar de vez com esta maldita depressão que se abateu sobre este jardim à beira mal plantado, urge que se encham os estádios - não apenas no Euro2004, mas, sobretudo, antes e depois. Ora, o meu plano é de implementação imediata e eficácia garantida... E reparem na simplicidade:
Uma vez vendidos os ingressos para cada partida, encerradas as bilheteiras, permitam o acesso livre a desempregados. Vão ver como os estádios ficam atestados num instante! De Norte a Sul do país! A qualquer hora ou dia da semana!...
Acho até que é melhor irem já pensando em construir mais dez estádios. E alargar a Superliga a mais dez equipas. No mínimo.
Trata do assunto mais importante da nação: Futebol.
Captado que está o vosso interesse e atenção, eis o projecto:
É sabido que Portugal tem neste momento os melhores e mais modernos estádios da Europa. Também tem uma taxa de desemprego filha da puta e uma seita de ladrões ao leme da nação, mas isso pr'agora não interessa. Pois, o que interessa é que tendo estádios magníficos, não tem , todavia, público com que os ornamentar. Domingo após domingo, só as moscas e meia duzia de maduros se dignam comparecer. Ao contrário de Espanha, por exemplo, onde os estádios estão sempre apinhados e, por causa disso, a economia vai de vento em popa. Aliás, esse é, reconhecidamente, o sinal de saúde e vigor duma economia: os estádios de futebol a abarrotar. Quando assim não acontece, é porque as pessoas estão deprimidas e ficam em casa na fossa, dizendo mal da vida.
Por conseguinte, para se acabar de vez com esta maldita depressão que se abateu sobre este jardim à beira mal plantado, urge que se encham os estádios - não apenas no Euro2004, mas, sobretudo, antes e depois. Ora, o meu plano é de implementação imediata e eficácia garantida... E reparem na simplicidade:
Uma vez vendidos os ingressos para cada partida, encerradas as bilheteiras, permitam o acesso livre a desempregados. Vão ver como os estádios ficam atestados num instante! De Norte a Sul do país! A qualquer hora ou dia da semana!...
Acho até que é melhor irem já pensando em construir mais dez estádios. E alargar a Superliga a mais dez equipas. No mínimo.
Sapo-no-Buraco
Do meu buraco, vejo (e desconfio que vós, dos mais esclarecidos, já terão visto também...) que da tamanha depressão nacional que por aí se propala, existe uma classe mais gravemente afectada do que as restantes...
Não, não se trata dos miseráveis trabalhadores por conta de outrém, já tão anestesiados dos maus tratos infligidos (e o governo havia de ser acusado deste crime público), que já se resignaram a aprovisionar tremoços e bejecas à espera do início do Euro (os jogos de preparação e as apresentações de equipamentos oficiais já têm sabor a preliminares enjoativamente prolongados, a ponto do orgasmo patriótico já começar a ser uma miragem, aos olhos de um povo tão pouco versado em sexo tântrico).
Falo-vos dos pobres empresários portugueses, cujo amor-próprio, de rastos, já nos provoca a pena, mirando os seus olhos fixos no vazio e as mãos trémulas, ao volante dos seus BMW's X5, Ferraris Modena e Mercedes Classe S.
Observam, desapontados, os seus veículos, obtidos à custa da exploração dos seus "colaboradores" alimentados a salários mínimos, dos desvios dos dinheiros da Segurança Social e da manipulação contabilística que lhes permite fugir ao papão do IRC, ano após ano, pensando que estes veículos, a casa com piscina e leões à porta, a pulseira, condizente com a volta em ouro maciço e o Rolex no pulso, apenas mais não são do que reflexos da sua própria pequenez.
Quando, lá fora, os empresários conseguem levar à falência gigantes da indústria alimentar, compram estúdios de Hollywood com recursos que não têm e levam ao desemprego milhares de trabalhadores de uma só vez, a miserabilidade do empresário português, que saca uns míseros popós com gestões danosas e deixa sem sustento apenas umas dezenas de famílias, reflecte a grave crise de ambição nacional.
E deprime.
Para um país na linha da frente, vamos ser ambiciosos: roubar, a partir de agora, é em grande!!!!!!
Não, não se trata dos miseráveis trabalhadores por conta de outrém, já tão anestesiados dos maus tratos infligidos (e o governo havia de ser acusado deste crime público), que já se resignaram a aprovisionar tremoços e bejecas à espera do início do Euro (os jogos de preparação e as apresentações de equipamentos oficiais já têm sabor a preliminares enjoativamente prolongados, a ponto do orgasmo patriótico já começar a ser uma miragem, aos olhos de um povo tão pouco versado em sexo tântrico).
Falo-vos dos pobres empresários portugueses, cujo amor-próprio, de rastos, já nos provoca a pena, mirando os seus olhos fixos no vazio e as mãos trémulas, ao volante dos seus BMW's X5, Ferraris Modena e Mercedes Classe S.
Observam, desapontados, os seus veículos, obtidos à custa da exploração dos seus "colaboradores" alimentados a salários mínimos, dos desvios dos dinheiros da Segurança Social e da manipulação contabilística que lhes permite fugir ao papão do IRC, ano após ano, pensando que estes veículos, a casa com piscina e leões à porta, a pulseira, condizente com a volta em ouro maciço e o Rolex no pulso, apenas mais não são do que reflexos da sua própria pequenez.
Quando, lá fora, os empresários conseguem levar à falência gigantes da indústria alimentar, compram estúdios de Hollywood com recursos que não têm e levam ao desemprego milhares de trabalhadores de uma só vez, a miserabilidade do empresário português, que saca uns míseros popós com gestões danosas e deixa sem sustento apenas umas dezenas de famílias, reflecte a grave crise de ambição nacional.
E deprime.
Para um país na linha da frente, vamos ser ambiciosos: roubar, a partir de agora, é em grande!!!!!!
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
PROMETIDO É DEVIDO
Tocou o hino. Com a bandeira ao fundo, o Primeiro Ministro veio diante das câmaras, falar ao país, resolver a crise, como há muito prometera. Desta vez é que era.
Fitou, solene, a nação, encostou a pistola às têmporas e estoirou os miolos.
A seguir foi o Governo, todo, em bloco. Solidário.
O Parlamento, por dever de cidadania.
A Administração Pública. Por simpatia. Burocrática.
As Polícias. Em escolta. Atrás.
Os Tribunais. Com toda a justiça. Também
As Igrejas. Morais. Abençoadas.
E, por fim, os Media todos, com a Televisão a encerrar o discurso e os écrans.
