quarta-feira, setembro 30, 2015

Marte a martelo



Agora descobriram água em Marte. Dizem eles. Nada de alarmes! Enquanto não descobrirem petróleo, não há problema.

PS: E se houver vida?  Em vez de sondas, mandam drones.

PSS: Não tarda, quer-me cá parecer, e demonstram que aquilo que aconteceu a Marte foi um problema de aquecimento global. As poças e charcos que  por lá se vêem são o resultado de oceanos e glaciares derretidos que ainda não se evaporaram. Na face escura da Lua também aconteceu o mesmo.

United States of Anarchy

THE SALAFIST [sic], THE MUSLIM BROTHERHOOD, AND AQI ARE THE MAJOR FORCES DRIVING THE INSURGENCY IN SYRIA. ... AQI SUPPORTED THE SYRIAN OPPOSITION FROM THE BEGINNING, BOTH IDEOLOGICALLY AND THROUGH THE MEDIA ...
THERE IS THE POSSIBILITY OF ESTABLISHING A DECLARED OR UNDECLARED SALAFIST PRINCIPALITY IN EASTERN SYRIA (HASAKA AND DER ZOR), AND THIS IS EXACTLY WHAT THE SUPPORTING POWERS TO THE OPPOSITION WANT, IN ORDER TO ISOLATE THE SYRIAN REGIME, WHICH IS CONSIDERED THE STRATEGIC DEPTH OF THE SHIA EXPANSION (IRAQ AND IRAN) 
It is obvious that the U.S. organized a sectarian revolt in Syria and in 2012 made the willful decision to further the growth of a sectarian Islamic State. It planned to partition Syria and Iraq and some surrounding countries into new sectarian entities.»

terça-feira, setembro 29, 2015

Integração rápida

Radiografias de um Junkie




Isto foi só até à reinacinha  de Pinóquio I, o Arrecadado. Na reinacinha que se seguiu, a de Pinóquio II, o Sonso, a coisa piorou. Bastante.
Conclusão: A democracia é uma droga perigosa, ruinosa, absurda, onde a euforia passageira apenas antecede estados de prolongada depressão, alucinação e morte. Em suma, um luxo mórbido para o qual não tendes dinheiro. Em vez de vos irdes deitar à urna e, em consequência, ao lixo, melhor seria se vos tratásseis. Numa qualquer clínica de desintoxicação. Para cavalgaduras.



domingo, setembro 27, 2015

Cavalos de Tróia



“A Líbia poderá transformar-se na Somália do Norte de África, do Mediterrâneo. Vereis os piratas na Sicília, em Creta, em Lampedusa. Vereis milhões de imigrantes ilegais. O terror estará na porta ao lado.»
Saif al Islam Qaddaf (filho do coronel kadafi, em entrevista, antes de ser executado pelos "democratas radicais")


«A Europa não oferece ainda suficientes destroços para que a epopeia nela floresça. Porém, tudo faz prever que, ciumenta de Tróia e pronta a imitá-la, ela proporcionará temas de tal modo importantes que o romance e a poesia já não darão conta do recado...»
- E.M.Cioran


Algumas estimativas, de gente ligada a certos serviços, apontam para cerca de 3.000 operacionais do Exército Islâmico e congéneres infiltrados no meio da enxurrada humana. Não sei se isso corresponde à realidade no terreno.  Sei apenas, com segurança, que , dadas as circunstâncias de completo descontrolo e escancaramento festivo, são quantos os terroristas queiram. Agora que a marreta russa começou a malhar em cima do enxame e a varrer o médio-oriente, a perspectiva táctica mais óbvia é dispersarem e transferirem parte do dispositivo. Adivinhem para onde...

PS: Entretanto, a Europa parece num estado de transe cataléptico, ou de hipnose perante a serpente, como se nunca na sua existência tivesse defrontado guerras de subversão. Não me surpreende, mas devia estarrecer as alminhas da paróquia. Isto vai acabar muito, muito mal.


Entrar numa fria


Um artigo deveras interessante de Israel Shamir. Vale bem a pena ler por completo e com atenção. Apenas alguns trechos para abrir o apetite...


sábado, setembro 26, 2015

O menino da mamã dele




O meu contributo para o peditório do momento:

A literatura, felizmente, não é uma questão de ciência, mas apenas de estética e, por conseguinte, de gosto. E de estilo. O Lobo Antunes tem todo o direito a uma opinião e, por arrasto, a não gostar do Pessoa. Eu também não gosto do Lobo Antunes e isso não o diminui nem o aumenta.
Porém, devo confessar, por amor à verdade, que, apesar de tudo, noto nele uma evolução indespicienda: aqui atrazmente* o sujeito estipulava  que (sic) escrever era como cagar. Agora, segundo a entrevista,  atesta que a literária arte decorre duma qualquer refinação da foda. Sempre é uma elevação, que diabo, um progresso no âmbito das vísceras. Presumir o alambique nos testículos em vez dos intestinos até merece algum louvor e rasgado estímulo. Já passou das traseiras para o frontespício. Foi proeza! Agora só lhe falta sublimar nos andaimes do edifício e subir ao coração. Talvez numa nova encarnação, fruto de abnegada ascese, alcance o (ou um?) cérebro. E ai, finalmente, poderá entender, mesmo não amando, o Pessoa.
De qualquer modo, fazendo fé nesta nova definição do Antunes, o Ildefonso Caguinchas é muito melhor escritor que ele. Só que não está para aí virado. Anda muito ocupado a foder, não tem tempo para punhetas...à pluma. E aufere ainda doutra grandessíssima vantagem: esteve na guerra e divertiu-se. Em vez do trauma maricas, cultiva, muito homérica e portuguesmente,  a saudade.
Parafraseando o Pessoa. tudo vale a pena se a alma não é pequena. Esperemos ao menos que, no Antunes, para bem do mister, a pila literária não reproduza a alma minúscula.

E agora vou acender uma vela ao Bocage a ao José Agostinho de Macedo, que era padre, putanheiro e génio literário por cúmulo, paradoxo e excesso.



*Nota: Conceito que congrega simultaneamente o aqui atrás e o aqui atroz: no Antunes, o atrás e o atroz confundem-se.


