quinta-feira, março 31, 2016

Naturofobia

«The majority of humans in developed countries will stop having sex to procreate within decades, a leading academic has predicted.»

Em síntese, a procriação vai ser privatizada. Há aqui uma distopia qualquer a todo o vapor. Deve ser eventualmente a LCD- Liga dos Contra-utópicos Distópicos. E como vai à força de Rule of Law e de  Santa Ciência do Assobia, mais fofinho não há.  Não é difícil antever o admirável amanhã novo... Criminalização da gravidez por via sexual (e aborto compulsivo como pena);  acesso à procriação vedado ao pobrezinhos. E aos heterossexuais irrecuperáveis. O reverendo Malthus, lá da retrete do inferno onde presta serviço pela eternidade, há-de sorrir, embevecido.

quarta-feira, março 30, 2016

Corruptus dei




Diz-se por aí que o Brasil está com um caso agudo de Sorosite. Alguns detalhes ilustrativos aqui.

Não percebo grande espingarda da política brasileira. Se calhar também não há muito para perceber. Que salta à vista que aquilo é uma mescla mais ou menos anedótica de  carnaval e telenovela, parece-me óbvio. Que para obviar ao saque doméstico se acabe a instalar o mega-saque internacional também é a lei actual dos esquemas. E o passo seguinte na engrenagem. O querubim justiciante lá do sítio há-de ter as costas bem quentinhas dum hálito protector e proteseico. E tem para muitos e bons séculos (os trinetos ainda andarão nisso) : combater a corrupção no Brasil deve ser como combater o défice em Portugal. O que vale é que se trata, como refere o articulista em epígrafe, apenas da "corrupção má". Sim porque isto da corrupção é como tudo na terra: há a boa e a má. Aliás, um pouco como os genocídios e bombardeamentos industriais. O tal querubim, tudo o indica, deve obrar para a "boa". Podemos até imaginar para essa tal obra descomunal um nome catita: corruptus dei.
Em todo o caso se o tal Bat-esbirro (parido de novela da Globo) acabar a remover a Vilma (dos neo-flinstones) mais o pachorrento Lula, e, de caminho, a dar um bom motivo para se varrer a tal democracia da tanga, não serei eu a verter lágrimas. Só espero que os militares não vendam aquilo ao desbarato tão depressa como os da "corruptus dei". O único óbice a todo este meu wishful thinking é que a "corruptus dei" não dorme - ao mesmo tempo que dissemina o caos nas ruas, vai também erradicando, a desastre de avião, as hipóteses reais dum alternativa de nova ordem brasileira. O Agneli foi a semana passada, com a família toda. O Eduardo Campos foi nas últimas eleições, para a Marina Silva (da Soros Inc) ascender à rampa de lançamento. Gente capaz e vertical não interessa. Apenas corruptos. Mas dos bons.


PS: A propósito deste circo fui estudar a política dos nossos irmãos transatânticos. Fui dar com um valhacouto extremamente pedagógico. Chamam-lhe a "Nova direita" brasileira. Ao tomar atenta nota das características, reconheci não apenas uma série de espécimes ungulados que em tempos vieram aqui grunhir-me nas caixas de comentários, como outro detalhe ainda mais espantoso: que a nova direita brasileira é muito idêntica à nova direita portuguesa. Ou seja, a nova direita brasileira é...americana. Do norte.
Depois conto em pormenor. Até porque é sempre um prazer espicaçar aquelas chocas.

segunda-feira, março 28, 2016

Ad nihil







A diferença entre a União Soviética e os Estados Unidos não reside na essência mas na forma. Dito em termos simples, é a diferença entre o capitalismo de seitas alapadas ao estado e o capitalismo de Estado (ocupado por uma única e exclusiva seita). Portanto, a limite, é o que vai do poli-sectarismo ao mono-sectarismo. No resto, o materialismo motriz é o mesmo e o evangelismo operativo também. Ambas, segundo os seus ideólogos militantes, disputavam a instauração do paraíso na terra. Os comunas no amanhã, os anti-comunas já hoje, com muito sacrifício, trabalho e bom investimento. E ambas, também derivavam (os americoisos continuam a derivar, bem entendido) a cura do mundo através do alastramento do seu paraíso doméstico à generalidade do bairro global. Por outro lado, como seitas rivais, o seu paraíso avantaja-se a partir da infernalização da concorrência, mero e típico subterfúgio comercial. A melhor promoção do peixe de uns passa pela denúncia do apodrecimento do peixe dos outros.
Para uma melhor compreensão do fenómenos, dissequemos qualquer uma dessas seitas evangélicas de vão de escada que, entre nós, desde que o país foi entregue de repasto à democracia importada,  proliferam que nem cogumelos na podridão...
Um energúmeno qualquer, dotado de histrionismo loquaz, recruta um rebanho de imbecis, mentecaptos e papalvos que passa a explorar económicamente (proxenetismo ou alcoviteirismo religioso, se quisermos entrar em rigores técnicos). A operação consiste em transformar os papalvos  em clientes e os clientes em contribuintes - cada minúsculo pastor evangélico é um micro-estado em embrião, levedura  e efervescência; cada igrejeta de cave e subúrbio é uma empresa de marketing e investimento a galope. Naturalmente, à medida que o rebanho cresce, aumentam as necessidades de controle, ordenha e administração do mesmo, ou seja, o pastor precisa de colaboradores- enfim, acólitos caninos que o auxiliem na transumância. A certa altura, caso o negócio e a embrumadela corram de feição, a lógica da propagação por filiais e metásteses impõe-se. E eis que o pastor chefe delega e subaluga (franchisa, como agora se diz) em sub-pastores (que são promovidos entre os seus mais acrisolados acólitos, o que, não raramente, coincide com a própria família). Num ápice, é toda uma hierarquia terreal e lodosa em movimento. Como é fácil de constatar, isto transpõe-se facilmente. e com idêntica e perfeira adequação tanto à nomenklatura soviética quanto à administração e  gestão de qualquer mega-empresa capitalista. Um papalvo que compra um Ford, ou um Mercedes ou um Toyota não é apenas um consumidor: é um contribuinte que urge seduzir e fidelizar, ou seja, que compete transformar num crente. Outra das diferenças é que, entre os soviéticos, o partido-estado-igreja tem uma liderança absolutamente personalizada (até porque entre eles a divinização do Partido cumpre duas receitas milenares: a emulação da autolatria judaica e a perversão da hierarquia católica) enquanto entre os Americórnios, na marca-seita-estado a direcção é representativa: o pastor em exercício oficia em nome do Deus dinheiro.
Entretanto, o "a todos segundo as suas necessidades" dos comunistas, ou mono-capitalistas, corresponde o "a cada qual segundo as suas possibilidades (nunca esquecendo que "possibilidade" e "liberdade" são perfeitamente intercambiáveis) dos poli-capitalistas. Na União Soviética, a ascenção processava-se dentro da seita única, conseguindo subir do grau básico da necessidade (nas massas) ao grau superlativo da mesma (na Nomenklatura); nos Estados Unidos, e em variados cambiantes no Ocidente inoculado em geral, a ascensão processa-se nas "marcas". Cada seita evangélica luta por estabelecer o seu produto/mercadoria como uma verdade superior: a Rolex avantaja-se sobre a Timex, a Ferrari sobre a Ford, ou a Aple sobre a Samsung. Depois, em tandem com o fetichismo da representação, há toda uma teoria da participação sacra: é na medida em que participa das "verdades superiores", ostentando-as por aquisição, que o gado bíblico, desde o pastor à ovelha, se arvora, arroga, assume e é celebrado como Vigário na terra. Quanto mais opulento mais Vigário. Donde decorre, na quantidade equivalente a sensivelmente 1% da população mundial, toda uma chusma de para-papas e respectivas orbes gravitacionais de para-cardeais, para-bispos e por aí abaixo, até aos beatos crentes, sacristães e acólitos (isto, porque, como é sabido, cada reverendo pastor tem como íntima vocação constituir-se papa duma igreja privada - a sua). Sem querer adentrar na coiutada legítima do Pedro Arroja, mas brada à evidência que o protestantismo traduz sobremaneira uma privatização e mercantilização da fé e, num sentido perverso, do próprio cristianismo. É por isso que Deus deixa de ser um bem comum publico e vê-se degradado a  um bem empresarial privado. E é também por isso que o protestantismo criou condições propícias ao capitalismo mais desarvorado (o anglo-saxónico), tal qual nunca este foi o mesmo, nem semelhante em países de tradição católica, ou mista, como a Alemanha. Pelo que faz tanto sentido falar em capitalismo como em socialismo: há capitalismos e socialismos,  isso sim, decorrendo cada caso do próprio hospedeiro nacional onde se instala. O capitalismo americano nunca foi igual ao capitalismo francês; o socialismo soviético distinguiu-se do chinês, ou o albanês do cubano. O capitalismo inglês estava nos antípodas do capitalismo alemão, e tanto assim foi que em resultando destas incongruências e incompatibilidades resultaram duas guerras mundiais (tanto quanto soviéticos e chineses se tornaram ferozmente hostis).O fermento de todos eles, capitalismos e socialismos, bem apuradas as coisas, é o mesmo. Mas a condições geoculturais onde se realizam historicamente variam sempre, tal qual a terra é diversa em toda a parte e as pessoas também. O que acontece, muito por falta de discernimento ou sequer interesse pelo estudo, é que impera o pensamento por atacado, a monomania-chiclet e o  pronto-a-pensar   das seitas evangélicas da propaganda. E lá voltamos ao início deste postal: cada peixeira tenta denegrir o peixe da rival como forma de tentar impingir o seu. Porém, ambos estão impróprios para consumo e só o que realizam é causar intoxicações alimentares generalizadas. O resultado, que é também a prova mais evidente e eloquente disso, é que prolifera a esmo a diarreia mental. Entre panditabundos e sequelas, é todo um desfile, mais até que de nano e micro parapapas, de pataratas borrados e papagaios fétidos. Que têm para nos dizer os anti-capitalistas?  O mesmo que os seus reflexos antagónicos ao espelho, os anti-socialistas: que o que têm defronte é péssimo. Ambos têm razão e, fatalmente, ambos se desmontam e atestam da sua nulidade absoluta. Mas, ao mesmo tempo, e perversamente, sabem que a sua existência depende umbilicalmente um do outro: persistem enquanto  se mantiverem nessa especulação permanente, contínua, fixa. Não tendo nenhum bem para oferecer ou com que preencer a realidade, abastecem-se no mal um do outro como forma de engendramento dum falso bem, o tal "mal menor". Nâo auferindo de ser próprio, apenas existem enquanto alternativa. No fundo, é a actualização moderna do passo da Odisseia que eu não me canso de evocar: Cila e Caribdis.  Porém, a armadilha é agora ainda mais vasta e atroz: pretende-se afunilar, miniaturizar, atrofiar toda a história, cultura e experiência da Humanidade a um século XX de açougue e carnificina global (epítome gloriosa do Iluminismo), fechando o discurso, o  pensamento e a própria linguagem neste narcisismo abjecto entre duas formas geminadas do mesmo nihilismo. A sua grande  e frenética ocupação é obrigar a crer que, fora deste Nada a remirar-se e injuriar-se ao espelho, não existe...nada.
O prémio é um mundo cada vez mais absurdo e palinfrénico.