Comovidas, as pessoas saíram prá rua, subitamente, libertas de tudo: do pesadelo, da angústia, da escravatura camuflada e da crise. Especialmente da crise. Começaram a falar umas com as outras, daquilo que muito bem lhes apeteceu: do futuro, dos sonhos, do amor, sabe-se lá!...
Sem dúvida: a Crise é uma coisa gravíssima que urge resolver. Prometeram-no.
E o prometido é devido!
Fitou, solene, a nação, encostou a pistola às têmporas e estoirou os miolos.
A seguir foi o Governo, todo, em bloco. Solidário.
O Parlamento, por dever de cidadania.
A Administração Pública. Por simpatia. Burocrática.
As Polícias. Em escolta. Atrás.
Os Tribunais. Com toda a justiça. Também
As Igrejas. Morais. Abençoadas.
E, por fim, os Media todos, com a Televisão a encerrar o discurso e os écrans.
Comovidas, as pessoas saíram prá rua, subitamente, libertas de tudo: do pesadelo, da angústia, da escravatura camuflada e da crise. Especialmente da crise. Começaram a falar umas com as outras, daquilo que muito bem lhes apeteceu: do futuro, dos sonhos, do amor, sabe-se lá!...
Sem dúvida: a Crise é uma coisa gravíssima que urge resolver. Prometeram-no.
E o prometido é devido!
segunda-feira, fevereiro 09, 2004
RATOS NO ESPAÇO
Que notícia revigorante li hoje na imprensa. Ora oiçam:
"Cientistas querem enviar 15 ratos para o espaço em 2006
Três universidades americanas e australianas querem enviar 15 ratos para o espaço em 2006 para ajudar a preparar futuras missões tripuladas a Marte. Os animais deverão passar cinco semanas na órbita terrestre, noticia hoje a BBC online ."
Eu proponho, e estimo que se torne uma prioridade nacional, que Portugal participe neste louvável projecto. De que modo? Simples: Que os ratos sejam portugueses. Temos cá numerosos e excelentes ratos; ratos das melhores famílias e proveniência; ratos de fina estirpe e nobre pedigree; ratos e ratas, claro está.
É pena só serem 15. Dáva-nos jeito, imenso jeito, que fossem pelo menos umas centenas. Assim, vai ser difícil escolher. Requer uma espécie de selecção nacional. Vamos ter que nomear um seleccionador. Ora, isso, consabidamente, é complicado: cá no burgo, todos têm a mania que deviam ser seleccionadores nacionais, que congregam as qualidades necessárias.
Bem, mas como sou eu o pai da ideia, proponho que seja eu o seleccionador. Alguém vota contra? Não? Muito bem. Então estou nomeado por unanimidade e aclamação.
Publicarei, em breve, a minha convocatória.
Há, porém, um pormenor que quero já deixar bem claro: O Luís Delgado não faz parte dos meus planos para a campanha espacial. Não é embirração minha: teria o maior gosto em enviá-lo para o espaço. Só que os cientistas referem, explicitamente, "ratos", e não "ratazanas".
Paciência, Luís, pode ser que te aceitem numa fase posterior, já para testes de colonização do planeta Marte.
"Cientistas querem enviar 15 ratos para o espaço em 2006
Três universidades americanas e australianas querem enviar 15 ratos para o espaço em 2006 para ajudar a preparar futuras missões tripuladas a Marte. Os animais deverão passar cinco semanas na órbita terrestre, noticia hoje a BBC online ."
Eu proponho, e estimo que se torne uma prioridade nacional, que Portugal participe neste louvável projecto. De que modo? Simples: Que os ratos sejam portugueses. Temos cá numerosos e excelentes ratos; ratos das melhores famílias e proveniência; ratos de fina estirpe e nobre pedigree; ratos e ratas, claro está.
É pena só serem 15. Dáva-nos jeito, imenso jeito, que fossem pelo menos umas centenas. Assim, vai ser difícil escolher. Requer uma espécie de selecção nacional. Vamos ter que nomear um seleccionador. Ora, isso, consabidamente, é complicado: cá no burgo, todos têm a mania que deviam ser seleccionadores nacionais, que congregam as qualidades necessárias.
Bem, mas como sou eu o pai da ideia, proponho que seja eu o seleccionador. Alguém vota contra? Não? Muito bem. Então estou nomeado por unanimidade e aclamação.
Publicarei, em breve, a minha convocatória.
Há, porém, um pormenor que quero já deixar bem claro: O Luís Delgado não faz parte dos meus planos para a campanha espacial. Não é embirração minha: teria o maior gosto em enviá-lo para o espaço. Só que os cientistas referem, explicitamente, "ratos", e não "ratazanas".
Paciência, Luís, pode ser que te aceitem numa fase posterior, já para testes de colonização do planeta Marte.
domingo, fevereiro 08, 2004
O G.A.N.D.U.L.O - 1ªReunião, Fase 5
Esta coisa do D.Afonso Henriques andar ao leme do Batnavó, apesar do cutelo, não tem só desvantagens. Não, também tem algumas contrapartidas. A tasca -aliás, Ciber-tasca-, por exemplo, parece ter viajado no tempo, sendo que eu e o Dinossauro fomos armados cavaleiros e o Caguinchas agora é conde. Já o Armindo Taberneiro, que D.Afonso não vê com tão bons olhos, manteve-se plebeu, mas com o alvará, por concessão régia, de armeiro-real e Guardião-das-armas. Estas, as armas, resumem-se por enquanto ao cutelo, mas D.Afonso já lançou olhares gulosos ao martelo de picar carnes, que o Armindo tratou de esconder como pôde.
Foi, pois, nestas qualidades aristocráticas que prosseguimos com a reunião.
Tomou a palavra o Conde Caguinchas, coisa que, em condições normais nós teríamos evitado a todo o custo, mas que, dada a nova hierarquia social, se tornava impossível, já que sendo ele Conde e nós apenas cavaleiros não caíria bem, aos olhos do Rei, mandar calar um superior.
Para não variar, e apesar de ímbuido doravante de sangue azul, no usufruto dum Condado ali prás bandas de Alcains, o Caguinchas, emborcou o lenitivo da ordem e, sem mais aquecimentos nem avisos, descarregou um chorrilho de alarvidades e contrasensos, capazes de fazer babar de inveja um estivador bezano em fase quadrupédica.
