quarta-feira, abril 30, 2008

Animal zenital


«In the modern and scientific study of race we have long discarded the Adamic theory that man
is descended from a single pair(...)
«We now know, since the elaboration of the Mendelian Laws of Inheritance, that certain bodily
characters, the so-called unit characters, such as skull shape, stature, eye color, hair color, and
nose form, are transmitted in accordance with fixed mathematical laws (...)

«Onde o altruísmo, a filantropia ou o sentimentalismo intervêm com a melhor das intenções, e proíbem a natureza de penalizar as dasafortunadas vítimas da procriação descuidada, a multiplicação de tipos inferiores é encorajada e promovida. Esforços para preservar indiscriminadamente os bebés entre as classes mais baixas resultam frequentemente em danos sérios para a raça.
Erros no que se acredita serem leis divinas e uma crença sentimental na santidade da vida humana, tendem a impedir a eliminação de crianças deficientes e a esterilização de adultos sem qualquer valor para a comunidade. As leis da natureza requerem a obliteração dos inaptos, e a vida humana é valiosa apenas quando é útil para a comunidade ou a raça.
(...)
Um sistema rígido de selecção através da eliminação daqueles que são fracos ou inaptos –por outras palavras, falhanços sociais -, resolverá todo o problema em cerca de cem anos, ao mesmo tempos que nos possibilitará livrar-nos dos indesejáveis que se acumulam nas prisões, hospitais e manicómios. (...) Esta é uma solução prática, piedosa e inevitável de todo o problema, e pode ser aplicada a um círculo alargado de descartáveis sociais, começando sempre pelos criminosos, os doentes e os loucos; e estendendo-se, gradualmente, aos tipos que podemos classificar mais como fracos que defeituosos e, talvez, por fim, às raças imprestáveis.»
- Madison Grant, "The Passing of the Great Race" (Pode ser lido/consultado on-line, AQUI.)

Publicado em 1916, "The Passing of the Great Race", constitui o manual de eugenia que virá a ser aplicado pelo regime de Adolf Hitler. Está lá tudo e foi seguido à risca.
Todavia, por muito ignóbil que tenha sido neste campo o nacional-socialismo, e foi-o sem sombra de dúvida, tão infame e certamente mais estúpida é aquela ladainha que apregoa que resultou, tão vil monstro, de irracionalismo, ateísmo e mais não sei que parvoíces para entreter papalvos. Quando, bem pelo contrário, é mais que patente que foi corolário lógico do pensamento mecanicista, "científico" e da nova religião que lhe anda dependurada a servir, simultaneamente, de chifres e cauda. Direi mais: modelo mais cristalino de coerência é difícil. Pura axiomática em movimento, benza-a Deus.
Da mesma forma que Grant é o culminar de Darwin e de todos os seus predecessores e derivações. A sua piedosa teoria, impregnada daquele horror à procriação tão típica do húmus protestante (Malthus está em Darwin, como Darwin e Malthus estão em Grant), é plenamente racional e científica. E moralmente neutra, como lhe compete. Todo ele, de resto, transpira método, objectividade pura. Grant, além disso, como me vem explicando furiosamente a récua de peritos em ciência de pacotilha, é um cientista imaculado. Não tem culpa das aplicações criminosas da sua teoria. E criminosas, diga-se, apenas porque os aplicadores perderam a guerra. Caso contrário, estou seguro, "The Passing of the Great Race" faria parte da cartilha da instrução primária.
Por outro lado, animemo-nos: o manual da nova eugenia que se pressente já ao virar da esquina, tem um título bastante mais apelativo:
«The Passing of the Great Market».

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