quinta-feira, junho 14, 2012

Todos os ruídos são iguais, mas...

«O espírito propõe; o dinheiro dispõe.»
- Oswald Spengler

Spengler, sustentava, com imensa lucidez, que, bem mais que exigir liberdade de imprensa, as pessoas deviam passar a reclamar a liberdade contra a imprensa. Isto porque, não sendo a democracia liberal mais que uma maquilhagem da plutocracia, é invariavelmente ao poder do dinheiro que a imprensa obedece. E, hoje em dia, todos estamos mais que estafados e exaustos de saber que é assim. Por conseguinte, mesmo que os ruídos sejam todos iguais, há sempre uns mais iguais que outros. Dito por outras palavras: embora todos os ruídos sejam semelhantes quanto à ausência de princípios e à inescrupulosidade de fins, distinguem-se num pormenor determinante: na disponiblidade de meios. 
O próprio Platão, se vivesse nos nossos dias, teria que repensar a sua famosa alegoria. Na caverna, agora convertida em discoteca, em vez da contra-luz e dos sombrios simulacros , os prisioneiros debater-se-iam com estrondos, algazarras, boatos, rumores , opinorreias - em suma,  ruídos - que não os deixariam escutar música alguma digna desse nome. E pior que tudo, não os deixariam ter um minuto de silêncio, para poderem sequer perceber o cafarnaum em que estavam metidos. Aquele silêncio, que, por exemplo, Nietzsche referia ao escrever "não é à volta dos inventores de novos barulhos que o mundo gira: é ao redor dos inventores de novos valores; gira em silêncio.»

O mundo parou. Estagna. Jaz entre nenhures e lugar-nenhum. Nisso, aliás, Nietzsche confundiu Deus com o mundo.

5 comentários:

muja disse...

Não é censura. É nevoeiro. Está logo à entrada a avisar...

muja disse...

O mundo parou. Estagna. Jaz entre nenhures e lugar-nenhum.

Ainda ontem, enquanto lia umas coisas, me ocorreu um pensamento semelhante...

Anónimo disse...

eu também, depois de beber uns copos

timshel

zazie disse...

ehehe

O nosso malandro apareceu desencapuchado

dragão disse...

O "Glutão das hóstias" em pessoa!... :O)))