segunda-feira, julho 30, 2007
Lá vem mais um Picasso
Entre nós ainda estão um pouco atrasados. Só ainda se dedicam à política e ao jornalismo. Quer dizer, ainda só guincham e ululam estridentemente, cada qual com sua horda.
domingo, julho 29, 2007
SL Quê?...
-"Se alguém volta a dizer que aquilo que anda ali de cor-de-rosa, na televisão, é o Benfica eu dou-lhe com uma cadeira nos cornos!"
sábado, julho 28, 2007
A Agenda, parte 2
sexta-feira, julho 27, 2007
O dealbar da luz ofuscante
São perfeitamente reconhecíveis nestas declarações os princípios filosóficos da franco-maçonaria.
quinta-feira, julho 26, 2007
Leis do cuspo são boas para cuspir
Pig-Brother is watching you
Pelos termos do novo acordo, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos terá acesso à morada, número de cartão de crédito, dados de saúde, eventual associação a sindicatos e origem étnica de todos os passageiros que queiram entrar no país provenientes da Europa.
(...) Frattini tenciona adoptar o mesmo sistema com os dados de passageiros aéreos entre os 27 países da UE.»
O mais difícil será fornecerem a "orientação sexual". A maior parte é sexualmente desorientada.
Mas está bonito, não está?....
quarta-feira, julho 25, 2007
Eu, taliban, me confesso
Hooligans? O futebol está a precisar é de talibans!...
Três perguntas...
1. Numa colmeia duma espécie avançada de abelhas poderíamos chamar à abelha-mestra Abelha-Papa?
2. Se com uma espécie de abelhas poderíamos constituir uma espécie de colmeia, com um espécie de escorpiões poderíamos constituir o quê?...
3. Unem-se ou congregam-se mais depressa as pessoas em torno dum "Bem Comum" ou dum "Mal Comum"?...
terça-feira, julho 24, 2007
A Sina V, (ou Do Leitmotif)
Este homem que é Governo, não queria ser Governo. Foi deputado; assistiu a uma única sessão e nunca mais voltou. Foi ministro; demorou-se cinco dias, foi-se embora e não mais queria voltar. O Governo foi-lhe dado, não o conquistou, ao menos à maneira clássica e bem nossa conhecida: não conspirou, não chefiou nenhum grupo, não manejou a intriga, não venceu quaisquer adversários pela força organizada ou revolucionária. Não se apoia aparentemente em ninguém e dirige-se amiúde à Nação, entidade bastante abstracta para apoio eficaz. Tem todo o ar de lhe ser indiferente estar ou ir; em todo o caso, está. Está e há tanto tempo e tão tranquilamente como se ameaçasse nunca mais deixar de estar. Suporta os trabalhos do Governo, sofre as injustiças,os insultos dos desvairados, os despeitos, as raivas dos impotentes. Vai engolindo, de quando em quando, a sua conta de sapos vivos, comida forçada de políticos, segundo pretendia Clemenceau. E está, e fica... Mas o problema, a dúvida continuam no mesmo pé. Aquele que não foi toda a vida candidato ostensivo à governação, que não sacrificou a esse objectivo todas as energias do seu ser, que a si próprio se não proclamou capaz de dirigir, de mandar, de executar e fazer executar um programa de governo, seu ou alheio, que considera o Poder mais como um dever de consciência que como direito a usufruir pela força da conquista, - de onde lhe vem, se não é filha da ambição de mandar a força de vontade necessária para não ficar a meio caminho? de que se alimenta o ânimo no trabalho, na luta, para não mostrar abatimento, desânimo, vontade de desertar?
Não sendo eu o autor do inquérito, não me cabe a mim desfazer estas dúvidas e esclarecer este ponto. Entretanto formulo, por desfastio, algumas hipóteses.
[Hipótese nº1]
As últimas dezenas de anos são na História Portuguesa de decadência profunda; esta atingiu, pode dizer-se, todas as manifestações da vida nacional, a produção, a cultura, a administração pública, a política. No entanto, examinadas mais ded perto as coisas, verifica-se que esse abatimento não proveio da absoluta carência de homens. Nas artes, nas ciências, no ensino, no jornalismo, na indústria e na agricultura, na colonização, afirmaram-se ou trabalharam simplesmente, ignorados, alguns valores de primeira ordem. Por outro lado, nós não podemos fugir, sobretudo num país da formação do nosso, a que seja o Estado quem represente efectivamente a Nação, aos olhos de portugueses e aos olhos de estranhos; dele vem a orientação superior, a organização e disciplina dos indivíduos, a sequência da vida nacional. A expressão desta é mais ou menos alta e digna, conforme a elevação do próprio Estado. Sem que desconheçamos ou menosprezemos inteligências, capacidades, esforços, boas vontades, aliás primeiras vítimas dum estado de coisas deplorável, o Estado português esteve longe de dignificar sempre Portugal. Quero dizer: se a Nação não correspondia aos seus valores individuais, o Estado era ainda inferior à Nação. Uma falta de organização, de enquadramento, de direcção superior deixava as melhores unidades inaproveitadas ou improdutivas, cada qual se queixando de um mal que sozinho não podia suprir e não se unindo espontaneamente a outros para o fazer cesar.
De facto, enquanto a nossa educação for o que é, o poder público há-de ser sempre a mola real da vida e progresso do País, e consequentemente o grande responsável da sua inferioridade ou decadência. Ora, o cuidado que devia haver na organização do Estado, na sua adaptação às realidades e necessidades nacionais, no recrutamento dos valores a quem se havisa de confiar a administração e a política, esse cuidado, mercê de circunstâncias que não vale a pena examinar, nem sempre o houve - não é verdade? -e por isso a nossa expressão ou representação nacional não foi sempre feliz e sobretudo não foi justa: tínhamos mais e melhor.
