quinta-feira, abril 23, 2015

Geopolítica sushi



No lendário regato da fábula milenar, um cordeiro evoluído bebia água ao lado dum lobo faminto.
Antevendo, com prognose elementar, o diálogo inconveniente, o cordeiro antecipou-se:
- "Tenho uma ideia formidável!..." - exclamou para o seu vizinho inquietante.
-"Ah, sim?  - retorquiu a fera, por entre dentes. - Sou todo ouvidos."
Animado pela resposta, o borrego avançou:
- "Proponho uma aliança. Assim, enquanto eu bebo tu proteges-me e quando tu bebes eu canto!..."
O lobo patenteou um esgar entre o sorriso e o desprezo.
-"Tem piada, ocorreu-me a mesma ideia: aliar-te a mim. Mas dispenso a música, já tenho os passarinhos para som ambiente."
E tal dito, tal feito: abocanhou o estúpido ovino e ingurgitou-o em três tempos.
Findo o banquete, murmurou, satisfeito: "pronto, agora já somos uma Aliança."

Duma colina sobranceira, o dragão, desfrutando da cena, sentado ao lado da raposa, comentou:
-"Uma aliança completa, de facto. Direi mais: uma autêntica união. Até os ossos marcharam. Mais aliado que aquilo não é possível."
-É...-  respondeu a raposa. - uma aliança interna, só vantagens. Ou  "ensopado de borrego à toino", dizem que é um pitéu de renome mundial.
-"Sim, mais pró sushi que pró gourmet, mas enfim..." - rematou o dragão.

Ao longe, por entre árvores que chilreavam, a Aliança arrotava.

25 comentários:

Ricciardi disse...

Dragaozinho, a guerra da lógica e da razão e, sobretudo do bom senso, v.exa já a perdeu para o José e não há fábulas q lhe valham quando temos os resultados práticos para apreciar.
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Então, oh temivel, se o regime fez tudo tao bem feito, se procedeu sem macula, isso quererá dizer q se pudessem viajar no tempo teria feito tudo na mesma?
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Claro q não. Se Salazar e Marcello tivessem antecipado as consequências de politicas como o "orgulhosamente sós" e " para angola em força" muita coisa teria sido feita de modo diferente.
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Se a guerra não trouxe vantagem alguma à nação ( pelo contrario, exauria-a), se a prepotência a lidar com os ventos da mudança q a comunidade internacional exigia não resultou, então defender q se fez a coisa bem feita é, digamos, uma imbecilidade.
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Não lhe estou a chamar imbecil. Mas às vezes parece-se com o borrego da fabula.
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Rb

Ricciardi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José disse...

Bem...tenho aqui um defensor oficioso, digamos assim e para meros efeitos de discussão, mas tenho a declarar que não lhe passei procuração porque os motivos de defesa não devem ser estes.

dragão disse...

Aves (que é como quem diz, ideias) da mesma plumagem voam juntas...

Ricciardi disse...

Não se estique. Os motivos são aqueles que eu muito bem entender consuderar. Não preciso de procuração alguma.

majoMo disse...

“Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses” disse John Foster Dulles.

É próprio das Elites portuguesas serem carentes do reconhecimento dos outros; a consequência é a indigência mental habitual. Detestando Ser, resta-lhes Ter as ilusões pelos outros convenientemente disponibilizadas.

Tal como na fábula em assunto, resta o ser tragado pelos que endeusam indigentemente. É a estupidez dos doutos...

Este tipo de Escol não alcança a sumarenta observação de Pessoa: "A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo".

Do que se segue a consideração, na definição de Fernando Pessoa, deste tipo de Escol português muito predominante: "É, por sua vontade, parisiense e moderno. Contra sua vontade, é estúpido".

Aplica-se o que S. Paulo – que não era Doutor... – disse: “Julgando-se Sábios, tornam-se néscios”.

José disse...

Então não me invoque como arguido.

José disse...

Como arguido vencedor da discussão, digamos assim.

Para além do mais também faço de advogado do diabo se preciso for e para entender melhor os lados das questões.

É um pouco o caso.

Ricciardi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricciardi disse...

Precisa de procuração do diabo, caso contrario, meu caro, não o invoque.

Ricciardi disse...

... e anunciam a primavera. As aves é bicho interessante. Voam juntas e elegem um líder a cada passo. Qdo um se cansa, outro substitui-o na liderança. Independentemente de quem toma a liderança, porém, o rei é apenas um por bando. É como as galinhas.
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Seria bom termos modelo semelhante. Uns salazares numas situacoes e uns marcelos nuns enquadramentos e um rei que os depusesse qdo fazem asneira.
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Mas vc, dizendo-se monárquico, parece mais adepto dos estilos de governança à lá kim jong-un, ou José Eduardo dos santos ou chinês ou a plutocracia russa ou do adolf, mussoluni, franco, sakazar.? Para monarca anda um bocado baralhado dis pardais, desculpe, das ideias.
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Rb

zazie disse...

"ensopado de borrego à toino"

ehehehehehe

Anónimo disse...

tens framboesas no meio dos pentelhos, zazie cabrona fode-mários.

Vivendi disse...

Um nativo de Angola, embora com as limitações de sua incultura, sabe que é português e afirma-o tão conscientemente como um letrado de Goa, saído de uma universidade europeia. Quer dizer, em vez de uma política de domínio ou educação, ainda que paternal, mas toda conduzida no sentido de constituir uma sociedade independente e estranha, o português, por exigência do seu modo de ser, previsão política ou desígnio da Providência, experimentou juntar-se, senão fundir-se, com os povos descobertos, e formar com eles elementos integrantes da mesma unidade pátria. Assim nasceu uma Nação sem dúvida estranha, complexa e dispersa pelas sete partidas do mundo; mas quando olhos que sabem ver perscrutam todas essas fracções de nação, encontram nas consciências, nas instituições, nos hábitos de vida, no sentimento comum que ali é Portugal.

