terça-feira, agosto 02, 2005

A Religião e o Estado ou o Estado a que chegou certa religião


Fazendo fé nas homilias ininterruptas e gralhantes com que blogosfericamente somos aspergidos pela Igreja de Hayek e os Tontos dos Últimos Dias, são-nos, até agora, passíveis de extracção as seguintes ilações:
Numa república perfeita, santuário mercantil (de que os Estados Unidos da América constituirão o exemplo mais aproximado), os presos de delito comum (a saber, tráfico de estupefacientes, contrabando, lenocínio, pedofilia -sobretudo na variante familiar em que os pais subalugam os próprios filhos, ou no caso singular dos infantis que concedem favores a troco de rebuçados -, comércio de órgãos, fraude, enfim, quase todos excepto homicídio desqualificado –praticado por não-licenciado- e pilhagem de galináceos), pois toda essa boa gente, amiga do ambiente de negócios, deve ser inscrita na categoria de presos políticos – mártires da Santa Causa da Oferta/Procura, vítimas da abusadora e autoritária ingerência do Estado no domínio da liberdade individual e, pior que isso, na esfera das bentas transacções que só à Transcendência Divina dizem respeito. Compenetremo-nos: Uma sociedade onde grassam tamanhas prepotências, onde reinam tais opressões desmedidas, só pode configurar um regime obsoleto, anquilosado, socializante, destituído de noções e quesitos básicos como seja a separação entre a Religião e o Estado. Trata-se que o Estado, raios o partam, quer meter o bedelho na religião, cisma de arvorar em Guardião da Fé, obstina-se em contrariar o livre culto dos indivíduos.
Segundo o neo-Credo liberalóide, realizar lucros é orar a Deus; é mesmo, sem exagero de qualquer espécie, tomar a hóstia consagrada.
Aliás, já Calvino estipulava a riqueza como prova inequívoca da Graça Divina.

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