Todos os que temos, pela inteligência, pela voz do sangue ou simplesmente pelo instinto do coração, a consciência da nossa unidade e independência, da nossa grandeza passada, da nossa colaboração na obra civilizadora da Europa, dos nossos interesses actuais na África,na Ásia, na Oceania, sentimos - ferida aberta na alma - o riso mundial, a troça dos povos em nada superiores a nós, a não ser na sua linha exterior, por causa da nossa agitação revolucionária, da nossa incapacidade governativa, das nossas irregularidades de administração, do nosso atraso e do nosso descrédito. Temos sido, numa palavra, enxovalhados e vexados. Ora há portugueses suficientemente orgulhosos da sua qualidade de portugueses para sentirem tudo isto como afronta pessoal, e para, chegada a ocasião, tirarem do seu orgulho ferido a paciência, a tenacidade, a força necessária para procurar implantar no País a ordem e a boa administração, fomentar o progresso material, revolucionar a educação e dar à Nação e à sua política um tal aprumo e dignidade que possam reconquistar para Portugal o bom nome e o respeito de todos. Esses portugueses sabem que, sem exageros, sem agressividade, sem declarar quixotescamente guerra ao mundo, os países, como os indivíduos, podem, pelo seu trabalho e pelas suas virtudes, ter direito os pobres a estar diante dos ricos, os pequenos diante dos grandes, de cabeça levantada e até de chapéu na cabeça.»
sábado, julho 21, 2007
Pesadelos de uma noite de verão
CENA I
Paulo Portas recolhido em reflexão...
Paulo Portas - Espelho meu, mas afinal existe alguém mais inteligente do que eu?
Espelho Dele - Queres a lista por ordem alfabética ou por data de nascimento?...
Paulo Portas - A Lista?!!...
Espelho Dele - Bem, não é exactamente as Páginas Amarelas, mas ainda dá um bloco jeitoso. Com uma boa encadernação, ainda bota um vistaço.
Paulo Portas - Não me estás a aldrabar?... Vá, confessa, mentes com quantos dentes eu tenho!...
Espelho Dele - Sabes bem que a aldrabice, a vigarice, a peixeirice, a sonsice e a charlatonice me estão interditas: sou o teu inverso.
Paulo Portas - Mas...mas então o sistema solar não gira à volta do meu umbigo?...
Espelho Dele - Não. De maneira nenhuma. À volta do teu umbigo orbita apenas uma creche e um cardume de protozoários criníferos. À retaguarda dele, então, é melhor nem falarmos...
Paulo Portas - Insolente! Vou-te quebrar em mil pedaços! Foi a primeira e a última vez que te dirigi palavra!
sexta-feira, julho 20, 2007
Até que a Morte nos una
quinta-feira, julho 19, 2007
O Terra-mottu ou Por motu impróprio
Uma das mais indignadas, uma austera e alquebrada anciã a quem o cangalheiro media já com volúpia, parecia mesmo ter encontrado na indignação o elixir da juventude, pelo que protestava com vigor desatado, enquanto ia gesticulando abrenúncios e vade retros, numa ginástica tão meritória quanto espalhafatosa.
“Mas por muito depauperados que estejam os cofres da igreja e carcomidas as traves da capela - ralhava ela -, onde é que já se viu um padre a fazer strip-tease para angariar fundos?!! Valha-nos Deus e a Virgem Santíssima! Antes uma igreja às moscas que aos demónios!...“
“Realmente!... – barafustava, uma outra, bastante mais jovem mas a querer exaltar-se, pelo menos, tanto. – E em vez do santo latim, propõe-se rezar missa em hip-hop!... Que os santos todos nos acudam! Por este andar, em vez de tomarmos a hóstia, fumamo-la!...”
-“Sim... –corroborava uma terceira, prima da anterior, no escândalo e no protesto. – E ainda falam para aí, o que já não me admira nada, que um dia destes, levado do diabo que o pilota e teledirige, ainda converte a igreja, de templo sagrado, em templo de alterne, quer dizer, alternativo: tabernáculo durante o dia e taberna-discoteca durante a noite. Em vez dum pastor, o rebanho de Deus ainda acaba aos caprichos dum disc-jockey! ...”
Quis mais a premeditação rapace do que o simples acaso que o Engenheiro Ildefonso Caguinchas rondasse por ali, como tem por hábito patrulhar, àquela hora, em busca de presa fácil. “O que genuflecte promete; e quem promete paga”, é o seu lema (um deles, pelo menos). Ao ouvir falar em strip-teases e outros pecados hirsutos, que aquilo para escutar porcarias tem um verdadeiro radar de tísico, quase sprintou ao comício, cheio de interesse, gula e segundas –além de terceiras - intenções. Ao aperceber-se, todavia, que era o padre quem se propunha aliviar-se do vestuário em público, experimentou, também ele, adepto doutros espectáculos, uma grande desilusão, agravado de superlativo aborrecimento e tratou, sem mais serpentilóquios nem procrastinações, de aliar-se aos protestatários. Em três tempos, já causava assombro em redor, gorjeando pérolas do seguinte jaez:
-“Ah, mas não se admite! Um padre tem que dar-se ao respeito, ora essa. Uma freira, sim senhor, uma freira é que era! Um convento inteiro que fosse, estava bem. Era por uma boa causa, os tempos estão difíceis. Uma noviça era até o mais sensato. Agora um cura masculino, um homem de Deus destes, assim a armar-se em cónego!...”
-“A armar-se aos cágados, isso sim! Ele, o homem do diabo, raios o partam, está é a armar-se aos cágados !” - Terá ribombado um crente iracundo a seu lado.
-“Ah, mas nem toma banho e teima em despir-se?! É o cúmulo!! Onde é que este mundo vai parar!...” – Aprimorou, para quem o quisesse ouvir, o Engenheiro Ildefonso.