Eis a súmula (traduzida e seleccionada):
O Caguinchas -aliás, Conde Caguinchas-, tinha descoberto onde se acoitava Bin Laden, o famigerado terrorista. Por uma feliz coincidência, associada a poderes dedutivos invulgares, topara o vilão mais o respectivo covil. Onde satélites, agências, exércitos haviam falhado, o Caguinchas, agora Conde, reclamava vitória. E o mais extraordinário é que o dito facínora, o génio maligno, encontrava-se em Portugal, ou mais precisamente, com toda a exactidão domiciliar, na Rua Morais Soares, nºx, 3º Dtº, à Praça do Chile - Lisboa. Se acrescentarmos o código postal: 1900 Lisboa e o telefone: 2184*****, fica o serviço completo e o banzamento colectivo. Mas o detalhes não ficavam por aqui. Bastava ler o anúncio, que o Conde Caguinchas apresentava como prova eloquente e definitiva:
ASTRÓLOGO * ESPIRITUALISTA * CIENTISTA
MESTRE BAIO
Grande cientista, espiritualista e curandeiro. Descendente de uma antiga e rica família com poderes de magias negra e branca, feitiços dos impérios do mal: Senegal, Gâmbia, Guiné-Conacri. Coordenador dos (Impérios do mal), mesmo ao longo de muitos anos, conhecedor de casos desesperados, ajuda e aconselha qualquer problema, grande ou de difícil solução, com rapidez e sabedoria, em curtos prazos (...) Faz trabalhos à distância. Conhecido por toda a Europa e África., bla-bla-bla e por aí fora..." (o que se seguia não tem muito interesse pois não era citado como matéria de prova.)
-"Este gajo é o Bin Laden! - Garantia o Caguinchas, com a autoridade toda dum conde. - Um raio me parta, se não é! Não, vejam!, vejam com atenção!...'Tá tudo aqui escarrapachado: "Coordenador dos Impérios do mal e trabalha à distância"...É o gajo! Só pode ser mesmo o gajo! chapado e escarrado!...E agora compreende-se com'é qu'aquilo foi feito, os aviões contra as torres e aquele buraco misterioso no Pentágono: Foi magia! Pura magia!...Negra e branca, diz aqui, foda-se!, o gajo é perito nas duas!..."
Mesmo que quisessemos contrapor alguma coisa, o protocolo hierárquico e o olhar severo de D.Afonso Henriques não no-lo permitiriam. Via-se que ele tinha pelo Conde Caguinchas a maior das considerações. De resto, por muito que nos custasse, havia algumas evidências corroborantes, como a questão da coordenação maligna e o trabalho à distância.
Optámos, pois, e a bem da nossa longevidade, por concordar e até rasgar corteses elogios à bela (se bem que rilhafolesca) teoria:
-"Com efeito, Vossa Senhoria!...De facto! Quem diria? Esse energúmeno entre nós!...Mas também, como dizia o poeta, isto não é um país: é um sítio mal frequentado!...Que clarividência a vossa, Conde Caguinchas!..."
Estávamos entretidos nisto, quando, por via da cusquisse proverbial de certos bairros de Lisboa, atraída por rumores e boatos excepcionalmente fundados, eis que desemboca na tasca a respectiva do Batnavó, com uma destas fussas de megera assanhada que só visto, salvo seja, porque nós de a vermos até nos arrepiámos todos e preparámo-nos pró pior.
Vou-vos poupar ao estardalhaço e despautério matrimonial com que a criatura nos brindou e ao marido arredio em especial. Digo-vos que é peixeira num certo mercado e ficamos por aqui.
Mas o pior mesmo foi quando D.Afonso Henriques, sem perceber muito bem todo aquele escabeche, teve a triste ideia de se virar para o Conde Caguinchas e perguntar:
-"Quem é esta plebeia? Que reclama ela?...De que afronta se queixa?...Algum mouro ou castelhano que a violou?!..."
E mais triste ainda foi a resposta que o Caguinchas, feito Conde, teve a infelicidade de lhe dar (nós ainda acenámos, discreta e desesperadamente; mas em vão):
-"É Dona Urraca, vossa esposa, meu senhor!..."
Das duas uma: ou D.Afonso Henriques não reconheceu a esposa; ou tinha contas antigas a saldar. Agora imaginem nove séculos de juros em atraso...
Foi, pois, nestas qualidades aristocráticas que prosseguimos com a reunião.
Tomou a palavra o Conde Caguinchas, coisa que, em condições normais nós teríamos evitado a todo o custo, mas que, dada a nova hierarquia social, se tornava impossível, já que sendo ele Conde e nós apenas cavaleiros não caíria bem, aos olhos do Rei, mandar calar um superior.
Para não variar, e apesar de ímbuido doravante de sangue azul, no usufruto dum Condado ali prás bandas de Alcains, o Caguinchas, emborcou o lenitivo da ordem e, sem mais aquecimentos nem avisos, descarregou um chorrilho de alarvidades e contrasensos, capazes de fazer babar de inveja um estivador bezano em fase quadrupédica.
Eis a súmula (traduzida e seleccionada):
O Caguinchas -aliás, Conde Caguinchas-, tinha descoberto onde se acoitava Bin Laden, o famigerado terrorista. Por uma feliz coincidência, associada a poderes dedutivos invulgares, topara o vilão mais o respectivo covil. Onde satélites, agências, exércitos haviam falhado, o Caguinchas, agora Conde, reclamava vitória. E o mais extraordinário é que o dito facínora, o génio maligno, encontrava-se em Portugal, ou mais precisamente, com toda a exactidão domiciliar, na Rua Morais Soares, nºx, 3º Dtº, à Praça do Chile - Lisboa. Se acrescentarmos o código postal: 1900 Lisboa e o telefone: 2184*****, fica o serviço completo e o banzamento colectivo. Mas o detalhes não ficavam por aqui. Bastava ler o anúncio, que o Conde Caguinchas apresentava como prova eloquente e definitiva:
ASTRÓLOGO * ESPIRITUALISTA * CIENTISTA
MESTRE BAIO
Grande cientista, espiritualista e curandeiro. Descendente de uma antiga e rica família com poderes de magias negra e branca, feitiços dos impérios do mal: Senegal, Gâmbia, Guiné-Conacri. Coordenador dos (Impérios do mal), mesmo ao longo de muitos anos, conhecedor de casos desesperados, ajuda e aconselha qualquer problema, grande ou de difícil solução, com rapidez e sabedoria, em curtos prazos (...) Faz trabalhos à distância. Conhecido por toda a Europa e África., bla-bla-bla e por aí fora..." (o que se seguia não tem muito interesse pois não era citado como matéria de prova.)
-"Este gajo é o Bin Laden! - Garantia o Caguinchas, com a autoridade toda dum conde. - Um raio me parta, se não é! Não, vejam!, vejam com atenção!...'Tá tudo aqui escarrapachado: "Coordenador dos Impérios do mal e trabalha à distância"...É o gajo! Só pode ser mesmo o gajo! chapado e escarrado!...E agora compreende-se com'é qu'aquilo foi feito, os aviões contra as torres e aquele buraco misterioso no Pentágono: Foi magia! Pura magia!...Negra e branca, diz aqui, foda-se!, o gajo é perito nas duas!..."
