quarta-feira, abril 16, 2008

Princípio da irresponsabilidade




Elucida-me o leitor Pmn (no que sintetisa, parece-me, com rara beleza, a crença geral dos devotos epistemófilos):

Poderemos então também dizer o mesmo em relação à religião (à filosofia ou até à ideologia) - "Uma coisa é o produto da religião, outra é a forma incorrecta de a usar, sendo o seu uso algo que está fora do campo da religião.»

Assim, nem a ciência pode ser responsabilizada por Hiroshima, nem a religião pelas fogueiras inquisitoriais. Foram apenas formas incorrectas de usar as suas imaculadas produções.

Entretanto, cientificamente, podemos ainda, por via das dúvidas, pegar no exemplo empírico da bomba atómica a testar com ele a teoria do leitor Pmn: quando a ciência a produziu, todos sabemos, foi para colocá-la no Louvre. Os homens maus e incorrectos (políticos, militares e alguns poetas), é que foram atirar com ela aos civis japoneses.
Podemos, pois, dormir descansados.

10 comentários:

josé disse...

Uma ogiva de argumentos nucleares. Abriguem-se!

leandro ribeiro disse...

Confundes ciência com cientistas*.

A bomba atómica foi construída por cientistas. Há cientistas todos os dias a trabalhar em novas formas de armamento. Há cientistas bons, maus, assim assim, feios, gordos, magros, cientistas que gostam de John Woo e cientistas que gostam de Alain Resnais. Enfim, cientistas são homens e podem ser tão filhos-da-puta como qualquer homem - principalmente quando não gostam de Resnais.

Mas a ciência nem é boa, nem má, nem assim-assim: a ciência é um método, um método que nos permite estudar o átomo e os modos como podemos usá-lo para estoirar uma cidade inteira, por exemplo.

A única discussão que vale a pena ter é se é ou não o melhor método para estudar o real.

Já religião não sei bem o que é, mas concordo contigo: seja lá o que for, não é responsável por homens-bomba ou por cruzadas.

* Embora seja notório que todas as tuas "confusões" são fictícias e utilizadas para dares umas risadas às custas das contradições dos outros.

zazie disse...

Agora é um "método". Tinha de vir outro bruxedo. Há um qualquer método que é património da Ciência, com maiúscula e do qual mais ninguém pode saber do que se trata ou alardear com ser sinónimo do que se faz.

Imagine-se se dissesse_ a propaganda é um método- o que dela sai não é conosco.

Por mim, já gozei o suficiente com o Fiolhais quando também mandou essa "boutade" do método para explicar que "acreditava na teoria da relatividade". Porque a Ciência tem um método em que ele acredita. Claro que bastava perguntar-lhe se acredita nos cientistas que negam Einstein e se usam um método religioso para o fazerem.

Mas, o Leandro é muito engraçado e deve ser um grande teórico destas coisas de bode.

Também fez esta afirmação noutro lado: "«A filosofia não pode escolher a ciência que mais lhe agrada (como a que lhe permite discorrer sobre tretas em blogs) e descartar a outra. Se formos realmente produto de uma evolução sem propósito, então a filosofia tem é mais que se reconstruir com base nessa ideia. Um computador não deixa de funcionar só porque isso é incompatível com a filosofia.»

Restaria perguntar- ele sabe o que é um método e sabe em que consiste a Filosofia?

Quem tiver pachorra que responda.

zazie disse...

A filosofia a reconstruir-se por causa da macacada

ahahahahah

Eles são ignaros. Absolutamente ignaros e o problema sempre foi esse. Há coisas que desconhecem e que fazem parte do dogma da boa ignorância positivista- em que consiste a filosofia e o que foi a Idade Média.


Neste último campo, então, a ignorância está tão generalizada que até se torna conrangedor assistir aos disparates que se dizem.

zazie disse...

ah, é verdade, o Leandro também já resolveu o famoso problema do início do mundo. Estupidamente ainda não foi publicado mundialmente para lhe atribuirem o Nobel.

Nada destas tretas se colocava nem havia qualquer razão para questões metafísicas se fossemos todos inteligentes e tivessemos a brilhante ideia que ele teve- o universo criou-se a si próprio. Kaput- embrulhem. O resto é evolução porque sim, porque quem se cria a si próprio lá tinha dons especiais para fazer o que bem lhe deu na gana.

E nós temos "o método" para descobrir as ganas de quem se criou a si próprio.

Anónimo disse...

Mais do mesmo.

Este post deve ter sido escrito para "massajar" a zazie.

Só ela para ver algum argumento válido acerca do que quer que seja neste post.

josé disse...

E criou os métodos de autofagia, chamados buracos negros.

Andam agora a assustar gente, a dizer que um acelerador, no CERN, vai ser o fim do mundo.

Dantes, dizia-se: "em cuecas!"

Agora, é qualquer coisa "tron".

dragão disse...

«Só ela para ver algum argumento válido acerca do que quer que seja neste post.»

Então, ó "mama eu quero" está a descambar. O argumento, mais uma vez, nem sequer é meu. Limitei-me a desenvolvê-lo logicamente. E você quando o viu na fonte não refilou. Pelo contrário até disse, todo cordato e bem comportadinho:
«PMN,
não me causa confusão nenhuma e concordo consigo.»

Então a validade dos argumentos depende de quem os cospe?
Ou então lá está, baba-se com a causa, mas agonia-se com a consequência.

Anónimo disse...

Eu concordei com o facto de não se poder responsabilizar a ciência pelo uso de ferramentas que esta nos possibilitou construir. Nem que se deva responsabiliza-la pelo que os homens das acções (investidores tal quais caçadores) e da politica de direita americana (tão religioso que eu sou) fazem com o potencial que se abriu.

E também concordo com o aproveitamento da religião pelos mesmos e por outros.
A culpa não é da religião.

(Apesar de achar que o Deus do antigo testamento é... bom mas também não duvido que estamos de acordo no que a Ele diz respeito.)

Anónimo disse...

Diria eu :
uma coisa é a produção de Deus , a vida, o homem e a natureza humana , outra coisa é o uso bom ou mau que se faz disso. Isso já não é da responsabilidade de Deus.
Pois..Que feio , não é?