sábado, março 26, 2016

Rinoplastia & Lipoaspiração aérea (ou Healthcare simulation)



Já é a terceira vez, em 2 anos, que os bombardeamentos cirúrgicos dos americanos matam o nº2 do ISIS. O estranho fenómeno, tudo o indica, deve ser atribuido ao carácter "cirúrgico" dos raids. Cirurgia plástica decerto. Cirurgia e combate anti-terrorista...

Aliás. nem de propósito, reparem bem nesta instituição de Washington - o Washington Institute fou Simulation in healthcare-, em cujo cardápio de actividades, pode ler-se:

«ISIS Community Outreach

ISIS HMC Mock Code (In-Situ)


É claro que estou mocking arround. Mas também tenho direito, ora essa. Eles também estão sempre mocking on us. E também passam o tempo a simular tratar da saúde ao ISIS (o dos canibais terroristas, entenda-se), não é?...

O Alto Nível do Império dos Gambosinos

Começo por chamar a atenção para o elevado nível do funcionário. Depois, o teor eloquente da mensagem.
Quanto ao primeiro, trata-se do moço de recados da bruxa Nuland (vagina do Kagan), um tal de Mark Toner, portador de fronha a lembrar não sei que estereotipo.



quinta-feira, março 24, 2016

Euro-corrupção gráfica



Estamos no meio da tabela. Ombro a ombro com a Alemanha, imagine-se. Talvez porque corrupto, como panasca, tanto é o que vai como o que leva. Só que entre nós só o passivo é criminalizado. O outro, o agente, é assim uma espécie de manifestação inefável não apenas da mão mas do pénis invisível manipulado.
Enfim, muito trabalhinho para os senhores doutores juizes. Mas  a ver se atentam mais à essência e menos ao espectáculo: sobretudo, porque quando alguém se vende ou leiloa, alguém compra ou arremata. 

E nem foi preciso cesariana

terça-feira, março 22, 2016

Há mortos? Não há problema: cobram-se ao Irão.




A notícia do dia refocila em mais um ataque terrorista, desta vez em Bruxelas. Sobre questões políticas, geopolíticas, metapolíticas e outros queijos, nada tenho a acrescentar ao que já foi dito ao longo do dia (e que, em bom rigor, repete o que já tinha sido dito em anteriores deflagramentos). Apenas julgo oportuno realçar a oportunidade de negócio que, mais uma vez, desponta e cintila. Não sei exactamente a nacionalidade das vítimas (aliás, não sei nem exactamente nem por palpite, confesso; e não me sinto lá muito intressado em descobrir). Mas basta um norte-americano que seja (se acumular com judeu, então, nem é preciso que tenha falecido ou sequer ficado ferido, basta que se tenha assustado com a explosão, contraindo um trauma horripilante com um nome esquisito), e já é mais do que matéria para abrir um processo em New York, no balcão do juíz Daniels, de modo a cobrar ao Irão uma cornucópia de indemnizações. Ao Irão, ao Hezzbolah, ao teimoso da Síria, ao Estado-pirilampo da Palestina, ou, até, segundo a mais recente moda, ao demoníaco Putin, que é para isso que eles existem. Aliás, nesca coisa do terrorismo é como tudo na vida: há uns que gozam e outros que pagam.

Entretanto, congratulemo-nos ainda mais com a espécie: lembram-se do Strangelove? Já tem um sucessor à altura: é o Breedlove. Todo este carnaval macabro já oscila entre a banda desenhada e o cine-piolheira.


