Sobre todos os candidatos, desiludiu-me o representante do PNR. Bem, na verdade foi o único que me desiludiu, pois sobre todos os outros já não acalentava quaisquer ilusões. E desiludiu-me, o digníssimo senhor, em três vertentes:
1. Animado pelas fábulas e mitologias que dele faziam na Comunicação Social, eu esperava que no mínimo se transformasse em lobisomem ou Adolfo Hitler, que é o mesmo que dizer "se licantropizasse à paisana ou fardadamente". Mas nem uma coisa nem outra. Um perfeito anti-clímax. Não se licantropizou. Pelo contrário, foi dum civismo a toda a prova. Terminou o programa com a mesma gravata com que o tinha começado.
2. Acicatado pelas minhas próprias fantasias, tendências e imperativos categóricos, eu afagava o enredo de vê-lo defender varonilmente os meus interesses em todo aquele debate, os quais cujos se resolveriam resumidamente com uns apalpões, rebolões e titilações íntimas na balzaquiana moderadora (o Engenheiro Ildefonso Caguinchas reclamava, com berros de impaciência, a cópula múltipla, urgente e completa, com preliminares e rescaldos, cigarro de encerramento e tudo, mas esse, toda a gente sabe, é um radical furioso). Porém, que eu visse, e estive atento, nem um piscar de olho malandro, ou umas tele-beijocas sequer.
3. Finalmente, pelos princípios da mais elementar justiça, eu estimava que, sem qualquer hesitação ou pusilânime adiamento, ele, ciente das prioridades universais, se servisse da cadeira - que lhe fôra providencialmente atribuída à mesa do tal debate - como lhe competia e a população de Lisboa abençoava, ou seja, que pegasse nela energicamente, com ambas as mãos, e desse com ela, generosamente, nos cornos de todos aqueles proxenetas -em acto ou potência - da municipalidade. A cadeira tinha um aspecto magnífico, convidativo, devia ser de boa madeira, bem mais sólida e promissora que estas aqui da tasca. Mas que fez ele? Sentou-se nela. Uma oportunidade daquelas, um rebanho de toutiços daqueles ali à mão de semear, e ele... ele sentou-se. Sedentarizou do princípio ao fim do debate. A pobre da cadeira, que já se via imortalizada para a posteridade por via de toda uma saga épica, cantada e louvada por todos os grandes vates do Porvir, a esta hora, ainda para lá deve estar, inconsolável, a debulhar-se em lágrimas. Reuniram-se o instrumento, a ocasião, o motivo - faltou o homem.
Nos meus ouvidos, desde o fim da noite de ontem, ainda retumbam as palavras ameaçadoras e inquietantes do Engenheiro Ildefonso Caguinchas, que nestas coisas prefere sempre a acção à lamúria:
-"Nas próximas eleições, quem se candidata sou eu!..."
O Engenheiro não sabe muita coisa. Mas sabe o essencial. Que, por exemplo, nestes dias, qualquer debate tem um prefixo inútil.
7 comentários:
Se morasse em Lisboa era muito bem capaz de acabar com o jejum de uns quase 15 anos e votava naquele fascista tenebroso que infelizmente não deu o uso conveniente à cadeira!
Legionário
"não se licantropizou"
"Terminou o programa com a mesma gravata com que o tinha começado"
ahahahaaah
Ó Legionário, sempre gostva de saber a quem é que deste o benefício da dúvida quando tinhas 25 aninhos...
Engenheiro Ildefonso Caguinchas, conte com a minha disposição pessoal e modesta ajuda financeira para a Sua Campanha Eleitoral!
Unidos Venceremos.
Orelhas para a Rua.
A luta continua!
---» PNR, FN, BNP, e afins: quem gosta de ser OTÁRIO que faça bom proveito!!!
---» De facto, qual é o interesse de andar a perder tempo com Palhaços-Éticos que NUNCA provaram serem capazes de constituir uma sociedade sustentável (ou seja, uma sociedade dotada da capacidade de renovação demográfica) sem ser à custa da repressão dos Direitos das Mulheres (nota: mulheres tratadas como úteros ambulantes)... e que, hoje em dia, querem andar a curtir abundância de mão-de-obra servil imigrante, e querem andar a curtir a existência de alguém que pague as pensões de reforma... apesar de... nem sequer constituírem uma sociedade aonde se procede à renovação demográfica!!!
Nota 1: Com o fim da repressão dos Direitos das Mulheres... a capacidade de renovação demográfica sumiu-se...
Nota 2: A MAIORIA dos europeus são uns 'dignos' herdeiros das sociedades europeias do passado (sociedades de exploradores de escravos) -> eles (a maioria -> vulgo Palhaços-Éticos) adoram realizar negociatas de lucro fácil à custa de alienígenas (leia-se, não-nativos) : querem curtir... sem pagar os (elevados) custos de renovação demográfica: incentivos monetários à natalidade, despesas com a fertilidade dos casais, despesas com gravidez, despesas em Saúde e Educação até à idade adulta...
Nota 3: O caminho a seguir... não é andar a 'lamber as botas' aos Palhaços-Éticos (a maioria), mas sim, 'declarar guerra' aos Palhaços-Éticos... ou seja: reivindicar o LEGÍTIMO Direito ao Separatismo.
Enviar um comentário