Mesmo que quisessemos contrapor alguma coisa, o protocolo hierárquico e o olhar severo de D.Afonso Henriques não no-lo permitiriam. Via-se que ele tinha pelo Conde Caguinchas a maior das considerações. De resto, por muito que nos custasse, havia algumas evidências corroborantes, como a questão da coordenação maligna e o trabalho à distância.
Optámos, pois, e a bem da nossa longevidade, por concordar e até rasgar corteses elogios à bela (se bem que rilhafolesca) teoria:
-"Com efeito, Vossa Senhoria!...De facto! Quem diria? Esse energúmeno entre nós!...Mas também, como dizia o poeta, isto não é um país: é um sítio mal frequentado!...Que clarividência a vossa, Conde Caguinchas!..."
Estávamos entretidos nisto, quando, por via da cusquisse proverbial de certos bairros de Lisboa, atraída por rumores e boatos excepcionalmente fundados, eis que desemboca na tasca a respectiva do Batnavó, com uma destas fussas de megera assanhada que só visto, salvo seja, porque nós de a vermos até nos arrepiámos todos e preparámo-nos pró pior.
Vou-vos poupar ao estardalhaço e despautério matrimonial com que a criatura nos brindou e ao marido arredio em especial. Digo-vos que é peixeira num certo mercado e ficamos por aqui.
Mas o pior mesmo foi quando D.Afonso Henriques, sem perceber muito bem todo aquele escabeche, teve a triste ideia de se virar para o Conde Caguinchas e perguntar:
-"Quem é esta plebeia? Que reclama ela?...De que afronta se queixa?...Algum mouro ou castelhano que a violou?!..."
E mais triste ainda foi a resposta que o Caguinchas, feito Conde, teve a infelicidade de lhe dar (nós ainda acenámos, discreta e desesperadamente; mas em vão):
-"É Dona Urraca, vossa esposa, meu senhor!..."
Das duas uma: ou D.Afonso Henriques não reconheceu a esposa; ou tinha contas antigas a saldar. Agora imaginem nove séculos de juros em atraso...
sábado, fevereiro 07, 2004
IRMÃOS, URREMOS!
Andam pr'aí a rumorejar que o WC Bush ainda tem ascendência portuguesa, por portas e travessas de Dª Urraca, esposa de D.Afonso Henriques. Não deve ser falso de todo. Porque uma coisa é certa: saber disso deixa-nos, aos descendentes legítimos do Rei-Pai Fundador, todos, aos urros!...
TRANSFERÊNCIAS
Então o Dr. Santana Lopes quer transferir a Feira Popular para o Parque de Monsanto... Uma alarvidade, não é?!... Pois é. Mas a culpa é nossa: porque não transferimos o ilustre autarca para uma agro-pecuária do Alentejo, com uma merecida enxada nas unhas!
A cidade onde eu nasci agradecia. E ele, com uma supervisão adequada, até pode ser que se fizesse um homenzinho!...
A cidade onde eu nasci agradecia. E ele, com uma supervisão adequada, até pode ser que se fizesse um homenzinho!...
JOINT VENTURE
Há, definitivamente, uma coisa em que os americanos são bons: vender merdas desnecessárias aos outros, impingir drogas e porcarias capazes de arruinar por muitos e bons anos qualquer hipótese de civilização ou cultura.. Ora, nós temos muitas merdas para vender, estamos atolados em porcarias que não fazem cá falta nenhuma. É que já nem nos conseguimos mexer.
Cito apenas algumas, cujos depósitos são quase inesgotáveis:
Resignação
Abulia
Inércia
Ataraxia
Logofobia
Egomania
Aqui, é que uma aliança comercial fazia todo o sentido: Nós tornávamo-nos grandes exportadores; eles tratavam da manufactura e acrescentavam, sobretudo, a embalagem e o marketing. Se isto não dava uma joint venture daquelas!...
Basta pensarmos nas doses maciças com que eles precisam de inundar, urgentemente, o mundo árabe... Que mercado! O negócio que não seria!...
E note-se a qualidade do produto (ao nível dos nossos melhores vinhos e cortiças), a excelência de anos e anos de sedimentação e maturação refinada: Há lá resignação, abulia ou logofobia melhores que as portuguesas!...
Só mesmo no Outro Mundo (ou em África, o que vai dar quase ao mesmo).
Por outro lado, acho que eles, no seu frenesim imperial, têm andado um tanto ou quanto equivocados: ainda não perceberam que a solução para os seus problemas não consiste em "americanizar" o mundo, mas sim em "portugalizá-lo".
Não havia terrorismo que resistisse!....
Cito apenas algumas, cujos depósitos são quase inesgotáveis:
Resignação
Abulia
Inércia
Ataraxia
Logofobia
Egomania
Aqui, é que uma aliança comercial fazia todo o sentido: Nós tornávamo-nos grandes exportadores; eles tratavam da manufactura e acrescentavam, sobretudo, a embalagem e o marketing. Se isto não dava uma joint venture daquelas!...
Basta pensarmos nas doses maciças com que eles precisam de inundar, urgentemente, o mundo árabe... Que mercado! O negócio que não seria!...
E note-se a qualidade do produto (ao nível dos nossos melhores vinhos e cortiças), a excelência de anos e anos de sedimentação e maturação refinada: Há lá resignação, abulia ou logofobia melhores que as portuguesas!...
Só mesmo no Outro Mundo (ou em África, o que vai dar quase ao mesmo).
Por outro lado, acho que eles, no seu frenesim imperial, têm andado um tanto ou quanto equivocados: ainda não perceberam que a solução para os seus problemas não consiste em "americanizar" o mundo, mas sim em "portugalizá-lo".
Não havia terrorismo que resistisse!....
sexta-feira, fevereiro 06, 2004
O G.A.N.D.U.L.O - 1ª Reunião, 4ª fase (acho eu)
Depois de várias peripécias e contrariedades, o GANDULO (Gabinete de Alarme Neutralização e Denúncia das Urdiduras do Lobby Ogre) lá conseguiu retomar os trabalhos. O principal problema prendia-se com a falta de quórum e, simultaneamente, secretário das atas. Refiro-me, em suma, ao Batnavó. Como se lembrarão os leitores da primeira hora (os outros, é conferirem os arquivos), aquando da primeira sessão, quando consultávamos as fontes no Além, o Batnavó, médium de serviço, encorporou o D.Afonso Henriques, nosso Fundador, socorreu-se dum cutelo, e saíu, desvairado, atrás da maralha, bradando por S.Jorge e morte aos mouros!...