PS: Mas não desesperemos, irmãos. Afinal, os jovens e bravos paladinos do ocidente, e da Europa sobretudo, já treinam afincadamente para resistir, com denodo e bravura, às sevícias da horda invasora (enquanto vão entretendo a ocupante):
«Two Welsh Guard soldiers 'forced to rape each other' during initiation ceremony»

Zombifactura e necrofagia





O Singer, já aqui falei nele, é um daqueles penca-boys que, depois que o próprio filho saiu do armário, largou em grande patrocinador da causa LGTB nos States. Portanto, pilha cadáveres por uma "boa causa" (além de Israel, evidentemente). Quanto à justiça anglofónica já não se trata de ser cega: é mais exercer com o olho invisual. 
Por outro lado, já só não vislumbra quem faz muita questão disso, preferindo também aquele onde se sentam àqueles que não usam na cara: a mesma fauna subsidia e patrocina a esquerda social e neodireita anti-social. Assim, os primeiros (maluquice terraplenante, corrupção crónica, subversão igualhitária) tratam do falecimento dos estados e da falência orgânica dos povos; os segundos (mais maluquice, mais corrupção, cacoelitose e traição requintada) desossam e depilam as carcaças, confeccionando, com volúpia gourmet, o banquete dos abutres, hienas e demais necrófagos globais. A democracia, tudo somado, é só o aperitivo para a fagodemose. O meu projecto de Luna-park no Alentejo nunca esteve tão actual e devia ser implementado com carácter de urgência  (até porque, com a graça de Deus, ainda lograria o milagre de se constituir como modelo à escala mundial). Aproveito para declarar aqui, desde já, e solenemente, que prescindo da estátua émula do Colosso de Rodes que os vindouros me iriam devotar.

sábado, março 19, 2016

Mais Globalheira S&M





Mais pistas sobre o inefável "funcionamento dos mercados"...



Se isto são modos de tratar as colónias!... Bem, a verdade é que são.

Chama-se TTIP ou "Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento".  A palavra parceria, então, é de ir às lágrimas. Mas, em todo o caso, adequa-se. Sobretudo se tivermos em consideração  que se trata dum contrato entre um sádico e um masoquista.


quinta-feira, março 17, 2016

Intelectuais da treta

A propósito de "supremacias intelectuais"... Não consta que o meu primo do Apocalipse, ou o seu avatar herpemorfo no éden bíblico,  sejam deficitários em termos de capacidade intelectual. O problema, aliás, consiste na finalidade em que eles empregam essa sua grande "capacidade intelectual", que, só para citar o mais famoso dos portentos, chega ao ponto de falarem todas as línguas , vivas e mortas.
Capacidade intelectual não é sinónimo de inteligência ou , mais longe ainda, "génio".. Nos últimos séculos, bem pelo contrário, vem-se convertendo, precisamente, na antítese disso. Vá-se lá saber porquê...
E isto não são palpites. São factos documentados e diariamente certificados. Em catadupa.

terça-feira, março 15, 2016

Tomem lá que eu não duro sempre






Uma recensão muito ilustrativa do Culture of Critique, de Kevin Macdonald. Uma obra controversa apenas porque expõe, sem subterfúgios nem fumigenações, o óbvio ululante:
«The Culture of Critique reviewed by Stanley Hornbeck»
Segundo o próprio autor:
«This is a great review of The Culture of Critique. It shows a deep understanding of the issues and arguments’ »

Agora a melhor parte da oferta... o "Culture of Critique" pode ser lido integralmente aqui:
«The Cuture of Critique - An Evolucionary analysis of jewish involvement in twentieth-century intellectual and political movements»

Confeitarias

«This week begins the 2nd half of March and the lead in to massive 1st quarter bank write-downs. The Rumors of the Deutsche Bank Derivative Implosion have been confirmed by the pending sale of $1.1 TRILLION in derivatives to the “3 Horsemen” of the USA derivative implosion: JP Morgan, Goldman Sachs and Citigroup.»

Sente-se  um tilintar de copos nas prateleiras...  Mas pode não ser nada. Por enquanto. Apenas uma golpada dos américas na colónia forçada.  Os canibais do Goldman apostam que o petróleo vai subir. Os russos também não iam retirar da Síria a troco de nada... Enfim, os próximos dois meses dirão.

segunda-feira, março 14, 2016

Fronteiras, moeda, soberania



Se há portugueses que ainda me merecem respeito e admiração são os pescadores e agricultores deste país. Em qualquer das classes, o quotidiano oscila entre o heroísmo e o martírio.
A situação difícil porque passam muitos destas pessoas, no entanto, é facílima de resolver. Em primeiro porque nem sequer são empresários - esse título salvífico está reservado para os urbanolálios da paróquia. Ora,  aquela gentinha do campo e dos mares não passa duma catrefa de brutos e pacóvios que não domina a nova língua dos inefáveis cabedais - como aquele monhé que presidia à PT e tantos outros da mesma lucilante extracção. Em segundo, porque não sendo empresários da mais fina estirpe, não entendem as astrologias e delicadezas do mercado, pelo que se expõem fatalmente aos piores dissabores e naufrágios financeiros. Assim, o melhor que têm mesmo a fazer é fechar a loja e virem actualizar-se, o quanto antes, na internet e respectiva rede de esgoto sociais, sobre as formas assépticas, inodoras e desembaraçadas de criar valor e atrair investimento, ganhando, no entretanto, graças ao pedal invisível, competitividade zinha . Não custa nada. Sentam-se a ler os trolls estrangeirados que escrevem e os trolls estrangeirados que repetem.
Rapidamente, perceberão que tudo isto é muito natural, lógico e perfeito. Chama-se o Mercado a funcionar. Como quando se levantaram sanções imbecis e bloqueios aos russos, ou se lançou o caos na Ucrânia e no Médio Oriente. É o mercado a funcionar. Ou seja, o mercado ultimamente anda com tendências suicidas: auto-estrangula-se e mutila-se. Droga-se. Ceva-se na depressão crónica. Já se sabia que não regulava lá muito bem da caixa dos pirulitos, mas isto, ultimamente, já reclama camisa de forças e um quartinho almofadado.

PS: Esta "Europa" só serve a dois luxos inúteis: os burrocratas da EURSS e os burrolatras domésticos. 

domingo, março 13, 2016

O Politicamente Correcto ao microscópio

É dos melhores gozos ao PC que já li. Recomendo vivamente!... Uma imagem fidedigna da "liberdade" galopante destes nossos gelatinosos dias.


The Story of Admiral Nelson, Updated


Nelson: Order the signal, Hardy.

Hardy: Aye, aye, Sir.

Nelson: Hold on, this isn't what I dictated to Flags. What's the meaning of this?

Hardy: Sorry Sir?

Nelson (reading aloud): "England expects every person to do his or her duty regardless of race, gender, sexual orientation, religious persuasion or disability"? What gobbledygook is this, for God's sake?

Hardy: Admiralty policy I'm afraid, Sir. We're an Equal Opportunity Employer now. We had the devil's own job getting 'England' past the censors lest it be considered racist. Strictly speaking, I shouldn't be calling you "Sir," Sir, but rather, "Person of Consensus-Based Enhanced Authority."

Nelson: Gadzooks, Hardy! Hand me my pipe and tobacco.

Hardy: Sorry Sir, all naval vessels have now been designated smoke-free working environments.

Nelson: In that case, break open the rum ration. Let us splice the mainbrace to steel the men before battle.

Hardy: The rum ration has been abolished Admiral. It's part of the Government's policy against excessive enjoyment.

Nelson: Good heavens Hardy! I suppose we'd better get on with it, then. Full speed ahead.

Hardy: I think you'll find that there's a 4 knot speed limit in this stretch of water.

Nelson: Damn it man, we are on the eve of the greatest sea battle in history; we must advance with all dispatch. Report from the crow's nest, please.

Hardy: That won't be possible Sir. Health and Safety have closed the crow's nest. No harness, and they said that rope ladders don't meet regulations. They won't let anyone up there until proper scaffolding can be erected.

Nelson: Then get me the ship's carpenter without delay, Hardy.

