Para quem esteja interessado em fazer negócios ou investimentos no Iraque pós-Saddam, em ambiente controlado Neocon, existe a IILG (Iraque International Law Group).
Como front man e fundador desta providencial firma de advogados está o senhor Salem Chalabi. O senhor Salem Chalabi, muito a propósito, é sobrinho do senhor Ahmed Chalabi - exactamente, esse cavalheiro outrora fugido à justiça por uma série de crimes e condenações, mas que agora é o «lider do Iraqi National Congress (INC), membro do Conselho Governativo e actual "presidente" do Iraque» .
Outras características relevantes da criatura (o tio Ahmed):
a) Teve grandes audiência e apoios junto do Pentágono, a quem forneceu dados e informações "fidedignas" sobre as Armas de Destruição Maciça, com detalhes e croquis;
b) Impingiu também a história duma rede clandestina de apoiantes no Iraque de Hussein, cuja ajuda seria preciosa aquando da invasão e pós-invasão, mas que afinal, com imensa piada, não existe nem nunca existiu;
c) Partilha com Douglas Feith, seu principal apoiante e número 3 da actual hierarquia Pentagónica (a seguir a Rumsfeld e Wolfowitz), grande quota nestas proezas fantasmagóricas, a que um leigo de geopolítica não resistiria decerto em apelidar de "conto do vigário de destruição maciça";
d) Foi condenado, à revelia, a 22 anos de prisão por um tribunal na Jordânia e em consequência de 31 acusações de fraude, furto, abuso de confiança e especulação.
Entretanto, o senhor Douglas Feith é mais um dos tais "amigos de Israel", com ligações muito estreitas ao Partido Likud e a Ariel Sharon. É autor e co-autor de algumas ideias e planos brilhantes, como, por exemplo:
- o «famoso Clean Break document, publicado 1996, que propunha a deposição de Saddam Hussein como primeiro passo para a remodelação do "ambiente estratégico de Israel" no Médio Oriente»;
- a defesa da legalidade dos colonatos judaicos em terras ocupadas aos Palestinianos;
- a promoção do projecto dum pipeline que fornecesse o petróleo iraquiano directamente a Israel.
Além disso, o senhor Feith é sócio do senhor Zell, na FANDZ International Law Group. O senhor Zell -Marc Zell, um ultra-sionista de direita -, é também um dos sócios da Zell, Goldberg &Co («que afirma ser "one of Israel's fastest-growing business-oriented law firms"»). Por mera coincidência, claro está, é em nome de Zell e com a morada da Zell, Goldberg & Co que está registada a website da IIGL (lembram-se?), e não em nome do seu fundador Salem Chalabi.
Segundo este, citado no the National Journal, em 13 de Setembro, «Mr Zell is IILG's "marketing consultant" and has been contacting US law firms in Washington and New York to ask if they have clients interested in doing business in Iraq».
No dia a seguir à notícia desta joint-venture israelo-iraquiana no Guardian, (em 25 de Setembro) o registo da website da IILG passou do senhor Zell para o senhor Salem Chalabi.
Por seu turno, o senhor Zell, indignado, escreveu uma carta ao The Salon onde protestava não conhecer o senhor Salem de lado nenhum (ao contrário do que sustentava o articulista John Dizhart, na sua peça "How Ahmed Chalabi Conned the Neocons".)
De facto, uma das primeiras conclusões que se podem extrair desta novela prende-se com o próprio significado de "Con". Numa das acepções possíveis ( e a mais apropriada ao caso), "con" significa aldrabar, trapacear, abusar da confiança, iludir. Estes NeoCons têm, sem dúvida, todo o estilo de Neo-aldrabões. Basta atentar até nos amigos e protegidos que escolhem. Mas o que não deixa de ser chocante é como o país mais poderoso do mundo actual e o próprio mundo parecem inapelavelmente reféns duma inominável choldra.
Por outro lado, quem pensa que os angolanos ou africanos quejandos são os campeões do esquema e da falcatrua desengane-se: ainda vão de fraldas, ainda titubeiam à procura. Nos Estados Unidos, em apoteose, isso já se tornou uma epopeia nacional.
Este senhor, que é claramente alguém inside no aparelho informativo americano, vai ao ponto de concluir:
«this disastrous war has been waged by a small group in Washington solely for the benefit of a small group in a foreign country. The billions of American dollars spent (soon to be trillions, as the neocons, in their planned assault on Najaf, are on the verge of their goal of starting WW III), and the hundreds of American lives lost (soon to be thousands), not to mention the irreversible loss of prestige of the United States around the world, has been engineered on behalf of the insane religious fantasies of a tiny group of people in Israel, a group which includes Zell himself. If the American people ever figure this out, you won't be able to find a lamppost in Washington that doesn't have a neocon swinging from it.»
Abençoados candeeiros!...