quinta-feira, maio 21, 2009

Casos de política e de polícia

O Primeiro da Nacinha andou todo um santo dia destes a proclamar aos radio-jornais, e, daí, desse trampolim radiofónico, aos quatro-ventos. às brisas e a quem o quisesse ouvir, que os gabirus do BPN e BPP, mai-las suas vigarices e engenhoquices de finança, eram um caso de polícia. E que eram um caso dessa áspera natureza por duas razões principais que não se cansou de alarir com toda a pompa e circunstância: porque tinham abusado da boa fé das pessoas; e porque tinham prejudicado gravosamente a economia nacional.
Ora, como passarei a explicar, a bota não bate com a perdigota. Contradiz-se grosseiramente, a criatura.
É que se são um caso de polícia, os tais, certamente não será por abusar, delapidar ou por qualquer outra forma, meio ou veículo malbaratar a boa fé das pessoas, nem, tão pouco, por causar prejuízo reincidente e contumaz à economia nacional. Toda a gente sabe que abusar da boa fé das pessoas e danar não apenas a economia nacional, mas, sobretudo, o futuro dos vindouros, neste pseudo-Portugal da tanga, não é crime: é regime.
E se meia dúzia de trampolineiros finançórios e enfezados Madoffes, por tripudiarem com a boa fé duma ínfima parte da população, são caso de polícia, então, uma chusma de pulhas obstinados (vulgo políticos da nacinha) que não fazem outra coisa senão trair a boa fé da generalidade da população e dar, paulatina e compenetradamente, com a economia de pantanas (baixeza em que ano após ano, têm alcançado patamares sempre mais elevados), seriam um caso de quê? De política, pois.
E se a política, que é bem mais descarada e danosa, não é caso de polícia, porque diabo, raio ou carga de água havia a finança de sê-lo?
Portanto, se os políticos querem mandar os cães atrás dos financeiros, decerto não será por estes os terem, vaga e timidamente, plagiado. Quando muito será por não terem pago, com devida percentagem, os direitos de autor.

PS: Todavia, no cume de toda esta vil e apagada tristeza, ressalta um pormenor catita que a todos, vigaristas da política e vigaristas da finança, redime: o não ser possível trair algo que não existe, ou seja, a "boa" fé das pessoas. Fé em manipulações de dinheiro ou em manipulações de opinião será tudo menos boa. E quem se devota a tais e tão sórdidas crenças bem merece os jóqueis d'alminha que tem.

3 comentários:

lusitânea disse...

O nosso Mobutu africanizador tem ou não talento?E com tanto papagaio amestrado(e bem pago) vai contunuar a lição anterior...

Diogo disse...

«Portanto, se os políticos querem mandar os cães atrás dos financeiros, decerto não será por estes os terem, vaga e timidamente, plagiado»


Caro Dragão, os políticos são funcionários bancários. Pensei que já tivesse percebido.

Anónimo disse...

Soberbo, caro Dragão. Soberbo!
Que verdadeira delícia!
Carlos

PS
Para quando outro livro? Este já começa a ficar gasto.