sexta-feira, setembro 25, 2015

Traidores e metáforas

Acontecem as coisas mais espantosas neste país. Agora, a propósito do circo eleiçoeiro, e no seguimento de queixas contra o slogan MRPP de "Morte aos traidores", veio não sei que comissão relevar a coisa como "não constituindo crime, mas apenas metáfora". Pessoalmente, acho que nem crime, nem metáfora: apenas folclore. Imaginar o MRPP sem estas frases perfunctórias é o mesmo que imaginar o PC sem a festa do Avante. Sim, eu sei, se em vez dum partido de extrema-esquerda fosse um partido vagamente de direita a sugerir a defenestração sumária dos parlamentares, lá se iam as benevolências e tolerâncias pelo esgoto e aqui-del.democracia que a besta fascista nos quer jugular  a liberdade, a propriedade e a esperança!...
Mas por outro lado, até entendo as queixas: traidores é fauna que abunda e viceja entre nós em quantidades próximas da enxurrada omnipresente. Há traidores para todos os gostos e feitios - desde traidores à pátria (incontáveis) até traidores à raça humana (inúmeros, enlobbescidos até, grande parte)), passando por traidores à consciência, à moral, aos princípios, à religião, à justiça, à cultura,  à honra, à palavra  e o mais que ao diabo apeteça (entre nós o vira-casaquismo tornou-se quase segunda natureza; e o cata-ventismo é, por excelência, a ideologia hegemónica).. Pior, em Portugal alcança-se até a refinação inaudita de traição ao próprio clube de futebol.
Ora, é mais que natural que entre tantos espécimes refalsados, rabiem alguns quantos mais sensíveis e melindrosos. E havemos de concordar: um apelo ao abate de traidores, nesta data e latitude, traduz qualquer coisa como apelo ao extermínio, ao genocídio, senão mesmo a uma espécie de mini-holocausto (que nos perdoem os detentores da patente).  Mesmo que isso inclua a auto-imolação dos proponentes, como é o caso, sobram razões de intranquilidade e preocupação para muito boa gente. 
Claro que uma atenuante plausível seria a circunstância de estarem os traidores, na sua grande maioria, no desemprego. Ou na miséria. Nesse caso, o "morte aos traidores" emergiria como uma invectiva benemérita, valente e plenamente abençoada pela pia lógica da religião fundamentalista do Mercado. Gente que não contribui para a criação de nova-riqueza não é gente; constitui sorvedouro injustificável na economia e nos cofres do Estado. Porém, não é isso que, nem de perto nem de longe, se passa. Mais grave: é precisamente o contrário: Os traidores não apenas açambarcam empregos e remunerações bonificadas como trepam afoitamente nas carreiras, nas administrações e nas poltronas e tribunas do Estado. Disputam-nas mesmo, em regime cíclico de peixeirada, arruaça e acesso exclusivo. Se não és traidor, não entras. Se descobrem que não trais, estás-te a armar em especial e em virtuoso de corridas: sais em boa velocidade. Desqualificação sobretodas soberana e saneadora: não trair a verdade. Regra geral, elege-se o que mente melhor e dá mais garantias de trair com superior desembaraço.
Perante um tal panorama destes, talvez os comissários não devessem ser tão ligeiros na descriminalização do incitamento. Ou então é o ar do tempo, a espuma da hora que passa: se fosse "morte aos invasores!" é que era inadmissível!... Mesmo enquanto metáfora.



quarta-feira, setembro 23, 2015

Pig-Gate, ou Os Aviários das Oligarquias



O mundo ri  do primeiro-ministro inglês. Veio à tona que o cavalheiro, a propósito dum qualquer ritual de iniciação (conclusão, mediação, ou o raio que os parta) típico dos aviários das  brit elites (e na Velha Albion, eles constituem modelo universal, nomeadamente dos bimbos do outro lado do Atlântico), enfiou a proeminância indecorosa numa qualquer região anatómica dum porco morto. Outras meritórias acções destinadas à fortificação e formatação do carácter dos futuros dirigentes do Reino Unido incluem queimar uma nota de 50 libras defronte duma qualquer pessoa sem abrigo, escavacar o mais selvaticamente possível pubs ou restaurantes, emborracharem-se com alarvidade, em resumo, e ao fim e ao cabo, nada que as nossas comissões de praxe académica não emulem ou superem, graças ao espírito imaginativo e javardolas do toino luso. O que nos transportaria desde ja a extrapolações e paralelismos mais que pertinentes, mas que deixo para próximas núpcias. 
Concentremo-nos por agora no Pig Gate, onde Cameron arca justa pelourinhação pública. Neste artigo, de que destaco apenas dois extractos mais apetitosos, a coisa vem descrita e escalpelizada com requinte ilustrativo. Estou seguro que fará, pelo menos, as delícias do leitor Euro2cent.






That is why we’re laughing.»




PS: Entretanto, lendo este trecho, no Mirror:
« There are people out there now who think the Prime Minister can't do his job," stressed Susanna. "His authority may have been damaged."»
ocorre-me uma reflexão óbvia:
Se está apto ou não para o job dele, não sei. O certo é que, provavelmente, acaba de inventar um novo termo no léxico porno/erótico: Pigjob. E quanto à autoridade estar ou não damaged, se a gaita escapou ilesa, mais facilmente escapará a autoridade. 

terça-feira, setembro 22, 2015

A Inanidade atávica

Podem experimentar uma pequena actualização do texto que se segue procedendo ao simples exercício de substituir a palavra café por "blogue", ou, melhor ainda, "twitter", "facebook", "rede social"... E quem diz café, diz botequim, etc.

«Em Portugal um literato do qual se propale que estuda fica por este meio desacreditado perante a crítica e perante o conceito público. tem-se em Lisboa a respeito do trabalho intelectual a estranha opinião de que só trabalha quem não tem talento. E daqui chegam às vezes a deduzir que tem talento todo aquele de quem se prova que não trabalha.
Assim as sólidas e incontestáveis reputações de capacidade de espírito fazem-se nos botequins. 
A imortalidade - do Loreto ao Rossio - repousa entre as dez horas e a meia-noite num banho de cerveja de pipa.
A fonte da ciência na Baixa é o pote do Martinho.
Os moços do café Central, se lhes pedirdes uma celebridade literária, virão chamá-la à rua como se chama um trem.
No Grémio supõe-se que não sabem ler nem escrever os sujeitos que não passam ali a noite, a fumar, até às duas horas.
Ainda havemos de ver indivíduos atestarem os seus merecimentos literários por esta forma: "Fulano de tal, bacharel formado em direito e freguês do Áurea!
Apareça um temerário que se atreva a suspeitar do talento alguém que passe a noite em casa.
Oh! - responde-lhe logo o côro da opinião - é um bruto de estudo, é um quadrúpede de trabalho, é um carnívoro de leitura!
Segundo esta convicção essencialmente nacional, a ociosidade é a mãe do génio. O Chiado, supremo aferidor da legitimidade dos nossos direitos perante a fama, só nos entregará de boa mente aos braços da glória depois de se encher de razão para afirmar do eleito: "Aí tendes de quem não se consta que abrisse livro."
 - Ramalho Ortigão, in As Farpas

Seguidamente, e na continuação do mesmo texto, o leitor já não precisa de proceder a qualquer adaptação: o texto é plenamente actual.

«Um dos escritores que o público mais violentamente deprimia com as ilacções dêste critério era o sr. Pinheiro Chagas.
Este literato procedia realmente de um modo verdadeiramente irritante para a consideração do público! Como orador principiou por falar em uma série de conferências organizadas pelo sr Andrade Ferreira: discurso estudado!
Falou mais tarde no Grémio: discurso estudado!
O público, que principiara por escutá-lo com a mais benévola curiosidade, de desilusão em desilusão, veio finalmente desprezá-lo: êle estudava sempre!
Deputado na presente legislatura, chamado a intervir com a sua palavra na direcção dos negócios públicos, nesse momento solene de trocar a toga pretexta pela toga viril, o jovem orador resolveu conciliar-se com a pátria que o elegera propugnador dos seus foros, e proferindo o seu primeiro discurso político no dia 6 do actual mês de Setembro, o sr. Pinheiro Chagas, representante do povo, provou brilhantemente que era tão capaz como qualquer outro de ignorar da maneira mais profundamente patriótica o objecto de que se tratava.
A pátria reconhecida jubilou ao sentir palpitar em seu regaço o coração dêsse filho ingrato que por algum tempo se homiziara na reflexão e no recolhimento. Ele finalmente não estudava!
O ilustre deputado tinha inimigos na Câmara; os seus precedentes justificavam honrosamente a desconfiança e a animadversão. O discurso a que aludimos foi um repique de pacificação universal. O orador foi cumprimentado afectuosa e sinceramente pelos senhores deputados de todos os partidos.
Nesses abraços e nesses apertos de mão a Câmara cumprimentava-se a si mesma: - tinha mais um cúmplice..»
-  Ramalho Ortigão, in As Farpas

