terça-feira, junho 28, 2011

Entrevista com a Esfinge















Chegados aqui, a este cais do naufrágio, duas perguntas começam a ser cada vez mais incontornáveis. Responder-lhes não resolve o despenhamento, mas ajuda a esclarecer o desastre. Ora, o esclarecimento, num tempo de crise absoluta e opressiva, em que alternam cegos guiados por loucos com loucos guiados por cegos, é essencial. As perguntas, tanto quanto incontornáveis, e ululantes, são inseparáveis. Geminam-se. Que perguntas são essas? São aquelas que cada vez mais gente, entre o estremunhado e o estarrecido, no fundo abismado do seu espírito, se coloca:
- Onde estaria Portugal se não fosse o 25 de Abril de 1974?
- Para que serviu, realmente, o 25 de Abril de 1974?

É sobre estas questão que me debruçarei nos próximos tempos. Sistematicamente.
Sobre a primeira, deixo apenas, e para já, uma sibilina memória, daquelas que ficam a pairar, lugubremente, ao jeito de mau presságio. Ocorre no Paris-Match de Junho de 1963. Na forma dum grander artigo, assinado por Raymond Cartier, sobre a política portuguesa da época. Uma frase, sobretodas, fica como que o epitáfio para um destino funesto, daqueles que se agitam e tecem, lá, nas estranhas do tempo, presidindo às tragédias:
«O fim da aventura marítima e colonial é para Portugal uma descida ao túmulo.»




Sobre a segunda, quero apenas recordar que o 25 de Abril de 1974 teve o seu desfecho natural e plácido no 25 de Novembro de 1975. Este eclodia porque, precisamente, fora alcançado na plenitude o principal objectivo e a motivação profunda e específica daquele: o 11 de Novembro de 1975. Em Lisboa? Claro que não! Em Luanda.



Lisboa, essa, a rudes golpes, iniciava a dura conversão em paisagem.



A esfinge é a máscara do Tempo. Uma delas, pelo menos. Vulgarmente conhecida por História.





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