quinta-feira, outubro 26, 2023
A idade do Drone
Num canal qualquer do youtube, apercebi-me de raspão, discutiam a qualidade dos Merkava (o principal tanque israelita). Até aqui bacorejava-se que era o melhor do mundo; agora já se interrogam: "Merkava ou Merdava". Bem, nem antes era o melhor nem agora é o pior. Está ao nível dos principais tanques russos e oxidentais. A questão, todavia, já é outra. Lembram-se quando, no Senhor dos Anéis, um dos feiosos proclama: "The age of the Man is over; the age of the Orc as become." Transponham: A idade do Tanque acabou; principia agora a idade do Drone. De facto, estamos a assistir a uma daquelas mutações paradigmáticas na História da Guerra.
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13 comentários:
Não só os Tanques. Creio que estamos no limiar de uma nova Era. As máquinas tripuladas ficarão obsoletas em breve. Os satélites dão as posições em tempo real. A IA adaptada ao armamento, faz tudo o que um humano faria e não acaba em barbacue.
Estas mudanças costumam trazer água no bico.
A questão da Arménia/Azerbaijão, pendente há décadas, radicalmente alterada pelos drones turcos usados pelos azeris.
Fico curioso sobre o que isso implica para os confrontos entre potências e como nos poderá afectar.
Diria, sem perceber grande coisa do assunto, que actores não estatais podem ter aqui um trunfo. Se fosse israelita, estaria muito preocupado.
Miguel D
A combinação ATGM/drone é um "igualhizador" dos diabos...
Até os tugas quase podiam resistir aos espanhóis com uns poucos de brinquedos desses... Os portugueses, esses, então, fariam deles gato-sapato.
O que é ainda curioso é que, embora a cavalaria terrestre (os tanques e blindados pesados) esteja a ficar obsoleta no campo de batalha, a infantaria continua a ser, de algum modo, essencial. Não basta matar o inimigo, tem que ocupar-se o terreno. Aliás, o kit do infante está a tornar-se cada vez mais letal (quer no aspecto anti-tank, quer no anti-aéreo).
Aposto que, no futuro, o desenvolvimento fulcral a alcançar é no campo da camuflagem, simulação e mascaramento.
Quanto à electrónica, essa, é cada vez mais determinante. Os russos, neste momento, muito graças ao laboratório instalado no Ucranistão estão já bastante à frente do oxidente. Os tipos estão a produzir, testar e melhorar em ambiente e tempo reais.
O Dragão está bem acompanhado.
Pétain, Henri Philippe Benoni Omer Joseph, Maréchal de France: A Artilharia conquista, a Infantaria ocupa.
Como os amaricanos são ignorantes, assim perderam o Vietnam.
Com estima,
ao
Hmm, obsoleta? Não sei... Apesar de ficarem bastante mais vulneráveis com o duo ATGM/drone, a superioridade de fogos de um tanque ainda é difícil igualar. E não há forma de tomar posições sem superioridade de fogo.
Na minha opinião, ou vão largar a blindagem no sentido de se aproximarem ou confundirem com a artilharia auto-propulsionada ou vão blindar a superfície por igual. Provavelmente há espaço para as duas abordagens, dependendo das unhas dos comandantes.
Quando à camuflagem estou céptico... Fibras novas? Fora isso não vejo bem o que possa servir a um soldado individual. Acho que a melhor camuflagem hoje em dia é reduzir as emissões, ou seja a tequenologia, ao mínimo.
Julgo que a consequência geral é o agudizar da batalha. Cada vez será mais difícil, mortífero e infernal combater e cada vez mais importante e decisiva a "arte operacional", como lhe chamam os russos.
Muja,
É esse efeito "igualhizador" :-)) que eu acho que vai mudar a relação dos estados tradicionais com agentes não estatais, principalmente por causa dos custos. Imaginar que até há uns anos, se alguém quisesse acumular poder militar, teria que investir biliões em aviões, navios, humanos (combatentes e em logística). Hoje, com orçamentos que são uma pequena fracção, pode montar-se uma operação ad hoc com capacidade de fazer mossa. Acaba a operação, guarda-se o drone na caixa e o operador vai jogar jogos online.
Concordo com a Draco quando fala na importância da infantaria para ocupar o terreno. Mas isto tem um potencial desestabilizador terrível. Médio Oriente, Norte de África e África Ocidental, América Central têm os ingredientes para uma caldeirada épica. Acredito que vai haver muitos mapas a ser actualizados nos próximos anos.