A propósito da Educação

Cito-me,  e desculpem lá a imodéstia:

«Nunca esquecendo que, assim como noutros tempos, mais obscuros, a educação tinha por propósito habilitar o juvenil para o mundo e a vida, agora, todos sabemos, compete-lhe pré-lavá-lo e desossá-lo para a televisão. Ou vice-versa.»

segunda-feira, setembro 21, 2015

Um Regime de Cordel

«Em vez de bater uma forte patada no país, clamando com força: - Para aqui! Eu quero! - os governos democráticos conseguem tudo, com mais segurança própria e toda a admiração da plebe, curvando a espinha e dizendo com doçura: - por aqui, se fazem favor! Acreditem que é o bom caminho!
Tomemos um exemplo: o eleitor não quer votar com o Governo. Ei-lo junto de uma urna da oposição, com o seu voto hostil na mão, inchado do seu direito. Se, para o obrigar a votar com o governo o empurrarem às coronhadas e às cacetadas, o homem volta-se, puxa de uma pistola - e aí temos a guerra civil. Para quê esta brutalidade obsoleta? Não o espanquem, mas, pelo contrário, acompanhem-no ao café ou à taberna, conforme estejamos no campo ou na cidade, paguem-lhe bebidas generosamente, perguntem-lhe pelos pequerruchos, metam-lhe uma placa de cinco tostões na mão e levem-no pelo braço, de cigarro na boca, trauteando o Hinno, até junto da urna do Governo, vaso do Poder, taça da felicidade! Tal é a tradição humana, doce, civilizada, hábil, que faz com que se possa tiranizar um país, com o aplauso do cidadão e em nome da Liberdade.
Quantas vezes me disse o Conde ser este o segredo das Democracias Constitucionais: "Eu, que sou o Governo, fraco mas hábil, dou aparentemente a soberania ao povo, que é forte e simples. Mas, como a falta de educação o mantém na imbecilidade, e o adormecimento da consciência o amolece na indiferença, faço-o exercer essa soberania em meu proveito.... E quanto ao seu proveito...adeus, ó compadre!
Ponho-lhe na mão uma espada, e ele, baboso, diz: eu sou a Força! Coloco-lhe no regaço uma bolsa, e ele, inchado, afirma: eu sou a Fazenda! Ponho-lhe diante do nariz um livro, e ele exclama, de papo: eu sou a Lei! Idiota! Não vê que por detrás dele, sou eu, astuto manipulador de títeres, quem move os cordéis que prendem a Espada, a Bolsa e o Livro!"
- Eça de Queirós, in O Conde de Abranhos

sábado, setembro 19, 2015

Disoptria militante


«ISIS leader admits to being funded by the US»

Os americanos fornecem-lhes dinheiro, que os Sauditas lhes emprestam, para eles, os Islamicos, se regenerarem, muito bem regenerados, a coberto dum programa de integração e desintoxicação global. As pessoas é que são mal intencionadas e vêem mal em tudo. Sobretudo têm uma indisfarçável inveja dos programas de sucesso. Dos programas e ainda mais das pessoas. Cresçam, minorcas! Get a life!...  (Já não há pachorra para gentalha tão mesquinha!...)

quarta-feira, setembro 16, 2015

Um Abecedário Completo



Prosseguindo o meu filantrópico contributo para a causa hospitaleira...