Não contente com isso, desatou a premir mensagens no telecoiso, onde me convocava com a maior das urgências e promessas de pancadaria garantida. Sobretudo estas, conduziram-me ao local, a mim e mais toda a clientela da tasca do Armindo, digo cibertasca, que ninguém está disposto a perder pitada em se tratando de congressos, conferências, revoluções, ou simples badernas onde Sua Excelência, o Engenheiro Ildefonso Caguinchas se meta.
Quando arribei ao local, a coisa, realmente, ia sobre rodas e prometia carris. Muito por via do Engenheiro, mas também da vetusta inaugural - cada qual emitindo seu assombro maior, naquilo que me pareceu uma disputa renhida pela liderança da cruzada -, a cristandade reunida personificava o vulcão à beira dum ataque de nervos. Aquilo se não explodisse, rebentava.
De serviço ao rastilho, a velhota, arvorada porta-voz dum qualquer profeta alucinado, acabava de promulgar “por este andar, se um dia destes dermos com uma máquina de vender preservativos à porta do confessionário, não nos admiremos!” – ao que o Engenheiro Ildefonso competia com um armagedão ainda mais desfolhante, do estilo “Confessionário? O mais certo é o gajo transformar aquilo em cabine para show privado, reservado aos mais abonados, os empreitrolhas, as finaças, os doutores !... Enfim, quem pagar para vê-lo a despir-se em reservado !...”
Mas eis que o Engenheiro nota a minha presença -apresento-me em avatar humanotário, com cartão de contribuinte e tudo, para não assustar a assembleia -, pelo que rompe – rompe, rasga e descose - em grandes brados rejubilantes:
-“Ah, cá está ele, o César! Este é que a sabe toda e vai-vos explicar a morosca sem mais pintelhices! Chega aqui, ó César! Anda cá ver isto!...”
Lá me aprocheguei - um tanto curioso, devo confessá-lo, com todo aquele comício em local tão inusitado e impróprio. Nisto, a idosa rival do Engenheiro, zelosa do seu protagonismo, brama:
-“A Deus o que é de Deus, a César o que é de César!” (Como quem diz, esse macaco primo deste chimpanzé não é para aqui chamado).
Mas o Engenheiro, que estava com a corda toda e a inteligúcia ao rubro, não se ficou. E contrapôs, mais maionésico que maiêutico:
-“Ouça cá, avózinha: esse padre striper é de Deus?...”
-“Não, de Deus é que ele não é! – Disparou automática e visceralmente, a relíquia. - Um homem de Deus não arma escândalos destes!
Presisamente, o que o Engenheiro Ildefonso queria..
- “Então, se não é do Deus , é do César! Vamos perguntar-lhe e ele que decida. Anda depressa, ó César!...”
Claramente apalpada, a múmia recauchutada ainda ensaiou um estrebucho:
-“Quando perguntamos a César, sai-nos o Pilatos e desata a lavar as mãos! Da última vez, aliás, não correu nada bem e maltrataram muito Nosso Senhor.”
No que o Engenheiro, soberanamente, tratou de comê-la com batatinhas. Grungrunzando, crocodilou:
-“Ora, se ele não tivesse lavado as mãos, se calhar não estava aqui hoje esta igreja... E o César, este César, o meu amigo César, não é de lavar as mãos, nem o pés - é mais de afiambrar com toda essa membração adulta nas fuças dos impertinentes e malignos. Aquilo é cada patada que só visto! Não é Cristo, mas também faz milagres!... Querem ver?...
Nesta altura, eu já estava junto de Sua Excelência, eu e o zénite da minha curiosidade. O Engenheiro entendeu por bem iniciar-me ao briefing, bem como ao catering, o que, acautelando as aurículas, mentalmente lhe agradeci.
-“É um da qualidade do teu amigo Borga, o padre canoro, ó Dragão!...”
Este intróito animou-me. Deveras. Chispei das vistas e rangi os dentes, visivelmente pronto a desembestar direito aos fagotes do primeiro presbítero que me apontassem. Nada como a lembrança do tal Borga para me ferver os azeites. Ele, o Ildefonso, prosseguiu:
-“Só que este, em vez da cantoria e do coça-barriga, quer-se despir durante a missa, ah.ah.ah!.... Um padre striper, imagina! Um artista, mais um!...”
Eu, porém, escaldado de múltiplas odisseias, requeri confirmação, detalhes mais objectivos. O Engenheiro é muito dado à ficção. Pela-se por armar sarrafusca. Não era, todavia, o caso. Toda aquela assembleia, em uníssono, corroborava. Era inadmissível. Se eu fizesse a caridade de lhe chegar a roupa ao pelo, ao clérigo de mau porte, era até um grande favor que lhes fazia e teria a bênção de Deus e de todos os santos. Desataram mesmo a fitar-me cheios de admiração e esperança, uns; enquanto outros, mais exaltados, conclamavam e complodiam:
-“Já viu um padre a despir-se em público, a pôr-se em cuecas, senão mesmo em pelota, com as vergonhas ao léu?!!...É o fim do mundo! Deus vai mandar fomes e pestes!...
O pior é esta minha mania da realidade, sempre pronta a estragar idílios. Levado dela (e antes o fosse de seiscentos diabos), e também duma indisfarçável frustração, lá me vi constrangido a deitar água na fervura:
-“Ora bolas, e tanto alarme por via duma coisa tão simples. Acho que interpretaram mal. Quando o prior diz que se vai despir, isso não significa que fique em cuecas ou pelota... Significa apenas que tenciona desembaraçar-se da sotaina e paramentos. Ora, por baixo disso, ele traz o avental. E esse ele nunca despe. Em resumo, quando o padre diz que vai fazer strip-tease, não significa que vai tirar a roupa: vai apenas tirar a máscara. Não se aflijam."
Foi o anti-clímax. Dispersaram todos, cabisbaixos.
