É um suspiro antigo: se ao menos inventássemos a Máquina do Tempo, podíamos viajar às profundezas do passado e presenciar em flagrante o nascimento das coisas e, quiçá, do universo. O caos a parturir o Cosmos, Deus a falar às trevas ou o fogo de artifício primordial da Grande Explosão. Se ao menos tivéssemos a Máquina do Tempo...
Mas o mais fascinante é que já temos... e viajamos constantemente nela. É a nossa própria Mente.O problema é que nunca embarcamos sozinhos, nós e a nossa curiosidade. Connosco, carregamos sempre a panóplia completa e infinita de máquinas, ferramentas e tralhambeques do presente. Os nosso medos, vícios, arreios, programas e cangas implantadas daqui. E quando desembarcamos, lá, nos primórdios do Ser do Mundo, junto às fontes e mananciais da vida, nunca vemos o que realmente lá está, mas apenas a sombra reflectida da traquitana infernal que levamos connosco.
4 comentários:
Aqui ja' estamos, em parte pelo menos, de acordo.
Uma precisao na conclusao (rascunhando sem preocupacoes estilisticas): 'nunca vemos o que realmente la' esta' por variadas e profundas razoes entre as quais se inclui a sombra da traquitana infernal que levamos conosco.'
Bom, no fundo estamos a falar da condicao humana. Mas talvezas nossas limitacoes em geral resultem de terrmos algumas capacidades especificas extremamente evoluidas.
MP-S
Quem não possui um espirito cientifico (infelizmente não se compra no supermercado)não desenvolve nunca o gosto pela mecânica, pela Fisica, pela matemática(esse papão),escuda-se sim(e desenvolve as artimanhas das letras, das prosápias ) da ignorância do mundo material com cursos de papel e muita, muita prosápia.
Provavelmente "não sabe mudar um pneu" nem utilizar um recurso à mão quandopoderia resolver uma "situação um pouco mais complicada", mas aprecia todos os ultimos gritos da técnica que lhe permite esta vida tão "abençoada". No entanto não conhece de todo o que está por trás da ferramenta que utiliza e talvez por isso mesmo, desdenha quem queima as pestanas a estudar e a desvendar tais "mistérios" que possibilitam depois os tais artefactos. Com uma paranoia destas instalada, é bem possivel que (já)na próxima geração os Cientistas (Cientoides como já lhes chamam) venham a vêr-lhes atribuido o estatuto de Magos, e aí sim vão começar os verdadeiros e dolorosos problemas, para a sociedade.
Já tem, não se preocupe. Gary Snyder chamava-lhes os "scientist-priests". O facto da actual massiva não leitura favorece a eclosão e o pontificado do espécime. O cientista actual é um literato,
Que muitas vezes é ditador, deslumbrado e iluminista - com excepções de alguns cientistas - já se percebeu. Mas não passa de um estilo literário.
E é impossível demonstrar que a ciência não é um dos estilos ou ramos da literatura. Este é que é o ponto fundamental. Tudo o mais é bater na saia da velha.
Lopo K.
Grande Lopo k!
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