Finalmente o "Expresso", meus amigos. Esse baluarte!... o único jornal que se vende ao quilo em Portugal. (Também se vende a outras coisas, mas isso é outra conversa...)
Mas oiçam, oiçam esta preciosidade que lá hoje se publica, com honras de 1ª página:
"40% dos portugueses pagam para ter sexo!"
Ouviram bem? Como diria o Almada: "Cocheiros, contai: Quarenta!!"
Que significa isto? Pôrra, otários, ide lá perguntar aos neo-liberais, e aos liberais inconformados, e aos liberais beatos, e aos liberais de esguelha, e aos liberais de ponta, e aos liberais todos da senhora puta que os pariu... Eles explicam. E explicam muito bem.
Explicam mais ou menos assim: isto significa, companheiro, que estamos no bem caminho. Assim é que é. Ora viva. Avante irmãos escuteiros!
Isto vem no seguimento das excelsas reformas liberais: os serviços devem ser pagos; todos os serviços. E quanto mais bem pagos, melhores os serviços -lógico, não? Ora, serviço mais meritório que vazar os tomates não há (e quem diz despejar os tomates, diz serenar o grelo, que mulher também é gente!...) Por isso, quem quer fodas de qualidade, paga! arrota! entra que nem um tonho! É como a saúde, e a justiça, e o ensino!...categoria, hem?! Supimpa!...
Queres foder de jeito, paga! Não tens dinheiro, fode em casa, com a patroa ou as manápulas, eh-eh!...Se preferes as manápulas, problema teu. Mas é melhor calçares luvas, ah-ah-ah!...É assim mesmo!...Olarilas!...
Estão a ver como as coisas são?..Estão a ver como os macacos vos mordem?!...
E o pior vai ser quando as patroas, fartas de serem parvas e comidas por parvas, se aperceberem da indústria e desatarem a cobrar taxa de atendimento!...Abençoadas!...
Por outro lado, estes 40% são um sinal inequívoco de progresso e modernidade, porque são uma prova do triunfo de novas ideias trazidas directamente do século XIX. E reflectem igualmente uma mentalidade já a arreigar-se ao nosso povo:
Só é bom o que se paga, o que custa dinheiro. Portanto, quanto mais caro, melhor!
De resto, ó meus amigos, tudo bem pesado, o liberal ou neo-liberal ou puta que o pariu resume-se, mais que a uma reductio ad absurdum, a uma reductio ad carteira, quer dizer, masturba-se com a carteira. Senão reparem (e utilizem a propriedade distributiva dos grupos): ele fode a puta; a puta fode-lhe a carteira; logo, ele fode a carteira!...Nem mais, nem menos.
Se isto não é um sistema perfeito...
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