m) Convertem-se as maternidades deficitárias, onerosas e improdutivas (todas elas, portanto) em centros mistos de colmeia procriativa/vazadouro de gravidezes incómodas. Do seguinte modo: dois terços das instalações reservam-se para hospedagem e reprodução contínua dos migrantes (produzindo cidadãos republicanos e futuros contribuintes em regime épico, ininterrupto e coelhístico); um terço destinar-se-á ao abortismo conveniente e gratificado dos nacionais. A troco de alojamento e alimentação, os imigrantes e demais candidatos alógenos, colmatarão, assim, num ápice, os alarmantes índices demográficos e os sombrios horizontes da segurança social (gargalhadas). Poupando ainda, sublinhe-se, o sacrifício medieval das dores de parto às nossas gajas emancipadas (risos).
n) Entre Vilar de Mouros e o Sudoeste Alentejano, aproveitam-se as infraestruturas sazonais dos festivais de música (risos) pimba, exopimpa e pimbapop para parque residencial das hordas  migradas. Passarão de sazonais a contínuos, os Festivais, atraindo turistas, parolos e inebriados de vária ordem, com o inerente aporte de divisas e oportunidades de comércio.A comunidade Europeia subsiidiará a cerveja e os bebidas alcoólicas diversas (não há o risco de desvio por parte dos figurantes residente); as bandas tocarão gratuitamente (por mero interesse publicitário, como no Live Aid)). A cada agregado imigrante será fornecido um kit de sobrevivência - tenda, toldo, mobiliário de camping, horta e alfaias portáteis, sementes e enlatados para os primeiros 6 meses. Poderão, a título especial, cultivar cannabis sativa, que poderão comercializar aos festivaleiros não residentes, revertendo a receita, saldados os devidos tributos fiscais, para um fundo de administração local (ao estilo kibutz).
o) O Estado pode alugar as multidões de refugiados aos clubes de futebol (excepto os chamados três Grandes) para comporem mais condignamente as bancadas dos estádios nos dias de jogos (risos). Nos restantes dias da semana, as mesmas turbas serão mantidas em estágio, ou frenesim larvar, distribuídas por esplanadas, tascas, salas de congresso, terminais de transportes, estações de metro ou comboio, aeroportos, estaleiros  da construção civil, quartéis fantasmas, lojas fechadas, prédios devolutos, etc, etc. Também a profissão de árbitro devia ficar reservada aos refugiados, desde que, sob promessa e garantia expressa de jamais aprenderem a língua portuguesa (risos). Ficariam imunes, quer às interferências vernaculares da assistência, quer às ingerências curriculares do Vitor Pereira, por delegação do Vieira dos Pneus (ou qualquer outro que o destrone no futuro).
p) As Câmaras Municipais recebem, de acordo à sua dimensão, dotações de refugiados. Com os quais procederão à vantajosa permuta dos parquímetros mecânicos pelos parquímetros animais; ou seja, um parquímetro que é simultaneamente cobrador, arrumador e fiscal. E também comissionista, pois sobrevive graças a uma percentagem do esbulho. Corsário municipal? De facto, bem vistas as coisas...
q) Segundo quotas e derimir - de preferência à sarrafada - pelas partes interessadas (com assento endo e exoparlamentar), os refugiados integram-se directamente nos partidos, com imensa vantagem para o português predado e avulso. Melhor e mais lauto sistema de integração não é possível. E por outro lado, nada despiciendo, passam os aparelhos partidários a ser, destarte, constituídos por estrangeiros de imitação e estrangeiros genuínos. Em menos de 12 meses, os genuínos já dão mais valor a Portugal e votam-lhe mais afeição do que os outros. Ténue esperança ao fundo do túnel, compatriotas!... A mim, pessoalmente, em sendo escolhida, esta medida conquistar-me-ia em menos de 60 segundos.
r) Upgrade nos candeeiros de iluminação pública nos bairros típicos de Lisboa. O feliz transeunte, em vez dum equipamento imóvel e oneroso, passará a ser objecto do serviço personalizado de um árabe com lanterna económica (a pilhas recarregáveis e recicláveis, naturalmente, sob patrocínio da Quercus - que fornecerá o equipamento e as sandálias do operador). Nas horas de ponta, sobretudo no inverno, a tripulação de cada lampião será acrescida de mais três porta-lanternas, equipados com gabardine de cortiça e chapeu-de-chuva colectivo (de modo a poder servir também de abrigo móvel ao peão desprevenido).
s) Cada família refugiada será adstrita à residência principal duma família portuguesa (risos) da classe média/alta e alta. Tratará, em regime de exclusividade, da separação, reutilização e comercialização do lixo.
t) Portugal pode  explorar uma enorme oportunidade de negócio: Centro de Refinação dos Refugiados. Nem mais. Fazemos aos imigrantes desarvorados como fazemos ao crude petrolífero em Sines (dito analogicamente, bem entendido). Recebemo-los em bruto, aos comboios, a custo zero, licenciamo-los em três tempos e às três pancadas, com as despesas académicas cobertas pelos fundos europeus (mais juros e comissões, que também somos gente e aprendemos com os melhores), e exportamo-los depois, como aos nacionais, a custo zero (mas sob compromisso legal de cá deixarem âncora familiar mínima e de para cá enviarem receitas fixas e sujeitas a actualização à taxa Euribor). Mas reparem, entretanto, meus amigos, na criação inaudita de emprego para professores, contínuos, formadores, reformadores, planta-estágios e comissários de praxe remunerados! Isto, registe-se, quanto a parte dos refugiados. Outros, menos cordatos ou mais ambiciosos, treinamo-los militarmente e exportamo-los, com mais valia e valência acrescentada, para o Médio-Oriente: Al-cagada, Exército Islâmico, Tarados Anónimos, Psicopatas do Islão, etc, pagam-nos a pronto, ou por remessa de crude (só temos que negociar primeiro o franchising com os Americanos/isrealitas, para evitar guerras comerciais desnecessárias). Uns terceiros, sem capacidade académica ou militar, caso não pretendam converter-se ao cristianismo, entregam-se ao cuidado e depósito das seitas protestantes (dos evangélicos pentecostais aos parangélicos tetrapostais, passando pela IURD e as Testemunhas de Sei Lá, mais  os videntes do candomblé e os Trico-Trapistas do heavy-metal), que fica tudo em família. 
u) O Estado cumpre a sua vocação mais íntima, visceral e rebarbativa, e monta portagens em todas as estradas, auto-estradas, ruelas, becos avenidas e escadinhas. Rodoviárias, pedonais e até ecológicas aos ciclistas urbanos. E mesmo os trilhos das montanhas, nos itinerários turísticos, estão à espera de quê para pô-los a render? Para tanta portagem, como é bom de ver, vamos desertificar o Médio-oriente (passe a perissologia)) e a África subsareana; e temo que mesmo o Bangladesh (fique lá isso onde fique)  não escape.
v) O rectângulo da nacinha tem 92.212 kilómetros quadrados (ou coisa que o valha, fora Olivença ocupada pelo Inimigo). Um refugiado adulto por kilómetro quadrado, numa casota de guarda-fogos (ao estilo daqueles saudosos guardas-passagem de nível do antanho), e teremos finalmente um dispositivo integral e perfeito de prevenção de Incêndio. O que não se poupa em helicópteros e aviões!... Mais gasolina e vidas humanas!...Já nem falando em florestas, casas e cultivos!.. Corrijo, tem que ser mais que um: pelo menos dois - um de dia e o outro de noite. Um casal, portanto. Ficam é sem muito tempo nem disponibilidade para a procriação, mas não se pode ter tudo.  Ah, lembrei-me agora: procriam no inverno, na época baixa dos fogos florestais. Abençoado país que até quatro estações tem!...
x) O Estado Português (mais risos) recebe-os na condição de subsidianos/financiados pela União Europeia e converte-os, por decreto, em depositantes do Novo Banco. A seguir vende o Novo Banco. E transfere  o encargo para a banca. A banca procede então ao genocídio lento, que passa por ajustamento orçamental, desalavancagem e estrangulamento benigno por força inefável de Mercado. Global, ainda para mais.. O único senão é o pedido futuro e garantido de reparação moral e traumática,  por parte de Israel, que, para efeito de indemnização, descobre logo laços súbitos (mas ancestrais) de parentesco semita com os executados. Chutzpah, chama-se o expediente legal. Está bem que compete à banca responder pelo empreendimento. Mas, a limite, já sabemos, sai do bolso ao contribuinte, vulgo otário.
z) Finalmente, uma questão pungente: as criancinhas órfãs, desirmanadas ou excedentárias... Organiza-se uma bolsa, segundo os melhores, mais lídimos e preclaros valores e critérios da nossa civilizacinha, cuja gestão e administração será entregue à ILGA. A adopção urgente por casais monótonos, digo monossexuais,  adicionada a uma carência mirmitónica (conferir lei da oferta e da procura, sff), exaure em menos de nada o stock disponível de infelizes. Excepto os pretinhos, naturalmente. Esses terão que ser processados em infantários rap hip-pop, até atingirem a idade de poderem passar ao centro de refinação militar.

E pronto. Julgo que não será por falta de ideias abnegadas que naufragará a nossa generosidade atávica num mar de burocracia inconsequente.

terça-feira, setembro 15, 2015

Bem vindos ... Ao Limbo.



Como é que uma Europa à beira da desintegração vai integrar quem quer que seja?

Bem, algumas ideias avulsas...

1. Os 25 milhões de desempregados europeus  - e o dobro ou triplo de precários, estagiários DLD  (De Longa Duração) e outras fantasmagorias urbanas - vão organizar quermesses de boas vindas aos recém-chegados de Nenhures...  ao limbo.

2.No nosso caso peculiar.... O Estado português (risos) não tem dinheiro suficiente para se auto-sustentar (e mesmo o regime frenético de extorção e confisco não lhe colmata o bandulho); como é que o Estado vai, então, sustentar estes milhares de arribação?
a) Os alemães, que nos impõem (ninguém duvide) quotas de migrantes, aumentam-nos a quotas da sardinha e do leite para podermos alimentá-los.
b) Os alemães permitem que nós nos endividemos mais, a título extraordinário, para podermos acudir à coisa - crédito a juros amigos e comissões bancárias ligeiramente mais baixas (é claro que as agências de Ratos nos degradarão novamente, mas isso é mesmo assim: aquilo não é a Santa Casa, fora o departamento de jogos).
c) Num universo de 1 milhão de gente atirada ao lixo, mais 5 ou mesmo 10 mil faz alguma diferença?
d) A marabunta instalada (de centrões alfa e beta) organiza mais um festim de assistência, formação, mais formação, estágio/formação, novamente formação, mais estágio e requalificação, onde consumirão 80% dos fundos de ajuda alemães, digo, comunitários, e estabelecerão, com grande alacridade, novas redes providenciais de segundos, terceiros e até quartos empregos para as clientelas partidárias.
e) Estimular-se-á a iniciativa privada, nomeadamente através da criação duma bolsa nacinhal de lares de acolhimento/aluguer: os bons samaritanos aos gritos poderão receber em sua casa famílias refugiadas, a troco claro está, dum bónus de integração, distribuido pelo Estado a partir da dotação comunitária e de vários fundos de investimento. Basta que se candidatem, os beneméritos; e coloquem a acção concreta onde geralmente apenas comprometem o cuspo. Excelente oportunidade para os betos e tios, de esquerda e direita (risos) deste país, adquirirem estagiários domésticos (a preço bastante abaixo do mercado) e ainda lucrarem uns cobres.
f) Distribuem-se pontes e viadutos pelos refugiados. Cada ponte ou viaduto terá a sua equipa, a qual cuja, a troco de abrigo e pernoita, velará pelo ajardinamento, patrulha e manutenção da infraestrutura. Pelo Kit Ponte/anexos e logradouro, a família refugiada poderá abrir uma linha de crédito com juros bonificados e auferir, temporariamente, de renda social.
g) Converter-se-ão as sucatas automóveis em parques de campismo para migrantes, que poderão habitar as carcaças enquanto a retoma económica não reclamar alimento para as siderurgias.
h) Devidamente enquadrados por baterias de psicólogos, vão colonizar as Selvagens.
i) De modo a que a sua integração possa ser material e efectiva, acedem directamente às universidades onde as Comissões de Praxe tratam da sua recepção, pastoreio e licenciatura. No fim desse animado processo,  aqueles que sobreviverem aos exames finais na praia do Meco (pela noitinha), estarão aptos para aceder às caixas dos hiper e micromercados, bem como aos incontáveis e miríficos estágios, para-estágios, meta-estágios, sobrestágios e demais esquemas de cripto-exploração catita.
j) Substituem-se os semáforos das grandes cidades por sírios com bandeirinhas. Estes controladores de tráfego rodoviário serão mantidos através dum sistema de gratificação voluntária pelos automobilistas;
l) Instalam-nos directamente na internet. Temos Trolles em abundância e uma escassez alarmante de pastores, tratadores e operadores de matadouro.