-“Empata-festas!” – Rosnou-me o Engenheiro Ildefonso Caguinchas. Esteve três dias sem me falar.
quarta-feira, julho 18, 2007
O Metavoyeurismo
(imagem fanada aqui)
Alertou-me a Zazie para mais uma ratice da minha amiga f.
terça-feira, julho 17, 2007
O Ovo do Basilisco
Pastar o guardanapo
-"E a merda dum livro de reclamações, ao menos, têm?!!..."
Imperturbável, aquela espécie de robot de servir às mesas apenas informa:
-"Reclamações? Somos um restaurante, ora essa; não somos uma secção de Perdidos e Achados, ou um guiché das Águas Públicas!... Aqui come e fala, mas não reclama."
segunda-feira, julho 16, 2007
Sinais dos Contratempos
sábado, julho 14, 2007
A Sina - IV (ou o Hábito não fez monges).
Nas cidades, o homem que deixa de trabalhar encontra-se completamente desamparado e arrisca-se, de facto, a morrer de fome. Enquanto há trabalho, não falta dinheiro para o necessário e até para o supérfluo. A falta de calor humano, de solidariedade natural provocada pela ausência da vida familiar, torna a miséria negra quando o trabalho cessa. Assim, os sete milhões de habitantes de Nova Iorque são, pouco mais, pouco menos, para o desgraçado que tem fome, sete milhões de desconhecidos. Por isso fazemos sempre a apologia da vida modesta, familiar, onde não falte o indispensável, e até o que suaviza a vida, mas sem aspirações exessivas, desumanas. (...)
Devemos guerrear, cada vez mais, a concepção materialista que leva o homem à sofreguidão da riqueza, num desporto perigoso e doentio, ainda que o vejamos, por vezes, como na América, distribuir parte da sua fortuna por instituições de que beneficiam os pobres. É mais humano e mais cristão procurar antes aquela mediania colectiva em que não são possíveis nem os miseráveis nem os arquimilionários. É difícil, ou impossível, evidentemente, sufocar por completo a ambição do homem, a sua marcha para o dinheiro, mas o que se pode certamente impedir é que grande parte da riqueza da Nação seja absorvida por mil e um parasitas. Só reduzindo ao mínimo esses parasitas, criando trabalho e estabelecendo maior soma de justiça nas relações económicas e sociais, se conseguirá o desejado equilíbrio.»
- A.O. Salazar, in "Entrevistas de António Ferro a Salazar" (7ª Entrevista, de 1938).
Parece que, segundo fórmula conhecida, Salazar "queria levar os portugueses a viver habitualmente". Ora, se bem que a sabedoria popular ensine que o "hábito faz o monge", entre nós não fez. Entre nós, a tendência sempre foi mais para fazer o frade. O feijão-frade. O bifronte. O que se traduz, por exemplo, em várias duplicidades singulares e maravilhosas: frequentar a missa e o bordel; confessar-se ao prior e à bruxa; pedir a Deus e comprar ao Diabo; vestir do direito e fardar do avesso; comer à mesa e debaixo dela. Tudo isto e muito mais, bem como vice-versa, com a mesmíssima cara ambivalente e bífida.
Poderá parecer contradição atávica apenas a quem não entenda a evidência elementar: um povo destituído de profundidade é imune à contradição. Ao nível da rama, por onde sistematicamente colibriza, pasta e delibera, a necessidade e a possibilidade geminam-se, fluindo ambas ao sabor da aragem. Cumulando que, em matéria de ventos da História, qualquer flato mais estrepitoso, em prenúncio de romarigante foguetório, lhe serve.
Não lembrava ao Diabo impor o monasticismo a uma gente que, claramente, está viciada - até à medula, até à oitava geração, até à segunda natureza! - no meteorismo. Lembrou ao Salazar.
Ciclicamente, com o sentido de humor que só a liberdade verdadeira e absoluta permite, os Deuses, sensibilizados pelo clamor dos batráquios bem pensantes, enviam uma cegonha. Portugal, é certo, merecia outra gente. Mas isso não é só Portugal, é o planeta inteiro. Esta gente que somos, por lei eterna, merece o que semeia e colhe o que cultiva. Abro apenas uma excepção: a nossa esquerda. Essa, sobretodos angélica e insaciável matilha, não merecia, nem hoje nem nunca, um Salazar: merecia um Vlad. O Empalador.
sexta-feira, julho 13, 2007
A Sina - III (ou Da internacionalite convulsa)
quinta-feira, julho 12, 2007
A Sina - II (ou Da Estatofilia)
«Esse socialismo de Estado, que muitos apregoam e aconselham como um regime avançado, seria, na verdade, o sistema ideal para lisonjear o comodismo nato e o delírio burocrático do comum dos portugueses. Nada mais cómodo, mais garantido, mais tranquilo, do que viver à custa do Estado, com a certeza do ordenado no fim do mês e da reforma no fim da vida, sem a preocupação da ruína e da falência. O socialismo de EStado é o regime burguês por excelência. A tendência para esse regime, entre nós, deve, portanto, procurar-se mais no fundo, falho de iniciativas da nossa raça do que noutras preocupações de ordem social. O Estado não paga muito mal e paga sempre. É-se desonesto, além disso, com maior segurança, com segura esperança de que ninguém repare. As próprias falências, os desfalques, as irregularidades, se há compadres na governação, são facilmente afastados e os défices cobertos - regalia única! - pelos orçamentos do Estado. As iniciativas, por outro lado, não surgem, não progridem, porque o padrão é imaterial, quase uma imagem. As coisas marcham com lentidão, com indolência, com sono. É possível que essa socialização tenha dado ou possa vir a dar óptimos resultados em qualquer outro país. Entre nós, os resultados não podem ter sido piores nalgumas experiências já feitas. Basta citar os Transportes Marítimos, os Bairros Sociais, os Caminhos de Ferro do Estado... Apenas uma excepção, que me lembre: a Caixa Geral de Depósitos. Essa é, realmente, uma iniciativa admirável do Estado Português, que tem prestado ao País, ao desenvolvimento da sua economia, sobretudo nestes últimos anos, incalculáveis serviços. (...)