Hardy: He's busy knocking up a wheelchair access to the foredeck, Admiral. Health and Safety again, Sir—we have to provide a barrier-free environment for the differently-abled, wheelchair-mobile.

Nelson: Differently abled? I've only one arm and one eye and I refuse even to hear mention of the words. I didn't rise to the rank of Admiral by playing the disability card.

Hardy: Actually, Sir, you did. The Royal Navy is under-represented in the areas of the differently-sighted and the differently-limbed.

Nelson: Whatever next?! Give me full sail. The salt spray beckons.

Hardy: A couple of problems there too, Sir. Health and Safety won't let the crew up the rigging without hard hats. They don't want anyone breathing in too much salt either. Apart from the racism inherent in its whiteness, it's full of sodium. Haven't you seen the Ministry of Health adverts?

Nelson: I've never heard such rubbish. Well, break out the cannon and tell the men to stand by to engage the enemy.

Hardy: The men are a bit worried about shooting at anyone, Admiral.

Nelson: What?! This is mutiny!

Hardy: It's not that, Sir, it's just that they're afraid of being charged with murder if they actually kill anyone. There are a couple of Legal Aid lawyers on board, watching everyone like hawks.

Nelson: Then how are we to sink the Frogs and the Spanish?

Hardy: That's "residents of France and Spain," Sir. And actually Sir, we're not.

Nelson: We're not?!

Hardy: No Sir, the residents of France and Spain are our European partners now. According to the Common Fisheries Policy, we shouldn't even be in this stretch of water. We could get hit with a claim for compensation.

Nelson: But you must hate a Frenchman as you hate the devil.

Hardy: I wouldn't let the ship's Diversity Coordinator hear you saying that, Sir—you'll be up on Disciplinary Report for Hate Speech.

Nelson: You must consider every man an enemy who speaks ill of your King. That's a matter of black and white.

Hardy: That's "monarch-person," Sir. And your point is controversial and problematic, Sir. Apart from "black and white" being offensive to people of colour, we must be inclusive in this multicultural age. Now, put on your Kevlar vest. It's the rule. It could save your life.

Nelson: Don't tell me, Health, Safety and Disability. Whatever happened to Rum, Sodomy and the Lash?!

Hardy: As I explained sir, rum is off the menu and there's a ban on corporal punishment.

Nelson: What about sodomy?

Hardy: Good news there, Sir—sodomy is now compulsory.

Nelson: In that case ... kiss me, Hardy. 

sábado, março 12, 2016

United States of Africa




Aberrante? Anedótico? Chutzpah de alto coturno? Isso tudo e a famosa "separação de poderes" da treta (todos separados e todos unidos na mesma vassalagem ao "Money Lord")...
Até porque o juiz, em boa verdade, é o mesmo que já tinha parido isto:


E foi ainda o mesmo juiz que despachou isto:

«US Judge approves Generali Holocaust settlement»

Portanto sempre que a rapaziada da penca quer sacar uma massas dirige-se ao honorable judge. Será judeu o judge?
Melhor: 



Preemptive Revolution





«'We stopped Trump!' Mob shuts down Chicago rally»


Está em marcha o movimento para a ilegalização do Donald, a bem da segurança nacional dos Estados Unidos.
No fundo é o mecanismo das "revoluções coloridas", mas agora em auto-flagelamento e por antecipação. Podemos falar em  Preemptive Revolution? Sem qualquer dúvida. Vâo abortar o "ditador" (contrário aos interesses de Israel) antes que ele aconteça. A Democracia a funcionar.


quinta-feira, março 10, 2016

Palavras com raíz - Barbárie


"Oh fala tão querida! Oh ouvir ao menos a saudação de um Grego, depois de tanto tempo!"
- Sófocles, "Filoctetes"

Acho que devo começar por alertar os leitores mais sensíveis para um facto áspero mas incontornável: a barbárie e a barbie não são aparentadas, embora, segundo alguns genealogistas mais afoitos, a segunda descenda em longínquo grau da primeira.
Posto isto, começo por dizer que "barbárie" é uma daquelas palavras gregas que atravessaram os tempos, inalteradas na fonia, mas degradadas na semântica. A seu significado mais usual - e aquele que ainda hoje prevalece - é de bárbaro por oposição a civilizado -  a bárbarie sendo assim a condição daquele que está fora da civilização. E é um facto que os romanos denominaram assim os outros povos circundantes, sobretudo os germanos. Nessa altura, a barbárie congregava aqueles que não usufruiam e participavam daquilo que constituía, dito na sua vertente mais emblemática, a admninistração do Império Romano. As fronteiras deste coincidiam, destarte,com as fronteiras da civilização. Depois, o romano dará lugar ao cristão e o cimento da administração ver-se-á substituído pela argamassa da Fé. Embora, quanto a estruturas, a Igreja  (ortodoxa e católica) assuma e, um tanto ou quanto fantasmagoricamente, perpetue a herança formal do Império. O bárbaro ganhará então novos cambiantes: pagão, infiel, selvagem, entre outros. Aliás, a barbárie, como definição de algo externo dissolve-se num conceito mais global e englobante: o Mal. E o Mal já não será apenas externo, extramuros, estrangeiro -os vickings, os muçulmanos, os piratas, os Hunos- ; não, ele opera e ameaça também internamente - a bruxa, o herege, o judeu. Donde que as forças da civilização passarão, desde então, a coincidir com as "Forças do Bem" e aqueles que se lhes opõem como as "forças do Mal". Durante a primeira Guerra Mundial, e mesmo durante a Segunda, os Ingleses, que se entendiam, à época, como os fiéis depositários e locatários da Civilização, chamaram Hunos aos alemães e moveram rios de propaganda para convencerem o mundo de que os bárbaros eram os outros. Isto prova como em pleno século vinte a questão da Barbárie e de quem a representava não era ainda uma  questão de todo insignificante. O Nazismo, ainda hoje, numa das suas denominações mais benevolentes, aparece referido como a "barbárie nazi", o que, por um lado, constitui tremendo insulto aos bárbaros honestos, e  por outro conveniente bode expiatório para aquela pseudo-cultura que o engendrou e golfou no mundo. Ao acusar o diabo da paternidade, a mãe tenta assim ilibar-se de todas e quaisquer responsabilidades no aborto. Bem diz o povo que cadelas apressadas parem filhos cegos...
O facto é que tudo isto, somado e acumulado ao longo dos tempos, resulta hoje numa montanha de qualidades e conotações pouco invejáveis para o bárbaro: um bruto, um selvagem, um terrorista, um vândalo, capaz das piores tropelias e sempre a urdir as maiores ameaças e hacatombes, ontem contra o Império Romano, hoje contra o seu sucedâneo da hora a ferver.  Os russos já lhe chamam abertamente um "império romano de fancaria" (a propósito do mais recente pro-consulado da Ucrânia).

Mas...e na origem, na verdadeira acepção, para os gregos clássicos, o que significava "barbárie"?
Ora, aí, a coisa é bem mais simples...e honesta. Para o grego, o bárbaro á simplesmente aquele que se exprime numa língua ininteligível, ou, numa terminologia mais fidedigna, numa línguagem anoética. Exprime-se através dum som que não faz sentido, duma phoné (voz) destituída da verdadeira essência O bárbaro é aquele que não sabe o nome das coisas : não sabe que o cosmos é o cosmos,  que o caos é o caos, que o logos é o logos.