O Batnavó, há que reconhecê-lo, nunca foi própriamente um cidadão exemplar, mas aquilo até a nós nos surpreendeu. Andou desaparecido um ror de tempo. A mãe dos filhos, a páginas tantas, compareceu desesperada na tasca -aliás, Ciber-tasca-, clamando que não o via há mais duma semana e começava a faltar a ração prás crias. Lá lhe acudimos como pudémos, através de peditório e rifas, mas do D. Afonso Henriques, a galope no Batnavó, nem sinal. Já estava mesmo a cair no esquecimento e ponderávamos a substituição do vogal desertor, quando rumores de desacatos lá pra Guimarães nos puseram com a pulga atrás da orelha. Onde é que já tínhamos visto aquilo?...
-"Eh pá, se não era o Batnavó a dar c'uma cadeira ali nos cornos dum bimbo, era o diabo por ele!" - Bradou, a certa altura da reportagem televisiva, o Caguinchas, em sobressalto.
Ficámos na dúvida. O Armindo, que é um somítico, lá aproveitou pra voltar à ladainha das saudadas do cutelo. "Era um cutelo que já estava há mais de três gerações na família, tinha-o herdado do meu pai, que o herdara do meu avô, bla-bla-bla, frito-cozido..."
Que até o Caguinchas, amigo do peito do desaparecido, desbroncou:
-"Foda-se, ó Armindo!, essa conversa do cutelo já mete nojo! Nós aqui preocupados com o Batnavó, e tu a dares-lhe com essa choraminguice de merda!..."
Bem, hoje repetia-se a cena. O Armindo a dar no cutelo e o Caguinchas a dar-lhe por causa do cutelo, e a malta toda, eu e o Dinossauro, de ar circunspecto, a corroborar o Caguinchas, quando, o Armindo, de fronte prá porta por inerência das funções balconistas, se calou de repente e adquiriu um semblante, primeiro estupefacto e depois maravilhado...
-"O meu cutelo!..." - Bramou, delirante.
-"Queres ver que lhe vai dar um treco!..." - ainda comentou o Caguinchas, entendendo mal a expressão do outro.
Nós, eu e o Dinossauro, é que, quase instintivamente, olhámos para trás, na direcção da porta...E lá estava ele, em carne e osso, e cutelo: o Batnavó.
O que se seguiu era pra ser simples, mas acabou por ser complicado. Muito complicado.
Isto, porque, por um lado, nós, eufóricos, queriamos celebrar o regresso do nosso secretário de atas; mas, por outro, o cutelo e D.Afonso Henriques ao volante do cutelo, não pareciam pelos ajustes.
Poupo-vos os detalhes e as tribulações, que não foram pequenas. Importa registar é que, ao fim dum bom bocado, e muita diplomacia, o Batnavó lá condescendou em sentar-se à mesa e retomar os trabalhos.
A diferença, agora, é que o tratamos por Vossa Majestade e tivemos que jurar vassalagem. O gajo com o cutelo não brinca!...
O Batnavó, há que reconhecê-lo, nunca foi própriamente um cidadão exemplar, mas aquilo até a nós nos surpreendeu. Andou desaparecido um ror de tempo. A mãe dos filhos, a páginas tantas, compareceu desesperada na tasca -aliás, Ciber-tasca-, clamando que não o via há mais duma semana e começava a faltar a ração prás crias. Lá lhe acudimos como pudémos, através de peditório e rifas, mas do D. Afonso Henriques, a galope no Batnavó, nem sinal. Já estava mesmo a cair no esquecimento e ponderávamos a substituição do vogal desertor, quando rumores de desacatos lá pra Guimarães nos puseram com a pulga atrás da orelha. Onde é que já tínhamos visto aquilo?...
-"Eh pá, se não era o Batnavó a dar c'uma cadeira ali nos cornos dum bimbo, era o diabo por ele!" - Bradou, a certa altura da reportagem televisiva, o Caguinchas, em sobressalto.
Ficámos na dúvida. O Armindo, que é um somítico, lá aproveitou pra voltar à ladainha das saudadas do cutelo. "Era um cutelo que já estava há mais de três gerações na família, tinha-o herdado do meu pai, que o herdara do meu avô, bla-bla-bla, frito-cozido..."
Que até o Caguinchas, amigo do peito do desaparecido, desbroncou:
-"Foda-se, ó Armindo!, essa conversa do cutelo já mete nojo! Nós aqui preocupados com o Batnavó, e tu a dares-lhe com essa choraminguice de merda!..."
Bem, hoje repetia-se a cena. O Armindo a dar no cutelo e o Caguinchas a dar-lhe por causa do cutelo, e a malta toda, eu e o Dinossauro, de ar circunspecto, a corroborar o Caguinchas, quando, o Armindo, de fronte prá porta por inerência das funções balconistas, se calou de repente e adquiriu um semblante, primeiro estupefacto e depois maravilhado...
-"O meu cutelo!..." - Bramou, delirante.
-"Queres ver que lhe vai dar um treco!..." - ainda comentou o Caguinchas, entendendo mal a expressão do outro.
Nós, eu e o Dinossauro, é que, quase instintivamente, olhámos para trás, na direcção da porta...E lá estava ele, em carne e osso, e cutelo: o Batnavó.
O que se seguiu era pra ser simples, mas acabou por ser complicado. Muito complicado.
Isto, porque, por um lado, nós, eufóricos, queriamos celebrar o regresso do nosso secretário de atas; mas, por outro, o cutelo e D.Afonso Henriques ao volante do cutelo, não pareciam pelos ajustes.
Poupo-vos os detalhes e as tribulações, que não foram pequenas. Importa registar é que, ao fim dum bom bocado, e muita diplomacia, o Batnavó lá condescendou em sentar-se à mesa e retomar os trabalhos.
A diferença, agora, é que o tratamos por Vossa Majestade e tivemos que jurar vassalagem. O gajo com o cutelo não brinca!...
O CONSENSO
A oposição no parlamento reclama a presença de Durão Barroso para que lhes explique, em pormenor, onde estão as Armas de Destruição Maciça que ele jurou ter visto com aqueles olhinhos que a terra há-de comer (com grande sacrifício e esforço para não vomitar durante o repasto, diga-se)...
O parlamento vai ter de esperar. Parece que, entretanto, WC Bush também já o convocou para o mesmo efeito.
Durão Barroso, esse, entre dois fogos, procura ganhar tempo: vai fazendo e desfazendo as malas, vai mandando dizer a Tony Blair que não está, e, entre sôfrego e veemente, vai increpando, em tons de ultimato, Luís Delgado e o Professor Karamba para que cheguem duma vez por todas a um consenso.
O parlamento vai ter de esperar. Parece que, entretanto, WC Bush também já o convocou para o mesmo efeito.