quarta-feira, julho 11, 2007
A Sina ou Do Luso-Geiserismo
Da pequena Ogreterra
«O director nacional adjunto responsável pela Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupeacientes (DCITE) da Polícia Judiciária, o inspector coordenador José Brás apresentou a demissão, na sequência do escândalo dos desaparecimentos de dinheiro apreendido a traficantes de droga. »
Cá está mais um bom motivo de reflexão.
terça-feira, julho 10, 2007
Salas de Despejo
«A administração do Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa - onde 100% dos médicos são objectores de consciência para o aborto a pedido da mulher - está já a contactar as unidades privadas da cidade no sentido de perceber para onde pode enviar as grávidas que queiram abortar. Isto porque não tem tido resposta favorável dos outros hospitais da região que integram o Serviço Nacional de Saúde (SNS).»
Ainda sobre um debate
segunda-feira, julho 09, 2007
A propósito de um debate
Razão tinha Lavoisier: aqui, nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma.
A minha urnofobia está bem e recomenda-se.
domingo, julho 08, 2007
A Via do Progresso sempre a aviar
sábado, julho 07, 2007
Pontas da democracia
Maravilhoso é que não!...
quinta-feira, julho 05, 2007
Um clube alternativo?
Caro Engenheiro e conterrâneo, tenho uma questão a colocar-lhe. Que é a seguinte:
Com uma camisola destas
SLB passa a significar o quê - Sport Lisboa e Bichanos?...
quarta-feira, julho 04, 2007
Abaixo a reacção!
A democracia tem que defender-se, ora essa. Desses arruaceiros faxistas sempre prontos a atentarem contra o normal funcionamento das instituições.
Por outro lado, o Conselho de Ministros que naquele dia se realizava, como especifica a notícia, era informal. Já a manifestação não podia sê-lo. Inadmissível, chocante, superlativamente melindrante aos olhos ultra-sensíveis de Sua Excelência, terá sido, de certeza, que os manifestantes, no mínimo, não tivessem comparecido em "traje de cerimónia"- eventualmente de "ir à ópera".
Imagina-se até o pungente diálogo que não há-de ter culminado a desagradável peripécia:
-"Difamaram-no muito, os ingratos, Excelência? Menoscabaram-lhe a digníssima mãezinha, foi, os atrevidos!?..."
-"Qual difamaram nada, ó coiso!... Ofendem-me lá palavrões e vitupérios!... Ofensivo e super insolente foi o modo com se apresentaram diante de mim: você reparou que mal vestidos? Irra, a maioria nem uma gravata se dignou jungir para vir falar ao Primeiro-Ministro da nação!... E o cheiro? Mas nem uma porcaria dum desodorisante decente esta gente usa? Reparou decerto no pivete... Mais parecia que planeavam intoxicar-me."
-"São estes pedintes modernos, excelência. Estão cada vez mais arrogantes e malcriados. Antigamente, prostravam-se e suplicavam; agora, partem logo para o insulto, a ameaça e a exigência descabelada. Em menos de nada, barricam-se e fazem reféns!..."
domingo, julho 01, 2007
NO PRELO! - O Dicionário Shelltox Concise do Dragão.
Para já, e antes de mais confidências, recordemos a penúltima letra a ser publicada neste abominável blogue...
C (factor~) – catalizador curricular; gazua; “abre-te Sézamo” das carreiras; calçadeira para a promoção; trampolim profissional
CABALA, s.f., interpretação alegórica, com laivos ocultistas, do Antigo Testamento, do Código Civil, Penal e da Constituição da República
CABALISTA, adj., pessoa dada às práticas da cabala; funcionário judicial
CABARÉ s.m., lugar ou estabelecimento onde se servem bebidas e se dança; ministério; embaixada ou consulado português
CABECILHA s.m., chefe de um bando; líder partidário; chefe de facção; Presidente do Conselho de Administração; pastor evangélico
CABELO s.m., ideário; convicção ideológica
CABELEIRA s.f., conjunto de ideias num deputado; trunfa
CABISBAIXO adj., português
CABOTINO s.m., cómico ambulante; actor reles; político em campanha
CACETE s.m., argumento
CACETEIRO s.m., retórico
CACIQUE s.m., chefe indígena de retórica contundente; autarca; presidente de governo regional
CACOFAGIA s.f., predilecção pelos alimentos repugnantes; adepto da fast-food; regime alimentar americano muito apelativo para crianças e adolescentes, bem como extremamente cómodo para a acídia apostólica dos pais
CACÓFAGO adj. adolescente ou teenager; gigolo especializado em jet-set
CACOSTOMIA s.f., halitose; político em genuflexão presepial, bafejando o Zé Povinho nas palhas deitado
CADAFALSO s.m., patíbulo; primeira página; ecrã; telejornal
CADASTRO s.m., registo criminal; currículo dum gestor público ou autarca; cartilha ou folha de serviços do “jota”
CADAVÉRICO adj., lívido; citadino
CÁFILA s.f., conjunto ou caravana de bem-pensantes
CAFRE s.m., condutor da cáfila
CÁFTEN s.m., empresário de prostíbulo; intermediário de multinacional que geralmente agencia e avença governantas de países
CAGA-MILHÕES s.m., novo-rico; pato bravo
CAGANIFRATE s.m., ver bonifrate;
CÃIBRA s.f., forte contracção espasmódica e dolorosa de certos músculos cerebrais, também conhecida por breca, que resulta geralmente em convicção dogmática, mas estapafúrdia
CALDEIRÃO s.m., camarote ou frisa no Além