O que une os Espartanos aos Atenienses e leva aqueles a sacrificarem-se nas Termópilas ? Não é a política, não são os costumes, nem sequer são os heróis padroeiros : é a língua. É ela que define a Hélade. E é ela que permite ao mensageiro fazer-se entender às portas de Atenas, quando disser que os Espartanos se vão imolar em combate pela liberdade de toda a Grécia. Naquele tempo eles tinham noção de que a liberdade é o oposto da escravidão: Não é como hoje em que a primeira em mais nada consiste que no refinamento da segunda. Não liberdade porque todos vivem encarcerados: uns como reclusos, outros como guardas. E não liberdade porque não há indivíduos livres quando o colectivo mergulha na escravidão (e processe-se esta através da ocupação estrangeira (bárbara) de armas militares, económicas, culturais ou do cerco e assédio resultante de todas elas. A liberdade de cada qual radica e principia na liberdade de todos.

Agora reparem: um povo que não respeita a sua própria língua é, por assim dizer, uma horda que se entrega e devota  à auto-barbárie. Que se derrota a si próprio, colocando-se à mercê do invasor. É nisso que vamos, não é?

quarta-feira, março 09, 2016

Máscaras e incubações

                               Legenda: Aleppo, Síria, depois da "democratização".

Em forma de hortaliças, ovos e putrescências de várias qualidades, os neoconas desvairados lá vão crivando o Donald com todo o ad hominem de que são capazes (a litania monótona do costume): desde o clássico ad hitlerum, tronco principal donde pendem os outros, até ao mais recente, e desesperado, ad Klux-Klan, sem esquecer o  redundante (mas agora vociferado abertamente) desisraelizado e anti-semita, enfim. Enquanto isso, o Donald, com aquele ar Comic-art que Deus lhe deu, lá vai desfilando de triunfo em triunfo. Os neoconas, todavia, não se ficam: arrepelam os pelos, rasgam as vestes e ameaçam desertar em bloco para o Partido Democrático. Se pensarmos que, como já vi por aí escrito com imensa propriedade, eles funcionam como um íncubo do partido republicano, voltarem às origens é no fundo deixarem de mixordiarem a contrafacção à direita. Confesso que ambos os partidos (até pelos respectivos nomes - republicano e democrático só para emético) me interessam para muito pouco, mas em matéria de política externa (e essa interessa-me porque estou cá fora sujeito a ela) o partido democrático representa, invariavelmente, um novo-komintern em acção. E já todos sabemos o que representa a "caça-aos-ditadores". Ficámos até com o 25 de Abril de recordação. Os republicanos não eram tão assanhados. Até que os neoconas os incubaram. Passaram de conservadores a revolucionários globe-trotters (o neoconismo, já não constitui novidade, é apenas um trotskismo invertido 2.0 - não já sob o pretexto da classe operária para fazer avançar a agenda sionista, mas sob o pretexto da classe burgessa pelo mesmo fim ). Os Estados Unidos entraram numa espiral de terceiro mundização interna em prol da "democratização" do terceiro mundo e arredores. O caos que vão semeando, cega e estupidamente, fora de portas, repercute-se  e alastra também portas adentro. A velha Nemésis a funcionar. De resto,  todos sabemos que quando um parasita toma conta dum organismo isso não significa o zénite do vigor e vitalidade deste, mas a doença, a decadência e o colapso a caminho. Quer dizer, os Estados Unidos, um dia  destes, ainda descobrem que estão como a Rússia em 1916... Judeus abertamente socialistas em plena propaganda a céu aberto até  já se avistam (pasme-se!)... 
E entre nós, há algum equivalente aos neoconas? Bem, o passos coelhismo é assim uma espécie de incubação frouxa do PSD por um neoconismo frustre e pacóvio, como qualquer iogurte mental que cá arriba, ao rectângulo, com a useira validade expirada.  Somos uma espécie de albergue mitra de ideias. Os nossos sem abrigo mentais, andam pelos caixotes de lixo do mundo à cata de tesouros d'encher algibeira, que  vêm depois degustar, lambuzar e arrotar nos catres e beliches da enxovia. Esta choldra está sempre pronta a escaqueirar a própria casa a pretexto de remodelações toinas que vislumbrou num qualquer relance turístico em viagem mental ao estrangeiro. Desde 74 não têm feito outra coisa. E a única hierarquização realista da coisa fica esgotada na constatação da seita ("querida, mudei o país!") do momento ser sempre a mais assanhada e a mais malfazeja. Entretanto, o país já desapareceu soterrado sob o manicómio aplicado: os alienados (incubados por alienígenas) gastam o tempo e o orçamento na estreita e superficial pantomina de se remodelarem uns aos outros. O mobiliário e a decoração andam numa roda vida. A casa, essa, que se foda!...
Não significa isto que o  Passos fosse um neoconas encartado (agora até já regressou à social democracia com o rabo entre pernas, coitado). O pobre nunca excedeu o vácuo farfalhante e obediente. O que quer que se atire lá para dentro reverbera e nada mais que isso. Refiro-me, outrossim, àquelas coalescências oportunistas e exofrénicas do "movimento", que se manifestaram e manifestam, ruidosamente, nesse balde de lavagem homogénea actual, onde a rede social e a comunicação social já se inextricam. Em suma, aquela nhanha vesga e fétida de que o PSD apareceu um belo dia a escorrer. Mas algumas pistas concretas: A opus dei, com a chocadeira da Buzinanças & economics não sei quê da Católica,  está a fabricá-los em série (aliás, ainda que eles não existissem, os neoconas, a opus dei produzi-los-ia na mesma, ainda mais viscosos e daninhos que os originais. Quer, dizer, ainda mais judengos e sionistas que os askenazi todos do Likud). Também os trânsfugas ideológicos da extrema-esquerda abrileira, à semelhança aos seus congéneres transatlânticos, em larga maioria abraçaram o excremento (em bom rigor, permaneceram nele com outra maquilhagem). Os trampolins e rampas de lançamento nos media estão devidamente armadilhados e filtrados, como lhes compete e a central global ordena. De modo que, mesmo aqueles, que em tudo o resto (que é acessório) se manifestem ajuramentados como não-neoconas ou até anti-neoconas, no essencial são tão neoconas como os efectivos. Uma grandessíssima praga, em resumo. E tudo isto acontece por estupidez, maldade ou mera ciganice? Nessas criaturas, tudo isso ocorre, mas não constitui factor determinante. Este tem outro nome bastante mais prosaico: dinheiro. Não estamos pois perante qualquer tipo de refinamento: é apenas banalidade. 
No cume da civilização cristã, ergueram-se aos céus as catedrais e as músicas de Bach. No auge da descivilização anti-cristã, erigem-se escombros,  rasgam-se poços, crateras e precipícios para o caos, celebra-se e glorifica-se o subterrâneo,  normaliza-se a monstruosidade, industrializa-se a morte e noiva-se o abismo. Não admira que nesta teodiceia da lama, da suversão e do submundo, os filhos medievais do diabo passem agora por anjos completíssimos e indiscutíveis. Perante uma super-acédia colectiva, a mentira ganhou honras de dogma. E o mal preside ao melhor dos mundos possíveis, cujo lema se esgota, doravante, no "quanto pior, melhor".