Durão Barroso, esse, entre dois fogos, procura ganhar tempo: vai fazendo e desfazendo as malas, vai mandando dizer a Tony Blair que não está, e, entre sôfrego e veemente, vai increpando, em tons de ultimato, Luís Delgado e o Professor Karamba para que cheguem duma vez por todas a um consenso.
quinta-feira, fevereiro 05, 2004
A NOVA ESCOLA DE SAGRES, ALIÁS, CRISTAL
Por falar em áugures e adivinhos...
Por quanto tempo mais vamos continuar a esbanjar este valioso património nacional: estes pantascópios humanos que tudo lobrigam e alcançam, desde o micróbio mais sorrateiro ao megalito mais longínquo?...
Nigromantes do quilate dum Luís Delgado, dum Vasco Rato, dum Nuno Rogeiro ou Pacheco Pereira; iluminados do fulgor dum Professor Karamba, astróloga Maia ou Mestre Baio, esse espiritualista cientista e também astrólogo; desvendadores e sumidades do oculto, como a Vidente Liz, Maria Esperança ou Clara Ferreira Alves!...Enfim, todo um vasto rol de génios sobredotados que o país não rentabiliza nem credita devidamente.
Mas imaginem-se todos estes crâneos paranormais congregados numa Agência Nacional de Pitonisos Sibilinos!...Concentrados num único e superlativo Instituto ou Observatório... Calculem as proezas mirabolantes que não irromperiam, os prodígios únicos que não brotariam de enxurrada.
Melhor ainda: concebam todo o país transformado num Consultório Mago-tarótico Internacional, um Templo Profético, enfim: uma espécie de Oráculo de Delfos do século XXI (a que chamaríamos, por exemplo, Oráculo dos Luzincus)... Espantai-vos, boquiabri-vos estupefactos com as romarias que não seriam; as hordas peregrinas, todas elas endinheiradas e poderosas, que da estranja não acudiriam, a encher hotéis e sobrepovoar lojas...
A administração americana em peso, à frente de todos, a perguntar pelas ADMs, pelo esconderijo do Bin Laden, pelo Mulah Omar, pelos novos atentados e respectivas datas, pelos planetas do sistema solar com reservas de petróleo!...Coisas que nem a CIA sabe, nem os Serviços Secretos, nem o FBI, nem a Força Delta, nem o MI5, 6 ou 7, -ah, com que facilidade o Luís Delgado ou o professor Karamba os envergonhariam a todos!...
Era um ápice enquanto passavamos da cauda do Primeiro pelotão para a cabeça, envergando a camisola amarela. E a facturação que não seria! Os contratos de exclusividade com a Super-potência pagos a peso de ouro (com o que poupavam na extinção de todas as agências de informações obsoletas, mais as quintas colunas e seitas de bufos e acólitos pagos por esse mundo fora, dava para nos pagarem uma vida de lorde inglês a todos e ainda liquidavam metade do défice deles)!...
Mas calculem, calculem as potencialidades infinitas: as índustrias paralelas, os serviços e infraestruturas de apoio, os lucros fabulosos com a venda de amuletos, talismãs, chás, horóscopos e bordas d'água cósmicos.
Estamos à espera de quê? Até quando vai continuar este esbanjamento e dispersão de tesouros e preciosidades?!
É uma Nova Época de epopeia e Descobrimentos que se adivinha! Graças a esta Nova Escola de Sagres!..."De Sagres", que digo eu, -tendo em atenção a ferramenta esférica de trabalho-, melhor será chamar-lhe "de Cristal"!...
Por quanto tempo mais vamos continuar a esbanjar este valioso património nacional: estes pantascópios humanos que tudo lobrigam e alcançam, desde o micróbio mais sorrateiro ao megalito mais longínquo?...
Nigromantes do quilate dum Luís Delgado, dum Vasco Rato, dum Nuno Rogeiro ou Pacheco Pereira; iluminados do fulgor dum Professor Karamba, astróloga Maia ou Mestre Baio, esse espiritualista cientista e também astrólogo; desvendadores e sumidades do oculto, como a Vidente Liz, Maria Esperança ou Clara Ferreira Alves!...Enfim, todo um vasto rol de génios sobredotados que o país não rentabiliza nem credita devidamente.
Mas imaginem-se todos estes crâneos paranormais congregados numa Agência Nacional de Pitonisos Sibilinos!...Concentrados num único e superlativo Instituto ou Observatório... Calculem as proezas mirabolantes que não irromperiam, os prodígios únicos que não brotariam de enxurrada.
Melhor ainda: concebam todo o país transformado num Consultório Mago-tarótico Internacional, um Templo Profético, enfim: uma espécie de Oráculo de Delfos do século XXI (a que chamaríamos, por exemplo, Oráculo dos Luzincus)... Espantai-vos, boquiabri-vos estupefactos com as romarias que não seriam; as hordas peregrinas, todas elas endinheiradas e poderosas, que da estranja não acudiriam, a encher hotéis e sobrepovoar lojas...
A administração americana em peso, à frente de todos, a perguntar pelas ADMs, pelo esconderijo do Bin Laden, pelo Mulah Omar, pelos novos atentados e respectivas datas, pelos planetas do sistema solar com reservas de petróleo!...Coisas que nem a CIA sabe, nem os Serviços Secretos, nem o FBI, nem a Força Delta, nem o MI5, 6 ou 7, -ah, com que facilidade o Luís Delgado ou o professor Karamba os envergonhariam a todos!...
Era um ápice enquanto passavamos da cauda do Primeiro pelotão para a cabeça, envergando a camisola amarela. E a facturação que não seria! Os contratos de exclusividade com a Super-potência pagos a peso de ouro (com o que poupavam na extinção de todas as agências de informações obsoletas, mais as quintas colunas e seitas de bufos e acólitos pagos por esse mundo fora, dava para nos pagarem uma vida de lorde inglês a todos e ainda liquidavam metade do défice deles)!...
Mas calculem, calculem as potencialidades infinitas: as índustrias paralelas, os serviços e infraestruturas de apoio, os lucros fabulosos com a venda de amuletos, talismãs, chás, horóscopos e bordas d'água cósmicos.
Estamos à espera de quê? Até quando vai continuar este esbanjamento e dispersão de tesouros e preciosidades?!
É uma Nova Época de epopeia e Descobrimentos que se adivinha! Graças a esta Nova Escola de Sagres!..."De Sagres", que digo eu, -tendo em atenção a ferramenta esférica de trabalho-, melhor será chamar-lhe "de Cristal"!...
PERITAGEM
O ex-Presidente Gorbachov declarou, numa conferência, em Barcelona, que a política norte-americana «contradiz os interesses da Humanidade» porque é feita «sem pensar».