CALIBRE s.m., diâmetro interior das bocas de fogo e da embocadura vaginal de certos coirões ou senhoras ditas finas mas, em boa verdade, grosseiros calhamaços
CALIPEDIA s.f., arte rara de engendrar filhos formosos
CACOPEDIA s.f., política de estado actual, que consiste em engendrar e criar grandes abortos
CALOIRO s.m., vítima; capacho; parvalhão todo contente e vaidoso de se ver achincalhado; féretro radiante; larva
CALVÁRIO s.m., suplício; vida adulta segundo as sociedades altamente industrializadas
CALVINISMO s.m., cristofobia; doutrina descabelada de Calvino, magarefe francês (1509-1564) que dotou o capitalismo duma “religião”, também conhecida como redenção pela riqueza; segundo ele, a Graça Divina, afinal, é uma Gratificação e mede-se em “dnheiro vivo”: quanto mais rico, o crente, mais gratificado e predilecto de Deus
CAMAFEU s.m., galináceo do jet-set; velha gaiteira; coirão com alardes
CAMISA-DE-FORÇAS s.f., traje de cerimónia
CAMISA-DE-VÉNUS s.f., fato macaco
CANCRO s.m., elite social; corte
CANGALHEIRO s.m., gestor público; ministro neoliberal
CANGAR v.tr., empregar; recrutar; jungir
CANHÃO s.m., boca-de-fogo, fixa ou móvel, de elevado calibre, destinada a projectar granadas, teses e argumentos, com base na força expansiva dos explosivos
CANIBAL s.m., selvagem antropófago; neoliberal
CANIBALISMO s.m., nova forma de liberalismo que concede ao Estado intervenção muito reduzida nos assuntos económicos, e liberdade absoluta às empresas para emigrarem - e se recrearem- para países onde pessoas, de todas as idades, possam desempenhar tarefas e receber salários em tudo semelhantes aos insectos; predação intraespecífica com intuitos alambazantes e açambarcadores
CANIL s.m., jornal; canal televisivo
CÂNONE s.m., decisão de congresso sobre matéria de fé ou disciplina partidária
CAOS s.m., estado confuso dos espectadores antes da intervenção dum analista
CARACOL s.m., molusco gastrópode vagaroso, pulmonado, nocivo, em muitos casos oriundo do Alentejo, que tem por hábito tomar de assalto as crucíferas e os quadros baixos e médios da administração pública
CÁRCERE s.m., casa hipotecada
CARCINOMA s.m., variedade de político
CARDÁPIO s.m., boletim de voto
CARDIOPUNCTURA s.f., picada no coração de certos animais, com fins experimentais; engate; namoro
CARÍBDIS (entre Cila e ~) s.f., mesmo que entre a espada e a parede; entre o PS e o PSD; fatalidade democrática
CARISMA s.m., conta bancária; sinal exterior de riqueza; dinheiro; ver também “charme”
CARISMÁTICO adj., que tem carisma, isto é, que tem dinheiro
CARNAGEM s.f., morticínio; hecatombe; África
CARONTE s.m., armador grego; organizador de cruzeiros mediterrâneos; agência de viagens póstumas
CARRASCO s.m., despachante oficial; curador público; aviador de presuntos; congelador; tira-nódoas
CARRO s.m., prótese ontológica; amplificador da essência social; agilizador de engate; desbloqueador de castidades
CARROCEIRO s.m., condutor do carro
CARTESIANISMO s.m., escolástica recauchutada
CASAL s.m., joint-venture – que designa empreendimento conjunto de duas pessoas com vista à exploração de um ou mais ramos comerciais que, embora susceptível de risco, se admite venha a ser do interesse mútuo
CASAMENTO s.m., pretexto para divórcio
CASAR v.tr. contratar; convidar dadores de prendas para boda
CASSETE s.f., ideologia
CASTA s.f. grupo de pavões
CATACLISMO s.m., novo governo eleito; pretexto para filmes e concertos beneméritos, onde superstars e megabiltres se auto-promovem pela enésima vez e ad nauseam, a título de caridade internacional
CATÁFORA s.f., letargia entrecortada por períodos de semi-consciência; presidência da república
CATALEPSIA s.f., perturbação psicomotriz caracterizada por mobilidade e inércia da mente, com tendência para manter as atitudes que lhe imprimem; bancada parlamentar
CATAPULTA s.f., engenho de arremesso de palavrões e ordinarices; trolha; camionista, automobilista
CATÁSTROFE s.f., programa de governo; plano de reformas; estudo científico
CATEDRAL s.f., igreja principal de uma diocese; local de culto religioso; estádio de futebol
CATIVEIRO s.m., estado ou tempo daquele que contrai empréstimo ao banco; escravidão
CATIVO adj., prisioneiro do banco; seduzido; sujeito à escravidão
CATÓLICO adj., crente em Sua Santidade, o Papa, e na respectiva carta de procuração exclusiva passada por Deus Nosso senhor
CAVALO-MARINHO s.m. auxiliar de governação indispensável em certos países
CAVAQUEIRA s.f., conversa amena e prolongada; discussão parlamentar
CAVILAR v.intr., planear enganos; reunir em congresso
CEMITÉRIO s.m., estabelecimento de ensino superior
CENSURA s.f., selecção arbitrária; em democracia: critério editorial
CERA s.f., aquilo que grande parte dos funcionários públicos fabrica nas suas colmeias
CERBERO s.m., cão tricéfalo que, segundo a mitologia grega, guarda a porta dos Infernos; porteiro de discoteca
CÉREBRO s.m., órgão situado na parte anterior e superior do encéfalo, que é sede das funções psíquicas excepto a inteligência e o pensamento autónomo ou um pouco mais elaborado; centro intelectual donde emanam as desordens e distúrbios crónicos ao ser humano
CEREBROPATA s.2 gén. pessoa que sofre de cerebropatia; neurasténico; homem moderno
