terça-feira, janeiro 11, 2011

O Desígnio nacional

Nesta democracia modelo Hutchinson-Gilford, os portugueses, cada vez mais, congregam-se em torno de duas classes: os desvalidos, que têm que sair para o estrangeiros em busca desesperada de emprego; e os privilegiados, que vivem de trazer o estrangeiro cá para dentro.
Em tempos, como anedota absolutamente verídica contava-se que a Dívida externa do antigo Zaire era exactamente igual à fortuna pessoal do então presidente Mobutu. Algo parecido poderia contar-se acerca de Eduardo dos Santos. Ou de tantos outros caciques africanos.
Hoje, entre nós, infelizmente, um único nome não bastaria. São inúmeros - pandilha buliçosa e agenciadeira, onde se destacam alguns mamíferos mais empanturrados. Mas nas suas contas off-shore e off-record, ninguém duvide, repousa e procria vultuosa percentagem dos fundos europeus derramados durante os últimos anos neste país. Coados e abarbatados pelas mais diversas vias e manigâncias, sobretudo através de comissões, luvas e esquemas de formação, subsídio e fomento, amontoam-se a levedar píncaros astronómicos. Não sei se equivalem ao grosso da tal Dívida Soberana, não sei se o ultrapassam ou perseguem. Sei apenas que a Procuradoria Geral da República, se alguma república houvesse e alguma justiça a habitasse, devia literalmente engavetar a generalidade dos corpos responsáveis do PS e PSD, nestas últimas décadas, e espremê-los, o mais brutalmente possível, até ao último tostão da dívida. Poupava-se a recessão de quase todos, a miséria de milhões e cumprir-se-ia, na perfeição e na realidade, um dos desígnios tão ao gosto de certas retóricas meramente verbosas: o do consumidor/pagador. Eles que consumiram. eles que paguem!

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