É de saudar esta constatação:
Primeiro, porque é verdade (raridade sempre louvável, nestes nossos dias);
Segundo, porque em se tratando de "governar sem pensar", o declarante em questão sabe melhor que ninguém aquilo de que está a falar. Um dos grandes peritos mundiais, sem dúvida!...
E já que a experiência se repete, só desejamos, sinceramente, que os resultados venham a ser os mesmos.
É de saudar esta constatação:
Primeiro, porque é verdade (raridade sempre louvável, nestes nossos dias);
Segundo, porque em se tratando de "governar sem pensar", o declarante em questão sabe melhor que ninguém aquilo de que está a falar. Um dos grandes peritos mundiais, sem dúvida!...
E já que a experiência se repete, só desejamos, sinceramente, que os resultados venham a ser os mesmos.
COMPARAÇÕES
Título duma notícia no "Diário Digital":
"Bush compara Blair a Winston Churchill"...
Sim, e Blair compara Bush a César Augusto; e nós comparamos este mundo a um hospício... Daqueles ondem passeiam uns tipos, de olhar esgazeado e pose hirta, em solenes proclamações.: "Eu sou Napoleão"; "Tu és o Winston Churchil"; aquele ali é o "Joseph Stalin"!...etc,etc.
Se não ganharem o Nobel da Paz, de certeza que ganham o da literatura: no campo da ficção, qualquer que ela seja, ninguém os bate!...
"Bush compara Blair a Winston Churchill"...
Sim, e Blair compara Bush a César Augusto; e nós comparamos este mundo a um hospício... Daqueles ondem passeiam uns tipos, de olhar esgazeado e pose hirta, em solenes proclamações.: "Eu sou Napoleão"; "Tu és o Winston Churchil"; aquele ali é o "Joseph Stalin"!...etc,etc.
Se não ganharem o Nobel da Paz, de certeza que ganham o da literatura: no campo da ficção, qualquer que ela seja, ninguém os bate!...
terça-feira, fevereiro 03, 2004
UMA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA
Às vezes, ponho-me a pensar no que seria se eu tivesse nascido em berço de ouro, equipado com um apelido daqueles que abrem todas as portas neste país... A esta hora, em vez do talentoso sem abrigo que sou, desfilaria por aí feito um anafado e luzidio MJP (Multi Job Person), ou dito lusofonamente: GTM (Gajo de Tachos múltiplos); um Pluri-tachista, enfim. O fascinante que devia ser, a experiência enriquecedora que não seria dar aulas na universidade, fazer programas na rádio, lançar livros, escrever crónicas nos jornais, ter programas na televisão...e tudo isso em simultâneo. Que ubiquidade magnífica! Que homonimia avassaladora!
Eu seria, assim, ó maravilha!, uma espécie repimpada de Heleno Sarradura Cabral e, teria como sacra missão neste mundo, transformar a culinária no supremo grau do saber humano: um puré sublime de economia política à la planche e lastrofísica com todos.
Imagino já aquela que seria a minha obra mais fulgurante e imortal:
"A Crítica da Ração Pura"
A que se seguiriam outras, não menos doutas, (todas best-sellers) prás quais até já tenho os títulos:
"República de Bananas"
"Discurso do Molho"
"Leviatã no forno"
"Conjecturas e refugados"
"O ser e o tempero"
"Acerca do Infinito, do Universo e dos mariscos"
"Regras para a direcção do Esparregado"
"Investigação sobre o apetite humano"
"Tractatus Logístico-culinário"
"A Vontade de Comer"
"Ecce-ovo"
"O Caso Vinagre"
"Assim falava o Cozinheiro"
"O Sal e o Nada"
"As palavras e os tachos"
E tantos outros. Uma nova e verdadeira Revolução Copernicana no pensamento ocidental.
Eu seria, assim, ó maravilha!, uma espécie repimpada de Heleno Sarradura Cabral e, teria como sacra missão neste mundo, transformar a culinária no supremo grau do saber humano: um puré sublime de economia política à la planche e lastrofísica com todos.
Imagino já aquela que seria a minha obra mais fulgurante e imortal:
"A Crítica da Ração Pura"
A que se seguiriam outras, não menos doutas, (todas best-sellers) prás quais até já tenho os títulos:
"República de Bananas"
"Discurso do Molho"
"Leviatã no forno"
"Conjecturas e refugados"
"O ser e o tempero"
"Acerca do Infinito, do Universo e dos mariscos"
"Regras para a direcção do Esparregado"
"Investigação sobre o apetite humano"
"Tractatus Logístico-culinário"
"A Vontade de Comer"
"Ecce-ovo"
"O Caso Vinagre"
"Assim falava o Cozinheiro"
"O Sal e o Nada"
"As palavras e os tachos"
E tantos outros. Uma nova e verdadeira Revolução Copernicana no pensamento ocidental.
domingo, fevereiro 01, 2004
OS ÁUGURES DE SERVIÇO
Porque é que que WC. BUsh vai ganhar, de certeza absoluta, as próximas eleições americanas?
Porque Luís Delgado e Vasco Pulido Valente acabam de vaticiná-lo. Nem mais. E contra isso, não há argumentos; nem a história nem o destino têm a mínima chance. Aliás, quer a História, quer o Destino acabam, precisamente, de se pronunciar pela voz dos seus porta-vozes de serviço.
É, pois, mais que óbvio: é fatal, é inexorável, não restam dúvidas. Até escusavam de organizar as ditas eleições e perder todo um ror de tempo e dinheiro desnecessários.
É que uma coisa são jornalistas, outra são áugures, profetas, adivinhos. Os primeiros, por encomenda, às três pancadas, emitem opiniões; os segundos, sibilantes, obscuros, revelam, transmitem, anunciam decretos e desígnios superiores, precisos, celestes.
Para o efeito, Luís Delgado terá recorrido a uma das muitas técnicas que domina: consultou as vísceras duma galinha preta; Vasco Pulido, em contrapartida, mas não menos eximiamente, debruçou-se sobre uns quantos búzios sorteados e presságios voláteis. A unanimidade do auspício é garantia reforçada.
Gente assim, duma tal sapiência prognoseológica, é um tesouro nacional. Devíamos era seguir as sábias tradições antigas: tratar de cegá-los o quanto antes, para lhes refinar a vidência futurística e, sobretudo, para evitar que fujam ou alguma tribo rival e invejosa no-los roube!...
Porque Luís Delgado e Vasco Pulido Valente acabam de vaticiná-lo. Nem mais. E contra isso, não há argumentos; nem a história nem o destino têm a mínima chance. Aliás, quer a História, quer o Destino acabam, precisamente, de se pronunciar pela voz dos seus porta-vozes de serviço.