Miguel D
Percebo, mas a verdade, se pensar bem, é que esses tais não-estatais já estavam bem apetrechados para fazer mossa. A infantaria ligeira é, e sempre foi, uma arma temível e terrível, nas mãos de quem sabe.
Mas nunca se pode bater de frente contra maquinaria pesada muito tempo. Não há milagres. De resto, não convém trazer muita tralha às costas, visto que normalmente andam a penantes...
São antes os estados tradicionais mas demasiado pequenos, ou pobres, para manter contigentes numerosos de infantaria mecanizada e tanques, força aérea, etc, maquinaria pesada, em suma, mas dotados e capazes de forças armadas convencionais, que têm agora meios de fazer face e fincar o pé à maquinaria pesada inimiga. Manter cadeias logísticas para drones e atgms mecanizados é muito menos oneroso que blindados, caças-bombardeiros, etc, e respectivas logísticas.
Por outras palavras, a era dos safaris militares como os gringos têm andado a fazer nas últimas décadas acabou.
Qualquer país pode agora vender bem cara a pele contra eles ou outros quaisquer.
E ainda não vimos os M1 a arder. Devem estar a aí a rebentar... Ehehehe!
Vão dizer que os ukras não têm unhas para aquilo. Certinho.
Sem querer insultar a inteligência de alguns dos comentadores daqui, atenção que esta moda dos Drones vai ser passageira. Dentro de algum tempo a tendência será de se criarem defesas tipo "EMP" (para descargas eletromagnéticas) com vista a bloquear circuitos e comunicações.
Os tempos terríveis que aí vêm vão trazer uma nova "Idade das Trevas". Mas uma das poucas coisas boas que as "dark ages" trazem é o retorno aquilo que é verdadeiramente essencial e sustentável.
Embora agora não pareça, o futuro militar será cada vez mais analógico e mecânico e cada vez menos "informático".
Como curiosidade para os eventuais "geeks" aqui do sítio, era precisamente essa a razão pela qual as unidades militares no universo "Star Wars" se apoiavam tanto na mecânica e nos elementos orgânicos e era raríssimo ver robots ou computadores a executarem funções mlitares:
É que na "história" desse universo, tinham havido tempos em que a Arte da Guerra estava essencialmente dependente de inteligência artificial. A emergência de vírus informáticos e armas electromagnéticas (tipo "guerra bacteriológica") acabou por tornar a informática inviável. Por isso é que no universo Star Wars os robots se limitam a fazer trabalho de escravos ou de eunucos.
Ronan,
é um argumento com algum mérito.
Mas o problema do EMP é que não distingue amigo de inimigo. Daí a implicação da idade das trevas que fez.
Não me parece que seja por aí. Há sempre a possiblidade de blindar a electrónica e o risco de fritar o material amigo e algum inimigo escapar não compensa. Até nas trocas nucleares essa possibilidade é considerada e tomada em conta...
De resto as vantagens da electrónica são de tal forma que, na minha opinião, justificariam sempre a blindagem em vez do abandono. Ainda que a custos elevadíssimos.
Agora jamming e outros tipos de guerra electrónica, isso sim. Mas isso já nem sequer é novo. Só que o diferencial energético para um drone é enorme. É preciso "torrar" muita energia para fritar uma mosquita...
Acho que ainda vamos ver "dogfights" de drones. Eventualmente com especialização parecida à dos aviões a meio do século XX. Caças, bombardeiros, etc, em variantes nocturnas, diurnas, por aí fora.
"Acho que ainda vamos ver "dogfights" de drones. Eventualmente com especialização parecida à dos aviões a meio do século XX. Caças, bombardeiros, etc, em variantes nocturnas, diurnas, por aí fora."
Vem aí a era dos nerds do Ace Combat e do Championship Manager, o próximo Napoleão vai ser um operador com muitas horas de Bakayoko e de Svindal Larsen no CV ahaha
Miguel D
"(CNN) — Intelligence shared with the United States suggests a small cell of Hamas operatives planning the deadly surprise attack on Israel communicated via a network of hardwired phones built into the network of tunnels underneath Gaza over a period of two years, according to two sources familiar with the matter.
The phone lines in the tunnels allowed the operatives to communicate with one another in secret and meant they could not be tracked by Israeli intelligence officials, the sources told CNN."
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