                                         Legenda: Aleppo, Síria , antes da " democratização".


domingo, março 06, 2016

O Mito das maiorias

«Se a revolução é só da superfície, feita por uma minoria organizada num país desorganizado, apático e servil, então os organizadores da revolução alguma qualidades têm que há que ter o homem de governo: são, pelo menos, chefes e organizadores. tal foi, em ponto pequeno, a nossa Revolução de 5 de Outubro; tal foi, em ponto grande, a Revolução Bolchevista. Em ambos os casos a maioria do país era monárquica, sendo apenas, republicana num caso, comunista no outro, a minoria mais bem organizada; tendo a primeira como espinha dorsal a Ordem maçónica, a segunda por principal esteio as organizações secretas judaicas.»
- Fernando Pessoa
Todavia, o facto  é que, conforme a realidade e a história vêm exibindo, não apenas as minorias dirigem revoluções, mas, dirigem também os próprios governos de rotina, ou seja, não operam apenas as roturas: administram igualmente a conta corrente. Como, de resto, o próprio Pessoa escreve: "Em todos os tempos e em todos os sistemas, o poder é detido apenas e sempre pela minoria mais forte, que impõe a sua vontade à maioria. Ela pode impor essa vontade pela força, como nas comunidades primitivas e nas ditaduras, pode impor essa vontade pela autoridade, como nas monarquias e estados aristocráticos, pode impor essa vontade pela persuasão, convertendo a maioria à sua atitude. No último caso haverá realmente democracia. Mas entenda-se que é sempre a minoria que governa e compele; a maioria ou se submete a ela enquanto força, ou a aceita, enquanto autoridade, ou concorda com ela, enquanto opinião.»

Quando ouvimos e lemos, por exemplo, como ainda recentemente aconteceu pelas pantalhas deste mundo, que 1% da humanidade detém tanta riqueza como os restantes 99% não é difícil adivinhar que essa mesma super-minoria tem mais poder que qualquer outro grupo ou ajuntamento popular. Poder, como assim? Bem, seguramente "poder de compra". E num tempo em que tudo se compra e vende, não se nos afigura que, aqui ao nível do curral (Sade definido por Jünger),  prevaleça qualquer outro acima. Compram-se governos, compram-se países e compram-se povos (que, verdade se diga e reconheça, se vendem cada vez mais barato, fora os europeus, que esses vendem-se caríssimo, mas financiam a fundo perdido o comprador) , tal qual se compram revoluções (não apenas sociais como científicas, não apenas estéticas como económicas), e se compram guerras, exércitos e até um Passado mais conveniente. A coisa não é apenas de agora. Vem-se acumulando e atingiu doravante um paroxismo inaudito.

O desenvolvimento dos meios e mecanismos de manipulação, propaganda e coacção tem potenciado dois fenómenos convergentes: uma concentração da cada vez mais poder em cada vez menos gente (à escala global); uma retórica absolutamente ininterrupta e perversa em que sociedades cada vez mais subjugadas a cripto-poderes não escrutináveis passam por democracias puro malte, constituindo-se esse o modelo de exportação e imposição à escala planetária.



O esquema soberano


Onde é que isto vai parar? Os Rothschild constituiram-se baronetes saqueando nações e soberanos, depois estados e finalmente continentes. Um Rothschild a pilhar pensionistas soa a qualquer coisa como um Alves dos Reis a gamar carteiras no metro ou um Al Capone feito pilha galinhas. Se não anuncia o fim dos tempos, não deve andar longe. Melhor prova de crise séria na finança dificilmente se encontrará.  Mas nada de alarmes e cagaços extemperâneos: isto ainda vai demorar. Primeiro vão ter que descobrir quantas mansões o dito cujo possui. Depois vão ter que encontrá-lo nalguma delas. Os meus netos talvez consigam asssistir à notícia da primeira audição do cavalheiro.

Em todo o caso, é ponto assente: passámos da soberania dos estados à soberania dos esquemas.

sexta-feira, março 04, 2016

Consultório Oracular - VI. Será qualquer esquerda preferível ao passos coelhismo?




«nova ou velha, qualquer esquerda é preferível à coisa que corresponde ao passos coelhismo.»



Um leitor (ou leitora) não identificado coloca a certidão em epígrafe na caixa de comentários referente ao postal "A Neo-esquerda, part 1". Essa certidão, todavia, coloca-nos uma questão: será? Quer dizer, qualquer esquerda será preferível ao passos coelhismo?