Outras ideias  em estudo e prospecção. Uma verdadeira brainstorm!...





domingo, setembro 13, 2015

A normalidade denunciada, ou a Máquina dos Chouriços




«Some of those CENTCOM analysts described the sizeable cadre of protesting analysts as a “revolt” by intelligence professionals who are paid to give their honest assessment, based on facts, and not to be influenced by national-level policy. The analysts have accused senior-level leaders, including the director of intelligence and his deputy in CENTCOM, of changing their analyses to be more in line with the Obama administration’s public contention that the fight against ISIS and al Qaeda is making progress. The analysts take a more pessimistic view about how military efforts to destroy the groups are going.»

Era Nietzsche que dizia  que "não há factos, apenas interpretações". Na realidade não é bem assim, a não ser, obviamente, para efeitos de propaganda. Ora, o que se passa é que os tipos da pesquisa/análise  (de Informação) procuram recolher e apurar os factos (com o maior índice de realidade possível). Depois, acima deles, o processo segue os seus trâmites: As interpretações ajustam-se e submetem-se às necessidades da propaganda (sendo que esta, de algum modo, procura cumprir uma estratégia). Não há nada de bizarro nem sequer peregrino no que os tais "analistas" denunciam. Ainda mais em se tratando do caso duma Super-potência. Os primeiros a saber isso deviam ser os tais "funcionários" da, como gostam de proclamar pomposamente os anglocoisos, Intelligence.
Então o que é que isto significa?
Notem bem: que categoria de "funcionários da Intelligence" são estes que desatam a denuncar a perfeita normalidade do expediente? É o mesmo que um tipo ser contratado para porteiro dum bordel (ou barman, ou segurança, ou arrumador de quartos) e depois insurgir-se, com grande escândalo, que aquelas meninas não são virgens nem mestrandas em lavores femininos..
Ocorrem-me várias explicações plausíveis para tamanha chouriçada. As mais complexas deixo-as à imaginação do leitor. Fico-me apenas por uma, das mais simples e prosaicas. E resume-se a uma dedução lógica (transbordantemente atestada pela realidade): Já repararam na qualidade e categoria das pessoas que chegam ao cargo de Presidente dos Estados Unidos (ou de presidente da República, 1º Ministro de Portugal, ou Comissário Europeu, etc, só para estender todo o critério ao mundo ocidental)?

Ora, ainda na primeira metade do século passado, H.L:Mencken já expunha o diagnóstico:
«À medida que a democracia é aperfeiçoada, o cargo de Presidente representa, cada vez mais, a alma íntima do povo. Num grande e glorioso dia destes, os vulgares tipos desta terra alcançarão finalmente o seu mais profundo anseio e a Casa Branca será então adornada com um completo retardado mental.»
Ninguém me convence do contrário: a mesma maquinaria avariada e merdificante que acabará -aliás, acabou - a segregar e alcandorar retardados mentais ao mais alto cargo dos Estados, pela mesma e fatal ordem de razões, acabará (e acabou) a preencher com perfeitas abóboras acéfalas a restante cascata de alvéolos na colmeia da função pública. Nos Estados Unidos como em Portugal, ou onde quer que a fábrica de enchidos funcione e derrame o produto das sua mediocratização gordurosa.

É por isso que eu acho imensa piada aos que passam a vida a chibar, julgar e condenar fulano e sicrano por corrupção (evidente, corriqueira e endémica, quase toda), ao mesmo tempo que gabam a virtude e a superlatividade civilizacional da máquina que os produz. Que o fulano e sicrano que tanto vituperam pertença geralmente ao bando de rufias rival é outro detalhe reiterado que, geralmente, exaure e avaliza, em absoluto, a virtude e a pureza do peticionário.

Pelo que, no geral, o diagnóstico de Mencken, tanto quanto lúcido em relação ao passado, foi profético em relação ao futuro. Não só da América como num mundo cada vez mais americanizado...

«Em democracia, um partido devota a maior parte das suas energias a tentar provar que o outro partido é impróprio para governar. O problema é que ambos são invariavelmente bem sucedidos nisso e estão ambos certos... Os Estados Unidos nunca geraram uma aristocracia desapegada ou uma inteligentzia realmente inteligente. A sua história é simplesmente um registo de vacilações entre dois gangues de fraudes.»







sábado, setembro 12, 2015

Que descaramento!...


Entretanto, os americanos estão entre surpreendidos e escandalizados. E se os americanos estão, a Nato também está, evidentemente. É que os Russos decidiram, ao que tudo indica,avançar para a Síria. Nem eles, nem os Iranianos parecem muito inclinados a deixar cair Assad (aquele tipo que era urgente afastar para fazer o frete a Israel). E também parecem decididos a estragar mesmo (entenda-se : a combater a sério) o tal Estado Islâmico. E a Al-cagada.
Tudo razões, como é bom de ver, capazes de deixar os americoisos (e a Nato, por osmose) à beira dum ataque de nervos, senão mesmo em vias de escalvarem a peruca de raiva.
Em primeiro lugar, porque os Russos, pasme-se, pretendem atacar o Estado Islâmico, a Al-Cagada e as várias chusmas terroristas, em vez de atacarem o governo da Síria. Mais uma demonstração inequívoca de como Putin não é um democrata e um puggessista.
E em segundo lugar, antecâmara do primeiro, porque os Russos não deixam cair o seu aliado. E isto é que, sobretudo, é chocante e inadmissível para os americanos: uma grande potência a permanecer fiel aos seus compromissos e leal para com os seus aliados. Mesmo nas horas difíceis. Mais anti-democrático que isto não há!...


