sexta-feira, abril 18, 2008

Espelho meu, espelho meu, há alguém mais exacto do que eu?



Economia, psicologia, sociologia, antropologia, história, etologia et al, também são ciências ou não?
Existem umas ciências mais ciências que outras? Só umas é que são puras e dignas de altar? Quem é que faz a selecção e qual o critério? Cada seita ulula pela sua?...

A actividade científica não pode ser objecto duma economia, duma sociologia, duma história? O sujeito cientista não pode ser objecto duma psicologia ou duma antropologia? Em resumo, a ciência nunca se vê ao espelho?

17 comentários:

leandro ribeiro disse...

«Existem umas ciências mais ciências que outras?»

Finalmente fazes perguntas de jeito :|

josé disse...

Depende. No caso da sociologia, o exemplo pode ver-se no actual sistema de educação que governa o ensino público ( e privado, porque os programas são os mesmos).

A sociologia da educação, erigiu-se em modelo científico, passível de experimentação. É o que andamos a fazer há um ror de anos.
As cobaias, são...os alunos.
Alguns deles, já são cientistas. E nem sei se não serão os tais engenheireiros que por vezes cá aparecem.

Até há uma disciplina sobre "as Ciências da Educação". E não é livro de anedotas.

Anónimo disse...

Mas aquilo obedece a metodologias altamente racionais, superlativamente positivas, ó José!...

:O)

zazie disse...

Já o Gombrich dizia que a vantagem de certas ciências como a sociologia estava no facto de ser mais fácil encontrar-se alguns livros nas prateleiras.

josé disse...

Pois, mas a minha pequena maior, decidiu, há dois anos, enveredar pela Psicologia...

E já leu o Musil. O pai, nem isso. Vai ler agora que foi traduzido pelo João Barrento e promete leitura densa e repensada.

E eu digo-lhe: Psicologia? Mas eu não acredito na Psicologia! E ela continua a achar interessante.

Que fazer, para remediar um caso destes? Nada. Apoiar, nada mais.

josé disse...

Valha a verdade que antes, passou um ano a experimentar outra área interessante: o Direito. No Porto...

Contava-me que andava por lá uma aventesma, de apelido Cunha que pura e simplesmente não devia ensinar ninguém.

Devia ser recolhido num convento, a pensar na imensidão dos conceitos platónicos, vertidos no Digesto.

Um doido, varrido.

Enfim.

zazie disse...

Quanto à psicologia tenho uma ideia muito iconoclasta. Acho que, como ciência não existe, mas como dom natural sim

ehehe
Há quem tenha olho para devassar as alminhas dos outros e talento para os convencer do que bem precisam.

E isso não se aprende.
Mas é lixado, num caso ou no outro.
Já foi a "segunda arte" depois da arquitectura militar, quando os príncipes precisavam de saber quem os podia trair.

Ludwig Krippahl disse...

Dragão,

Acho que dás uma boa ideia do problema aqui:

« Em resumo, a ciência nunca se vê ao espelho?»

Se respondemos sim, pode ser interpretado como sim, nunca se vê ou espelho. Se respondemos não, pode ser interpretado como não, nunca se vê ao espelho. Ou seja, a pergunta podia estar melhor.

E esta é a diferença entre as várias àreas. Numas conseguimos fazer perguntas boas, noutras aínda não.

Quanto à psicologia a Zazzie tem razão, mas a psiquiatria e a neuropsicologia estão a ir por melhor caminho. Pelo menos fazem perguntas mais claras.

Anónimo disse...

Vê-se ao espelho, é vaidosa e não gosta nada de misturas.

Tu és humana e naturalmente andas uma beca aos papéis.
Tu és social e deves ser mana de alguém.
Tu... vá, tu és fraquito e genérico mas como és aplicado és engenheiro.
Tu... bem tu vá lá birrinhas és exacta pronto. Hummm…
Tu não és lá de muita confiança, és politica vá.
Tu és médica e não te esqueças do comprimido.
Tu és muito natural. Só pode ser milagre.
E tu és muito certinha e formal mas estás aqui estás ali.

Claro que se vê ao espelho.
Todas diferentes e com os seus caprichos e as suas rugas. Não tratem mal as meninas e o menino.

Espelho meu, espelho meu…
Invejosa(o)s!

Anónimo disse...

Futebol é ciência? Publicidade, marketing,negócios?
Com um pouco do método experimental até o Fado e os Noticiários poderiam ser elevados à "classe" de CIÊNCIA.

josé disse...

Precisamente por isso, se fazem teses de doutoramento estapafúrdias, sobre todos esses assuntos.

Elaboradas com Método. Que método?

Muitas vezes o empirismo mais puro e chão, travestido de experimentalismo verborreico e meramente conceptual.

Anónimo disse...

A minha mulher-a-dias diz que ciência e religião são irmãs-de-sangue.
As duas procuram submeter o vulgo a valores "mais elevados" e ambas se constituem como únicos mediadores.

zazie disse...

é isso mesmo, José. O "método" é pau para toda a obra.

Soube que foi feita uma tese de doutoramenta acerca da pintura da Helena Almeida que está bem vivinha e se recusou a uma única entrevista.

Dizem que a tese tem teorias altamente polémicas.

Eu imagino que sim. Fazer-se uma reportagem sem o objecto da reportagem é, de facto, uma tese polémica e diria mais do estado do jornalismo que da História da Arte.

Anónimo disse...

Estes Doutoramentos da Merda... e estes Mesatrados da Treta... Portugal estás mesmo na fossa, os teus nativos são cá umas encomendas!Tsk tsk.

Anónimo disse...

A actividade cientifica pode ser objecto de tudo isso que dizes.

Nao e' uma questao de maior ou menos exactidao. E' uma questao de os sistemas serem ou nao simples, os componentes inequivocamente definidos assim como as relacoes/interaccoes entre eles.

A ciencia tem maior sucesso quando estuda sistemas simples. Tudo o que e' humano e' extremamente complicado e mal compreendido, e nao me parece que a abordagem cientifica (entendida como o estudo de relacoes/interaccoes entre componentes fundamentais) seja a mais adequada. Quais sao os componentes fundamentais, qual a antureza das relacoes entre eles? Muito dificil de dizer em questoes humanas e/ou sociais. Em muitos casos, a arte e a filosofia fazem um melhor trabalho.

Anónimo disse...

O das 9:09 PM era eu.

MP-S

dragão disse...

«Tudo o que e' humano e' extremamente complicado e mal compreendido»

Mas não será isso o principal e o essencial?...