Atrevo-me a intuir que o leitor em causa não será exactamente de esquerda (o que quer que isso signifique nos circo dos dias de hoje). Como assim? Pois, porque se fosse de esquerda não começaria por definir o fenómeno como "coisa", mas com um qualquer outro depreciativo intenso. Ora, ao conferir-lhe um termo veicular neutral, apenas parece querer arvorar uma certa imparcialidade científica. É este não vir revestido do fanatismo sectário, tão abundante e fétido entre nós (sobretudo nas redes de esgotos sociais) que me convoca ao debate.
Debatamos, então.
Em primeiro lugar, escolher logo à partida o "passos-coelhismo" para um dos pratos da balança beneficia automaticamente o que quer que se ponha do outro lado - a mafia siciliana ou calabresa, a seita do Velho da Montanha, os canibais da Amazónia, os Iakuzas do Japão ou até a clepto-república de Cartouche transparecem subitamente envoltos num manto de virtudes cintilantes e até então insuspeitas. A criatura Passos descende duma linhagem política onde pontificam figurões do jaez dum Miguel de Vasconcelos, dum Cristóvão de Moura ou, retroviajando ainda um pouco mais, dum Conde Andeiro ou daquele  enrgumenus-trio que traiu Viriato aos romanos, senão mesmo daquele lâbrego que revelou a porta do cavalo das Termópilas aos Persas. Tudo gente conceituada, enfim. Fora isto, não me parece que o referido Passos, como ele - tão púdica quão recentemente - confessou ao mundo, tenha cometido grandes erros na governação: o único erro de monta que patenteou durante todo esse tenpo deve ser atribuido aos pais dele, quiçá à própria naturexa, e consistiu nele próprio.  Atribuir-lhe erros é, pois, uma perissologia, como atribuir-lhe coluna vertebral ou sangue quente um desperdício. Ainda assim, admito uma objecção à estirpe atrás exposta: é que, mais ainda que por estrito interesse mercenário, cobardia ufana ou honra rastejante, como esses figurões, o Coelho traiu por ideologia (estupidez, em suma). Aceito o reparo. E colmato a falha adicionando à desínclita galeria um busto dessa fidedigna classe: Álvaro Cunhal.
Posto isto, Vamos à esquerda. Toda ela: nova, velha, fetal e paleolítica.
Fruto de longa e aturada observação, adquiri a firme e inabalável convicção de que as pessoas de esquerda são seres muito delicados, sensíveis e, por inerência, sobremaneira vulneráveis à natureza, ao clima... em resumo: a todas essas contraiedades que povoam a realidade agreste e áspera do terceiro planeta a contar do sol.. Dito por analogia, são como as flores de estufa, - extraordinariamente decorativas, vaporosamente ornamentais, sedutoras até, mas extremamente frágeis fora dum ambiente artificialmente protegido e tecnicamente controlado. É por isso que, regra geral, exaustivamente testada e atestada, uma vez fora desse habitat confortável, exposta à inclemência dos elementos da natureza, a esquerda borrega, murcha e termina invariavelmente infestada de ervas daninhas, parasitas vorazes e maleitas consumptivas. Assim, parece-me duma grande injustiça, senão mesmo uma superlativa crueldade, sujeitar as pessoas de esquerda (nova, velha, passada ou futura) a essa exposição desamparada e angustiante à intempérie. Direi mais: é da mais elementar prudência poupá-las, com desvelo e carinho, aos tormentos da governação ou da administração pública, bem como aos suplícios da legislação... em resumo: às extenuantes trabalheiras e devastadores incómodos dos assuntos do Estado e da Nação.
Que fórmula preconizo, então,  nesse benevolente intuito? Simples: a criação dum parque para a esquerda (as esquerdas todas). Um recinto mais vasto e luxuriante do que um simples Zoo ou jardim botânico. Um Luna-park do tamanho do Serengeti. Podia ser por exemplo, todo o baixo Alentejo, com a excepção de Barrancos (por incompatibilidade de costumes). As pessoas de esquerda, devidamente parqueadas nesse amplo espaço, vedado e protegido de certos flagelos da natureza e da realidade, entregar-se-iam aos seus prodigiosos (e ultimamente até bastante coloridos)  rituais de pasto, arenga, comício,  legislacinha, policiamento, purga, cisma, manada, e, até, de acasalamento bizarro (greves é que não, porque o trabalho é uma actividade extra-paradisíaca). A breve trecho, podemos estar cientes, uma multiplicidade feérica de experiências, estirpes e variedades pululariam em esplendor edénico. (Não esqueçam onde vamos, mas impõe-se este breve parêntesis: É extremamente injusto acusar  essas pessoas de, por mania obsessiva, quererem implantar à força paraísos em qualquer parte. A verdade é que transportam em si, cada uma delas, sem excepção, um paraíso e a respectiva guarnição angélica. Donde automaticamente resulta que, onde quer que vão, aromatizam todo o espaço circundante com essa sua fragrância inefável. Em bom rigor, um fenómeno que a físico-química explica e já antes dela a alquimia fornecia a receita a quem soubesse ler)  Por conseguinte, em momento algum duvidemos: num assombroso instante, vicejariam ruidosos castrismos em redor de Cuba (no Alentejo, não confundam), mirmitónicos Maoísmos em urbanizações de argila pelas planícies infinitas entre Beja e Castro Verde; fumegantes e hiperactivos Stalinismos na linha Baleizão-Grândola; uma Coreia do Norte sazonal - inverno em Aljustrel, verão no Torrão - em itinerância transumante; ciber-bolchevismo 3.0 no Alqueva; trotskismo, num misto de homokibutz e montanha-russa, em Pias; falanstérios e socialismos utópicos em Vila Nova de Milfontes; experiências escandinavas entre Sines e Melides; Ikeas soaristas na beira da estrada, de mistura com artesanato afro e loiça castrada das Caldas; e,  deslumbramento turístico de ponta, menina dos olhos de qualquer National Geographic que se preze:: uma phol-potização afanosa nos arrozais de Álcacer-do-Sal. E reparem vossências, meus raros mas sempreviçosos leitores, atentem bem, de calculadora bem assestada, na potencial fonte de rendimentos para o país dum tão auspicioso empreendimento: se turbas de basbaques e mirones militantes (vulgo turistas), autênticos enxames ávidos e frenéticos, correm a refocilar nos parques de animais selvagens do Quénia ou da África do Sul, quanto não desembolsariam para se embasbacarem com o nosso parque de animais angélicos do Alentejo? Era um constante corropio de chusmas e televisões em peregrinação. Isto era melhor que descobrir petróleo na Chamusca ou gás natural em  Pampilhosa. Aquele Jurassic Park dos filmes apencalhados era superado em larga escala. O visitante tinha agora a oportunidade de assistir, ao vivo e a cores (entre o vermelho e o rosa, bem entendido) à vida antes dos próprios dinossauros e do despejo na terra de Adão e Eva. Um tempo em que os animais falavam e Deus era um camaradão... Um tempo mágico e dourado, enfim, de que só as mitologias guardam memória  e preservam a nostalgia. perante uma Flizlândia destas, a Disneylândia em breve retumbaria às moscas (naturais, pois as humanas, sobretudo as varejeiras, acorreriam em massa para sul do Tejo) e abriria falência.
Só que o leitor mais arguto - digo, extraordinariamente arguto, pois todos, em geral, já são muito argutos, todos os dias, excepto talvez a zazie que agora passou à clandestinidade e entrou para as Carmelitas Descalças virtuais, com voto de silêncio -, a esta hora, já sente uma questão candente a inflamar-lhe os preclaros fagotes: como sobreviveriam estes animais angélicos, de que se alimentariam eles, uma vez que não trabalhariam (nem, acrescento, estariam autorizados a contrair empréstimos)?... Esta excelente questão, como passarei a demonstrar, conduz-nos ao pináculo deste sublime empreendimento.
Numa primeira fase, e por instinto natural, os animais angélicos entregam-se à vigilância e à investigação. Uns dos outros. É mais forte que eles. Num ápice, começam a descobrir falsos animais no rebanho, digo, constelação;  detectam demónios travestidos de anjo, em menos tempo que o diabo esfrega um olho. E toca de consumi-los, depois de devidamente fulminados, temperados e bem passados.  Mas claro, esta primeira fase não é eterna e e esgota-se com alguma rapidez. Ao fim do certo tempo, provavelmente, só já teremos uma vasta phol-potização,  arrozais em barda, capital no Alqueva e sucursais a juzante das inúmeras barragens. Todavia, eis que arribamos à parte mais justa e emocionante da saga: vamos ter que alimentá-los, aos nossos bichinhos da seda maviosa. E vamos fazê-lo da forma mais rentável que imaginar se possa. Tal qual escutais, ó gentes de pouca fé: sem qualquer dispêndio para o erário público e, bem pelo contrário, com vantagem económica, social e política para todo o povo luso e a humanidade em geral. Que ração mágica será esta? Nada mágica, cavalheiros e meninas; bem lógica, crocante e sensata, por sinal: pegamos no Passos Coelhismo, o passos coelhismo todo,  mai-las porcarias e ganadarias adjacentes, e alimentamos os animais angélicos do nosso parque das cornucópias para turista ver. Podemos até imaginar o espectacular da cena: em forma de heli-safari. Turistas abastados de Miami, judeus de preferência, pagam principescamente pelo privilégio cinegético de, em primeiro lugar, caçarem o deputado Abreu Amorim numa largada em Vila Franca e, depois, devidamente ataviado com o kit enxada e arnês, irem largá-lo, de pára-quedas num arrozal neo-cambodjano de Alcácer ou Odivelas. O próprio Passos, em regime de ió-ió, deve ser lançado, resgatado e lançado outra vez, de modo a criar valor e multiplicar o investimento. Já o inenarrável Marco António Costa será da mais elementar justiça atirá-lo sem pára-quedas e directamente na albufeira. Tudo isto em forma de pleonasmo: Com um calhau amarrado ao pescoço. Além desta forma engenhosa de granizo, podemos ainda conceber uns quantos colectivos bloguistas a serem enviados por catapulta de casino, accionada à maneira das slot-machines, por magotes de japoneses, sauditas, americanos, ingleses, angolanos, chineses e outros abonados em estado de completo delírio e adição (Las Vegas, treme e arrepia-te!...). Ficaria aqui os próximos 36 meses a descrever a quantidade de formidáveis equipamentos de diversão e engenhos lúdicos à disposição do turista endinheirado. Mas, enfim, as regras da telegrafia mental em voga nestas plataformas comunicacidárias não o recomendam. Demasiado já abusei eu. O certo é que há ração para muitos e bons anos, o tempo mais que suficiente para recuperar as finanças do estado e a verticalidade da pátria.
E reparem, vossências, estimados compatriotas desse lado do ecrã, que em tudo isto nem uma pontinha de irrealismo, delírio ou ponta de utopia. Mera transposição da realidade actual... Afinal, já é de gentalha como aquela que deu bojo ao Passos coelhismo que a esquerda se alimenta, sobrevive e sustém, nédia, lustrosa e sempervirens. Chama-lhe direita, a vária esquerda? Só no paleio de conveniência. Na realidade, chama-lhe um figo!...