(SALAZAR, 1959)

Vivendi disse...

Não nos temos cansado de dizer que a África é complemento natural da Europa, necessária à sua vida, à sua defesa, à sua subsistência. Sem a África, a Rússia desde já pode ditar ao Ocidente os termos em que lhe permite viver. (SALAZAR, 1959)

Vivendi disse...

a nossa acção ultramarina antecedeu de alguns séculos a revolução industrial, foram desde logo diferentes os objectivos: a par do fomento do comércio, orientámos-nos sempre, no contacto com as populações locais, pelo ideal de igualdade do homem perante Deus e a lei, qualquer que fosse a sua raça, e pelo estabelecimento de laços de solidariedade humana que transcendiam o plano dos interesses materiais. (...) É aí que reside a diferença entre a acção ultramarina de Portugal e a dos outros países europeus que tiveram ou ainda têm colónias.

(SALAZAR, 1959)

Vivendi disse...

"quero este país (Portugal) pobre, se necessário for, mas independente: e não o quero colonizado pelo capital americano".

Salazar

Vivendi disse...

Se o Costa chegar a PM, como é José?

Que outro país europeu apareceu com alguém em condições de conquistar o poder vindo de outro continente?

Talvez será melhor recambia-lo à procedência com o seguinte recado:

"Deixemo-nos de romantismos miscigenados.

O preto é preto e o branco é branco.

Isto não é racismo mas pura realidade.

Em Angola nunca seria possível um primeiro-minitro branco, caucasiano. E Moçambique idem."

by José


P.S.:

Ideologicamente até seria uma ideia interessante mandar o Costa de volta às origens. Entretinha-se por lá a fazer planos macro-económicos para chamuças e afins.

Vivendi disse...

Um branco caucasiano pode ser facilmente presidente de Angola ou Moçambique.
E um preto poderia ser presidente da República de cá?

E ainda outra mais preciosa: qual seria mais fácil de acontecer?

Essas realidades fantásticas da miscigenação é que não me convencem e julgo que também não convenceriam o próprio Salazar.

By José

O soldado português mais condecorado de sempre é preto.

O José e quem pensa dessa forma só possuem este tipo de raciocínio porque não conhecem o Brasil, ou o luso-tropicalismo.

Quem conhecer as terras de Vera Cruz vai verificar que é bastante comum numa família típica brasileira coexistirem vários tipos de tons de pele, onde temos até raças distintas, o branco, o preto, o mestiço, o mulato, o índio... mas tudo metido na mesma família e com grande probabilidade do apelido ser português.

Anónimo disse...

Bom, já me perdi a rir. O Draccon é de uma ironia fantástica.
E está cheio, carregadinho, de razão.
O cordeiro ao juntar-se ao lobo, seria sempre comido. É da natureza dos lobos :)

Fomos derrotados pelo inimigo interno, que é o mais difícil de combater e pela fraqueza titubeante de quem deveria ser firme.

Ricciardi disse...

"quero este país (Portugal) pobre, se necessário for, mas independente: e não o quero colonizado pelo capital americano".
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O país continua independente (dentro do género, dependemos de uma Moeda), os americanos não nos colonizaram e, cereja em cima do bolo, ficamos mais pobres. É a chamada mania das grandezas. Deslumbramento infantil ou senil, vai dar ao mesmo.
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A verdade é q um gajo tem de saber viver e, sobretudo, conviver. Tirar o melhor partido das nossas fragilidades. Esta atitude de Salazar, embora destemida, e apreciada por aqueles q acham que os têm no sitio (boinas vermelhas e restantes militaristas) é semelhante à atitude do Syriza grego.
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A melhor forma de lidarmos com alguém imensamente mais poderoso do q nós não é enfrenta-lo em campo aberto. É ser mais inteligente. Fazer alianças em vez de enfrentar as bestas. Fazer cedências ali e obter vantagens acolá.
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A aliança obvia esteve ali à mao de semear. Foi possível obter acordo com os " indigenas", acordo q seria até apadrinhado por instituições como a Igreja, a ONU...
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Mas não, optou-se pelo tudo ou nada. Ficamos com nada.
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Rb

Ricciardi disse...

Há, porém um numero que pode ilustrar bem o grau de satisfação com a politica do regime q o povo tinha. A emigração.
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O numero é este: um milhão e novecentas mil almas saíram do país. 20% da população basou do país.
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Ora, se este dado não demonstra total desprezo e falta de confiança no próprio país, não sei o será preciso acrescentar mais para comprovar q o povo passava mal.
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O povo não quer saber de filosofias balofas, nem de orgulhos beras. Quer trabalho. Trabalhar para sustentar as famílias. Na verdade, os q não tinham trabalho emigraram para as franças e aqueles q o tinham nas colónias perderam-no. Tenho a certeza q estes últimos preferiam manter os bens e direitos num acordo pela independência das colonias do q ficar sem nada.
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Custa-me passar pelos bens dos portugueses e ve-los ocupados por quem não os conquistou. Passo pelo antigo colégio dos meus tios e penso: raios, porque é q insistiram no orgulhosamente sós e não acordaram salvar os interesses patrimoniais deste pessoal cedendo à inevitabilidade dos ventos q corriam?
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Os militaristas (incluindo is boinas vermelhas) tem a resposta debaixo da língua. A solução era continuar os esforços de guerra. De preferência eliminar tudo e todos q obstassem ao Portugal uno. Até quando?
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Rb

Ricciardi disse...
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José disse...
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Ricciardi disse...
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