terça-feira, janeiro 13, 2004

AS AVENTURAS DE LANCELOTE 2000 - III

III

Lá estava ela, a Bela, coitadinha, adormecida (as bruxas são malvadas). Os pássaros à volta, a chilrear, por cima das flores cheirosas.
Mas eis que se ouve um galope, a aproximar-se. É ele, claro, Lancelote, principesco, a cavalo. Já a viu, é profissional. Acelera, rejubilando. Encontrou--a, finalmente!
Trava a cavalgadura, num relincho, e apeia-se dum salto. Atlético, destemido...Como nos filmes. Os pássaros fogem e o cavalo começa a pastar as flores...Hummmm!
Lancelote, encantado, acerca-se da Bela. Ajoelha-se e beija-a, sublime.
Ela abre os olhos, confusa, mas não demora muito e reage: prega-lhe duas sonantes e conseguidas chapadas, fitando-o danada e furiosa.
Perplexo, despeitado, o cavaleiro larga-a, num safanão brusco. Soprando, vai-se embora. No cavalo.
Os pássaros voltam, chilreantes. Por cima das flores.
A Bela rumina insultos ao vulto a esvair-se no horizonte. "Que merda, não se pode já dormir em paz que não venha logo um imbecil estragar o sonho!..."
Prepara outra seringa, esterilizada. O garrote...E depois injecta a veia, competente.
A pouco e pouco, o chilrear dos pássaros torna-se um eco longínquo...
Lá vem ele, querido... O Dragão.
Nu.

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