PS: Cúmulo do despautério: os Russos apelam à cooperação dos americanos (e respectivas colónias europeias) na luta contra o terrorismo. Onde é que este mundo vai parar?...



quinta-feira, setembro 10, 2015

Descubra as diferenças

Na Húngria... 
O Muro da Vergonha, do protofascismo huno e do nacionalismo hediondo:


Em Israel...
O Muro da Virtude, da única Democracia do Médio Oriente (ou até, quiçá, da galáxia) e do sionismo santíssimo:




quarta-feira, setembro 09, 2015

Quem semeia, colhe


Um artigo de Pat Buchanan...

«Islam's Conquest of Europe»

O Geo-Carnaval (rep)

Recordo um postal de Março de 2011, aqui no estaminé. Iniciava-se então a "remoção" de Kadaffi, na Líbia, com o subsequente escancaramento do Norte de África ao terrorismo e às migrorreias desatadas.
Se repararem, os mesmos que clamavam então pela "democratização fast", grasnam agora pelas pernas abertas da Europa aos fluxos migratórios de arribação. E, como sempre, é geral e unânime: tanto à "esquerda disfarçada de esquerda" quanto à "esquerda travestida de direita". A Voz off manda e os papagaios cumprem.

...//...




Em Outubro de 2007, podia ler-se o seguinte:
«Uma juíza federal norte-americana impediu a transferência de um detido de Guantanamo para a Tunísia pela possibilidade de ele vir a ser torturado naquele país.»

Na altura, eu apontei uma série de explicações possíveis para tão insólito facto:
a) O mesmo arguido não pode ser torturado duas vezes - tendo já sido torturado pelos Estados Unidos, não pode ser torturado pela Tunísia;
b) Os Estados Unidos detêm a patente actual da tortura: ninguém pode torturar a não ser em regime deFranchising;
c) Só a tortura dos Estados Unidos e seus satélites é democrática e, por conseguinte, benigna, além de benemérita. Todas as outras são malvadas, abjectas e inadmissíveis;
d) A tortura, devidamente exercida, é terapêutica e melhora a saúde e a qualidade de vida dos paciente; ao contrário da tortura ilegal, contrária aos interesses da humanidade, que, tal qual sustenta a senhora juíza federal, pode causar "danos irreparáveis".
Entretanto, começam a pairar algumas suspeitas: afinal, Guantanamo é um campo de concentração para terroristas ou um local de treino e formação?... (Isto, para além do resort turístico que passa por ser, naturalmente).
Perguntem em qualquer Serviço de Informações internacional, que eles explicam-vos.

Passados mais de quatro anos, eis que irrompe novo géiser bizarro. Só que agora o assunto em causa não é a tortura, mas o bombardeamento. O bombardeamento aéreo de civis, mais propriamente. Toda a americanidade roncante que infesta o planeta, do presidente Obama aos liberdadeiros blogosféricos, passando pelos pseudo-governos europeus, está escandalizada, chocada e indignada com os bombardeamentos que Kadaphi tem ordenado contra os rebeldes líbios. Isto é, os muçulmanos estão a bombardear-se uns aos outros e isso parece que não é admissível. Que horror!, matar civis à bomba!... Crime de lesa-humanidade? Não, muito pior: crime de lesa privilégio: todos sabemos que matar civis muçulmanos à bomba é uma prerrogativa exclusiva dos norte-americanos e do seu mini-me, vulgo estado de Israel. Quem julga o Kadaphi que é? Caso para dizer: Mais ciumentos e zelosos que os deuses, só mesmo os semi-deuses.
Convenhamos, há nisto qualquer coisa de verdadeiramente anedótico. O nível de desossificação moral de toda estas coisas vagamente semelhantes a pessoas atinge já as raias do inverosímil.
Reparem: são os mesmos que, salvo raríssimas excepções, nos têm vindo a endoutrinar, obsessivamente, de que o "único muçulmano bom é o muçulmanos morto", de preferência à bomba, granada ou míssil intelectual, que agora, subitamente, num flique-flaque vertiginoso, descobrem que há muçulmanos bons, jovens, e ardentemente sequiosos de democracia. Aos molhos! Muçulmanos benignos e amigos do ambiente - mais: muçulmanos instruídos e informatizados, que twitam e faceboquejam! - que urge preservar das bombas dos muçulmanos pérfidos, retrógrados e anti-democráticos. De que modo? Bombardeando imediatamente os maus. Tão simples quanto isso.
Este certificado de bondade à pressão integra-se no regime de alucinação colectiva e fantasia permanente que avassala o bacoco semi-letrado ocidental: acredita, tão toina e piamente, que vive numa democracia, como acredita que os outros, da Patagónia ao Bornéu, logo que se convertam ao mesmo carnaval, passam a desfilar tão livres, abastecidos e chilreantes quanto ele. Mas o mais interessante na beleza do raciocínio até nem é isso. O mais interessante e engraçado é como entende que compete àqueles que o oprimem andar por esse mundo fora a libertar os outros. Como assim? Bem, ao contrário desses outros povos oprimidos por esse mundo fora (sob autocracias, tiranias e desdemocracias variadas), que conseguem identificar e fulanizar os autores da sua desgraça, nós por cá, no ocidente supimpa, vemo-nos oprimidos por entidades tão inefáveis quanto diáfonas e crípticas - a mais impiedosa e principal das quais, pelas contas recentes, respondendo pelo nobríssimo título de Défice. Isto é, os nossos liberais da treta, que consideram que os estados não devem desperdiçar dinheiro com hospitais, nem escolas, nem quaisquer infraestruturas de interesse público, entendem que as mesmíssimas entidades devem, em contrapartida, torrar dinheiro às pázadas em porta-aviões, frotas, esquadras e batalhões, para correrem à democratização global XPTO. Nisto, para variar, já não é o Santo Mercado que automaticamente determina e impera. Não; é o cacete supersónico, escavador de reportagens e Défices. Mas quanto custa um porta-aviões/dia, ó pombinhas de rapina? Quem paga? Em primeiro lugar o otário contribuinte americano. Depois, o otário contribuinte europeu, que é quem, no fim de contas, acaba por pagar sempre os serviços globais do cabo de esquadra planetário. Ou aqueles que acreditam tão solenemente que não há almoços grátis, crêem, em simplório tandem, que há intervenções puramente beneméritas e gratuitas? Ou que a cowboiada global não sai do bolso ao pagante se plantão? O caso é que, tudo somado, resulta em qualquer coisa como o escravo do crédito e do défice ocidental, no fundo, a sacrificar-se, penando as cangas do fisco e da burocracia, para que os povos oprimidos do mundo sejam resgatados e emancipados das suas grilhetas geo-históricas. É extremamente reconfortante saber isto... Que a nossa masmorra acende a liberdade na Cochinchina e nas Áfricas. Assim como antigamente escravizávamos esses digníssimos povos de modo e termos, nós, mais folguedos, agora lançamo-nos, ávida e generosamente, na servidão mais frenética, lorpa e compulsiva para que eles vivam melhor. Abdicamos da nossa liberdade em prol da libertação deles. Ah, virtude angélica do caraças! Sempre dá um certo sentido ao absurdo em que mergulhámos e vegetamos à espera da sepultura final. E seria a mais maravilhosa e virtuosa das caridades se, ao menos, fosse consciente e voluntária.
É claro que o facto disto lembrar cada vez a mais a antiga União Soviética, onde as massas se submetiam à servidão mais completa por amor forçado às mordomias duma nomenklatura olímpica, às engrenagens duma burocracia atroz e à voracidade dum aparato bélico mundial, tão folclórico quão libertador, não passa de mera e casta coincidência. Uma coincidência só superada por uma outra ainda mais gritante, mas não menos imaculada: o de estas chusmas liberdadeiras da Internacional Democrática desempenharem o sucedâneo completo, o upgrade venéreo das hordas marxistas-leninistas-maoistas do passado.
Entretanto, de mãos dadas com o obtuso, passeia o óbvio. Servindo de contrapeso à liberdadeirite eufórica, zumbe, soturna e austera, a liberdadeirite céptica. Vários marranos de eleição, imitação, adesão ou simplesmente de serviço, recusam o embarque fácil na romaria dos benevolentes. Dificilmente escondem o escândalo, tanto quanto o mal-estar com a peregrina hipótese. Afinal, a democracia no norte de África e Médio Oriente é patente exclusiva do pequenino estado mini-americano, quistozinho seboso e benigno no meio de toda aquela vasta metástase terrorista (em acto ou potência). Se porventura (o diabo seja surdo!), por alguma excentricidade inopinada e milagreira do chifrudo, algum daqueles vespeiros desata a ser democrático, lá se vai a exclusividade rutilante dos eleitos! Ora, isso é ainda mais inadmissível do que os civis muçulmanos serem bombardeados por outras que não as bombas inteligentes, beneméritas e democratas!...
Além disso, há um detalhe fatídico que está a escapar grosseiramente aos eufóricos, induzindo-os num erro que raia o hipercrime cumulativo de deicídio e lesa-império: todos aqueles muçulmanos aos saltos, sejam eles (segundo a nova tabela períodica dos elementos) benignos ou malignos, todos eles, sem excepção, - persignemo-nos, compadres! - execram e detestam Israel. Ora, como podem ser democráticos, se abominam a essência mais sublime e transcendente da democracia, o âmago mais refinado, rococó e filigranático da liberdade e do bem-estar da civilização ocidental? Logo, democratas, uma ova! De toda aquela fermentação, ninguém duvide, vai germinar um belo caos convenientemente tripulado pelo fundamentalismo islâmico. Fenómeno, esse, que uma intervenção dos emissários do otário contribuinte ocidental apenas agilizará. A ideia, de resto, é mesmo essa: urge lá ir destruir todo e qualquer resquício da velha ordem, mas, compete, sobretudo, neutralizar os arsenais remanescentes. Por detrás de toda a agitação, o objectivo real não é tanto resgatar tão infecundos povos para a democracia, mas mergulhá-los, isso sim, a eito e definitivo, no fundamentalismo. Para efeito da contínua (e altamente lucrativa) saga epopeica da luta contra os gambozinos, convém aquilo transformado em vespeiro desarvorado, berçário duma nova e revitaminada ameaça, mas desdentado o suficiente para não constituir qualquer efectivo perigo. Especialmente, para a única democracia do Médio-oriente e, se formos a ver bem, de todo o Universo.