CERNELHA s.f., forma de abordagem recomendável para certos políticos recalcitrantes ou viciados no poder
CESSAR-FOGO s.m., pausa acordada entre ambos os beligerantes para recarregar as armas e renovar as tropas
CÉU s.m., promessa eleitoral
CHACAL s.m., mamífero carnívoro, voraz, selvagem (da família dos mirones, semelhante ao homem), que experimenta grande volúpia diante de desastres sangrentos e mortíferos; jornalista; condutor automóvel (em Portugal)
CHACINA s.f., acto de civilizar; converter; educar; democratizar; espécie de higiene social; descompressão étnica; expediente demográfco
CHAFURDAR v.intr., ensaiar um cunnilingus ávido e alabregado; investigar a vida alheia; recordar misérias
CHALAÇA s.f., pilhéria; comunicação ao país
CHALADO adj., aquele que profere a chalaça
CHALRAR v.intr. falar muita gente ao mesmo tempo; falar à toa; gralhar em bando; discutir no parlamento
CHAMPÔ s.m., noticiário
CHARCUTARIA s.f., estabelecimento onde se vendem essencialmente preparados de carne de porco, suados ou fumados; health-club; ginásio
CHARLATÃO s.m., indivíduo que vende drogas nas praças públicas, exagerando-lhes as qualidades; publicitário; candidato em campanha
CHARME s.m., o mesmo que carisma
CHARRUA s.f., pénis de homem vigoroso
CHATO s.m., espécie de piolho púbico ou público que outrora infestava a região púbica causando prurido, mas que agora prefere os canais televisivos causando náusea
CHAUVINISMO s.m., instinto básico de auto-conservação e defesa; num país grande e poderoso: orgulho nacional; num país pequeno e dependente: fanatismo ou exagero patriótico
CHAVE-INGLESA s.f., utensílio que serve para desbloquear engarrafamentos, desligar buzinas ou explicar o código da estrada a teimosos impertinentes; ver também Chave-de-rodas
CHEFE s.2gén, indivíduo que tem sempre razão e que convém sabujar
CHEFIA s.f., acto de ter sempre razão e ser continuamente engraxado
CHICANA s.f., contestação capciosa; discussão entre democratas rivais ou concorrentes
CHINFRIM s.m., banzé; escândalo; debate pré-eleitoral
CHIQUE s.m., alarde petulante ou aleive afectado daquele que vive em chiqueiro
CHIQUEIRO s.m., curral de porcos muito vaidosos e ufanos; pocilga bizarramente decorada; vivenda de novo-rico ou escravo de banco com pretensões ou em trânsito para novo-rico
CHOCALHO s.m., espécie de campainha que se dependura de certos animais para denunciar a sua presença; telemóvel
CHOLDRA s.f, comício; jantar partidário com mais de 50 pessoas; agrupamento reunido para escutar arenga e receber comenda; conjunto de pessoas que se reúnem para celebrar uma determinada data que calha ser feriado
CHORAMINGAS s.2 gén., fadista; sindicalista; membro da oposição
CHORRILHO s.m., cópula agreste e ininterrupta de algo ou alguém sobre a mentalidade pública (pode ser política, literária e musical)
CHOURIÇO s.m., recém-nascido, no conceito moderno-científico
CHUCHA s.f., mama; chupeta; desfrute; mangação
CHUCHADEIRA s.f., política
CHUPA-CHUPA s.m., entretém para fedelhos com aspirações; secretaria de estado
CHUPETA s.f., enganadeira (para crianças); comissão parlamentar (também para imberbes)
CIBERESPAÇO s.m., pornosfera
CICERONE s.m., xenofilo
CICLISMO s.m., fornicação compulsiva; cópula ao sprint
CICLOMOTOR s.m., amante com automóvel
CICLONE s.m., revitalizador da construção civil
CÍCLOPE s.m., gigante fabuloso com um só olho na testa, donde se depreende que tinha cara de cu
CICLOTURISMO s.m., cópula agrária, bucólica e itinerante; sexo rural
CICUTA s.f., bebida típica dos filósofos
CICUTISMO s.m., embriaguez socrática
CIDADE s.f., conglomerado heteróclito e mais ou menos babélico de traumas, frustrações, taras, paranóias, fobias, lobotomias, e outras aberrações ou desarranjos mentais
CIDADE-DORMITÓRIO s.f., cemitério; necrópole; subúrbio
CIÊNCIA s.f., conhecimento certo e racional sobre mundos imaginários; investigação metódica das leis e fenómenos que podem ser subsidiados, comercializados e lucrativos; sofisma passageiro bem sucedido; cegueira deslumbrante; contubérnia da tecnologia
CIENTÍFICO adj., relativo à ciência; sem princípio nem fim; referente a um fragmento catalogado do acaso
CIENTISTA s. 2 gén. mercenário erudito e asséptico que não utiliza armas: apenas as inventa e desenvolve
CIGANO adj., economista
CILADA s.f., emboscada preparada para acometer ou atrair alguém; comício
CILHA s.f., livro de cheques
CILINDRADA s.f., coeficiente de inteligência medido a partir duma loura, dum adolescente ou dum pato-bravo (passe a redundância)
CIMENTO s.m., massa encefálica de certos regimes
CINANTROPIA s.f., estado patológico em que o doente se julga cão e procura agir em conformidade:; doença endémica a políticos, jornalistas, meliantes e diversas outras espécies de gangsters
CINEFILIA s.., perversão sexual que se traduz numa variante compulsiva de voyeurismo
CINEMA s.m., (na América) arte de assassinar bons livros e de vender maus; indústria sofisticada de fazer embasbacar as pessoas; estupefaciente autorizado; propaganda camuflada
CIO s.m., manifestação de apetite sexual, mais ou menos alarve, nos e nas adolescentes