É, pois, mais que óbvio: é fatal, é inexorável, não restam dúvidas. Até escusavam de organizar as ditas eleições e perder todo um ror de tempo e dinheiro desnecessários.
É que uma coisa são jornalistas, outra são áugures, profetas, adivinhos. Os primeiros, por encomenda, às três pancadas, emitem opiniões; os segundos, sibilantes, obscuros, revelam, transmitem, anunciam decretos e desígnios superiores, precisos, celestes.
Para o efeito, Luís Delgado terá recorrido a uma das muitas técnicas que domina: consultou as vísceras duma galinha preta; Vasco Pulido, em contrapartida, mas não menos eximiamente, debruçou-se sobre uns quantos búzios sorteados e presságios voláteis. A unanimidade do auspício é garantia reforçada.
Gente assim, duma tal sapiência prognoseológica, é um tesouro nacional. Devíamos era seguir as sábias tradições antigas: tratar de cegá-los o quanto antes, para lhes refinar a vidência futurística e, sobretudo, para evitar que fujam ou alguma tribo rival e invejosa no-los roube!...
A ESSÊNCIA DO DRAGÃO
Alguns leitores mais curiosos interrogam-me se o eu ser "Dragão" deriva, essencialmente, da minha costela clubista ou do meu kung-fu?
Para acabar de vez com as confusões e tranquilizar os espíritos mais assanhados, aqui fica uma explicação possível.
Cito Ma Tsien, nas memórias que faz duma conversa entre Confúcio e Lao-Tse...
"Confúcio dirigiu-se à Região de Tcheou para interrogar Lao Tze sobre os ritos. Lao Tze disse-lhe: os homens de que me fala, assim como os seus ossos, desapareceram todos e transformaram-se em pó. Apenas as suas palavras subsistem. Quando os tempos são favoráveis ao sábio, ele sente-se honrado. Quando lhe são desfavoráveis, ele erra ao acaso. Ouvi dizer que um bom comerciante guarda cuidadosamente as suas riquezas, dando a crer que não tem nada. O sábio atinge a dimensão da ignorância. Liberte-se portanto do seu ar arrogante e dos seus desejos, das suas opiniões contraditórias. Não servem em nada a sua pessoa. É tudo quanto tenho para lhe dizer."
Confúcio voltou cabisbaixo e ficou embaraçado quando teve de contar aos seus discípulos sobre este encontro mas, contornou a questão de forma enigmática:
"Os pássaros sei que podem voar; os peixes, sei que podem nadar; os quadrúpedes sei que podem correr. O que corre, pode ser apanhado numa armadilha; o que nada, pode ser pescado à linha; o que voa pode ser atingido por uma flecha. Quanto ao dragão, não tive oportunidade de o conhecer. Eleva-se ao céu sobre as nuvens e o vento. Hoje vi Lao Tze, ele parece-se com o dragão."
Em contrapartida, eu não me pareço nada com ele.
Há perguntas que não se fazem...
Para acabar de vez com as confusões e tranquilizar os espíritos mais assanhados, aqui fica uma explicação possível.
Cito Ma Tsien, nas memórias que faz duma conversa entre Confúcio e Lao-Tse...
"Confúcio dirigiu-se à Região de Tcheou para interrogar Lao Tze sobre os ritos. Lao Tze disse-lhe: os homens de que me fala, assim como os seus ossos, desapareceram todos e transformaram-se em pó. Apenas as suas palavras subsistem. Quando os tempos são favoráveis ao sábio, ele sente-se honrado. Quando lhe são desfavoráveis, ele erra ao acaso. Ouvi dizer que um bom comerciante guarda cuidadosamente as suas riquezas, dando a crer que não tem nada. O sábio atinge a dimensão da ignorância. Liberte-se portanto do seu ar arrogante e dos seus desejos, das suas opiniões contraditórias. Não servem em nada a sua pessoa. É tudo quanto tenho para lhe dizer."
Confúcio voltou cabisbaixo e ficou embaraçado quando teve de contar aos seus discípulos sobre este encontro mas, contornou a questão de forma enigmática:
"Os pássaros sei que podem voar; os peixes, sei que podem nadar; os quadrúpedes sei que podem correr. O que corre, pode ser apanhado numa armadilha; o que nada, pode ser pescado à linha; o que voa pode ser atingido por uma flecha. Quanto ao dragão, não tive oportunidade de o conhecer. Eleva-se ao céu sobre as nuvens e o vento. Hoje vi Lao Tze, ele parece-se com o dragão."
Em contrapartida, eu não me pareço nada com ele.
Há perguntas que não se fazem...
AVALANCHES HUMANAS
Pois é: até as avalanches estão a ficar cada vez mais humanas. Reconhecemo-lo quando as testemunhamos entregues a grandes morticínios. Neste caso foram peregrinos muçulmanos, na tradicional peregrinação a Meca. Dizem os jornais que mais de duas centenas
"morreram esmagados por uma avalanche humana que se precipitava para o local onde decorria o ritual da lapidação do diabo "...
Quase que aposto que o diabo tinha a fronha do WC Bush. E se não tinha, os peregrinos, pelo menos, imaginavam que tinha. Daí o frenesim tresloucado de acorrerem a enfiar-lhe com pedradas na tromba.
Isto dá que pensar. Eu, se fosse aos crâneos militares americanos, reequacionava toda a estratégia de genocídio árabe: em vez de bombas passava a despejar-lhes em cima com réplicas de silicone, à escala real, do WC Bush. As avalanches humanas daí resultantes -na disputa sôfrega pela lapidação das mesmas -, causariam decerto mais baixas que todo o seu exército de garotos acagaçados e bombardeiros estrábicos.
Quiçá, além das avalanches, não humanizassem também uma quantas enxurradas!...
"morreram esmagados por uma avalanche humana que se precipitava para o local onde decorria o ritual da lapidação do diabo "...
Quase que aposto que o diabo tinha a fronha do WC Bush. E se não tinha, os peregrinos, pelo menos, imaginavam que tinha. Daí o frenesim tresloucado de acorrerem a enfiar-lhe com pedradas na tromba.
Isto dá que pensar. Eu, se fosse aos crâneos militares americanos, reequacionava toda a estratégia de genocídio árabe: em vez de bombas passava a despejar-lhes em cima com réplicas de silicone, à escala real, do WC Bush. As avalanches humanas daí resultantes -na disputa sôfrega pela lapidação das mesmas -, causariam decerto mais baixas que todo o seu exército de garotos acagaçados e bombardeiros estrábicos.
Quiçá, além das avalanches, não humanizassem também uma quantas enxurradas!...
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