PS: É mau para a Europa? Será péssimo - para nós, então, que andávamos por lá a fazer pela vida, será horrível, a juntar à catástrofe. Mas será óptimo para os Americanos, para os mini-americanos, para os Russos, para os Turcos e até para o José Eduardo dos Santos. Afinal, a Líbia até competia com ele no Golfo da Guiné. E os Europeus, que trocaram as bolsas naturais pela Bolsa artificial, só têm aquilo que merecem.

terça-feira, setembro 08, 2015

Primavera ou Outono na Moldávia?



Onde raio fica a Moldávia, perguntará a leitor arguto. Mais misterioso ainda: onde raio na Moldávia fica a Transnistria?
Bem , trata-se dum enclave entre a Roménia e Ucrânia, a primeira; e dum enclave a leste desta, a segunda. Como, de resto, podem conferir no mapa que tive a amabilidade de adiantar.
Acontece que romperam magnos protestos na praça principal lá do sítio. Déjà vu noutras vizinhanças. E porque protestam eles? Porque desapareceram mil milhões do sistema financeiro lá do sítio (para um pequeno e pobre país daqueles, uma pipa de massa - 1/8 do produto interno bruto). Aqui explicam melhor:
«Massive Protest Held in Moldova Over $1 Billion That Mysteriously Vanished»

Acontece também que na tal Transnistra, um enclave dentro do enclave, estão tropas russas, uma pilha imensa de material bélico e uma população pouco sensível aos encantos da EURRSS.
Como é fácil de constatar, há aqui material suficiente para um filme do estilo Ucrânia/Crimeia e coisas assim. Aguardemos. Mas não é isso que aqui me traz. Trata-se apenas de um detalhe mais prosaico e, há que reconhecer, bastante mais pitoresco. Resumindo numa pergunta: Para onde foi o busílis da questão, isto é, a massa? (registaram aquele referência às "oligarquias" lá do sítio?...)
Pois parece que foi para os bolsos do costume (a notícia acima omite, mas rapidamente se chega lá, com os cumprimentos do Times of Israel...)

«Israeli-born businessman at the center of a suspected embezzlement scam that spirited $1 billion from Moldovan banks was set to appear in court on Monday as growing outrage raised fears of backlash against local Jews.Ilan Shor, 28, has been under house arrest for a week and was expected to show up for a court hearing in the capital, Kishinev.The businessman, who was born in Tel Aviv but moved to the Eastern European country with his family when he still a toddler, was accused of embezzling the funds through a group of companies that took over three local banks.The Unibank, Banca Sociala, and Banca de Economii then allegedly gave him collateral free loans on the money that amounts to about one eighth of the impoverished country’s gross domestic product.As the money was moved offshore, the banks were brought to the brink of insolvency.»

Não é um gajo querer entrar em estereotipos. Mas se os estereotipos estão sempre a acontecer, e sempre da mesma forma, cumprindo um esquema mais obsessivo e rotineiro do que a chuva em clima temperado marítimo, é caso para um gajo, no mínimo, entrar em estado de cepticismo crónico. Convenhamos, para que nós, os gajos, não desatemos a pensá-los, aos tais estereotipos, não seria da mais elementar conveniência e módico decoro, os coisinhos deixarem de praticá-los tão despudorada e freneticamente?
Entretanto, a comunidade judaica lá do sítio, diz ela, está preocupada. Com os estereotipos. A população sabe que o tal é um eminente judeu e está furiosa com o mega-desfalque. Resta saber o que é que a "comunidade judaica" tem feito para desautorizar esses estereotipos, nomeadamente não corporizando em massa as tais oligarquias cleptocratas tão frequentes nestas "novas-democracias" à pressão.
Outro estereotipo notório e recorrente é o alarido do "ai o anti-semitismo!"...  Da parte das vítimas, a coisa traduz-se mais por "ai os gatunos!..." 
Finalmente, outro estereotipo mimoso: o Ilan Shor fez fortuna com esquemas de contrabando e tratou de comprar logo duas estações de televisão. Isso e tripular administrações bancárias.
Caramba,  podiam variar um bocadinho de vez em quando. Ainda acabamos a suspeitar de tortuoso estratagema... para fazer esfarinhar  o escândalo sob o peso esmagador do tédio.

The gangster way

Em Novembro de 1963, o Presidente do Vietnam do Sul, Ngo Dinh Diem, juntamente com o seu irmão e conselheiro principal, tombam assassinados, no decurso dum golpe de estado patrocinado pelos americanos. Católico e anti-comunista, Diem era o principal aliado americano na zona. No final do mesmo mês, o próprio presidente americano, John Kennedy é também assassinado a tiro em Dallas. Anos adiante, em 1968, chegou a vez de Robert Kennedy socumbir às balas dum assassino. Terá sido no rescaldo disso que, segundo conta Franco Nogueira, a viúva de Diem exprimiu  a respeito de Jacqueline Kennedy o seguinte comentário: "Agora já sabe qual é a dor de perder um marido e um cunhado assassinados." 


