Foi Heine quem disse que "onde os livros são queimados, os seres humanos serão queimados a seguir".
É muito pitoresca esta imagem da queima de livros. Todos os progressistas da paróquia correm a concordar e a conclamar, acenando com inúmeros exemplos históricos, todos eles hediondos. Eu próprio não vejo como negar que, numa espécie de lei perversa ou vínculo fatal, fazem primeiro aos livros e depois fazem às pessoas. Apenas acho que toda esta boa gente devia ver o filme na íntegra e não apenas na parte que lhe convém. As infâmias que começam por se fazer aos livros e prosseguem depois nos homens não são apenas queimá-los. Envenená-los, castrá-los, emporcalhá-los, esvaziá-los, uniformizá-los, traficá-los também acontece frequentemente e está até, hoje em dia, deveras banalizado. Só que aí, os mesmos que se insurgem contra a combustão forçada não descortinam qualquer problema ou vício. Nem, em boa verdade e coerência, poderiam fazê-lo: seria estarem a bradar contra o progresso.
Antigamente, queimavam os livros. Agora calcinam, amputam e esterilizam o espírito de quem poderia lê-los. Ou ditam por encomenda à mentezinha alugada de quem os escrevinha.
8 comentários:
Eu é que devia ter escrito este artigo fantástico, pois já penso isto há muito tempo. Porém, uns pensam nas coisas e ficam por aí, mas são outros que lhes sabem dar corpo. Gostei a sério. Grande texto.
joao de miranda m.
O Pepe Carvalho concordaria inteiramente consigo...
mui bene
continua com garra!
beijinhos
ana draguende
Mais outro supimpa.
..........
Outra coisa, Dragão: afundaram-te a outra barca?
É que eu gostava tanto dela que até guardei a imagem, para o caso de ta sacarem.
A outra barca é a de reserva. Quando recuperei esta, voltou para o banco de suplentes.
Aproveito para agradecer ao Kommando a fórmula de resolução do problema.
"Não creio que viemos do macacos mas creio que vamos nessa direção" Arthur de Gobineau
Fico orgulhoso em saber que ajudei o digníssimo Dragão em manter seu blog navegando nas águas turbulentas da ignorância humana.
Ora nem mais!
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