terça-feira, março 01, 2016

Subsídio à proliferacinha fracturante



Devo dizer que à eutanásia, e ainda mais que ao genocídio libertador (vulgo "democratização"), prefiro o "assassínio como uma das belas-artes". Isso e o empalamento de turcos, como o grande Vlad, com requintes de génio, elevou aos píncaros da performance e da escultura proto-surrealista. A interacção Bosch/Vlad e Vlad/Bosch nunca foi limpidamente determinada (acabei de inventar, mas sou capaz de defender isto contra qualquer mentecapto da academia, com uma perna às costas e um braço ao peito).
Mas, entretanto, não quero deixar de contribuir para o rilhafoles em cena, deixando aqui duas minudentes sugestões em prol do enriquecimento das causas fracturantes (e subsequente coro palrador em catadupa, com patrocínio das fraldas Pavlov)).
Pois a ideia catita (e também supimpa todos os dias) chega-nos da Suécia, esse baluarte da civilização protestante e da social-democracia para incontinentes legais.
Os autores são os donairosos (e aposto que louros)  jotinhas (a LUF) do Liberal People's Party lá do sítio (grafo em anglomusino porque embora saiba escandinabo na ponta da língua, não me apetece). E que desarrincaram eles lá do recesso das meninges?
Registem e difundam: a legalização do incesto e da necrofilia. Legalização ou despenalização, conforme preferirem.
A necrofilia acaba por ser a mais engraçada. E faz todo o sentido. Pois se uma pessoa já pode doar órgãos do seu cadáver para prorrogar a vida, ou seja , para adiar outros cadáveres, tem toda a lógica e legitimidade que possa também doar os órgãos sexuais  do seu cadáver para que outros cadávers adiados possam praticar o coito nas suas diversas formas. Coito e preliminares, presumo. E reparem que não há sequer o risco de engravidar. Nem o stress angustiante com a sincronização de orgasmos. Ou os perigos inerentes a certas acrobacias kamasutricas... 
Não sei porquê mas já estou a ver a Servilusa a disponibilizar um serviço de buffet erótico para pervertidos (pervertidos na dupla acepção, quer o debaixo que não se mexe, quer o de cima que arfa e geme com volúpia). Tudo isto, bem entendido, num caixão-alcova - um esquife com espelhos na tampa e gadgets temáticos nas ilhargas, assim a atirar para a cama de casal. A menage a trois será sempre uma oportunidade de negócio para as funerárias e a necrofilia cumulada de incesto, até prova jurídica em contrário, também não será de descartar.
Julgo que tudo isto será passível de IVA a 23%.



A Neo-esquerda peregrina - Parte I



Embora intimamente inquinada por esterilizações ideológicas e geralmente instrumentalizada pela alta finança ou pelos grandes potentados alternativos (afinal, sem grana não há revolucinhas), a esquerda europeia, nos idos, já remotos, do século XX ainda maquilhava a coisa com causas de alguma forma "dignas", ou, no seu léxico tribal, "socialmente justas". Poderíamos ilustrar a súmula de todas elas como "direito a uma vida digna". O que conferia a superioridade moral à cruzada residia num conceito muito simples e quantitativo: maioria. A maioria era oprimida por uma minoria desumana e locupletora. A esquerda batia-se, assim, denodada e estrenuamente, pela redenção social dessa maioria. A esquerda não era nem nunca foi apenas marxista, mas o marxismo, como agente putrefactivo, acabou a contaminar quase sempre o resto. Pelo que na prática a fórmula redundou quase sempre no : "eia camaradas, só há um modo de nos libertar-mos desta via opressora; vamos ali atirar-nos daquela ponte abaixo". Os pontífices marxistas, aliás, como perversão tardia e descefalizada dos católicos, também sempre estabeleceram não pontes para o além (como aqueles), mas despenhamentos no aquém (como só eles alcançam). Ainda hoje, se atentarem, por exemplo, à nossa Intersindical, andam nisso todos entretidos e satisfeitos. 
Não obstante essa calamidade prática, a retórica, repito, apontava a planos elevados, vitais e vitalícios. Dito de um modo ainda mais abrangente: universais. Não era a recompensa no Céu que os norteava, mas o melhoramente das condições de vida na Terra. No fundo, tratava-se de curar e redimir a humanidade inteira e instaurar o paraíso terreal. O problema da cura se traduzir invariavelmente em purga, amputação e sangria continuada por aplicação de sanguessugas acarretava uma série de embaraços óbvios que a história documenta. Mas descontado o inferno terreal aplicado, ficava a intenção angélica reiterada.
Atentemos agora na "esquerda actual". Cito o seu lema mais recente: "Direito a uma morte condigna". Não podia ser mais exemplar da inversão dos valores retóricos da própria esquerda. A neo-esquerda bate-se  e apregoa-se doravante não tanto pela maioria (novamente sujeita a tripudiação asselvajada das oligarquias possidónias e moralmente alarves), mas por minorias especiosas e burguesas até à medula. Não a preocupa sobremaneira as condições de vida cada vez mais degradadas da maioria, mas certos luxos e caprichos de certas franjas burguesas e marginais da própria sociedade. A causa maior da justa comunidade (relembro que nos situamos apenas no plano retórico) cedeu passo às micro-causas fracturantes. Se o proletário dos tempos heróicos, por definição, tinha apenas a sua prole (ou seja, a sua produção  natural, e era esse o seu único bem), já o troletários urbanos da nova e coquete saga reivindicadeira, ou estão a desembaraçar-se precocemente da sua própria prole (por conveniência) ou estão a adquirir uma prole artiicial (por decreto e glorificação aberrante), ou estão a batalhar pela alienação da prole ou progenitura em vasadouros municipais. Os troletários, em bom rigor, em vez de proletários são doravante prolecidas. O proletariado cedeu passo ao prolecídio. Vão até mais longe: os pobres e indigentes, adivinha-se a cada passo, deverão ser expropriados pelo Estado da sua prole, para que. posterior e convenientemente, possa ser redistribuída  a troletários politicamente assépticos e economicamente salubres. Isto, por enquanto, é latente e velado, mas aponta cada vez mais nesse sentido. Ou seja, até o velho lema da "redistribuição da riqueza" se vai convertendo à redistribuição da miséria e da inerente prole natural. Libertam-se e democratizam-se países e regiões inteiras do "terceiro mundo" à bomba, isto  é, reduzem-se povos inteiros à penúria, ao caos e à violência imarcescível, para depois se (re)distribuirem, não já apenas os despojos materiais e os recursos naturais, mas também as hordas de desabrigados, estropiados e órfãos, em forma de refugiado, asilado, em suma: "vítima". O estatuto de "vítima" é, aliás, pandémico e determinante neste Cine pós-holocausto em sessões contínuas: desde a vítima local à vitima internacional, tudo sob tutoria e bênção mediática da "vítima por excelência ou perpétua". O mecanismo associado é global e impregnante: redistribuem-se as vítimas da violência doméstica (ultimamente, corolada quase sempre de pedofilia) como se redistribuem as "vítimas da violência terrorista ou despótica". Ou seja, a panaceia iluminista, da redenção doravante especializada,  (a fragmentação cientistuta deu nisto) por decreto-de-lei nacional ou internacional, é geral e ubíqua.
Em resumo, se a velha esquerda professava uma retórica universalista, almejando de alguma forma uma transformação do todo (e daí até a sua propensão à deriva totalitária), a nova-esquerda, pelo contrário, e acompanhando as modas e as tendências do consumo, é "especialista". Já não é o todo, nem a maioria que a preocupa: é a partícula social, a nova-tribo urbana, o destacamento exótico, a esquisitice legalizada e a bizarria peregrina.
A Neo-Esquerda é só a velha esquerda depois de deixar cair a máscara? Quer-me cá parecer que sim. Sobretudo se entendermos "máscara" como sinónimo de "retórica". Mas por outro lado é também, e evolutivamente, uma empresa deficitária, herdeira de loja arruinada, em permanente regime de saldos e promoções para atrair clientela. Perdido o mercado, procura agora, desesperadamente, o nicho.