CISMA s.m., confronto épico à volta duma ninharia ou frivolidades
CIVILIZAÇÃO s.f., conjunto de morticínios, rapinas e depredações (intra e exra-específicas), organizadas com determinados propósitos e para cumulação de determinados benefícios
CLANDESTINO adj. escravo contemporâneo de importação
CLAQUE s.f., grupo excursionista de vândalos
CLIENTE s. 2 gén., partidário
CLIENTELISMO s.m., regime democrático (em Portugal)
CLISTER s.m., reality-show; política de austeridade
CLOACA s.f., cavidade terminal do intestino, em certos animais, artistas e figuras públicas, onde se abrem simultaneamente os ductos defecante e genital
CLUBE s.m., sociedade recreativa ou de alta recreação (neste caso, também partido)
COACÇÃO s.f., acto de informar nas sociedades modernas e liberais
COALESCÊNCIA s.f., vida partidária
COBAIA s.f., aluno; consumidor; paciente; contribuinte
COERÊNCIA s.f., crime de índole política ou ética;
CÓIO s.m., lugar onde se ocultam malfeitores; valhacouto; alfurja; sociedade secreta
COLECTA s.f. esbulho de otários
COLECTÁVEL adj. 2 gén., não inscrito em nenhum clã, família ou seita registada no Regime Geral de Isenções Vitalícias
COLETE-DE-FORÇAS s.m., fraque para reveillon
COLGADO adj. pendente; enforcado; o “povo português” por antonomásia
COMEDOURO s.m., lugar ou vaso em que se dá comida aos animais e pequenos tachos aos políticos juniores ou aos famiiares
COMÉRCIO s.m., a liberdade, segundo os liberais; ídolo sanguinário e insaciável que reclama diariamente vítimas humanas
COMETA s.m., deputado cabeludo dado a órbitas excêntricas
COMÍCIO s.m., reunião de famintos para discussão de cardápios; cilada
COMITÉ s.m., sínodo, banquete
COMPRAR v.tr. aliviar-se; celebrar a eucaristia liberal; sacrificar ao Comércio
COMPULSÃO s.f., forma predominante de pensamento
COMPUTADOR s.m., aparelho electrónico desviante que serve essencialmente para divulgar pornografia
COMTISTA adj., relativo a Augusto Comte, mentecapto francês, 1798-1857, autor dum anedotário famoso
COMUNISMO s.m., regime político, económico e religioso caracterizado pela comunhão do trabalho pela maioria esmagada das pessoas e das mordomias e luxúrias por uma minoria esmagadora de indivíduos
CONCEPÇÃO s.f., descuido; azar; contrariedade; motivo para remoques
CONCERTO s.m., reunião de surdos broncos a pretexto de escutarem música, mas com o propósito efectivo de desfilarem indumentárias e penteados; (em caso de música pop) acrescentar ganzas
CONCORRÊNCIA s.f., sacanagem
CONCRETO adj. que existe na imaginação a título de realidade; singular
CONCUBINATO s.m., coligação partidária
CONDÓMINIO s.m., presídio discreto
CONFEITARIA s.f., editora literária
CONFESSIONÁRIO s.m., consultório psiquiátrico
CONJÚGE s.2 gén., sócio
CONSEQUÊNCIA s.f., algo que nunca existe; em política: aquilo que nunca vem depois do acto
CONSTITUCIONALISMO s.m., doutrina que os ingleses encontraram para se governar tornando os outros países ingovernáveis
CONSTITUIÇÃO s.f., conjunto de fábulas jurídicas, óptimas para adormecer crianças
CONTÁGIO s.m., transmissão de conhecimentos, crenças ou teorias por contacto mediato ou imediato; transmissão de vícios no pensamento e no raciocínio; corrupção intelectual; ensino
CONTORCIONISMO s.m., exibição de contorções e revoluteios; governo
COPROFAGIA s.f., ingestão de excrementos; visionamento compulsivo de certos programas televisivos (telenovelas, reality-hows, telejornais, entretenimento matinal, etc)
COREOGRAFIA s.f., audiência em tribunal; parada militar
CORROMPER v.tr., gratificar
CORRUPÇÃO s.f., exercício dos diversos tipos de poder; esmola liberal
COSMÉTICA s.f., pensamento contemporâneo; alternância democrática; pluralismo
CRENÇA s.f., opinião
CRETINO adj. e s.m., indivíduo ou designativo de indivíduo dotado de absoluta incapacidade mental, estética, política, ética, tudo excepto um vociferar ininterrupto de opiniões e estados de alma acerca de notícias, denúncias e outras atoardas
CRIME s.m., pobreza; falta de perícia na execução de sacanice ou malfeitoria; mau planeamento; azar
CRIMINALISTA s.2gén., parasita; indivíduo seboso que aparece na televisão; escrevinhador monopolista de telenovelas
CRIMINOSO adj. e s.m., desastrado; azarento; aquele que se deixa apanhar; pequeno delinquente; pilha-galinhas; rouba-carcaças; pessoa que comete atrocidades, pilhagens ou homicídios a título individual
CRIPTOCEFALIA s.f., monstruosidade caracterizada pela ausência de cabeça ou pela apresentação de cabeça mais ou menos oculta; ver também “delgadismo”, “helenamatismo” e congéneres
CROMOSSOMA s.m., entidade fabulosa da ordem dos gnomos, mas bastante mais pequena, não lobrigável à vista desarmada
CRUCIFICAÇÃO s.f., grande reportagem; guerra de audiências
CUBISMO s.m., borrão imperscrutável mas valiosíssimo
CULTURA s.f., presunção
CURRÍCULO s.m., requisito formal irrelevante, quando não catalizado; objecto de contemplacão mórbida e perplexidade crónica para desempregado; fetiche; regra geral, é inversamente proporcional competência
Nota: Trata-se duma reposição, pelo que os cinco primeiros comentários são referentes a Janeiro de 2005, aquando da primeira postagem.