«Por outro lado, um americano de alto nível (Salazar não me disse quem) teria afirmado ser necessário modificar a situação interna portuguesa, na metrópole. "Mas não o conseguirão", diz o chefe do governo com ênfase, "mas temos de ter cuidado porque são brutais"»
- Franco Nogueira, in "Um Político Confessa-se" (em 06 de Maio de 1965)

PS: Em Março de 1961, no norte do território ultramarino de um dos aliados dos Estados Unidos, turbas de "manifestantes pró-democracia", patrocinadas, armadas, treinadas e instigadas por agentes americanos (os "primaveris" da época), sob a sigla UPA, encetaram - em geral, à catanada - massacres, metódicos e indiscriminados, de vários milhares de portugueses, não apenas de origem europeia, mas, em número ainda maior, de etnia africana. 

domingo, setembro 06, 2015

O Efeito de Tocqueville

«Mencionei um dia ao Xá o nome daqueles que, nos Estados Unidos,, estavam encarregados de tratar da sua saída e da sua substituição.
Estive até presente numa reunião em que um dos assuntos aprecisados foi: "Como é que vamos actuar para obrigar o Xá a partir e por quem o vamos substituir?"
O Xá não me quis acreditar. Disse-me:"Acredito em tudo o que me diz, menos nesse ponto. ~Mas Alteza, porque é que não me acredita também quanto a esse ponto? - Porque seria tão estúpido substituir-me! Eu sou o melhor defendor do Ocidente nesta região do mundo. Possuo o melhor exército. Sou eu quem detém o maior Poder." Acrescentou: "Seria tão absurdo que não posso acreditar!" Após algum silêncio em que reflecti sobre o que lhe ia responder, disse-lhe: "E se os americanos estão enganados?"
Foi o que se passou. Os americanos tomaram a sua decidão. Como sempre, tinham uma visão do país correspondente à dos iranianos com quem conviviam: os que saíam de Harvard, de Stanford ou da Sorbonne e que representavam menos de um por cento da população. (...)
A percepção ocidental do regime do Xá passava com demasiada frequência pelo espelho deformado da S.A.V.A.K, que, para muitos, era uma espécie de super-Gestapo mais a KGB, multiplicado por dez! - o que era falso. A prova foi a sua incapacidade de prever os acontecimentos e, depois, de os enfrentar.»
-  A. Marenches, in "No Segredo dos Deuses"

Existe um visível paralelismo entre a queda do regime do Xá da Pérsia e a do Estado Novo. O mesmo enquadramento que Marenches refere a propósito da Pérsia podia ser dito a respeito de Portugal. A começar pelo "redutio ad oppressio" . O Xá é reduzido à SAVAK, o Estado Novo é reduzido à PIDE/DGS. Depois realça o facto de não serem, ambos, regimes anti-ocidentais, comunistas, ou similares. Bem pelo contrário, são regimes pró-ocidentais, anti-comunistas, claramente aliados da Europa e dos americanos. Todavia, são regimes que não praticam o "credo democrático".   E esse devém o pretexto da ordem para accionar a "primavera". O resultado desta na Pérsia, como em Portugal, como em todos os outros locais onde tem desarvorado, é o caos. E logo a seguir a ascensão ao Poder de forças fundamentalistas, sejam da religião muçulmana ou comunista. Ainda recentemente, no Egipto, outro aliado americano, o presidente Mubarak, foi tratado segundo os mesmos preceitos. A subsequente elevação da Irmandade Islâmica ao Poder reproduz fielmente tanto o caso Persa quanto o Português. 
Ora, é patente que estamos perante uma linha de fenómenos equivalentes. A diferença entre eles não reside nem na metodologia nem na ordem da causa/efeito mas, simplesmente, na panóplia de meios empregues (que vai aumentando consoante o tempo e as evoluções tecnológicas). Na Lisboa de 74, como na Teerão de 79 a internet ainda não actuava. A CIA ainda não estava tão consideravelmente reforçada por NEDs , OSFs e propagadores da peste quejandos. Mas é significativo que, numa primeira fase, quer Lisboa, quer Teerão são induzidos e pressionados a "aberturas". Ao mesmo tempo, os "pressionadores democratas"  investem dólares às camionetes em liberais, dissidentes e, sobretudo, na minagem do exército). Depois, o curso lógico e a dinâmica dos acontecimentos, isto é, da epidemia, sobrepõe-se.
Paul Veyne explica o bizarro fenómeno  nos seguintes termos:
«A elastecidade natural, ou vontade de poder, explica um paradoxo conhecido pelo nome de efeito de Tocqueville: as revoluções rebentam quando um regime opressor começa a liberalizar-se. De facto, as sublevações não são semelhantes a uma marmita que, à força de ferver, faz saltar a tampa; é, pelo contrário, um ligeiro levantamento da tampa, devido a qualquer causa estranha, que faz a marmita entrar em ebulição, o que acaba por derrubar a tampa.»(in "Acreditavam os Gregos nos seus Mitos")
Inúmeras e recorrentes réplicas depois, qual é ainda a dificuldade em perceber a "primavera Portuguesa" de Abril de 1974?

Não fez Marcello como o Xá da Pérsia - não tentaram ambos liberalizar e suavizar o regime (não porque isso obedecesse a uma qualquer premência natural interna, mas por cedência a causas estranhas, como seja a insídia velhaca e premeditada de supostos aliados, tanto por indução/ameaça directa, como por manobra indirecta, sob a máscara da "Comunidade Internacional"?... O que mais não ocasionou senão o descontrolo do surto interno na tentativa ingénua (e suicida) de aplacar o externo.

O "efeito de Tocqueville" tem sido uma constante nas actuais revoluções/sublevações confeccionadas pelas bestas do costume. O movimento é duplo: por um lado aumenta-se a temperatura dentro da marmita; por outro, engoda-se a tampa para que se se levante ligeiramente. A partir do momento que o regime cede à "liberalização" já sabemos qual vai ser o resultado final. Mesmo na Paris de 1789, ou na Moscovo de 1917, foi assim. O que acontece agora é que o efeito é, externa e artificialmente, provocado e empolado. Como, em parte, nessas outras datas também o foi.  

Caos Inc


Entretanto, a Coisa Soros semelha cada vez mais um daqueles super-vilões típicos dos filmes de James Bond. Em certo sentido, personifica o super-ultra-indivíduo liberal que se opõe a toda e qualquer espécie de ordem. O ego descomunal à revelia do mundo. E tanto assim é, que não é apenas fora dos Estados Unidos que a besta actua. Leiam e pasmem:
«George Soros funds Ferguson protests, hopes to spur civil action»

Pois, parece que também investe à grande nos tumultos raciais americanos.

Ora,  se pensarmos que a monarquia e a tradição ocidental sempre buscou em Deus o fundamento e a legitimação, é altura de reconhecer que o seu avesso ou antítese, tão exemplarmente representado neste palhadino da Democracia, remete para o seu inverso. Afinal, há séculos que o Empresário-Mor, paradigma, inspiração e bonecreiro de todos estes super-ultra-liberais, porfia e labuta, incansável e buliçoso, contra toda e qualquer Ordem de todo e qualquer Reino. O termo Democracia está judiciosamente aplicado ao empreendimento. Só que o prefixo não significa "povo".